Desembargador critica prevalência de compromissos
particulares de ministros em votação do STF sobre habeas corpus.
É de atordoar: o país inteiro assistindo àquele que seria
o julgamento mais importante do Supremo Tribunal Federal nesses tempos difíceis
da vida nacional. O julgamento que decidiria se o ex-presidente Lula poderia
ser preso ou não nos próximos dias. Por mais incrível que pareça, o STF
discutiu, durante quatro horas e meia, se o habeas corpus poderia ser apreciado
ou não. Mas o pior viria a seguir. Depois de decidida a questão preliminar,
viria o fiasco maior. O ministro Marco Aurélio Mello suscita uma questão de
ordem: tinha de se ausentar – estava com voo marcado para o Rio de Janeiro onde
receberia, no dia seguinte, uma homenagem. Ou seja: às favas o processo, o que
interessava ao ministro era um compromisso particular. Mas tem mais: quem pensa
que o fiasco terminaria por aqui está redondamente enganado _ o ministro
Ricardo Levandowski também invoca compromissos particulares. Também tinha de se
ausentar. O processo e o julgamento que ficassem para outro dia.
É de estarrecer: dois ministros do STF invocando
compromissos particulares em detrimento do julgamento aguardado por todo o
país. Mas tem mais: como quarta-feira próxima antecede a Páscoa, é feriado para
o STF. Não é dia de trabalho; é de folga. O STF fecha. Assim, o julgamento fica
postergado para a outra quarta-feira, dia 4 de abril.
Onde fica o princípio da supremacia do interesse público?
Onde fica a consciência dos ministros com o cargo que ocupam?
Não vou aqui analisar a liminar deferida, que contraria a
jurisprudência do próprio STF. Isso seria tema para outro artigo. Neste fico
restrito ao acima relatado: na inacreditável postura de dois ministros do STF
que resolvem se ausentar do julgamento porque teriam compromissos particulares
a atender.
Esse é o fiasco maior.
Onde fica o princípio da supremacia do interesse público?
Onde fica a consciência dos ministros com o cargo que ocupam? Não têm ambos o
discernimento que a toga que envergam (ainda que por indicação política) exige
responsabilidade e postura?
Em síntese, esse é o fiasco supremo, expresso e
sintetizado na triste figura do ministro Marco Aurélio Mello, sorrindo e
mostrando o comprovante de check-in.
Perfeita a análise.... se consideram acima de tudo e de todos, como se a sociedade estivesse aqui para servi-los e as suas vaidades....
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