Em pouco mais de oito meses de
força-tarefa, o INSS já suspendeu ou cancelou definitivamente o pagamento de
254 mil benefícios com indícios de fraude ou outras irregularidades, segundo
dados obtidos com exclusividade pelo Broadcast. Pessoas mortas que continuavam
recebendo os valores mensais e servidores estaduais e municipais que ganhavam o
benefício assistencial voltado à baixa renda são as irregularidades mais
comuns. A economia com os cancelamentos chega a R$ 4,37 bilhões anuais.
Ao editar a Medida Provisória Antifraude em janeiro, o
governo de Jair Bolsonaro projetava uma economia de pouco mais de R$ 10 bilhões
neste ano. "Estamos quase atingindo a meta (de economia) em poucos meses
do pente-fino", diz ao Broadcast o presidente do INSS, Renato Vieira.
Até agora, os benefícios irregulares representam 24% dos
processos analisados pelo órgão, um índice acima da média história de 15% a
20%. Os dados não incluem o pente-fino nos benefícios por incapacidade (como
aposentadoria por invalidez e auxílio-doença), cujas perícias estão sendo
conduzidas pela Secretaria de Previdência. Por isso, a economia pode ser ainda
maior.
O governo ainda espera poupar outro montante de R$ 1,3
bilhão por ano com a redução dos pagamentos de benefícios após a morte do
segurado. A MP Antifraude, convertida em lei em junho deste ano, reduziu o
prazo para que cartórios comuniquem o INSS sobre novos registros de certidões
de óbito, de 40 dias para 24 horas. Com o prazo anterior, o governo acabava
desembolsando até dois meses de benefício após a morte até que houvesse a
suspensão do repasse.
Servidores
No pente-fino, o INSS identificou, por exemplo, um
servidor estadual do Rio de Janeiro que se aposentou em 1999 com um benefício
de R$ 14 mil mensais. No mesmo ano, ele ingressou com um pedido de benefício
assistencial no INSS, no valor de um salário mínimo (hoje em R$ 998). O chamado
BPC é pago a idosos e pessoas com deficiência com renda familiar per capita de
até ¼ do salário mínimo (o equivalente a R$ 249,50).
Também no Rio, o órgão identificou uma pensionista do
Estado que tem renda mensal de R$ 15,8 mil e desde 2012 recebe o benefício
assistencial. O prejuízo é calculado em R$ 86 mil.
Em Recife, o pente-fino descobriu que vários pensionistas
do Estado recebiam o BPC de forma indevida. No caso mais antigo, a beneficiária
acumulava a assistência voltada para a baixa renda desde 1998 - um prejuízo de
R$ 193 mil.
Os casos de servidores estaduais e municipais que recebem
indevidamente o benefício assistencial chamou a atenção da cúpula do INSS. Até
agora, foram identificados 4,7 mil funcionários públicos praticando a fraude.
Desses, mil já tiveram o benefício suspenso e outros 3,7 mil terão o pagamento
cancelado nos próximos dias.
O INSS cruzou suas informações com a base de dados de
sete Estados que colaboraram para a operação. Nos processos com indícios de
irregularidade, 92,5% dos casos tiveram a fraude confirmada, um índice
considerado extremamente alto pelo órgão. "Existe uma limitação de acesso
às bases de dados de Estados e municípios. Então, eles omitem rendas, e o INSS
não identifica esses pagamentos", diz Vieira. O órgão agora negocia com os
demais Estados o acesso às suas bases de dados para ampliar o cruzamento de
informações, o que pode estender ainda mais o alcance do pente-fino.
Os dados desses servidores que receberam indevidamente
serão encaminhados pelo INSS aos Estados e municípios para que eles possam
tomar providências administrativas. Além disso, haverá coordenação com Polícia
Federal e Ministério Público Federal para apuração dos crimes praticados. O
INSS também buscará o ressarcimento dos valores pagos, de forma administrativa
ou judicial.
Mais irregularidades
Além das fraudes praticadas por servidores, o INSS
identificou que 59% dos benefícios cancelados ou suspensos vinham sendo
recebidos irregularmente por pessoas próximas do beneficiário falecido. Há
ainda casos em que a chamada "prova de vida", em que o segurado
atesta que está apto a continuar recebendo o benefício, foi fraudada com documentos
falsos.
Outro exemplo é o de uma mulher na Baixada Fluminense, no
Estado do Rio, que acumulava desde 1999 duas pensões por morte de companheiros
falecidos, causando um prejuízo de R$ 46 mil.
"Às vezes, a fraude é tão escancarada que eles nem
se defendem (na esfera administrativa)", diz o presidente do INSS.
BOLSONARO E EQUIPE + EXÉRCITO = BRASIL LIVRE = ORDEM = PROGRESSO
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