Muita gente fica se perguntando por que o ministro Fachin, em uma manobra duplamente carpada, criou a teoria do CEP errado e devolveu Lula à liberdade depois de mais de cinco anos da manutenção do processo do petrolão em Curitiba com a anuência do próprio STF.
Ainda que este fato pareça fantasticamente estranho, há, na realidade, razões sobejas para uma decisão desta magnitude.
O que se observa é uma reação um muitos recantos do planeta contra a Nova Ordem Mundial. A Itália já elegeu um governo de direita, a Espanha poderá repetir o feito e até mesmo os Estados Unidos podem repetir um governo Trump. Estes acontecimentos, entre outros, mostram um refluxo da onda da esquerda internacional.
No Brasil o refluxo anti-esquerda só se processaria retirando Bolsonaro do governo e para isto só haveria três possibilidades: eliminando-o como foi tentado pelo Adélio Bispo, depondo-o através de alguma manobra ditatorial ou vencendo-o nas urnas. Ora, como a primeira tentativa falhou e a segunda dificilmente seria aceita pela população e pelas forças armadas, só restou a possibilidade de alijá-lo através das urnas.
As urnas seriam a parte mais fácil de resolver mesmo a Constituição prescrevendo que as eleições devam ser auditadas e ter sido aprovada há anos a comprovação do voto através do comprovante impresso depositado em urna lacrada para posterior auditoria, o que foi considerado excelente pelos ministros do STF, do TSE e por inúmeros políticos que hoje dizem que descobriram que as urnas eletrônicas do Brasil, Bangladesh e Butão são completamente seguras. Acontece que esta possibilidade foi contestada pela PGR Raquel Dodge e de lá pra cá nunca mais foi aceita. Há pouco mais de um ano o Congresso estava prestes a votar a PEC do voto auditavel quando, em reunião com um ministro do STF as lideranças mudaram os participantes da comissão do voto impresso e o projeto foi rejeitado.
Assim, restou encontrar alguém da ala esquerdista que pudesse vencer Bolsonaro em eleição insegura, mas que, caso algo de estranho acontecesse como a inexplicável vitória da Dilma sobre o Aécio Neves quando de uma vitória arrasadora, após uma parada no processamento dos resultados, Aécio acabou amargando um fragorosa derrota, pudesse ser justificada.
Mas quem seria o possível candidato cuja vitória pudesse ser considerada justificável? Em toda a esquerda brasileira, completamente carente de qualquer liderança significativa para bater de frente com o Bolsonaro, a única opção seria Lula que já liderou grandes multidões e deixou seu segundo mandato com altíssima aprovação a ponto de eleger a Dilma que sem Lula provavelmente não teria mais que dois votos, o dela e o da filha.
Aí foi que o Milagre CEPEANO do Fachin teve que acontecer. Se tornou necessário tirar Lula da cadeia e reabilitá-lo eleitoralmente.
Lula tornou-se a única opção da esquerda para acabar com a direita no Brasil e por isso, mesmo com todos os seus crimes, é endeusado por magistrados, por praticamente toda a grande mídia, por uma legião de artistas desmamados à força, pelas ONGs, pelos movimentos extremados como MST e MTST e por todos os teleguiados zumbis tanto internacionais como tupiniquins. Se houvesse outra liderança significativa da esquerda, Lula ainda estaria amargando o cárcere em Curitiba. Sua liberdade se deve à falta de opção.
Mas há um grande problema. A tábua de salvação da esquerda não consegue sair às ruas sem ser chamado de ladrão, seus comícios são quase sempre em ambiente fechado com presença de seguidores e nos poucos comícios públicos a plateia nunca passa de meia dúzia de gatos pingados, a maior parte contratada para vestir camisetas vermelhas e portar bandeiras do partido. Já seu opositor, Bolsonaro arrebanha multidões de voluntários vestindo verde e amarelo.
Se todos os que forem votar em Bolsonaro o fizerem vestindo verde e amarelo, será impossível querer provar que ele não ganhará em primeiro turno.
Não imagino qual seja a próxima alternativa da esquerda internacional para barrar Bolsonaro. O que poderão fazer para impedir que ele assuma o governo por mais quatro anos?
Sinto medo só de pensar nisto.
Fabio Freitas Jacques. Engenheiro e consultor empresarial, Diretor da FJacques – Gestão através de Ideias Atratoras e autor do livro “Quando a empresa se torna azul – o poder das grandes ideias”.
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