Na semana passada, a publicação revelou, com tons de
denúncia, que Parente é sócio de José Berenguer, o presidente do JP Morgan no
Brasil, por meio de uma holding chamada Viedma Participações. Mas a ’sociedade’
é muito mais frágil do que sugere a manchete.
A Viedma pertence a Parente e a sua ex-mulher, Lúcia
Hauptmann. Lúcia, que já era amiga de Berenguer antes mesmo de se casar com
Parente, administra parte do dinheiro do banqueiro, assim como o de diversos
outros clientes. No ano passado, Lúcia montou uma empresa, a Kenaz, para que
esta empresa comprasse 20% de uma empresa do ramo imobiliário — um investimento
de private equity. Ela a Pedro investiram via Viedma, que ficou com 65% da
Kenaz. Berenguer e outro investidor, Odilon Nogueira, também colocaram uma
grana: cada um dos dois ficou com 17,5% da Kenaz (R$ 210 mil cada.)
A revista cavou fundo para encontrar uma suposta
impropriedade no fato de que a Petrobras pré-pagou, em maio, uma dívida de R$ 2
bilhões com o JP Morgan — a dívida venceria em 2022.
O Antagonista fez seu nome no colunismo
político-policial, mas o mercado financeiro talvez lhe seja um terreno menos
firme. Na verdade, o pré-pagamento da dívida com o banco significou uma
economia de R$ 75 milhões para a Petrobras. A taxa do empréstimo com o JP
Morgan era a Libor (a taxa básica de juros no mercado de Londres) de seis meses
mais 2,50% ao ano. Como conseguiu outra linha de crédito mais barata — graças à
nova política de preços que diminuiu seu perfil de risco — de Libor mais 2%, a
Petrobras trocou uma dívida mais cara por uma mais barata, e pagou
antecipadamente o empréstimo.
Aliás, entre 2017 e 2018, a Petrobras pagou
antecipadamente 55 operações de crédito com 24 instituições financeiras
diferentes, no montante de US$ 28,9 bilhões. A operação com o JP Morgan não
teria porque beneficiar Berenguer em nada. Como presidente do JP Morgan,
Berenguer tem como missão ganhar dinheiro para seu banco. E um banco, como sabe
qualquer calouro do Insper, ganha dinheiro cobrando juros, e não recebendo
pagamento antecipado.
Ontem, a revista voltou à carga, acusando a Petrobras de
contratar sem licitação uma empresa de Odilon Nogueira, o outro sócio da Kenaz.
A Dana Tecnologias — da qual Odilon é sócio com sua
mulher, Cristina (também amiga de Lúcia) — firmou um contrato de R$ 11 milhões
com a Petrobras até 2020. Cristina é representante da Walking The Talk, uma
consultoria de gestão empresarial que já trabalhou para empresas como o Itaú
BBA, BM&F Bovespa e Infoglobo. A Petrobras disse que a dispensa de
licitação é amparada em parecer do seu departamento jurídico porque a Dana é a
representante exclusiva no Brasil da metodologia. Não obstante, depois da
suspeita lançada, Parente pediu ontem que um comitê do conselho de
administração avaliasse o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário