Artigo, Tito Guarniere - O ódio ao PT


Os petistas reclamam o tempo todo que são vítimas do ódio das elites. Nas elites, eles incluem os que, simplesmente, não simpatizam com o seu discurso, os seus métodos de atuação, as suas práticas políticas. Não vislumbram senão um ódio gratuito, pelo que nunca fizeram, pelos erros que nunca cometeram: são odiados – vejam só - pelo bem que fizeram aos pobres e excluídos deste país. Este é um dos mitos mais obscuros e mais sórdidos, dos tantos que alimentam o imaginário lulopetista.

Este é um aspecto crucial do desgosto, da ojeriza que o PT provoca em amplos contingentes da população, mesmo aqueles que não são de direita, não votam em Bolsonaro e não querem a volta do regime militar. Ao generalizar, ao classificar todos os eleitores que não votam em Lula, Dilma e no PT, de pessoas egoístas e preconceituosas, o lulopetismo afastou de si uma parcela significativa de brasileiros – às vezes sequer interessada em política partidária – que só quer viver sua própria vida, estudar, produzir, prosperar, independente de quem governa o país.

Esses concidadãos, numerosos, alfabetizados e influentes, não odeiam ninguém. Mas se sentem injuriados pela baixaria, que equivale a dizer que eles são pessoas péssimas, capazes de detestar um semelhante só porque é pobre, e - a que ponto chega a maldade! - capazes de ficar incomodados quando esses pobres prosperam e melhoram de vida.

Essa atitude arrogante, essa pretensão insana, permeia o discurso, a visão de mundo de Lula e dos seus seguidores. Esse mundo assim dividido entre virtuosos (que são eles) e maus (que são os demais), é uma vertente autoritária, excludente e intolerante do PT, que envenena as relações do partido com uma boa parte da sociedade brasileira. A ironia está em que o PT – como se viu em Lula às vésperas de sua prisão – mantém o tempo todo o dedo em riste, acusando os outros de autoritários, intolerantes e excludentes.

A jornalista Cora Rónai, em O Globo, diz com razão e propriedade sobre Lula: “Um candidato pode ser o que quiser, mas um presidente não. O presidente de todos os brasileiros não pode dizer que quem não votou no seu partido odeia os pobres e tem horror de ver os filhos dos pobres na universidade, porque além de divisiva, essa afirmação é extremamente ofensiva e soa como um insulto”.

Outro jornalista, Carlos Alberto Sarderberg, admitindo que a vida dos pobres melhorou com Lula, observa, entretanto, que a melhoria se deu por causa de um ciclo de expansão capitalista, que aconteceu na Índia, Chile, Tailândia, Peru e em todos os países emergentes.

No mesmo artigo, Sarderberg assinala que os ricos, muito ao contrário do que diz a lenda petista, adoram quando mais pessoas, pobres ou não, viajam de avião, entram nas faculdades, especialmente as particulares – que foi onde a imensa maioria dos pobres ingressou. Como todos sabem, as universidades públicas são as mais frequentadas pelos filhos dos ricos.

E por que adoram? Porque os ricos, donos de faculdades, donos das companhias aéreas, dos hotéis e das lojas, querem vender, ganhar dinheiro, querem ver seus negócios prosperando. Rico tem pavor da recessão, não de pobres indo às compras e ao consumo.

titoguarniere@terra.com.br


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