Miguel Rossetto é deputado estadual (PT) e ex-vice-governador do RS
Este artigo foi orinalmente publicado no jornal Zero Hora.
A secretária da Fazenda, Pricilla Santana, em audiência na Assembleia, fez afirmações impactantes: a situação financeira é dramática, o RS tem a pior relação dívida/receita do país e o Regime de Recuperação Fiscal é insustentável. Nada ali, por mais grave e perturbador, é novo.
Na eleição, um dos temas mais debatidos foi o RRF, acordo de Leite e Bolsonaro, pasmem, em dezembro de 2022. Insistentemente provamos que este acordo era desastroso para o RS. O candidato Leite, ao contrário, dizia que a situação financeira estava resolvida, e o Estado, arrumado; tema central da disputa eleitoral.
Seis meses após, a secretária nos brinda com uma velha novidade: o RRF é insustentável! Não está claro se Leite concorda ou se seguirá com o desvario do Estado ajustado, contra números, fatos e contra seu próprio governo. A fantasia de campanha se esvaiu. O governo Leite acabou. Um governo breve e desastroso.
No primeiro mandato, Leite não pagou um único mês da dívida, aumentando-a em R$ 12 bilhões, repassando para o futuro o peso desse aumento. Retirou quase R$ 8 bi dos servidores, ao não repor a inflação nos salários. Vendeu R$ 4,6 bi de patrimônio e recebeu em torno de R$ 10,6 bi extras de ICMS. Ou seja, para bancar o mandato, utilizou R$ 35 bilhões em receitas extraordinárias que não existem mais.
Neste segundo breve governo, faz uma venda indefensável da Corsan, o que não tem nada a ver com água e saneamento, senão com o caixa destruído. Sugou mais renda do funcionalismo na reforma do IPE. Sobre a reconstrução do Estado, nada! O plano de reforma das escolas é um fiasco, a saúde sofre com 1 milhão de segurados do IPE ameaçados de sobrecarregar o SUS, o Rio Grande cresce menos do que o Brasil e sobre isso a secretária Pricilla anuncia: “o RS carece de uma agenda de desenvolvimento. Nós temos que buscar crescimento. Isto é fato”.
Desaba assim, em seis meses, o Estado ajustado de Eduardo Leite. Não pela autocrítica corajosa do comandante, mas pela confissão de seus comandados. O Rio Grande sangra, e tudo o que temos é um governador sem projeto, sem norte e sem palavra.
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