Artigo, Cláudia Woellner Pereira - Ainda não é o fim

- Cláudia Woellner Pereira é tradutora e redatora

O dia 15 de abril de 2019 quase passa para a História como o fim da Catedral de Notre Dame, de Paris, um dos maiores patrimônios culturais e históricos da humanidade. Graças à perícia de bombeiros e equipes técnicas que trabalham até hoje (e continuarão trabalhando até 2024), os estragos produzidos por fogo e água estão sendo vencidos e a Catedral continua em pé.   

Muitos milhões de euros foram doados pelos próprios franceses para a obra de restauração, que recebeu reforço profissional de outros países, sobretudo da Alemanha, no empenho de recriar, com riqueza de detalhes, estrutura, mobiliário, obras de arte, acústica. 

É, no mínimo, impressionante o esforço conjunto para que não se perca um símbolo que carrega tanto significado, para que não se percam a perspectiva histórica e os traços originais que faziam e fazem da Catedral o que ela é. 

A Notre Dame é apenas um caso. Em todo o mundo serão encontrados exemplos extraordinários da política viva, efetiva, da preservação de patrimônios históricos e culturais para as próximas gerações.

Como se explica, então, o movimento em sentido contrário no que se refere a valores que guardam a própria essência e identidade da espécie humana? 

Hoje em dia, é possível testemunhar um cachorro recebendo mais direito e honra do que um ser humano. O tema da identidade sexual de uma criança saiu do âmbito pessoal, familiar, virou assunto público para gente mal-intencionada exercer poder. A língua portuguesa vem sendo adulterada por pessoas que ignoram os fantásticos mecanismos da língua materna e desconhecem a ciência que explica a sua origem e funcionamento. Os conceitos de vida e de morte estão sendo estrategicamente aniquilados. Banaliza-se a vida e se facilita, assim, o controle sobre ela. 

Muita gente tem se colocado em pé para defender causas bizarras, absurdas, ignorantes, como se fossem a vanguarda da justiça e da liberdade. Onde foi perdido o fio da meada que nos conectava ao patrimônio original?

O fogo e a água, por sua natureza, assinaram o rastro de destruição na Catedral. Mais difícil é atuar sobre elementos corrosivos que se impõem na cultura como bandeiras de modernidade e insistem em destruir não só um prédio, mas toda a estrutura da civilização judaico-cristã. 

“O grande problema que temos tido nas últimas décadas é que não temos sido muito capazes de nos colocarmos em pé para defender o que teríamos que defender”, lamenta César Vidal, historiador, jornalista e escritor espanhol.

Ainda não é o fim. Há um patrimônio valioso a ser preservado e transmitido para as próximas gerações. Qual é a nossa equipe?



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