Dagoberto Lima Godoy - Cidadão gaúcho
O fechamento do comércio e as limitações impostas pelo governo ao funcionamento das atividades produtivas, com o propósito de conter a propagação do Covid 19, fazem lembrar a anedota do bêbado que perdeu a chave da casa e a foi procurar só sob a luz do poste, porque ... era o único lugar iluminado na rua. Em ambos os casos, a lógica parece ser a mesma, uma vez que é nos locais de trabalho interditados que os protocolos contra a contaminação são mais corretamente respeitados, enquanto o vírus se espalha à vontade, como se tem visto, em praias, parques e ruas, em geral.
É certo que, nos espaços públicos, as autoridades não têm conseguido fazer cumprir as suas proibições, sejam ou não justificadas cientificamente. Mas, somente um raciocínio perturbado pela pandemia poderia levá-las a compensar sua frustração impondo medidas autoritárias onde menos elas seriam necessárias e causam enormes prejuízos. Põem em risco as empresas paralisadas, ameaçam empregos e desatendem necessidades da população.
O heroico esforço que está sendo demandado dos profissionais da saúde deve ser reconhecido e justamente homenageado, mas só poderá ser aliviado, de fato, com novos e urgentes investimentos na estrutura material e humana do sistema. Isso, em escala muito maior do que os que foram feitos, em mais de um ano, desde que se iniciou o terrível flagelo. Na falta ou insuficiência de reforços substanciais, além do risco de aumentarem as mortes causadas pelo terrível vírus, continuarão se acumulando os danos decorrentes das restrições nos atendimentos de outras moléstias. Estes, assim como os que estão sofrendo as atividades que produzem emprego e renda, provavelmente haverão de se prolongar até por mais tempo do que a incerta duração da pandemia.
Enquanto não vêm as vacinas, em quantidade e eficácia suficientes, é preciso insistir na estratégia de distanciamento entre pessoas. Entretanto, seja o isolamento vertical (que sempre me pareceu o mais lógico), seja o horizontal (adotado pelos governos), nenhum dos dois dará o resultado esperado enquanto a população, que resiste até ao uso preventivo das máscaras, não se conscientizar de que a luta contra o vírus só será vencida, como nas guerras antigas, pela infantaria. Quero dizer, no combate individual, em que cada cidadão e cidadã luta por sua própria vida e protege solidariamente as dos seus semelhantes.
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