Entre Hillary e Trump, o resultado é mais incerto do que
você pensa
Geraldo Samor
Essa história é para quem gosta de opcionalidades e
resultados fora do desvio-padrão.
Um fato novo está começando a borbulhar na corrida
presidencial americana, com repercussões bizarras para o resultado da eleição.
Gary Johnson, o candidato do Partido Libertário, já
está com 24% de intenção de votos em seu Estado natal do Novo México, onde já
foi governador. (Hillary tem 35%, Trump 31%).
Obviamente, Johnson tem chance zero de ser eleito no
sistema americano, em que o Presidente é escolhido num Colégio Eleitoral
dominado pelos dois principais partidos, e não pelo voto direto.
Mas se ele levar o Novo México — em meio à alta
rejeição de Trump e Hillary — aumentam as chances de que nenhum dos dois
candidatos principais obtenha a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, ou
seja, 270 votos.
Assumindo que Trump vença em Estados onde a disputa é
muito apertada (como Flórida, Ohio e Nevada), a eleição poderia acabar assim:
Hillary com 267 votos no Colégio Eleitoral, Trump com 266, e Johnson com
5. (veja o mapa acima)
Esta possibilidade já estava sido discutida em alguns
setores do meio político americano, mas ganhou mais relevância hoje, quando o
estatístico Nate Silver desenhou (literalmente) este cenário.
Neste caso, como nenhum dos candidatos teria obtido a
maioria dos votos (270), a Emenda No. 12 da Constituição americana joga a
decisão para a Câmara de Deputados, onde cada Estado terá direito a um voto.
(A Câmara pode escolher entre as três pessoas mais votadas:
Hillary, Trump e Johnson, a menos que um dos três morra durante o
processo; neste caso, o Presidente da Câmara, Paul Ryan, pode apontar um
terceiro.)
Hoje, dos 50 Estados americanos, 33 têm delegações de
maioria republicana, 14 têm maioria democrata, e em três há empate. Mas o
que importa é a composição da nova Câmara, que toma posse em janeiro.
Imagine que, depois da eleição, a relação
republicano-democrata passe a ser 30-20. Se delegados de cinco Estados
‘republicanos’ se recusarem a votar em Trump, a coisa ficaria em 25-25, ou seja:
novo empate.
Mas calma. Segundo Nate Silver, cujos modelos
estatísticos já acertaram tanto que ele vendeu sua empresa para a ESPN,
“nas 20.000 simulações com pesquisas que fizemos esta manhã, os cenários em que
nem Clinton nem Trump conseguiram a maioria no Colégio Eleitoral e Johnson
ganhou pelo menos um Estado apareceram apenas 30 vezes, colocando as chances em
0,15%."
Ele diz que “um cenário de impasse um pouco mais comum é
Trump e Clinton cada um terem 269 votos eleitorais, e Johnson nenhum.”
Felizmente, segundo ele, as chances de isso acontecer são de apenas 0,4%.
Mas para um mundo cada vez mais acostumado com ‘black
swans', e num país absurdamente dividido e que já enfrentou uma eleição
contestada — em que votos tiveram que ser recontados na Flórida e a
Suprema Corte decidiu a fatura — tentar medir o ‘impossível' não é mais
desperdício de tempo.
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