Estava, na fila do elevador do prédio da RBS na Erico Veríssimo, Jayme Sirotsky, o então Presidente do Conselho da empresa. Na fila! Ele tinha à disposição um elevador especial para a diretoria da empresa, mas estava na fila, prestes a pegar um elevador malcheiroso (sempre me impressionei com o mau cheiro dos elevadores daquele prédio). Jayme foi cumprimentado por todos. Sua simpatia e brilho pessoal tornavam aquele homem, que é uma das pessoas mais cultas do país, num sujeito simples e acessível.
Chegou nossa vez de entrar no elevador. Eis que Jayme para, se agacha e recolhe um palito de dentes jogado no chão. Sim, ele pegou com a mão aquele palitinho imundo, que futricou nos dentes de sabe-se lá quem e o segurou pelo menos até o quarto andar, quando eu então desembarquei (o dele era o sexto). Suponho que aquele gentleman buscou a lixeira mais próxima, jogou o infecto artefato e correu para lavar as mãos com dezoito sabonetes.
Eu, particularmente, na ocasião, entendi muito bem a lição, que era para o porcalhão que se desfez do palito no chão, mas também para nós todos que nos espremíamos naquele elevador fedidinho: Dar exemplo é tudo! Não basta a adoção de um padrão de excelência pessoal sem que ele seja compartilhado. Jayme demonstrou sua grandeza pessoal, sua disposição em dar o exemplo. Encantou alguns, espantou a outros, marcou indelevelmente a todos.
Agora, tratemos do contrário, de quanto falta um exemplo, um bom padrão pessoal, familiar ou social. Falemos daqueles que, estando no topo, dão maus exemplos e transferem padrões horrorosos. Falemos de pessoas que nada tem a ver com o querido Jayme Sirotsky. Falemos dos atuais ministros do supremo tribunal federal. A princípio, por se tratar do “Olimpo judiciário”, lá deveriam estar pessoas de conduta tal qual a importância da função que desempenham. Quando isso não acontece, os palitos jogados ao chão se tornam o padrão a ser seguido.
Soltar criminosos julgados e condenados em todas as instâncias inferiores, criar artifícios para beneficiar um ou outro agente político, emitir posicionamentos inadequados e imprudentes, mudar de orientação como se trocasse uma peça de roupa, não se afastar de casos em que o conflito de interesses urra na cara de todos, esposas trabalhando em escritórios de advocacia com casos na corte, tudo isto e muito mais é o costume em nossa atual configuração no stf. Há muito mais que se sabe, fora o que não se sabe.
Virou moda criar inquéritos, investigar, indiciar, prender, julgar, tudo no regime “one stop shop”. Ministério Público? Para quê, se eu mando na Polícia Federal e prendo e mando prender sem qualquer cerimônia? Fazem e acontecem sem se dar conta de que estão transferindo um padrão altamente equivocado – para não dizer delituoso – para todos os envolvidos do Poder Judiciário, do estudante de direito ao teto da jurisdição.
Agora, como um “spin off” destes desmandos no topo, um ministro do TSE “mandou” o Youtube desmonetizar, assim, sem mais nem menos, alguns cronistas os quais ele não nutre muita simpatia. Ele deve ter pensado: “Ah se os caras no stf fazem o que não poderiam, eu também estou autorizado a fazer o que não poderia”. E aí, meus caros, a maionese desanda e não tem mais como consertar. Este tem sido o padrão daqueles que deveriam nos dar exemplo.
O país precisa de bons exemplos. Os bacanas do stf são os que jogam os palitos no chão.
Sempre o maior tem que dar o exemplo aos demais. Mas no caso do Bolsonerus um mau exemplo é de nascença. Uma mente destruidora. Parece que no exército fez o curso de sapador. Quem executa e administra deve dar o exemplo. Mas como se isenta o resto se aproveita.
ResponderExcluirBom dia Polibio, a julgar pela velocidade do comentário do desconhecido, a "Gestapo" deve estar lhe monitorando. Como diria João Saldanha, jornalista, ‘Eles pensam que jornalistas escrevem com as mãos’. Grande abraço.
ResponderExcluirExatamente Braga. O capeta não dorme. O pior: ficam no anonimato. É risível.
ExcluirO exemplo arrasta!! Parabéns pelo texto!!
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