A indústria registrou forte queda de 18,8% em abril. O dado foi anunciado nesta quarta-feira (03/06) pelo IBGE. Outro dado preocupante é o número de 20% nas recuperações judiciais solicitadas por empresas no Rio Grande do Sul em 2020. Foram 41 requisições entre janeiro e abril deste ano, contra 34 no mesmo período de 2019, segundo levantamento realizado pela Serasa Experian. Apenas em abril, seis empresas solicitaram recuperação judicial, contra quatro em março.
Tais números comprovam que a crise gerada pelo novo coronavírus não só agravou as expectativas de crescimento como demonstra que a situação de penúria não se resolverá logo ali em frente. A leitura é do sócio da Rebuild, consultoria que atua na área jurídica, econômica e de reestruturação de empresas com sede em Porto Alegre. Segundo Cristiano Kalkmann, muitos empresários acreditam que conseguirão se recuperar em curto espaço de tempo e, devido a isso, não estão tomando medidas que, apesar de duras, podem ser as mais adequas diante do cenário que se apresenta de extrema gravidade e complexidade.
"Em outras crises, o empresário ficava assustado em um primeiro momento e não demorava para tomar as medidas necessárias. A crise atual, tendo em vista o impacto mundial, é bastante diferente de outras que vivenciamos e deve ter repercussões por um longo espaço de tempo. Essa é uma das únicas certezas que se tem. Diante disso, o empresário já se assustou, já chorou, gritou e agora está sem reação, sem saber para que lado ir, o que é perigoso. O mercado todo foi atingido, independente do tamanho da empresa, e não podemos deixar para daqui a dois três meses a tomada de decisão", destaca Kalkmann.
De acordo com o sócio da Rebuild, o ideal é que o empresário tome desde já as medidas de equilíbrio da empresa para mais à frente estar bem é preparado para uma retomada. Kalkmann alerta para cinco sinais que evidenciam que a recuperação judicial é o caminho mais assertivo para uma empresa nesse momento. O especialista alerta que esses sintomas precisam ser analisados em conjunto e não isoladamente.
1. Piora sistêmica dos resultados
Desde o início da crise do coronavírus, a indústria tem sofrido quedas e perdas. Mesmo com o abrandamento do isolamento social, não há garantias da retomada da atividade como antes. Ou seja, começa a ficar difícil encontrar razões sustentáveis para acreditar na reversão das de expectativas de resultados negativos no curto e médio prazos.
2. Geração de caixa insuficiente
A crise do coronavírus obrigou a adoção de medidas de isolamento social como forma de conter a disseminação do vírus. Isso paralisou comércio e indústria, prejudicando a geração de caixa suficiente para pagar as parcelas da dívida com credores ou bancos ou outros compromissos, fazendo a empresa gastar mais do que recebe.
3. Dificuldade em manter o nível de crédito
Diante de um cenário completamente adverso, com queda de pedidos e receita, a empresa passa a perder credibilidade e interlocução com os bancos e credores em geral, os quais passam a não confiar mais que a empresa conseguirá honrar seus compromissos.
4. Incapacidade de renegociação da dívida
Com a falta de credibilidade, a empresa começa a ter dificuldade em renegociar dívidas. A empresa não encontra alternativas em bancos grandes, bancos médios e factorings, que logo deixam de ter interesse nas operações da empresa. O mesmo ocorre com fornecedores, que passam a diminuir o crédito.
5. Inadimplência
A empresa começa, então, a atrasar pagamento de contas, salários e títulos da empresa começam a ser protestados. O atraso no pagamento de impostos também pode empurrar uma empresa para uma situação de risco. A constante repactuação e não cumprimento dos termos negociados é fatal para a credibilidade da empresa.
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