Artigo, Silvio Lopes - Desobediência civil.

 Artigo, Silvio Lopes é jornalista, economista e palestrante.       

Se preciso for, sequer continuar pagando impostos. Lutar sempre para ser, antes de súditos, homens. Trata- se  essa, de uma série de receitas contidas em " A Desobediência Civil", ensaio clássico do escritor, filósofo e historiador Henry Thoreau( 1817-1862). Referida obra buscava focar luz sobre a guerra EUA e México, em que o primeiro surrupiou boa parte do território mexicano, ao norte deste. Thoreau, diga-se, exerceu forte influência de seu pensamento em personagens do porte de Gandhi, Martin Luther King e o próprio Mandela. Em síntese - e para compreender melhor o autor diante da  realidade brasileira- nos detenhamos em sua candente afirmação: não há democracia onde inexista " consciência de justiça". Daí se entende( e justifica) sua declarada guerra às tiranias como forma primeira e última de resistência democrática. " Devemos recusar apoio ao que é errado", dizia ele, sob pena de nós próprios fugirmos da posição abolicionista para cair- de novo- nos braços da o escravidão. E de forma consciente e deliberada, ou seja, fruto de uma escolha. Qualquer semelhança ao Brasil de hoje, dos Petralhas, não é, decididamente, mera e aleatória coincidência. Ainda em sua omilia em favor da democracia histórica, da pura essência a ela conferida pelos "gigantes" da Grécia antiga, provoca Thoreau: " O melhor governo é o que menos governa". Fora isso, assegurou, estaremos diante de um "governo inconveniente". E bota inconveniente nisso! Atualmente no Brasil, a "enaltecida" democracia nega o direito ao contraditório, cala e prende jornalistas,  persegue e pune parlamentares no pleno gozo de suas prerrogativas constitucionais; fecha canais nâo alinhados com suas vergonhosas narrativas e não cansa de tripudiar a Lei Maior, a partir, inclusive, da instituição mater criada e justificada única e exclusivamente para cumpri-la e fazer ser cumprida: o malfazejo STF. Fomos, ao longo do tempo, indolentes e relapsos com nossas obrigações constitucionais, é verdade. Delegamos o comando de nossa Pátria e o traçar de nosso destino a uma corja de malfeitores apátridas e levianos. Deu no que deu. Terceirizamos o nosso pensar. Como alertara o mesmo Thoreau: " Pense por você próprio; senão, alguém pensará por você, sem pensar em você!" Resistamos pois. E mãos à obra que o tempo conspira contra nós. Até ele, meu Deus do céu! 

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