Aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, quando o bom velhinho já está bem perto, o governo do Estado apresenta na Assembleia um conjunto de projetos batizado de Reestruturação Administrativa de afogadilho. Na realidade, este nome pomposo disfarça sua verdadeira essência que é a de aumentar a remuneração do governador, vice, deputados, secretários e futuros diretores de cargos executivos. Isto sob a alegação de que as remunerações estão defasadas e dificultam a escolha e indicação e nomeação de pessoas mais qualificadas.
É importante lembrar que todos eles receberam os generosos 6% concedidos ao conjunto do funcionalismo, após quase oito anos de congelamento salarial. Fato alegado na recente campanha salarial e também na justificativa de por que os funcionários ficam fora desta reestruturação.
Pois é, os pobres mortais que conduzem a máquina pública, sob sol, chuva, nos postos de saúde, nas escolas, nas estradas, enfim, nas mais diversas atividades que o Estado presta serviços à população, estes não precisam de atualização salarial. Aliás, a única reposição que tiveram foi de 6%, num período em que a inflação superou os 60%.
E nosso governador tem a coragem de afirmar que a alta cúpula, que tem todo tipo de suporte, como carros, combustível, diversos auxílios, etc., está com remuneração defasada. Que dizer dos servidores que recebem algo como 12 reais por dia a título de vale-refeição; de uma única passagem por dia, como vale-transporte? Que precisam pagar “por fora” para serem atendidos por médicos do IPE Saúde?
Essa é a triste realidade do dia a dia sofrido e muito mal pago de milhares de servidores por este Estado afora. É imperioso que qualquer reestruturação administrativa inclua a todos, sem exclusão.
O diálogo alardeado pelo governador Leite nunca incluiu os servidores e suas representações. Se resumiu a matérias jornalísticas durante seus quase quatro anos iniciais. Esperamos que esta situação se modifique em seu segundo mandato.
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