O caminho passa pela gestão integrada dos investimentos
em prevenção e controle da criminalidade
Por Aline Kerber, Socióloga e especialista em segurança
cidadã
A maior chacina do Estado na última década ocorreu na
noite de 19 de julho. A cena desse crime "fala" por si só. Um cenário
como muitos das periferias brasileiras onde ocorrem homicídios, com pouca
iluminação, sem calçamento, acúmulo de lixo e falta de infraestrutura. Nesse
caso, em um território que concentra a maior parte dos homicídios da capital
gaúcha. Essa execução se deu, ainda, configurando um processo de naturalização
da violência letal, próximo do 20º BPM, conhecido, paradoxalmente, pela sua
eficiência no trabalho integrado da prevenção e da repressão de crimes.
A priori, homens armados atingiram sete vítimas fatalmente,
duas grávidas, com arma de uso restrito, o que pode indicar associação com o
crime organizado. As execuções aconteceram, em tese, por disputas territoriais
de tráfico de drogas entre duas facções criminosas, sendo que houve, na mesma
noite, outros disparos em local próximo como resposta à chacina.
Esse fenômeno, infelizmente, não é novo. O RS já estava
em 2016 na segunda posição de homicídios múltiplos, com 26 episódios e 90
vítimas, atrás somente do RJ. Cerca de 2,8% do total de casos envolvendo homicídios
ceifam mais de uma pessoa em solo gaúcho — o triplo da proporção brasileira
para esses crimes, embora venha apresentando reduções importantes nos últimos
anos. Observe-se que, neste primeiro semestre de 2018, em relação ao mesmo
período de 2017, houve redução de 23% de homicídios no Estado e de 14,7% na
Capital, totalizando 363 vidas salvas!
Inobstante, o caminho passa pela gestão integrada dos
investimentos em prevenção social e controle da criminalidade violenta. Salta
aos olhos, a importância da especialização da investigação criminal de
homicídios e, mais ainda, da presença do delegado de Polícia e de profissionais
da BM e do IGP na cena do crime, como se viu com o envolvimento direto do
delegado-chefe de Homicídios, Paulo Grillo. Esse fato é um símbolo importante
do processo de priorização pública do enfrentamento dos homicídios, trazendo um
alento no esclarecimento dessa barbárie.
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