O governo Bolsonaro nasceu da urna produzindo alta
expectativa em dois campos: economia e segurança pública. Duas variáveis que
vão definir o tanto de satisfação ou insatisfação do eleitorado quando o
presidente se apresentar à reeleição, ou o bloco de poder dele aparecer em 2022
com outro nome.
São variáveis importantes também ao longo do mandato,
especialmente numa política como a brasileira, cada vez mais habituada a
surpresas.
Melhora econômica não produz automaticamente avanços na
segurança. Uma prova foram os governos do PT. As regiões mais dinâmicas do
período, no Nordeste, experimentaram piora expressiva na segurança. As
exceções, como Pernambuco, só confirmavam a regra.
Mas melhora econômica, principalmente quando traz muito
emprego, tem efeito indireto positivo sobre outras variáveis. Dinheiro no bolso
ajuda a resolver, ou relativizar, desafios não estritamente econômicos. O
contrário também é verdade: na casa em que falta pão todos brigam e ninguém tem
razão.
Na segurança, até agora, o governo parece colocar as
fichas em mudanças legais de endurecimento penal. Uma aposta arriscada, mas tem
sua vantagem: ainda que os índices não melhorem, a violência legal -ou nem
tanto- contra o crime é um anestésico coletivo poderoso. Mesmo que só até certo
ponto.
E sempre será possível culpar os governadores. Ainda que
a escolha do ministro da Justiça tenha trazido o tema para mais perto do
presidente da República.
Vital mesmo é a economia. Nesta, a velocidade de criação
de empregos. E a qualidade deles. Qual é a aposta do governo? Que a reforma da
previdência melhore decisivamente a expectativa fiscal, e portanto reduza
juros, e portanto desperte o otimismo do investidor e do consumidor.
Onde está a dúvida? Se vai funcionar do jeito prometido.
Supondo que haja mesmo uma reforma da previdência, o dinheiro poupado vai ser
usado para abater dívida? Ou o governo e o Congresso vão preferir engordar o
caixa para investir, e assim melhorar o humor das bases eleitorais rumo a 2022?
Ajuda a austeridade o fato de que o resultado previsto no
curto prazo pelo projeto de reforma é relativamente menor. A poupança será
crescente com o tempo.
Mas um governo sem sustentação congressual própria fica
mais vulnerável às demandas para gastar. E haverá pressão social por mais investimento
e gasto público, para compensar menos dinheiro no bolso dos afetados pela
reforma. Porque déficit público é sinônimo de superavit privado. Não custa
lembrar.
Outro detalhe: a redução drástica do déficit depende
também de o BNDES devolver uma dinheirama ao Tesouro. Mas isso implica menos
dinheiro para o banco emprestar. Aí também a ideia é o capital privado interno
e principalmente externo ocupar o espaço. No bottom line, tudo afinal depende
disso.
Uma característica do debate econômico no Brasil é operar
com dois motores estáveis: o efeito-manada e a interdição. A palavra de ordem
do Plano Cruzado nos anos 80 volta de tempos em tempos. “Tem que dar certo (não
deveria ser ‘tem de’?)”. E as (más) experiências pregressas nunca servem de
lição.
As ideias econômicas oficiais entre nós nunca admitirem
crítica, apenas autocrítica a posteriori. Os flancos fiscais abertos do Cruzado
eram só nota de rodapé, até a coisa afundar. O mesmo problema foi subestimado
no Plano Collor. O “populismo” cambial do Real era #mimimi, até o desabamento
de 1999.
Esses exemplos tratam de tempos algo antigos, mas vale a
pena lembrar.
A interdição do debate e o efeito-manada vêm em doses
ainda mais cavalares quando a base do governo é gelatinosa, e é o caso agora. O
ministro da Economia tem o apoio unânime da opinião pública(da), então só se
discute o custo de aprovar a coisa no Congresso. É o único ponto da pauta.
Tudo facilitado pela demonização do papel do Estado.
Ainda que nunca tenha havido ciclo econômico benigno no Brasil sem participação
decisiva estatal. E dos presidentes eleitos após a redemocratização o único que
acabou bem foi Lula. Os demais? Ou não acabaram ou acabaram mal.
Quando o debate econômico vira culto religioso,
a favor, o próprio governo se torna o mais vulnerável ao
risco.
Ainda que no começo ele não perceba isso.
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Alon Feuerwerker (+55 61 9 8161-9394)
alon.feuerwerker@fsb.com.br
O que esperar de um ex-dirigente da UNE, ex-dirigente do Partido Comunista, ex-assessor do Dirceu, e chefe de comunicação na liderança do governo Lula. Não há nada que se aproveite do artigo.
ResponderExcluirENDOSSO COMPLETAMENTE! ESSE SUJEITO ESCREVE MHERDA E O POLÍBIO PRESTIGIA!
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