Artigo, Facundo Cerúleo- Grêmio: meias-palavras para bons entendedores...

O velho Roberto Campos falou assim: "A diferença entre a inteligência e a estupidez é que a inteligência é limitada." Nada pessoal...

Por que o Grêmio, dos 43 pontos que tem, ganhou só uma pequena parte (11) fora de casa? Por que é que só tem bom aproveitamento na Arena?

Outra questão: como o Grêmio conseguiu vencer (na Arena) o qualificado Palmeiras, mas tomou laço dos lanternas (na casa deles)? Em suma, o que explica o desempenho desastroso da equipe jogando fora da Arena?

Há um princípio no futebol (e na vida!) que muitos falam e poucos aplicam: "Quando ganha, é preciso saber por que ganhou e quando perde, saber por que perdeu." Olha, ninguém compreende de modo profundo a realidade se não for capaz de analisar. Quer dizer, quem fica só na superfície, só descrevendo as coisas em vez de analisar, talvez não entenda nada. Bem, já basta de filosofança...

O Grêmio enfrentou o Palmeiras. E foi um sofrimento. Mas ganhou! Em regra é assim: quando joga em casa, a torcida empurra o time, que, mesmo sem uma organização satisfatória, parece multiplicar suas forças e, por meio das atuações individuais, compensar a falta de uma mecânica de jogo, cada atleta encontrando energia para a autossuperação. Um dos resultados é tomar menos gols na Arena. Foi assim que ganhou!

Bem que Renato, o Invicto, tentou bagunçar: de novo, improvisou atacante na função de volante quando havia no banco jogadores da posição, quase conseguindo entregar o ouro. Talvez ele desconheça uma daquelas máximas do futebol: quem perde o meio-campo perde o jogo.

Lembram a partida com o Botafogo na Arena? Os iluminados da imprensa só se lembram do primeiro tempo, que foi ótimo. Mas por que desandou a maionese no segundo? Os iluminados parecem ignorar: com substituições inexplicáveis, o Invicto desmontou o meio-campo, que brilhou na primeira etapa. Aí, na segunda, foi um desastre: entregou o jogo!

Como se vê, nem sempre o grito da torcida é suficiente. A tática do oba-oba não é solução... O grupo é limitado? Óbvio! E como se resolve isso? Óbvio de novo! Carências individuais são minoradas e até superadas com trabalho coletivo. Sempre foi assim! Só que isso requer muito treino! E treino com inteligência!

Por que o Grêmio toma tantos gols? É fácil falar em "falta de empenho", ou "faltam jogadores de qualidade". A dupla Kannemann & Geromel não é mais a doutros tempos: a idade pesa. Sem falar que Geromel vem tendo longas ausências por lesão. O fato é que, seja qual for a dupla de área, se ficar muito exposta por causa da colocação atrapalhada dos volantes, o resultado será um sistema defensivo muito vulnerável. E é o que é...

E com os jogadores que tem, a equipe poderia ser mais eficaz na defesa? Sim, poderia e deveria! Só que... isso requer muito treino! E treino com inteligência! Mais profissionalismo, menos amadorismo...

"O torcedor é pura paixão", dizem certos fulanos (com zero reflexão!). E o dirigente? Bueno, se não quer ser incompetente, é bom ter uma conduta marcada por analisar, interpretar, decidir e agir. Ser movido apenas por paixão sem esforço de racionalidade é... a tal da estupidez...

A direção do Grêmio, ao renovar o grupo que vinha da segundona, mostrou entender de futebol. Espera-se que ela seja fiel a seus princípios, que analise o que ocorre de fato com a equipe e tenha coragem de planejar a temporada de 2024 com mais racionalidade que paixão clubística.



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