País já importou mais gasolina e pagou mais pelo diesel,
mas tudo isso é conversa fiada
O Brasil de Dilma Rousseff chegou a importar mais
gasolina do que o país de Pedro Parente, acusado de entregar o mercado de
combustíveis para importações estrangeiras.
O diesel já esteve mais caro em momentos de governos
petistas, se considerada a inflação.
Estas comparações simples, porém, são um equívoco
rudimentar. Servem à picuinha partidária, não ao debate do que fazer da
Petrobras, no interesse público.
Houve júbilo com a queda de Parente. Para a euforia
esquerdóide ou populista de direita, teria sido a primeira vitória de um
levante popular contra a “Petrobras que serve ao mercado, não ao interesse
popular e nacional”, “ensaio geral” de algo maior.
Importar diesel e gasolina é entregar o mercado nacional
para estrangeiros e cobrar preço de mercado é espoliar o povo no interesse de
acionistas privados, diz a lenda do levante popular. Isso não faz sentido,
ainda menos para defensores da estatal e de sua contribuição para o crescimento
do país.
Em meados de Dilma 1, 2012-13, o país importava tanta ou
mais gasolina que na gestão Parente. As importações líquidas de diesel, é
verdade, jamais foram tão altas neste século (23% do total consumido nos
últimos 12 meses, ante picos de 18% sob Dilma).
O valor da importação de combustíveis em geral está na
casa de 8% do total de exportações (estiveram acima de 10% entre 2004 e 2016).
Entreguismo?
Antes ou agora, por que importar derivados? Por
insuficiência de produção, porque refinar menos e vender mais a certo preço é
mais rentável para a companhia: “x” motivos.
O problema de fundo dos mitos do levante popular é
ignorar as consequências do que propõem e situações alternativas.
O que acontece se a empresa cobra menos? Tudo mais
constante, cai sua capacidade de investir em exploração de petróleo, de pagar
sua dívida e de entregar impostos para o governo, seu maior acionista.
Também por causa da dívida, que explodiu entre 2011 e
2014, o crédito ficou mais caro para a Petrobras, o que contribuiu para sua ruína,
como ficou claro em momentos críticos desse descrédito, em 2014 e 2015. No mito
do levante popular, é possível se endividar sem limite, a juros baixos.
A Petrobras fabrica 97% da gasolina e 99% do diesel no
país, um monopólio, dizem, sem mais. Mas que empresa privada investirá em
refinarias se tiver de vender derivados a preços inferiores aos de mercado?
Sim, no último ano a gasolina nas bombas subiu 18% e o
diesel 12,5%, ante inflação de 2,7% (na crise, o deus mercado impede repasses
maiores da carestia dos combustíveis). O preço doméstico foi inferior ao do
mercado mundial entre 2009 e 2014; superior de 2015 a fins de 2017, quando a
concorrência de importados limitou tal política.
Preços contidos por tabela não cumprem seu papel.
Petróleo caro é um sinal para que se procurem alternativas: biocombustíveis,
eletricidade, equipamentos eficientes, como ocorreu nos choques do
petróleo dos anos 1970 e 2010.
O Brasil tem alternativa parcial a derivados de petróleo,
como o etanol, produto de uma cadeia que engrena agricultura, indústria,
ciência e engenharia. Os preços tabelados da gasolina em 2010-14
muito contribuíram para arruinar esse negócio.
Mas o levante popular quer subsidiar o uso de carros
privados e de poluentes, favorecendo de resto mais ricos, abortando
empreendimentos nacionais de energia nova ou mais limpa.
Isso não vai prestar.
No presente comentário há uma boa dose da falácia:
ResponderExcluirUm) reajustes diários tem o vezo de não permitir que o mercado do retalho ( os postos) pratiquem a salutar concorrência entre eles. Se sai uma tabela nova taxando, por exemplo, a gasolina a 4 reais o litro, todos iniciam vendendo na margem máxima. 15 dias depois, já ha postos vendendo a 3,90 e assim vai. Ao longo de três meses, essa saudável disputa oferece ao clientes precos de 3,80 ou até menos;
Dois) em pleno ano 18 do século 21, nada justifica termos postos com 'bombeiros-babas' ( caros e geradores de montanhas de passivos trabalhistas) atendenos nas bombas. Quanto haveria de redução nesse item?
Três) por que os usineiros não podem vender seus etanóis diretamente aos postos? Por que esse passeio nos tanques da Petrobras? A padronização da qualidade?
Quatro) por que a Petrobras, dita aos quatro ventos como um centro de excelência em termos tecnologico, não consegue destilar o nosso óleo mais pesado? Se não conseque adequar suas torres de destilação para refinar o óleo pesado, como vai conseguir extrair óleo dos campos de presal?
Na verdade solução solução é privatizar, antes dividi-la em quatro, a estrovenga numa grande licitação internacional para quem tem competência e capital!
That's All, Folks!
Monopólio da Petrobrás é excelente para os seus empregados que são mais 40 mil funcionários e ruim para mais de 200 milhões de brasileiros.
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