Especialistas discutem predisposição genética e tratamentos personalizados para câncer


Hospital Moinhos de Vento promove debate sobre oncogenética e como ampliar o acesso a recursos para combater a doença antes que ela se manifeste

E se você descobrisse que tem 85% de chances de desenvolver um tumor em uma determinada parte do seu corpo? Agora imagine que com esse diagnóstico possa reduzir consideravelmente seu risco se fizer um tratamento como a quimioprevenção ou até se submeter a uma cirurgia para a retirada deste órgão ou tecido preventivamente. Em uma grande parte dos casos de pacientes com predisposição genética para o câncer isso é possível e são procedimentos cada vez mais utilizados na oncologia.

Testes genéticos, tratamentos personalizados, bem como quimioprevenção e cirurgias preventivas estiveram em pauta no evento Oncogenética no Câncer de Mama e Ovário: a importância do diagnóstico imediato, realizado nesta quinta-feira (12), no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm do Hospital Moinhos de Vento. Profissionais da área da saúde debateram casos clínicos, as pesquisas nesta área e como tudo isso pode ajudar a salvar vidas não apenas de pacientes, mas também de familiares com as mesmas alterações genéticas.

A chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi, fez a abertura do evento com uma provocação aos colegas. A mastologista ressaltou que estes exames e procedimentos ainda são de difícil acesso, seja pelos custos, ou pelo preconceito e o medo. “Precisamos estudar o custo-efetividade da oncogenética e mostrar seus benefícios, esclarecer as pessoas e pensar o que precisamos fazer para que esteja mais ao alcance de todos e que isso chegue mais rápido aos pacientes. Se não dermos visibilidade a este assunto vamos deixar de tratar da forma mais adequada pessoas com câncer de mama e ovário, e tantos outros cânceres, que tem mutações genéticas e que precisam de atendimento diferenciado”, afirmou.

O apelo de Maira Caleffi é o mesmo dos geneticistas Osvaldo Artigalás, do Moinhos de Vento, e Gabriel Macedo, do Hospital de Clínicas. “São diagnósticos e tratamentos caros, mas que não vão ser utilizados em qualquer caso, e sim naqueles nos quais existe a presença de mutações . Então, a estratégia é identificar pacientes que tem alto risco para câncer e investir em prevenção, não deixar a doença acontecer”, destacou Macedo, médico convidado para discutir os casos clínicos no evento.

Para Artigalás, o custo-efetividade, no final, acaba sendo até mais baixo. “Mesmo que não tenhamos no Brasil um estudo mostrando isso, se conseguirmos ampliar o acesso, no caso do diagnóstico nas pacientes que ainda não apresentam sintomas, com certeza é mais barato fazer o rastreio com exames e até uma mastectomia preventiva do que tratar o câncer depois” ponderou.

As oncologistas Alessandra Morelle e Daniela Rosa apresentaram casos clínicos de câncer de mama e ovário em pacientes com mutações genéticas. Elas falaram sobre os riscos aumentados em pessoas com histórico familiar e como essas testagens podem impactar no tratamento. Entre os benefícios destacados também estava o uso dessas informações para tratar outras pessoas da família com predisposição, desde que se invista em suporte emocional para este aconselhamento.

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