o A principal informação nova no cenário doméstico é a postura do Banco Central, que se mostrou mais preocupado com a evolução da inflação e das expectativas e indica agora a necessidade de ajuste total da taxa Selic.
o Os dados seguem registrando recuperação da atividade econômica, em especial com o avanço do consumo, tanto de bens quanto de serviços. Assim, revisamos nossa projeção para o crescimento de 2021 de 4,8% para 5,2% e de 2% para 2,2% no ano que vem.
Um Banco Central mais preocupado com a inflação
o As contas públicas estão sendo beneficiadas pelo crescimento da economia e pela aceleração da inflação. Com o teto de gastos parcialmente preservado e os gastos extraordinários com a pandemia próximos de R$ 130 bilhões no ano, as surpresas com arrecadação levaram a uma revisão relevante do déficit primário para 1,7% e 1,1% do PIB, respectivamente, em 2021 e 2022. A dívida bruta deve atingir 82,1% do PIB neste ano e 83,1% em 2022.
o O câmbio seguiu em movimento de apreciação relevante, com melhor desempenho que os pares. Os fundamentos externos continuam muito positivos, com expectativa de um superávit da balança comercial em US$ 75 bilhões e saldo em transações correntes também superavitário em 0,5% do PIB. Estimamos uma taxa de câmbio entre R$/US$ 4,7 e R$/US$ 5,3 para 2021 e 2022.
o Revisamos o IPCA de 5,5% para 6,4% neste ano, desacelerando para 3,3% em 2022 (ante 3,5%). Neste ano, incorporamos a bandeira vermelha II em nosso cenário, além de preços industriais mais pressionados pela alta de commodities e problemas nas cadeias de produção. Mas, avaliamos que ainda há ociosidade na economia e os choques enfrentados neste ano irão se dissipar ao longo dos próximos trimestres.
o A sinalização de ajuste completo na política monetária deve levar a Selic ao patamar neutro, em 6,5%. Esse nível de juros, em um cenário em que ainda há ociosidade na economia, produzirá efeito baixistas nos núcleos de inflação.
Riscos do cenário global estão mais equilibrados
o As perspectivas favoráveis para a economia mundial têm se consolidado e os riscos estão mais equilibrados quando comparados há uns meses. As preocupações com a pandemia, em especial com as novas variantes, seguirão presentes por algum tempo, mas o avanço da imunização e a adaptação da economia às restrições à mobilidade vão se sobrepondo. A inflação ainda é um risco ao cenário, à medida em que ela pautará o timing e a velocidade da normalização da política econômica – que já avança em alguns países emergentes.
o O Fed já começou a falar sobre a redução das compras de ativos e antecipou sua expectativa de elevação da taxa de juros, de 2024 para 2023, mas a reação de mercado tem sido contida e organizada. Os preços de commodities começam a se ajustar para níveis mais baixos, compatíveis com os fundamentos de oferta e demanda, aliviando as preocupações com a inflação, ainda que isso possa implicar menor crescimento aos exportadores de matérias primas. Para os preços de ativos, esse balanço ainda permite condições de liquidez favoráveis aos emergentes – com desempenho das moedas dado pelo diferencial de juros e crescimento, em um ambiente que tende a ser de dólar forte no médio prazo.
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