Dor no peito, falta de ar, sintomas sugestivos relacionados à circulação do coração e dificuldade de fazer tarefas que até então eram consideradas comuns do dia a dia. Para completar, exames do coração com resultados normais. A angina de coronárias normais e que atinge a microcirculação do coração muitas vezes não é diagnosticada em exames comuns, mas acende um alerta na classe médica. O assunto foi tema do tradicional Grand Round promovido pelo Hospital Moinhos de Vento, que reuniu especialistas da área na última terça-feira (15), no auditório da instituição.
A chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, Carisi Anne Polancyk, observa que a circulação de pequenos vasos tem importante papel, sendo responsável pela chegada dos nutrientes às células do coração. “Ao sentir dor no peito e desconforto, é fundamental procurar atendimento – e cabe ao profissional de saúde se utilizar dos recursos necessários para identificar o que está causando essa dor. Por isso, é importante procurar um especialista para uma avaliação mais detalhada”, aconselha.
A enfermidade atinge principalmente mulheres na perimenopausa, ou seja, com idade entre 45 e 55 anos, e que possuem doenças como hipertensão e diabetes. “De 10 a 20% dos cateterismos dessas mulheres são normais e podem esconder a doença da microcirculação”, observa. Homens também podem ser acometidos do mesmo mal, especialmente aqueles entre 50 e 60 anos.
Para o tratamento, além de medicamentos, é preciso ficar atento a fatores de risco, como tabagismo, sobrepeso e falta de uma atividade física. “São medidas não farmacológicas importantes”, considera Carisi. Entre as medicações para aliviar sintomas estão betabloqueadores, estatinas (usadas na diminuição do colesterol) e remédios para afinar o sangue.
O coordenador da Hemodinâmica do Hospital Moinhos de Vento, Marco Wainstein, lembra que a doença é causa extremamente frequente de dor torácica, em especial no público feminino (e com características de meia idade e sobrepeso). “Se pegarmos os cateterismos normais, quase 80% das mulheres são acometidas da angina com coronárias normais”, ressalta. Para a detecção, a medicina vem evoluindo. “Tínhamos métodos invasivos de cateterismo, mas hoje em dia existem caminhos menos agressivos, como um tipo específico de cintilografia para a detecção dessa anormalidade e que pode ser utilizada em alguns casos”, esclarece. Wainstein observa que a condição não é tão grave em termos de mortalidade se comparada à doença coronária obstrutiva, mas aponta que, normalmente, são pessoas que buscam atendimento de emergência com frequência e que já passaram por vários médicos.
Nova tecnologia a caminho
Gabriel Grossman, chefe do Serviço de Medicina Nuclear no Hospital Moinhos de Vento, salienta que existem equipamentos específicos que auxiliam no diagnóstico da causa da angina com coronárias normais e da doença de microcirculação. “O Moinhos de Vento está atento a estas possibilidades. Queremos disponibilizar essa tecnologia aos pacientes num futuro próximo”, comenta.
O Grand Round contou com a palestra do especialista em imagens cardíacas Mouaz H. Al- Mallah, diretor do PET Cardiovascular e da Cardiologia nuclear do Houston Methodist DeBakey Heart and Vascular Center, dos Estados Unidos, que falou sobre diagnóstico e tratamento. O evento contou ainda com a participação do superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, Luiz Antônio Nasi.
Foto: Leonardo Lenskij
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