Quando o assunto é comentarista de opinião, o background fala ainda mais alto, pois todos nós temos uma visão de mundo
Uma reportagem deveria sempre buscar a imparcialidade, relatar os fatos com a maior objetividade possível e escutar os diferentes lados sobre a questão. Isso no mundo ideal. Na realidade, o viés ideológico já começa na escolha das pautas, depois é estampado na manchete, no tom dado à matéria, na seleção dos “especialistas” que vão comentar o caso etc. E isso vale para reportagens.
Quando o assunto é comentarista de opinião, o background fala ainda mais alto, pois todos nós temos uma visão de mundo. O mais transparente, nesse caso, seria o leitor conhecer essa visão, saber de onde o comentarista parte para fazer suas análises, sem a pretensão de que se trata de alguém totalmente desprovido de preconceitos, voltado estritamente para uma análise fria sem qualquer preferência.
O que escrevo é bastante óbvio para o público, mas curiosamente um tabu para os jornalistas. Entendo. Aquele ideal descrito acima é uma imagem bela de se preservar. Mas quando fica cada vez mais evidente para o público a distância entre meta e resultado, a consequência é a perda de credibilidade do veículo. A patota não se dá conta disso, e depois culpa o público pela queda de audiência.
Debatia com um colega esta semana sobre o caso Queiroz e ele, irritado e mesmo ofendido, rebateu que não era esquerdista quando apontei seu viés, mas sim um jornalista. Ora, e por acaso uma coisa impede a outra? E jornalistas não são seres humanos com suas visões políticas, suas ideologias até? A obsessão do colega em atacar sempre Bolsonaro e jamais conseguir elogiá-lo trai o viés que ele nega.
Outra jornalista, famosa, chegou a comparar o ex-ministro Weintraub, no dia de sua saída, a um vírus, considerando-o pior! Isso em época de pandemia, que já tirou a vida de mais de 40 mil brasileiros. E olha que ela é da turma do “fiquem em casa” e da quarentena gourmet. Mas parece que a paixão domina a objetividade na hora de comentar sobre a queda do ministro.
Todo mundo é livre para ser de esquerda, por mais que eu julgue isso um equívoco. Mas pega mal quando o esquerdista militante se passa por jornalista imparcial. O leitor percebe...
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