(i) Os nomes que comporão o primeiro ministério. (ii) A relação com o Congresso Nacional e o Judiciário. (iii) A qualidade da transição entre o governo atual e o futuro. (iv) A receptividade de Bolsonaro às demandas dos setores da economia. (v) A relação com a imprensa. (vi) A relação com o exterior.
Os primeiros quatro grupos de agendas são, à rigor, variáveis da mesma equação. Para Bolsonaro, definir os nomes que ocuparão os ministérios é o caminho para pavimentar a questão mais crucial para sua situação política no médio prazo, qual seja, o timing de aprovação das reformas mais difíceis. Entidades empresariais já estão encontrando Bolsonaro e seus interlocutores para apresentarem, cada uma, sua lista de demandas para poderem retomar a rota de crescimento. Na medida em que esses atores também possuem largas conexões com o Congresso Nacional, os articuladores presidenciais podem vincular apoios mútuos entre agendas comuns e setoriais para viabilizar as reformas. A relação com a imprensa se anuncia como uma tarefa difícil para Bolsonaro. A combinação de falta de experiência no assunto e a estratégia bem-sucedida até aqui de fazer o enfrentamento é um ponto de fragilidade do próximo governo. Em corridas de tiro curto, como uma campanha eleitoral, a estratégia de enfrentamento pode funcionar, como aconteceu de fato. Entretanto, o exercício de um mandato presidencial equivale a uma maratona e o enfrentamento constante pode acelerar processos de desgaste e fadiga política. Na mesma direção, declarações desencontradas sobre a agenda externa antecipam problemas de relação com outros países. Bolsonaro, taxado de extrema direita pelo mainstream da mídia internacional, deve iniciar sua gestão já com déficit de imagem. Sem base parlamentar consistente, Bolsonaro viverá dos seus resultados e consequente popularidade obtida ou não a partir deles. Se as reformas devolverem confiança aos agentes econômicos e a recuperação ocorrer rapidamente, o futuro presidente terá condições de avançar um pouco mais.
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