Jornalismo marrom

Em letras garrafais, a Zero Hora desta data, p.6, traz uma matéria sob o título “Servidores da Receita Federal reagem a interferência de Bolsonaro”. Segundo a matéria os servidores da Receita Federal estão indignados pela interferência do Planalto na possível substituição do superintendente do Rio de Janeiro e o delegado da Alfândega do porto de Itaguaí, também no Rio de Janeiro e cogitam a entrega em massa dos cargos.
Mas ao lado, em letras menores, a mesma fonte cita o que denomina “Razões da Revolta”, enumerando seis causas:
•             Suspensão pelo Ministro Alexandre Morais dos procedimentos da receita, afastando seis servidores que apuravam dados de 133 contribuintes, entre eles os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, este Presidente do STF. 
•             O STF suspendeu processos judiciais em que houve compartilhamento de dados bancários e fiscais sem prévia autorização judicial.
•             Contestação do bônus de produtividade dos servidores pelo TCU.
•             Reclamação do excesso de poder da Receita e sugestão de fatiamento do órgão pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia.
•             Pontos da lei de abuso de autoridade que pode atrapalhar os trabalhos de fiscalização.
•             Tentativa do Planalto de interferir nas nomeações de cargos no Rio, desconsiderando as normas internas.
Como se observa são seis causas elencadas e apenas uma, a “tentativa” de interferência na nomeação de dois cargos no Rio de Janeiro, foi o que serviu de manchete aos fatos.
Além disso, se não está expresso em contrário em lei, o Poder Executivo tem todo o direito de escolher seus comandados. São cargos de confiança. Se antes era diferente, as coisas antes não iam tão bem assim. Ainda mais no Rio de Janeiro, onde a corrupção campeava solta.
As demais causas que são gravíssimas, como a intervenção do STF, da Câmara Federal, da própria lei de abuso de autoridade,  inviabilizando as ações dos servidores houve leve referência pela matéria, atestando uma total parcialidade das notícias, o que não faz bem ao bom jornalismo, que todos esperam do maior jornal do Estado.

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