Jerônimo Goergen é deputado federal pelo PP-RS
De improviso em improviso chegamos a uma situação que beira o colapso. Como uma casa velha, cheia de problemas, assim é o Brasil que agora tentamos reerguer. Vazamentos de toda ordem, infiltrações, fiação exposta, cupins a corroer as estruturas. Como reformar tudo isso em meio a chamas?
Uso essa comparação para me referir à realidade social e econômica de municípios, estados e União. Aqui não se trata de alarmismo, mas o sentimento de quem anda muito nas ruas do Rio Grande do Sul, que em nada difere de Rio de Janeiro ou Minas Gerais, para ficar nos exemplos mais dramáticos.
No momento em que faço essa reflexão, recebo a informação da privatização da CEDAE, a companhia de abastecimento dos cariocas. O primeiro ato de um governo sufocado que precisa manter minimamente os serviços básicos à população. Trata-se do primeiro passo na direção do ajuste fiscal exigido pelo governo federal.
A hora dos gaúchos vai chegar, eu sei. O que estará na nossa mesa de negociação e em que condições ainda não sabemos ao certo. Especula-se a privatização do Banrisul como exigência a um socorro que não nos livrará do endividamento bilionário. Apenas empurrará o problema com a barriga sem resolver a parte estrutural.
Não tem como aceitar um remédio amargo desses, ainda mais quando se trata de um patrimônio de todos os gaúchos. Ademais, somos credores da União, com créditos a receber da Lei Kandir, por exemplo. E isso não podemos abrir mão num acordo futuro. Portanto, é importante que tenhamos total ciência de todas as cláusulas antes que o contrato seja assinado.
Em nível nacional, acompanho de perto o debate sobre as reformas trabalhista e previdenciária. Quanto ao primeiro, precisamos enfrentar o tema com muita firmeza para estancar a sangria dos empregos formais: já são 13 milhões de desempregados! Na questão previdenciária, estamos trabalhando no sentido de alterar o texto original enviado pelo Palácio do Planalto. As mudanças nas regras de aposentadoria são muito pesadas em alguns casos, como as pretendidas paras os trabalhadores rurais.
O fato é que o Brasil vive um momento histórico decisivo, com fatores sociais, econômicos e jurídicos complexos para gerenciar. Precisamos administrar a casa para fazer uma transição pacífica até 2018, quando, mais uma vez, os brasileiros irão às urnas eleger seus representantes. Tudo o que realizarmos agora terá forte impacto para as futuras gerações. Não há espaço para erros ou retrocessos.
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