Alex Pipkin, PhD
Imagine uma orquestra em que o maestro não sabe ler partitura — e ainda assim insiste em reger a economia com uma batuta feita de impostos.
Eis o Brasil: pela terceira e lamentável vez, assistimos ao retorno triunfal da velha fábula petista — um espetáculo que se vende como ópera social, mas não passa de samba de uma nota só.
Uma sinfonia desafinada onde o talento tenta tocar, mas o Estado entra berrando.
Como consultor empresarial, vivo no campo de batalha da realidade. Converso com empreendedores, donos de pequenas e médias empresas; os verdadeiros criadores de riqueza deste país. E o que ouço é um lamento silencioso: todos em compasso de espera, paralisados pelo medo.
O risco político e fiscal já não é um risco — é um dado. E o nome do medo tem três sílabas: Es-ta-do.
E é por viver essa realidade que afirmo, sem hesitar: a liberdade de empreender é o que separa a estagnação da esperança.
Especialmente sob governos de esquerda, como o atual desgoverno petista, o Estado age como um colecionador de narrativas: justifica tudo em nome da justiça social, da equidade, da inclusão. Mas por trás do vocabulário de seminário ideológico, o que temos é um Leviatã glutão, incapaz de criar, mas sempre disposto a confiscar
A fórmula é conhecida: tributa-se o que ainda respira, sufoca-se quem tenta empreender, e glorifica-se a redistribuição do que não se produziu.
O resultado também é velho conhecido: investimento evaporando, empregos desaparecendo, inovação abortada. Mas os burocratas, confortavelmente apartados da realidade, continuam sua ladainha: “vamos taxar os super-ricos”. Como se houvesse uma padaria escondendo um bilionário em cada esquina.
O que me assombra não é o erro — é a fidelidade patológica ao erro. É a crença cega de que se pode combater a pobreza sem incentivar a criação de riqueza. É a ideia absurda de que se pode distribuir dignidade por decreto.
No Brasil, o setor privado virou um vilão de novela. O empreendedor, aquele que gera empregos e paga impostos, foi rebaixado ao papel de suspeito. É tratado como explorador, evasor, sonegador em potencial. E, se ousa crescer, vira sempre o alvo.
Enquanto isso, a máquina estatal segue inchada, cara e ineficiente — uma sarcástica mistura de paquiderme e sacristia.
Gasta-se demais, entrega-se de menos. Mas o discurso permanece moralista: o problema não é a ineficiência — é o mercado que “não coopera” com os objetivos do governo.
Chegamos ao ponto em que a maior política social que se pode imaginar — o crescimento econômico — tornou-se heresia. Incentivar lucro? Recompensar produtividade? Premiar risco? Tudo isso soa ofensivo aos ouvidos da ortodoxia estatólatra.
Mas a verdade, essa teimosa, insiste em se mostrar: não há redistribuição sem produção. Não há justiça sem geração de valor. Quem bloqueia quem cria não combate a pobreza — a fabrica.
A principal fonte de desigualdade não está na liberdade de mercado, mas na sabotagem sistemática do crescimento. Quando o Estado torna-se o protagonista da economia, o enredo é sempre o mesmo: tributar, travar, travestir.
Em nome dos pobres, condenam-nos à estagnação perpétua. Em nome da igualdade, nivelam por baixo.
E em nome do povo, governam para a máquina.
O Brasil não precisa de mais narrativas — precisa de solo fértil.
E solo fértil não se aduba com decretos, nem com discursos de ocasião — aduba-se com liberdade.
Com estabilidade jurídica, impostos justos, respeito ao mérito e incentivo ao risco.
Os criadores de riqueza não querem favores. Querem apenas que o Estado não atrapalhe. Que pare de agir como agiota institucional e comece, ao menos uma vez, a servir àqueles que realmente movem o país.
É hora de inverter a equação: o protagonista da justiça social não é o Estado — é o empreendedor.
É ele quem dá ao trabalho o seu valor. Quem transforma ideias em produto, suor em salário, risco em progresso.
A prosperidade nasce onde há liberdade para criar, competir e crescer.
O resto é narrativa: bonita, emocional — como maquiagem em economia doente: disfarça o colapso, mas não o impede.
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