“Assim como não podem negar que o PT roubou de forma inigualável, a estratégia é suavizar o crime, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas,no mundo capitalista e democrático, são honradas e se comporta nos limites da moralidade e da legalidade, condenando todos os delites, sejam eles pequenos ou megadelitos”.

O enunciado acima pode ser encontrado no capítulo "Falácia esquerdista: a tigrada e a parte pelo todo".

O capítulo é um dos ensaios e artigos que permeiam esta obra, escrita no final da vida pelo meu amigo, o jornalista, professor e pensador Luis Milman. Ele foi mestre em Filosofia pela PUCRS. Fez estudos de doutorado na Universidade de Tel Aviv e na UFRGS, onde foi professor da Faculdade de Jornalismo, a Fabico.

Esta publicação é póstuma.

Luís Milman morreu de infarto fulminante no dia 30 de setembro de 2018, aos 61 aos, enquanto  serenamente dormia.

Poucas semanas antes de morrer, meu amigo ligou pelo celular e perguntou se eu poderia prefaciar este livro.

Foi uma honrosa missão, mas antes mesmo de escrever, recebi a notícia de que ele tinha morrido em casa, dormindo, vítima de infarto fulminante. Nos dias seguintes, deixei a tarefa de lado e me preparei para o velório e o sepultamento. 

Ultrapassados os dias de luto, a família de Luís Milman - a mulher Vera Milman, também jornalista, e os dois filhos, o advogado Francisco e o médico Michael - quiseram cumprir o desejo do meu amigo e incumbiram-me da tarefa de construir este prefácio.

Li todo o texto com enorme atenção e percebi que estava diante de uma obra concisa, cortante, penetrante e complexa, mais para iniciados do que para o público em geral. 

Eu dividiria este livro em três grandes temas: 1) A desconstrução do marxismo, portanto da sua experiência malsucedida brasileira, o lulopetismo engendrado pelo PT. 2) O conhecimento através da filosofia. 3) A diferenciação exata entre judaísmo e sionismo por meio dos tortuosos caminhos da história.

Inicialmente como seu colega jornalista e depois como seu amigo, acompanhei, fiz coro e depois trabalhamos juntos numa cruzada cruel contra o lulopetismo, que acabou nos custando noites indormidas, retaliações profissionais e até mesmo processos judiciais, tudo para nos intimidar e nos calar.

É uma pena que Luís Milman não tenha vivido para saborear nossa vitória nas urnas, no dia 28 de outubro de 2018, um marco histórico que marca a derrota dos renegados sociais, tudo no âmbito de uma batalha dessa grande guerra contra a escumalha lulopetista e seus aliados marxistas e neomarxistas, sabendo sempre que eles jamais abandonarão suas consignas reducionistas, todas elas marcantes dos atrasos político, econômico e social. 

O trecho que apartei e que encima o que escrevo neste momento, integra aquilo que eu chamo de "desconstrução do lulopetismo". O lulopetismo vem a ser a ideia e a prática pervertidas, tropicais, do marxismo, algo que de outra maneira também caracterizaram o comunismo soviético e ainda sobrevivem através da miséria castrista e da esquizofrênica mancebia dos dois sistemas econômicos e um só regime político da China e do Vietname. 

Eu estudei e conheci pessoalmente todas essas experiências.

Neste livro, Luís Milmann vai fundo na análise filosófica e sociológica do marxismo, mas sempre com os pés fincados em cima da experiência corrompida do lulopetismo, tema sobre o qual polemizou de maneira recorrente, corrosiva e irrespondível como articulista de blogs e sites.

Ele explica seu fervor de polemista no capítulo "A lógica comunista é perversa", quando escreve:

- Há uma lógica perversa e continua na prática da persuasão comunista, desde o seu surgimento no século XIX, até hoje. O Manifesto Comunista de 1848, a Mensagem da Direção Central à Liga dos Comunsistas (1850), o panfleto leninista "Que Fazer ?", as atas dos atuais Foro de São Paulo e Fórum Social Mundial, assim como os decretos da Venezuela, Bolívia e do Brasil na era petista, reproduzem o desejo de interferência e captura das relações humanas, em todos os níveis, do Estado controlado pelo Partido.

É exatamente ao tratar do "conhecimento através da filosofia", a segunda mais importante parte deste livro, que o autor procura explicar o sentimento antissemita da esquerda. 

Luís Milman se debruça exaustivamente na análise dos fundamentos da filosofia. Nos capítulos dedicados a ela,  mais transparece a qualidade do pensador que se apresenta em dia, up to date, com as formulações mais recorrentes da contemporaneidade, como fica evidente em capítulos como o que discute "Teologia e Utopia em Walter Benjamin", mas não só ali. 

No capítulo que trata do tema que mais o apaixona, "Antissemitismo e a esquerda", ele escreve:

- O antissemitismo não é a expressão de preconceito e ódio irracionais. Ele pode ser acompanhado por manifestações psicóticas e paranóides, mas exite porque faz sentido em contextos históricos. 

Foi assim na Idade Média, como foi assim com o próprio marxismo. Em 1843, Marx escrweveuy o ensaio "A questão judaica", no qual dizia que a humanidade deve se emancipar do judaísmo, cujma face real e não ilusória forma espiritual seria o comércio. Dizia Marx:

-O Deus dos judeus é o dinheiro.

Isto fez sentido para o bolchevismo, como na mesma época fez sentido para o nazismo.

Com o colapso da URSS em 1991, ensina Luís Milman, "a esquerda transferiu a luta contra o capitalismo e o imperialismo para o terreno do anti-americanismo, do qual o antissionismo torna-se objetiva e conceitualmente dependente".

Infelizmente, o fracasso do chamado socialismo real, que para a esquerdas poderia ter o mesmo efeito que a derrota nazifascista teve para a ultradireita,não se deu neste caso.

E o que acontece ?

Escreve o autor:

- Aí entra a luta contra o sionismo, na qual vale tudo para caracterizar Israel como sendo uma nação racista, que pratica o apartheid contra os árabes que vivem dentro de suas fronteiras, que oprime os árabes palestinos com uma ocupação militar, que, ao longo da sua história, adotou e adota práticas nazistas e chega mesmo a praticar o genocídio contra uma população desamparada.

Esta é uma ideologia repleta de mitos, um dos quais, o do revisionismo, baseado sobretudo no negacionismo, chegou a fazer sucesso no Brasil e ainda entusiasma camadas inteiras da população, que não admite o holocausto de judeus durante o regime nazista e que resultou no extermínio de 6 milhões de cidadãos.

Extermínio, porque genocídios, como se sabe, atingiram populações de chineses, ucranianos, georgeanos, animistas, tutsis, armênios, assírios, ao longo da história.

Luís Milman acusa diretamente franjas radicais do PT e MST, mas partidos inteiros como PSTU e PCO, pela prática de formas veladas ou claras de antissemetismo.

O autor deste livro nunca foi apenas um pensador, mas foi durante toda a via um ativista da ideia de que o Rio Grande do Sul e o Brasil não poderiam aceitar experiências de socialismos autoritários, sejam eles fruto da experiência dos chamados socialismo real, da sua variável bolivariana ou do nacional socialismo. Foi o que nos uniu e uniu todos os brasileiros que estão profundamente imbuídos dos ideais da liberdade e suas várias acepções: liberdade econômica, política e de expressão.

Foi com ele que resistimos aos renegados sociais neomarxistas que se renderam à corrupção, derrotando-os na batalha eleitoral de 28 de outubro de 2018, tudo com o apoio de uma opinião pública que ajudamos a conscientizar.

A luta não terminou nos idos de outubro e nem terminará depois da leitura deste livro.

Até sempre, Luís Milman.









Um comentário:

  1. Acho que a avaliação das causas do antissemitismo, passam por diversas teorias mas nunca caracteriza, a meu ver, o verdadeiro cerne da questão. Não sou antissemita, e muito pelo contrário, sou pela integração de todos, pois acho que uma sociedade só desfruta de todo o poder da sinergia quando consegue se pacificar e se harmonizar. Mas, na questão específica do povo judeu, eu pergunto: será que todo sofrimento provocado contra o mesmo foi simplesmente uma ação gratuita, como a propaganda judia propõe? Ainda mais se considerando que esse sofrimento foi imposto por sociedades diferentes e em tempos diferentes? Claro que não, não parece nada razoável. A meu ver, o próprio povo ignora, ou finge ignorar, que pratica um exagerado corporativismo ao longo de gerações, mesmo quando integrando uma sociedade que não lhe opõe restrições. Todo corporativismo, resulta na discriminação compulsória daqueles que não pertencem à corporação. O corporativismo é uma forma sutil de se usufruir dos benefícios da sociedade que abriga a corporação, sem compartilhar com ela todos os benefícios que a corporação angaria. Talvez, quem tenha vivido próximo a uma comunidade judaica, tenha uma visão mais clara dessa realidade.
    Gosto sempre de dizer, que um dia, um judeu, mais sábio do que os remanescentes, disse em tom profético: " minha mãe, quem é minha mãe? meus irmãos, quem são meus irmãos?". Para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, esse senhor quis dizer: qualquer forma de corporativismo, até o consanguíneo, não é contemplado pelos princípios da fraternidade. Isso se consolida, na medida que o povo judeu se afirma como sendo o povo escolhido por Deus, ou seja, os outros povos são meros figurantes. Quando uma cultura se permite a esse tipo de valorização perante seus semelhantes, fica muito difícil de se exorcizar essa consciência enquanto o senso crítico dos seus membros não transcender ao nível da consciência crítica adequada. Resta então somente o discuso da vitimização, sem a proposição do "mea culpa" com a oferta de uma consciência mais fraterna.

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