Motim a bordo
Marcus Vinicius Gravina
advogado
A nau navega sob Bandeira Democrática cujo comandante foi eleito pela maioria dos
seus marujos. Mal havia zarpado para cumprir o seu destino, de acordo com a carta náutica e o
rumo traçado pela Constituição Federal, quando irrompeu o tumulto de um motim a bordo.
Pois é isto, parte da tripulação derrotada e adversa não foi substituída pelo novo
comandante e não quer cumprir ordens ou os programas vitoriosos de campanha eleitoral de
quem está cortando seus privilégios e impedindo o roubo do patrimônio público. Pior, quer
mudar o seu curso, tendo escolhido por porto seguro o modelo do regime político da Venezuela.
Lá ditadura é sinônimo de democracia e tem quem acredite nisso entre brasileiros.
Como agravante o mar está revolto com altas ondas da Covid-19 e fortes ventos da
elevação dos provocantes preços da Petrobras, propícios à instabilidade da nau Brasil. Governar
já era difícil. Proteger a saúde dos brasileiros e salvar a economia - o PIB desta Nação - no clima
atual de revolta, mesmo sem armas, será causa para aumentar as covas que hoje são abertas
para as vítimas da Covid-19.
O conceito de democracia para alguns está deturpado. Não respeitar o legitimo poder
conferido pelo povo, para que alguém governe o país pelo tempo estipulado em sua
Constituição, mediante sabotagem de todo o tipo, com ameaças de morte ao presidente é a
comprovação de que estamos assistindo atentados constantes impunes à democracia.
Impeachment nestas circunstâncias é o mesmo que flagrante preparado: ilegal. É isto
que está sendo articulado por políticos de governos passados, reprovados pelos votos da última
eleição, com o apoio de parte da imprensa apaniguada de então, que hoje é alvo de críticas
massivas de brasileiros esclarecidos.
Vale lembrar duas coisas ao finalizar estas considerações: primeiro este mandamento
constitucional - “todo o poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos da Constituição” (art. 1º,CF/88). E aos mais impacientes, o que prevê
o art. 82 da CF: “O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em
primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição”. O mandato atual teve início em 1º de
janeiro de 2019.
Cabe a maioria dos cidadãos que elegeu o presidente da República, no regime
democrático, ficar vigilante e fazer cumprir a nossa Constituição Federal. Os abutres devem ser
espantados do telhado do Palácio do Planalto.
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