Já descrevi na análise anterior (“Por que de repente a
coisa desanda…”) como a sensação de injustiça tem potencial para desencadear
rebeliões que parecem brotar do nada. Há ainda outro fator. É preciso que as
instituições políticas tenham perdido a necessária capacidade de absorver as
ondas de choque quando a insatisfação da massa alcança um ponto crítico.
Ou seja, é preciso que as pessoas tenham se desiludido,
ou ao menos atingido um patamar de ceticismo, sobre a possibilidade de resolver
“pacificamente” as pendências com o governo. É a situação propícia a que
correntes políticas busquem mudar rapidamente, por meio da “rua”, a correlação
de forças, e portanto a configuração do poder.
É natural, também por isso, que em qualquer país e
qualquer tempo a oposição trabalhe para dificultar que aquelas ondas de choque
sejam absorvidas, ao menos enquanto ela própria não alcançar o objetivo de
poder. Ou entrando no governo ou promovendo uma troca de guarda. Daí a inutilidade,
para a oposição, de platitudes como o adjetivo “construtiva”.
E o governo? Precisa trabalhar dia e noite para impedir o
atingimento do ponto nodal em que as pessoas passam a duvidar do
“funcionamento” das ditas instituições. E precisa lembrar sempre à sociedade
que tem instrumentos repressivos capazes de evitar a perda de poder, e tem
também a disposição de usá-los, se for preciso para evitar a perda do controle.
Paulo Guedes é o principal instrumento de Jair Bolsonaro
para manter acesa a esperança de que as coisas vão melhorar. Há porém dois
complicadores. Nem os mais otimistas acham que a vida vai ficar muito melhor
tão rápido, e os realistas sabem que é grande a possibilidade de uma turma
expressiva acabar ficando para trás mesmo quando as coisas melhorarem.
Daí que o governo declare repetidamente a disposição de
reprimir. É uma tática de dissuasão. E a referência ao AI-5 só chocou quem
esqueceu que o bolsonarismo é uma força política externa ao bloco derrotou o
ciclo militar em 1984/85. Ele não tem qualquer compromisso com a narrativa da
Nova República. Aliás é a expressão atual dos derrotados naqueles dois anos.
Entretanto, a dissuasão pela exibição de força só tem
efeito se há a disposição e a capacidade reais de usar a força. E tudo na vida
tem dois lados. No Chile, por exemplo, Sebastián Piñera acabou perdendo a
capacidade de dissuasão quando quis exibir uma força que não tinha como
utilizar plenamente no plano operacional: as Forças Armadas.
E quando você ameaça usar uma força que na prática não
está disponível você acaba mandando sinais de fraqueza, e reduzindo portanto a
capacidade de dissuasão.
Fica a dica.
*
Governos precisam mostrar permanentemente que estão
fortes, e uma parte disso é evitar o isolamento, nas ruas e nos salões. A
situação ótima é quando o governo convence a sociedade, especialmente as
elites, de que ele é essencial para resolver os problemas. A situação razoável
é quando ele dá a impressão de não estar atrapalhando.
________________________________________
Alon Feuerwerker
alon.feuerwerker@fsb.com.br
É O QUE SE DIZ: "NÃO CUTUCAR ONÇA COM VARA CURTA!", OU AINDA PIOR SEM VARA...
ResponderExcluirFALTA AO PRESIDENTE CRIAR CANAIS DE COMUNICAÇÃO POPULAR, O PT TINHA AOS MILHÕES "SOLDADOS DA MENTIRA"ATRAVÉS DO QUAL DOMINAVA ILUDINDO,MENTINDO, ERAM MESTRES, MAS PERDERAM A CONFIABILIDADE A CREDIBILIDADE.
É URGENTE QUE BOLSONARO REPITA QUE NÃO ATACAM BOLSONARO E SIM AS INSTITUIÇÕES, A PRESIDENCIA DA REPÚBLICA, A ORDEM E SEGURANÇA NACIONAL.
AINDA É TEMPO,O PRESIDENTE DEVE CRIAR CANAL OU CANAIS DE COMUNICAÇÃO,"SOLDADOS" DAS NOTICIAS 24 HS POR DIA EM AÇÃO.
Estes 4 aí não merecem mais do que uma azeitona preta no meio da testa
ResponderExcluir