Análise - A indústria dá sinais de vida

A produção industrial brasileira apresentou ligeira alta de 0,1% na passagem de março para abril, descontados os efeitos sazonais, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada ontem pelo IBGE. O resultado foi bastante superior à nossa projeção e à mediana das expectativas do mercado, que apontavam contrações de 1,1% e 0,9%, respectivamente. Em relação ao nosso número, a surpresa positiva adveio, principalmente, do desempenho melhor que o esperado da produção de bens intermediários. Vale destacar que, pela primeira vez desde agosto de 2014, observamos duas expansões consecutivas da produção total na margem, visto que esta apresentou variação positiva de 1,4% em março. Na comparação interanual, entretanto, houve recuo de 7,2%, acumulando queda de 9,6% nos últimos doze meses. Setorialmente, o avanço da produção refletiu o desempenho positivo em onze dos 24 segmentos pesquisados, com destaque novamente para a produção de alimentos, cuja alta de 4,6% na margem sucedeu expansão de 6,0% no mês anterior, de acordo com os dados revisados. Também chama atenção o segmento de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que reverteu parte da retração de 6,7% exibida em março, ao crescer 4,0% em abril.  Em contrapartida, a fabricação de fumo recuou 11,9% em relação ao mês anterior (é importante frisar que essa série é bastante volátil). Dentre as categorias de uso, a nova alta da produção total foi impulsionada pelos bens intermediários, que subiram 0,5% ante o mês anterior, e, principalmente, pelos bens de capital, com avanço de 1,2%, marcando a quarta elevação consecutiva na margem. No sentido contrário, os bens de consumo duráveis e não duráveis mostraram declínio de 4,4% e 0,6%, nessa ordem. Após a surpresa positiva com o resultado do PIB do primeiro trimestre, os dados da PIM de abril reforçam nossa expectativa de estabilização da economia no segundo trimestre. Os sinais começaram a aparecer de forma mais consistente desde fevereiro e março deste ano. Inicialmente, os indicadores que apontavam para estabilização refletiam em grande parte a melhora dos preços de ativos (fechamento da curva de juros, queda do risco país, apreciação cambial, etc). De lá para cá, houve uma ampliação do conjunto desses indicadores, agora menos correlacionados com os preços de ativos e mais com a economia real, como consumo de energia, fluxo pedagiado de veículos e produção de cimento. Ainda  assim, acreditamos em nova queda da produção industrial em 2016. Vale ainda lembrar que as sondagens da CNI e da FGV têm mostrado forte melhora da confiança nos últimos meses, bem como redução dos níveis de estoques, contribuindo para a retração menos intensa da atividade industrial neste ano.

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