Declarações fake


O que é “fake”? Fake é, literalmente, falso. “Fake news” são notícias criadas, falsas, inventadas mentirosas: todo mundo sabe. Mas há declarações “fake”. Não se trata de expor um fato que não existiu. Mas de um enunciado que, em princípio, não chega a ser falso, porém não tem consistência. Observado de perto não tem como se sustentar.

Os cinquenta tons de demagogia que enfeitam as declarações de tantos políticos e postulantes a cargos públicos são desse tipo. O eleitor inteligente guarda distância regulamentar das manifestações demagógicas, porque elas têm o mesmo valor e os mesmos efeitos das notícias falsas.

Em campanha, as “fake” contidas em certas afirmações, propostas e soluções simples porém erradas, tanto quanto a demagogia, de repente irrompem no debate, rombudas, ditas em linguagem escabiosa, ferindo ouvidos sensíveis e atentos: mantenham todos os sentidos em alerta para não embarcar na canoa furada.

Há candidatos que já estão na estrada da política há 20, 30 anos, que já foram deputados, senadores, ministros de Estado, governadores, mas de hora para outra resolveram se apresentar como o “novo” na política. Beberam da mesma fonte, conviveram pacificamente com as velhas práticas. Agora impolutos, querem nos dizer que os maus costumes só contaminaram os outros. Eles, fizeram a travessia do pântano sem sujar o pé.

Todos os que se apresentam como o novo, entretanto, não deixaram de buscar uma aliança eleitoral com aquelas forças de má conduta. Sabem como é: cada partido “velho”, tem um tempo precioso de rádio e televisão. Como os velhos políticos são velhos mas não são tolos, preferiram se aliar a quem ao menos lhes trata com distinção.


Não ponha muita fé em candidatos que pulam de galho em galho nas árvores partidárias. Para eles, a única sigla que tem (algum) valor é aquela na qual ora estão empoleirados.

Atenção redobrada com candidatos que querem ganhar a discussão no berro, e que ao pretexto mais banal chama o adversário de ladrão, canalha, e coisas assim.

Passe ao largo de candidatos que batem no peito protestando honestidade, dizendo que vão passar o país a limpo, refundar a República e outras imposturas. Cuidado especial com os que nunca foram poder e talvez só por isso não roubaram: são os mais perigosos. Lembram um certo partido que fez a fama e a vida prometendo ética na política e o fim da corrupção, e que depois no poder, se lambuzou nas malfeitorias e nas maracutaias.

E fuja como o diabo da cruz de candidatos que prometem tapar o rombo das finanças públicas cobrando as dívidas das empresas. Esses adeptos fervorosos das “fake”, pretendem tirar leite de pedra, cobrando empresas que já quebraram há muito tempo, cuja massa falida não é suficiente nem para pagar os credores preferenciais, como os seus ex-empregados.

titoguarniere@terra.com.br





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