Astor Wartchow
Advogado
Estudos e denúncias acerca das incoerências e injustiças
patrocinadas por nossa estrutura tributária são antigos, persistentes e (quase)
unânimes. A desproporção entre a arrecadação de tributos e a qualidade da
prestação de serviços públicos tem alimentado um ambiente de crescente
insatisfação.
Logo, compreende-se o surgimento e crescimento do
presente movimento dos camioneiros e o respectivo apoio público. Apoio que não se restringe a respectiva
classe profissional e suas reivindicações, mas revela a profundeza e latência
da inconformidade social.
Mas (sempre há um “mas”) não justifica o desdobramento e
irracionalidade do movimento. Apenas um quarto da frota nacional é de camioneiros
autônomos, carentes de mais cargas e comprometidos com sua sobrevivência
imediata. Ou seja, incapazes de organizar e liderar um ato desta dimensão.
Não se trata de desqualificar as discussões e
reivindicações. Mas esta é uma paralisação liderada por empresas
transportadoras. Uma ação patronal. Estamos diante de um gravíssimo e desumano
crime contra a sociedade e a economia nacional. Desabastecimento é crime
lesa-pátria. Uma conta amarga que será paga por toda a população!
Em defesa dos autores, admita-se apenas a hipótese de
descontrole e surpresa quanto ao tamanho, intensidade e confusão que a
paralisação alcançou e realizou.
Pior: agora a paralisação e agitação persistem à conta
dos oportunistas. Para hoje está prometida a paralisação nacional por três dias
dos petroleiros, subordinados a CUT.
Pergunto: não estão “satisfeitos” com o cenário de
destruição social e econômica? Aliás, o que pensavam e faziam enquanto a
Petrobrás era assaltada sistêmica e grotescamente e com seus preços e
administração manipulados política e partidariamente?
Não há conseqüência sem causa. E não há conseqüências sem
efeitos colaterais. Não surpreende que entre os camioneiros (e a população)
haja expressivo apoio ao candidato presidencial Bolsonaro, de vertente
conservadora e militar.
E nem adianta reclamar de Temer ou recordar os erros de
Dilma. Que não renunciou por orgulho e arrogância. Tivesse renunciado teria
poupado a nação do processo de impeachment
e precipitado as necessárias mudanças na política econômica e adaptações
orçamentárias (da Petrobrás, por exemplo).
E Temer, conseqüentemente, diante das circunstâncias,
prazos e desdobramentos do processo de impeachment, jamais alcançou a
popularidade e credibilidade minimamente necessários para o exercício da
presidência da república. E também não renunciará. Por outros motivos. Seria
preso no dia seguinte. Mas será preso em janeiro de 2019!
impresionante que durante a baderna patrocinadfa pelos camioneiros , que como o noticiario em geral, informa com apoio de donos de frotas, nenhuma bandeira VERMELHA apareceu, nem faixa de " FORA TEMER"
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