Judiciário no “mundo da lua”
Astor Wartchow
Advogado
A expressão
“estar no mundo da lua” é antiga. Significa estar fora da realidade, com o
pensamento em outro ponto. Sem dúvida, é a situação do poder judiciário, com o
perdão antecipado pela generalização. Mas, como não generalizar se as notícias
nacionais dão conta de afirmações e comportamentos típicos de quem está fora da
realidade.
Comecemos
pelos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), que não cansam de tagarelar
fora dos autos processuais, vulgarizando opiniões que deveriam guardar para
momentos solenes e importantes dos processos judiciais. Com especial destaque
aos ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, que quanto mais falam fora
dos autos mais denigrem o próprio currículo.
Enquanto isto
no nosso pobre Rio Grande do Sul, o consórcio de políticos/partidos
inconseqüentes - no estilo do quanto pior, melhor – e membros do judiciário
impediram a distribuição proporcional das receitas públicas de fato
arrecadadas, em substituição às dotações orçamentárias originais (que estão
fora da realidade).
Mais:
judicialmente ordenam tarefas e despesas extras aos municípios e ao estado,
sem, entretanto, lhes indagar acerca das eventuais razões e dificuldades
administrativas, assim como acerca de prováveis indisponibilidades financeiras.
É a tradicional demagogia político-ideológica fazendo escola no judiciário.
Faz alguns
dias, assumiu o novo presidente do Tribunal de Justiça gaucho. Qual sua fala
mais veemente? “- (...) a defesa do Poder Judiciário será incondicional,
visando à manutenção da independência e da autonomia,(...), sem que sofra com
as ações que visam à sua fragilização ou apequenamento".
Dito em
outras palavras, sem rodeios corporativos e figuras de linguagem (não se trata
de fragilização e apequenamento), é como se a solução da crise das finanças
públicas do RS fosse responsabilidade exclusiva do Poder Executivo.
É, mais ou
menos, como se um único membro devesse pagar as contas de toda a família, sem
que os demais membros fizessem as necessárias adequações de seus gastos, em
justo e solidário compartilhamento das dificuldades.
Ou seja, não
basta que recebam os maiores salários do serviço público, tanto os membros do
judiciário quanto seus servidores de carreira (é o mesmo dinheiro que (não)
paga os servidores do Poder Executivo), ainda por cima não querem participar da
responsabilidade.
E nem falamos
do auxílio-moradia (e outros penduricalhos), esta imoralidade que o poder
judiciário nacional se atribuiu a título de compensação por não atualização e
reposição salarial (como se os demais servidores houvessem tido algo
semelhante).
Ao menos,
pois, mantenham as aparências. Afinal, se não é auxilio moradia, como de fato
não é, deveriam, então, ao menos pagar o imposto de renda devido!
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