Alex Pipkin, PhD em Administração
Se engana quem acredita que um acordo em Gaza, mesmo que completo e solenizado, será capaz de frear – eu nem falo em encerrar – esse ódio aos judeus. Este ódio não é contingência política nem territorial. Ele é pulsão histórica, doença moral que atravessa as civilizações, muda de linguagem, muda de máscara, mas nunca muda de essência.
Ele não nasce da razão, mas da necessidade de projetar no outro a culpa que se recusa a admitir em si mesmo, de externalizar sobre alguém a própria vergonha, a própria covardia e a própria incapacidade de medir com a própria consciência. O judeu sempre foi o espelho incômodo da humanidade, aquele que sobreviveu a impérios, exílios e fogueiras, e por isso desperta no homem medíocre uma fúria antiga, viscosa, que atravessa séculos e deseja apagar não apenas o corpo, mas a memória, a história e a identidade de quem resiste.
Nunca, em toda a história moderna, os judeus se sentiram tão inseguros em todo o mundo. O ódio atávico ressurgiu com força, e a narrativa que nos considera uma sub-raça, que sempre esteve presente em teorias e propagandas, se fortaleceu de maneira
inédita, circulando por mídias, redes sociais e discursos acadêmicos, ganhando legitimidade para aqueles que querem nos ver eliminados, apagados, invisíveis. O antissionismo, que se disfarça de crítica política, não é debate. É ódio puro. É destruição travestida de argumento. A “nova consciência progressista”, aquela do sectarismo ideológico, impulsiona o sectarismo religioso imposto aos sempre presentes inimigos do outro lado. O antissionismo é um disfarce manjado para o sempre existente antissemitismo, que se esconde, que muda de roupa, mas jamais desaparece.
Deixe-me ser categórico: não se negocia com terroristas. Não se dialoga com quem deseja o nosso fim. Não devemos ser tolerantes com os intolerantes. A razão de vida de organizações como Hamas, Hezbollah e Houthis não é ambígua nem contingente; é declaradamente a destruição do Estado de Israel e a aniquilação do povo judeu. Fingir que se trata de disputa territorial é a maior ingenuidade contemporânea. A propaganda global transformou assassinos em vítimas, vítimas em culpados, e confundiu fronteiras morais, circulando por jornais, universidades, redes sociais e painéis internacionais, invertendo papéis, apagando responsabilidades e fortalecendo o velho ódio com roupagem moderna, tornando invisível o que é visível, relativizando o que é evidente e confundindo vítimas com predadores, como se a história pudesse ser reescrita para favorecer o crime e a barbárie e ocultar a verdade.
É preciso resistir com clareza moral, nomeando o inimigo, desmascarando a propaganda, responsabilizando quem financia, treina e legitima o terror, e restaurando os pilares que sustentam a civilização ocidental, valores que nasceram da tradição judaico-cristã e afirmam dignidade da vida, responsabilidade diante do mal, verdade histórica, memória ativa e coragem cívica. Defender a civilização é proteger a vida e a liberdade. É afirmar que o futuro não será definido por quem odeia e busca a destruição.
O mundo pode conhecer justiça e clareza apenas se houver aqueles capazes de enfrentar a sombra e nomeá-la, mesmo quando todos tentam silenciar a verdade.
Não, o antissemitismo não desaparecerá. Ele é imanente à natureza, diria eu, hobbesiana do ser humano. Ele sempre está mudando de roupa, se disfarçando, regredindo e reaparecendo, como um veneno antigo que se renova e se infiltra pelas gerações.
Mas nós, os judeus, permaneceremos de pé, resistindo com toda a clareza moral, porque existir não é apenas sobreviver. Os judeus pregam que o ódio jamais ditará as regras do mundo. Enquanto houver quem nos veja como problema, como sub-raça, como inimigos, nós continuaremos a existir, a ensinar, a criar e a lutar com toda a consciência do que está em jogo. É a busca pelo reestabelecimento dos valores judaico-cristãos que ergueram os valores virtuosos da civilização ocidental, e enquanto houver história, memória e vontade, o judeu permanecerá de pé, lembrando ao mundo que o ódio não define a realidade, as realizações, mas a coragem, a moral e a verdade sim.
Como disse Mark Twain: “Se as estatísticas estão certas, os judeus constituem apenas um quarto de um por cento da raça humana. Isso sugere uma névoa nebulosa de poeira estelar perdida no brilho da Via Láctea. De forma adequada, o judeu dificilmente deveria ser ouvido, mas ele é ouvido, sempre foi ouvido. Ele é tão proeminente no planeta quanto qualquer outro povo, e sua importância é extravagante em relação à pequenez de sua massa”. Ponto.
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