Quem imagina que parar a economia vai salvar a humanidade da morte por essa pandemia parece ignorar que é a produção que irá criar o que é preciso para enfrentá-la. E não apenas isso, as pessoas continuarão precisando de moradia, vestuário, alimento, sabão, água, luz, medicamentos e outros bens e serviços. Não apenas precisam disto as pessoas que trabalham, mas as que delas dependem, como os aposentados, doentes, crianças e os funcionários públicos.
É óbvio que se precisa deter a exponencialidade e a velocidade do contágio. Como somos um país pobre não há recursos para atender todos os doentes nos hospitais que normalmente já são precários. Como somos governados por egocentristas irresponsáveis, não há fundos que possam ser utilizados para a compra de testes, máscaras, remédios e equipamentos necessários. Quanto menos produzirmos como sociedade, menos capacidade teremos para atender as necessidades já existentes.
Já se sabe que os idosos e portadores de algumas doenças crônicas fazem parte do grupo de vulneráveis. São estes que estão demandando leitos nos hospitais e cuidados extremos. O foco das autoridades, e dos familiares dessas pessoas deve ser poupá-los do contágio. Somente o isolamento deles, sob critérios de proteção e higiene básicos, poderá reduzir a sobrecarga do sistema socializado que temos, além da rede privada.
Os indivíduos infectados, com ou sem sintomas, devem fazer quarentena. A falta de testes para aferição é um problema que deve ser tratado pelo governo e pelo mercado. Máscaras, álcool, sabão e controle de hábitos ajudará na contenção do contágio.
Eu acredito que medidas racionais possam resolver melhor nossos problemas do que decisões draconianas estabelecidas de cima para baixo sem a certeza de que seus efeitos ocorrerão no curto prazo e de maneira efetiva.
Se os governos querem impor a ordem de forma coercitiva devem estabelecer prazos e esclarecer como os afetados farão para tocar suas vidas. Ficar em casa parado enquanto começa a faltar água, comida e dinheiro não parece uma solução para um problema que já é gravíssimo, mas sim, a criação de outro que somado com aquele se verá ser catastrófico.
Esse talvez seja o último post que faço sobre o assunto.
Tomara que os cientistas da indústria farmacêutica e os médicos pesquisadores descubram um remédio porque se depender das políticas públicas para a gestão da crise, estamos perdidos.
Aos especialistas em infectologia, me solidarizo com seus esforços para encontrar uma solução para a pandemia. No entanto, o problema causado pelo vírus e a reação a ele, transcendem os limites da medicina e invadem outros campos do conhecimento humano, como por exemplo a economia e o direito. Quando isso acontece, ninguém tem autoridade suficiente para determinar, monopolisticamente, o que é certo e o que é errado.
Em cada campo do conhecimento humano, principalmente naqueles que tratam de organizações espontâneas complexas como a economia, há o que se vê e o que não se vê. Até o mais brilhante imunologista, no campo do direito ou da economia, pode ser um cego.
Misticismo e emocionalismo nunca resolveram problemas concretos. Eu entendo a extensão do problema. Tenho parentes que estão no grupo de risco, do qual eu mesmo me incluo, portanto não venham me passar sermão. Lamento cada morte, lamento a dor de cada familiar ou amigo das vítimas. Aplaudo o esforço dos médicos, enfermeiros, gestores e todos os que operam no front dessa batalha. Mas não podemos deixar de lado os demais problemas da vida.
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