Mourão assume comando da campanha de Bolsonaro


O general da reserva do Exército Augusto Heleno afirmou nesta segunda-feira à Reuters que o candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL), o também general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB), vai acabar sendo "protagonista" na atual fase da corrida eleitoral até que o cabeça de chapa se recupere do esfaqueamento e volte a participar da campanha.
"Naturalmente, o general, sendo candidato a vice, ele vai acabar sendo protagonista dessa fase da campanha até que o Bolsonaro possa participar disso aí", disse Heleno.
"Natural que o Mourão tenha participação ativa", acrescentou Heleno, que chegou a ser cotado para vice do candidato do PSL, mas atualmente tem ajudado na formulação de propostas para a campanha de Bolsonaro.
O candidato do PSL —líder das pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, barrado pela Lei da Ficha Limpa— está hospitalizado desde quinta-feira para se recuperar das lesões que sofreu após ter sido esfaqueado em ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Não há previsão, entretanto, de alta médica para Bolsonaro, o que começou a suscitar discussões sobre quem vai representá-lo nas agendas de campanha.
Questionado se seria o caso de o candidato a presidente ser substituído pelos filhos em eventos, Heleno disse considerar que é "natural" alguma participação deles. Ele citou o fato de que os filhos de Bolsonaro são políticos e também foram "emocionalmente" afetados com o atentado.
"Não acho difícil administrar isso não (quem vai representar Bolsonaro). Os interesses serão conciliados", disse, ao considerar que seria "muita baixeza" haver disputa sobre essa questão no momento.
Heleno disse estar trabalhando com uma espécie de plano de intenções sobre um possível governo Bolsonaro, contendo linhas mestras sobre tópicos que poderiam ser discutidos por futuros ministros. Mas ele ressalvou que isso não vai ser imposto a ninguém. Nos próximos dias, ele deve se reunir com Mourão para discutir essas sugestão.
"HISTÓRIA NÃO FECHA"
O general da reserva afirmou que confia plenamente nas investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal sobre o atentado contra Bolsonaro. Disse haver indícios de que não teria sido uma iniciativa individual do autor ao exemplificar o fato de o autor ser representado por quatro advogados mesmo sem aparentar ter condições financeiras para custear a defesa.
"A história não fecha. A Polícia Federal tem todos os meios para confirmar ou não essa versão", disse Heleno, para quem, no momento, considera "especulação" a versão de que ele seria desequilibrado e agiu sozinho.

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