Artigo, especial, Alex Pipkin - Quando a moral cai, a economia desaba

 Artigo, especial, Alex Pipkin - Quando a moral cai, a economia desaba

Alex Pipkin, PhD em Administração


A crise que nos devora não é apenas econômica. É, antes de tudo, moral, e justamente por isso também é econômica.

Nenhuma sociedade entra em colapso primeiro nos números. Ela colapsa nos valores. A inflação, o desemprego, a estagnação e o endividamento são apenas a tradução contábil de uma falência mais profunda. Há a perda do senso de responsabilidade, do limite ético e do respeito às consequências.

Há uma confusão deliberada entre conservadorismo e atraso. Não é ignorância; é estratégia. O conservador é retratado como inimigo do progresso porque se recusa a

aceitar mudanças que ignoram a natureza humana, desprezam a história e violam a realidade moral e econômica. O conservador não rejeita a mudança. Rejeita a imprudência. Só muda o que precisa ser mudado porque sabe que tudo o que funciona custou caro para existir.

O Brasil real, parece-me, é conservador por intuição civilizacional. A maioria do povo acredita na família, no trabalho, na responsabilidade individual, no mérito, na disciplina, na educação de berço e no vínculo com o transcendente — seja ele vivido na tradição católica, cristã, judaica ou protestante. Esses valores não são obstáculos ao progresso; são seus alicerces. Quando são corroídos, o que surge não é liberdade, mas desorientação social.

Vivemos sob uma cleptocracia travestida de virtude, colorida em vermelho, verde e amarelo. Uma “elite” política que se apropria do Estado enquanto se apresenta como defensora dos pobres. Não combate a miséria; administra a dependência. Não emancipa; domestica. O povo deixa de ser cidadão e passa a ser massa de manobra, cabresto eleitoral. A pobreza transforma-se em ativo político.

O autoritarismo não se impõe de forma abrupta. Avança lentamente, de maneira insidiosa, quase sempre sob aplausos. Começa com pequenas concessões, com o aperto gradual da liberdade econômica e social, com a relativização da lei e com promessas de proteção estatal. Quando se percebe, o controle já se tornou quase total. Não há tanques nas ruas; há acomodação contínua.

Essa degradação moral se manifesta diretamente na economia. Parte da falsa premissa de que o Estado cria riqueza. Não cria. O Estado tributa. Quando perde qualquer freio ético, age como se o dinheiro brotasse do papel, como se responsabilidade fiscal fosse detalhe técnico. A máquina pública transforma-se em destruidora de valor.

Para sustentar o assistencialismo permanente — que condena o indivíduo à dependência e as próximas gerações ao fracasso — recorre-se à tributação escorchante. O Estado retira do cidadão duas vezes: nos impostos diretos e nos impostos embutidos em tudo o que os mais pobres consomem. Alta carga tributária sufoca o empreendedor, reduz investimentos e destrói empregos. O resultado é bastante previsível, ou seja, mais pobreza administrada politicamente.

O conservador compreende algo elementar. Não existe justiça social sem responsabilidade individual. Não existe dignidade onde o cidadão é tratado como incapaz permanente. Políticos que carregam essa visão governam para reduzir a dependência, não para eternizá-la.

Ao abandonar os fatos, a ciência de verdade e o conhecimento acumulado, em favor de vontades e desejos, a esquerda “progressista” também abandonou os pilares da civilização, os valores judaico-cristãos, o respeito à lei e a consciência de limites morais superiores ao Estado. Ao romper esses vínculos, dissolve a confiança social e transforma a liberdade em suspeita.

Construir instituições, prosperidade e moralidade leva gerações. Destruí-las exige apenas ressentimento organizado e slogans bem ensaiados. Preservar a responsabilidade moral, a liberdade econômica e a dignidade humana não é atraso. É civilização.

E hoje, defender a civilização é um ato de resistência. Definitivamente.

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