Sem ilusões: todos os interessados em substituir o
ministro Teori Zavascki (e todos os que fazem força por eles) têm amigos
ameaçados pela Lava Jato. O ministro que o substituirá sabe que é sua a
oportunidade única de fazer bons favores a bons amigos (bons amigos? Quem faz
um favor ganha um amigo e cria dezenas de ingratos). Mas sabe também que achou
a oportunidade única de cumprir seu dever e ganhar um lugar na História. E será
bem recompensado por fazer o que deve: um ministro do Supremo tem o maior salário
do funcionalismo público, é inamovível, indemissível, tem amplos poderes, e no
caso estará o tempo todo sob os holofotes favoráveis da imprensa. Vai
beneficiar puxa-sacos ou pensar em sua biografia?
Um caso negativo marca a História do Brasil. Quando o
ditador Getúlio Vargas foi deposto, no final de 1945, o presidente do Supremo
José Linhares assumiu a Presidência da República até a realização de eleições.
Aproveitando a oportunidade, nomeou a família toda. Eram tantos que se
popularizou o slogan "Os Linhares são milhares". É o que restou de
sua biografia. Isso e o Fundo Rodoviário Nacional, que ele criou e financiou as
terríveis estradas brasileiras - além das excelentes empreiteiras.
Mas não é sempre assim. O sábio Tancredo Neves sempre
comentou que, diante de uma tomada de posição difícil, o voto tornava fáceis as
opções corretas. "Nessas ocasiões", dizia, "dá uma vontade de
trair!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário