“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da
República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo,
uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter
impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso,
buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato
contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e
urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham
um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei
evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do
devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que,
na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a
petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência
da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de
morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a
tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que
ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar
reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte
Constitucional do País.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.
Continuaremos a defender a Constituição e o devido
processo legal.”
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