Direita optou por radicalizar
André Singer , na Folha
Em menos de cinco meses, as expectativas econômicas sofreram
uma séria reversão. Conforme noticiou a Folha na última quinta (5), "em
março, a alta esperada para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2018 encostava em
3%, com alguns economistas prevendo algo acima disso". Agora as projeções
caíram para cerca de um terço daquele montante.
Em outras palavras, o Plano Meirelles deu errado e a
ponte para o futuro nos levou ao passado de estagnação dos anos 1980 e 1990.
Compreende-se, assim, que o ex-ministro da Fazenda amargue 1% das intenções de
voto e Lula continue com mais de 30% nas pesquisas, apesar de preso.
Da metade da pirâmide para baixo, o eleitorado quer,
sobretudo, voltar ao período em que havia emprego e renda.
O problema está em como reconstruir as condições para tal
retomada. O processo do impeachment, iniciado em 2015 e concluído em 2016,
abalou as bases do pacto que permitiu o "milagre" lulista de reduzir
a pobreza sem confronto político. Na sequência, a conjuntura foi transformada
por importantes mudanças locais e mundiais.
Na esteira do golpe parlamentar, e sem a legitimação de
um pleito presidencial, houve bloqueio dos gastos públicos, retirada de
direitos trabalhistas e abertura do pré-sal para empresas estrangeiras. No
plano externo, a ascensão de Donald Trump significou o acirramento dos
conflitos globais.
As vaias a Ciro Gomes (PDT) e os aplausos a Jair
Bolsonaro (PSL) na CNI (Confederação Nacional da Indústria), quarta (4)
passada, expressam bem o ambiente polarizado do qual não conseguimos escapar.
Os apupos vieram quando o candidato do PDT —longe de ser
um radical, ainda que intempestivo— apenas afirmou que reabriria o debate sobre
as mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O postulante do PSL,
por sua vez, foi ovacionado quando disse que iria colocar "generais nos
ministérios".
Bolsonaro reiterou que não entende de economia, delegando
ao economista ultraliberal Paulo Guedes a formulação dos planos para a área.
Mas se propõe a garantir a ordem, por meio de presença militar, para que o
capital possa reinar inconteste. "Os senhores são os nossos patrões",
declarou o deputado na CNI.
Como disse um amigo, a direita está venezuelizando o
país. Joga fora a Constituição de 1988 que, bem ou mal, garantiu a fase mais
completamente democrática que o Brasil teve. Se forem bem-sucedidos, a
instabilidade prosseguirá. Diante de tal ofensiva, fica difícil conciliar.
'a direita está venezuelizando o país' melhor ler tal asneira q ser cego
ResponderExcluirAndre Petralha Singer, tao isento quanto um taxi...
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