Artigo, Flávio Tavares, Zero Hora - A deformação

Título original; "A deformação"
O caso do apartamento triplex, que levou à condenação unânime do ex-presidente Lula da Silva pelo TRF-4, é só uma das tantas facetas ocultas do horror que a Lava-Jato desvendou


O crime nunca mostra a própria trama. Esconde as mãos que assaltam ou alega que não tem mãos e segue assaltando. Só os perversos ou pervertidos não se ocultam, pois são psicopatas sedentos de sangue e notoriedade. Fora disto, o ato de ocultar mostra a sofisticação e refinamento do crime.

O caso do apartamento triplex, que levou à condenação unânime do ex-presidente Lula da Silva pelo TRF-4, é só uma das tantas facetas ocultas do horror que a Lava-Jato desvendou. Comparado aos bilhões roubados à Petrobras pelo trio PT-PMDB-PP, o triplex é só um "agrado" (como diz o povo) que a OAS fez ao chefe-maior do conluio de empresas e políticos.

Comparado aos bilhões roubados à Petrobras pelo trio PT-PMDB-PP, o triplex é só um "agrado" (como diz o povo) que a OAS fez ao chefe-maior do conluio de empresas e políticos.
Mas, como ressaltou o desembargador Gebran Neto, relator do processo, ali a simulação está à mostra e revela a trama e seu engendro. Se fosse ato lícito, por que ocultar o proprietário ou rasurar recibos?

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O triplex foi, assim, o cerne visível do crime oculto que transformou em covil perverso a empresa que era orgulho nacional.

Tornou-se fundamental por isto, não pelos cifrões em jogo. Pode-se pensar que a tonitruante corrupção na Petrobras tenha se alastrado sem o conhecimento e aprovação (ou incentivo) do então presidente da República? E dos chefetes do PT, PMDB e PP, beneficiários maiores da corrupção?

O ex-presidente é réu em outros seis processos e indiciado em dois mais, todos ínfimos se comparados à imensidão de absurdos que a lei não configura como crime. Por que a Odebrecht pagava (diretamente ou não) 200 mil dólares por cada palestra de Lula no exterior?

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O Tribunal Regional Federal manteve a condenação de Lula por um crime concreto de corrupção. Não julgou o futuro candidato à eleição presidencial, ao contrário do que o PT berra. A candidatura presidencial não é esconderijo de delinquentes, sejam eles quem forem, nem "um jeitinho" para aparentar inocência.

Transformar o condenado em vítima é um acinte a tudo aquilo que (com independência) a Polícia Federal, procuradores e juízes realizaram nos últimos anos, ao punir grandes ladrões que o poder econômico ou político acobertavam até bem pouco.

Crime maior, ainda, é passar aos militantes dos partidos a falsidade de que a Justiça "persegue" certos políticos por serem "líderes populares" ou pregar a desobediência à Justiça, como fez Lula agora. E é triste que ninguém no PT, PMDB, PP, PSDB e outros partidos reprove seus líderes corruptos!


Por que esse incestuoso amor à tragédia maior que deforma a vida partidária no Brasil?

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