Artigo, Cláudia Woellner Pereira - Não é só mais uma bandeira ao vento

Em terras americanas, norte-americanas, em referência mais precisa, somente um ser muito desconectado da realidade para não perceber a  presença número 1 neste lugar. Envolta por uma atmosfera de solenidade e reverência, a bandeira dos Estados Unidos da América está colocada em tamanho, altura e ponto tais que se torna praticamente improvável tê-la fora do campo de visão.

Os atormentados pela ideia do imperialismo americano teriam calafrios frequentes, porque ela está em todo lugar! 

Os apaixonados pelo Brasil podem manifestar inveja saudável!  Nada de idolatria. Sem aplicação de réguas para estabelecer superiores e inferiores.  Simples admiração, ato contemplativo ante a possibilidade de ver construído semelhante projeto de identidade nacional.

O mesmo espírito, que levantou a bandeira das Treze Colônias que decidiram tornar-se independentes da coroa britânica em 4 de julho de 1776, parece entranhado nas bandeiras por todo o país. Por direito e liberdade individual e nacional foi levantada a bandeira em 1776 e, onde é vista, continua a contar e reforçar a mesma história. Símbolo forte e legítimo que traz à mente do observador o ideal do povo que representa.

Coincidência interessante. Em 15 e 22 de abril de 2022 Anitta apresenta-se em terras americanas, no famoso festival de música de Coachella,  realizado em Indio, Califórnia. A cantora usa um traje com as cores da bandeira do Brasil. 

Até aqui tudo bem.  Na perspectiva da arte e da cultura, há quem considere louvável o fato de Anitta ter conquistado  lugar de destaque em espaço estrangeiro com visibilidade mundial. Põem-se de lado neste momento controvérsias quanto ao que é arte, o que é cultura e quanto ao como, na atualidade, se consegue  prestígio  nesse meio.

No palco agora o que vem na sequência: o pavilhão nacional brasileiro torna-se o centro de discussões. A bandeira brasileira, obviamente. E suas cores. O seu uso.

A discussão é mais do que bem-vinda. Pode trazer esclarecimento. Cria a ocasião oportuna para o povo brasileiro discernir o valor da bandeira, da terra e a quem esses elementos genuinamente pertencem e o que evocam. 

É a partir deste ponto que há um problema real. Anitta, detentora de alto poder de influência sobre o público e a juventude, deveria fazer uso do “princípio de responsabilidade” - avaliar, com muito cuidado, os efeitos de suas ações e palavras. Será que fama e notoriedade autorizam Anitta - ou qualquer outro cidadão - desacatar a figura do Presidente da República, um dos elementos constituintes da nossa Nação, independentemente da sua orientação política? Será que a fama e a notoriedade concedem o direito de, em tempos de eleições presidenciais, nublar a percepção dos eleitores sobre quem de fato usa as cores verde e amarelo por compromisso genuíno com o Brasil  e não para manipular o eleitor como faz a esquerda brasileira na atualidade? 

O verde e o amarelo, pintados nos rostos de milhões de brasileiros que foram às ruas em 1984, conquistaram as eleições diretas e vêm construindo a nossa democracia e liberdade. Não era só mais uma bandeira ao vento. Ela tinha corpo, alma, história e propósito. Eram brasileiros, vivos, pulsantes, conscientes, determinados a construir uma Nação livre! Tamanho sacrifício não está para ser rasgado, manchado, destruído por partidos políticos maquiados de verde e amarelo. Como acreditar em quem ignora a sua própria história e muda de cor somente para ganhar o eleitorado?

Cláudia Woellner Pereira, tradutora e redatora, do Texas, EUA

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