À fala infeliz de Guedes se seguiram projeções de que um
número entre 160 e 300 escolas poderiam ser fechadas com o corte de 30% nas
verbas
Até mais do que a ameaça concreta – o corte de recursos
do Sistema S entre 30% e 50% –, chocou a forma da frase do futuro superministro
da Economia, Paulo Guedes. Ao afirmar que vai “meter a faca” na verba, diante
de plateia formada por empresários ligados ao sistema, Guedes usou expressão
infeliz, que remeteu à violência sofrida pelo presidente eleito, Jair
Bolsonaro. Foi deselegante ao condicionar corte menor ao diálogo com pessoas
específicas, no caso o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan),
Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, no cargo há 22 anos. Mas teria acertado se trocasse
de instrumento.
A expressão
“caixa-preta”, aplicada a suas contas, deve-se em parte à publicação de
relatório do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) publicado em 2012. “Ao longo
dos seus 70 anos o Sistema S vem, sistematicamente, malversando o dinheiro
público”, afirmava. Na época, as acusações eram falta de informação sobre o destino
dos recursos e arrecadação direta nas empresas. Outras foram agregadas, como o
uso de verba que deveria treinar mão de obra para promoção pessoal de
dirigentes envolvidos em campanhas políticas.
Senac, Senai, Senar e Sebrae de fato prestam serviços relevantes
a contribuintes, mantendo escolas profissionalizantes e serviço de orientação a
empreendedores. À fala infeliz de Guedes se seguiram projeções de que um número
entre 160 e 300 escolas poderiam ser fechadas com o corte de 30% nas verbas. No
momento em que a qualificação é crítica para fugir do desemprego, seria um
desastre. Mas o Sistema S engole cerca de R$ 18 bilhões ao ano. São 6,5% de
peso extra sobre a folha de pagamento. Não adianta treinar pessoal que depois
custa caro. Um bisturi para cortar gorduras do sistema seria bem-vindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário