Artigo, Heitor José Müller - A guerra dos poderes

Heitor José Müller é presidente da Fiergs

A situação de calamidade financeira do governo do Rio Grande do Sul vem dando algumas lições importantes para que não se repitam os erros cometidos ao longo da nossa história recente. O primeiro aprendizado é de que precisa findar a guerra entre os poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, que disputam privilégios, ignorando a sociedade. No parcelamento de salários, apenas a administração direta foi atingida, enquanto os servidores da Assembleia Legislativa e da Justiça permaneceram com seus calendários “imexíveis”.

Ainda que exista a autonomia dos poderes, seria muito bom que todos participassem desse esforço coletivo, numa demonstração exemplar de união diante de uma crise sem precedente. Mas preferem continuar com seus benefícios acumulados.

O corporativismo elástico, que se junta ou separa conforme as conveniências, é uma das mazelas do nosso tempo. Amparados por discutíveis e atrasadas legislações, usufruem o quanto podem dos favores concedidos, sem prevenir a exaustão do modelo.

Assim também atuam os líderes do sindicalismo oficial, que não se importam com a preservação das categorias representadas e apenas defendem os privilégios de poucos como se fossem eternos, travestidos de direitos adquiridos.

Mais ainda, essas lideranças, como têm estabilidade nos seus empregos públicos, dispõem de agenda frouxa para ocupar as galerias da Assembleia pressionando os deputados. Uma pena que alguns parlamentares se sensibilizem pelos ativistas e não ouçam a maioria da população que está nos seus locais de trabalho produzindo riqueza e buscando preservar os empregos no setor privado.

Ainda bem que há mudanças à vista. A aprovação da maior parte do corajoso pacote do Executivo enxugando a máquina estatal mostrou que existe uma nova geração de políticos no Rio Grande do Sul, capaz de entender os seus eleitores silenciosos, enfrentando as minorias barulhentas.

Ou todos os gaúchos se unem para tirar o Estado dessa “calamidade financeira”, ou não seremos mais dignos da frase do nosso hino: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra”.

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