Trem dos Vales

 Trem dos Vales - 2021 terceira edição de passeios

Uma das viagens passa pela Ferrovia do Trigo e se firma como um dos roteiros mais bonitos do Brasil


Em 2021, a região recebeu novamente um dos seus projetos mais audaciosos no segmento do turismo. O Trem dos Vales, que passa pela Ferrovia do Trigo, terá novos passeios e se firma como um dos roteiros mais bonitos do Brasil. O projeto é uma iniciativa da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em parceria com a Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales),  que representa os municípios Colinas, Dois Lajeados, Estrela, Guaporé, Muçum, Roca Sales e Vespasiano Corrêa, e conta com o apoio e cooperação da Rumo Logística.


O Trem dos Vales é uma iniciativa planejada há mais de 20 anos e que saiu do papel em 2018. Em dezembro daquele ano, foram realizadas viagens para convidados e imprensa. Mas a grande experiência foi em 2019: em dois fins de semana, entre os meses de agosto e setembro, foram realizados 8 passeios, entre Muçum e Guaporé, reunindo mais de 5 mil pessoas.


Em 2020, na segunda edição do projeto, mais passeios e mais público: quase 8 mil pessoas participaram das cerca de 12 viagens entre Colinas e Roca Sales, pela Ferrovia Tronco Principal Sul, e 22 passeios entre Muçum e Guaporé, pela Ferrovia do Trigo. O público só não foi superior em função da pandemia. Por conta disso, houve apenas 50% de ocupação nos vagões.


Para 2021, os passeios iniciaram no dia 06 de novembro, prosseguindo no mês de dezembro, até o dia 09 de janeiro de 2022, totalizando 52 passeios, no trajeto entre Muçum e Guaporé, oportunizando o passeio para  mais de 30 mil turistas.


Impacto para a região

A cada ano, o Trem dos Vales consolida-se como um excelente atrativo turístico para a região. Integrando roteiros turísticos, pontos de alimentação, serviços de acomodação e alojamento, além de visitação, atraindo milhares de visitantes. 

Um indicativo da movimentação que o projeto traz para a região é o volume de turistas que vêm de fora, em torno de  60% são de outras regiões do estado e país. Demonstrando o potencial que o trem tem como integração do Vale, atraindo visitantes para a região que desfrutam dos serviços turísticos, restaurantes, pousadas, parques e cafés.


Para a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF, o passeio na Ferrovia do Trigo também criou um produto novo, que surpreende pelo seu potencial, operando o trem em uma das mais icônicas ferrovias do Brasil.


História

Em 1995, o presidente da Amturvales era o ex-prefeito de Encantado, Adroaldo Conzatti, falecido em março deste ano. Naquela década, começou a movimentação para organizar um passeio turístico no Vale. Em 1998, o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) também traçou um plano estratégico, que voltou a tratar da proposta de um trem turístico para a região.

 

A retomada do assunto ocorreu na gestão de Rafael Fontana na presidência da Amturvales, que vigorou até o início de 2019. A insistência no projeto permitiu que os passeios pudessem ser realizados em 2019 e 2020 e 2021.


A Ferrovia do Trigo, inteira, possui 289 quilômetros de trilhos e demorou 67 anos para ficar pronta. Montanhas tiveram que ser perfuradas e se transformaram em galerias. As encostas estão terraplanadas e as dezenas de viadutos conectam um penhasco a outro.


O projeto TREM DOS VALES compreende os municípios de Estrela, Colinas, Roca Sales, Muçum, Vespasiano Corrêa, Dois Lajeados e Guaporé, totalizando 91,4 km de ferrovia. Porém em 2021 os passeios foram autorizados somente no trecho de 46 km (Muçum - Vespasiano Corrêa - Dois Lajeados - Guaporé).


O que há para ver sobre trilhos

Os passageiros que fazem o trajeto entre Muçum a Guaporé, passando por Vespasiano Corrêa, pela Ferrovia do Trigo, são brindados com uma paisagem exuberante, com vegetação e cascatas, que compõem cenários de beleza única. O passeio apresenta aos turistas 23 túneis e 17 viadutos, entre eles, o V-13 (considerado o maior da América do Sul, com 143 metros de altura e 509 metros de extensão), em Vespasiano Corrêa. Também os viadutos Pesseguinho e Mula Preta, em Dois Lajeados. O trajeto tem 46 quilômetros e a duração do percurso é de 2 horas e 30 minutos.


Já o trajeto entre Colinas e Roca Sales, revela belas paisagens dos morros e do Rio Taquari, passagem por túneis, além de vistas rurais e urbanas das cidades. O passeio tem 17 quilômetros pelos trilhos da Ferrovia Tronco Principal Sul, inaugurada em 1957, num percurso de cerca de uma hora. Nos passeios de 2020, músicos divertiram o público, com cantorias das culturas alemã e italiana. Nas estações, houve comercialização de artesanato, café da colonial e produtos das agroindústrias familiares.


Tal realidade, somente é possível, pois existe uma união permanente entre os municípios que fazem parte do projeto, Colinas, Dois Lajeados, Estrela, Guaporé, Muçum, Roca Sales e Vespasiano Corrêa, associados da Amturvales que lidera o processo juntamente com a ABPF, que possui experiência no transporte de passageiros, além da imprescindível parceria e cooperação da Rumo Logística na viabilidade dos passeios. 


Sobre a Amturvales

 A Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) foi fundada em 29 de março de 1995, mas somente a partir de 1999 a iniciativa privada (hotéis, restaurantes, agências de viagens, entre outros) passou a fazer parte do quadro associativo da entidade, que anteriormente era formado apenas por prefeituras. Hoje, a associação representa 56 associados, sendo 31 prefeituras e 25 empreendimentos da iniciativa privada.

A associação desenvolve um trabalho que valoriza a diversidade do turismo local: Turismo Cultural (arquitetura, museus, casas de cultura, gastronomia típica, artesanato e produtos artesanais, música, dança, teatro, cinema); Turismo de Negócios e Eventos (feiras nos municípios); Turismo Gastronômico (culinária alemã, italiana, portuguesa); Turismo Ecológico ou Ecoturismo (voltado à apreciação da natureza, Rio Taquari, montanhas, cascatas, lagos, lagoas); Turismo Religioso (monumentos, igrejas, grutas, capitéis, peregrinações); Turismo Rural (produtos coloniais, passeios na colônia).

A entidade tem ainda como objetivo coordenar as ações de turismo no Vale do Taquari:  estruturar, qualificar e promover os roteiros e atrativos turísticos, desenvolver projetos de integração regional, representar a região junto aos órgãos públicos do governo federal, estadual e municipais, busca também incentivar e orientar investidores para a área do turismo, além agrupar o trade do turismo regional.


Sobre a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF


A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF reúne interessados na preservação e divulgação da história da ferrovia brasileira. Ela foi fundada em 1977 pelo francês Patrick Henri Ferdinand Dollinger, um apaixonado por locomotivas a vapor e por ferrovias. Patrick chegou ao Brasil em 1966 (período de transição da tração a vapor para diesel) e, preocupado com o abandono da história ferroviária brasileira, resolveu criar uma entidade de preservação nos moldes das existentes na Europa e Estados Unidos. Para contatar pessoas com o mesmo interesse, ele publicou em fevereiro de 1977 um pequeno anúncio no jornal "O Estado de São Paulo" que dizia o seguinte:

"LOCOMOTIVAS A VAPOR: Com a finalidade de iniciar uma associação, tendo como interesse principal a preservação, restauração e operação de locomotivas a vapor e assuntos ferroviários em geral, procuro pessoas interessadas neste hobby muito popular na Europa e nos Estados Unidos. Escrever para Patrick Dollinger CP 2778, CEP 01000, São Paulo, ou telefone 32-0579 noite 853-4728 ".

A partir de então começou a disseminar essa intenção em diversas partes do país, hoje a ABPF esta estruturada com regionais e núcleos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Sendo que a regional catarinense foi fundada  em março de 1993 na cidade de Rio Negrinho. Esse evento motivou a criação de uma regional da ABPF no sul do País, com o movimento, surge muitos associados no estado. Em março de 1994 inicia o grande trabalho de coleta de material ferroviário da ex Rede de Viação Paraná Santa Catarina e RFFSA. Com a chegada de duas locomotivas a vapor e alguns carros de passageiro é possível iniciar os primeiros passeios, chamados de “Museus Dinâmicos”, foi uma composição que percorreu inúmeras cidades no estado de Santa Catarina e também no Paraná, eram trens itinerantes que levavam a cultura e tradição do famoso trem de passageiros e ocorria normalmente em datas comemorativas nas cidades que passava. Esse trabalho da ABPFSUL fez com que a regional se tornasse conhecida, passou por cidades do ramal de São Francisco como Joinville, Jaraguá do Sul, Guaramirim, Corupá, Mafra, Canoinhas e Porto União. No meio oeste realizou passeios em todas as cidades deste Caçador à Piratuba. Na linha Tronco Sul nas cidades de Papanduva, Itaiópolis, Monte Castelo e Lages, também nas cidades do Paraná como Rio Negro, Lapa e Curitiba. Em Rio Negrinho logo surge um passeio no trecho da serra conhecido como “Ferrovia das Cachoeiras”, saindo de Rio Negrinho indo até Corupá, mas por ter um percurso muito longo foi substituído pelo famoso Trem da Serra do Mar. Além deste a ABPFSUL opera o Trem das Termas e o Trem Estrada de Ferro Santa Catarina.

Em 2019 a ABPFSUL ativa projetos novos no Rio Grande do Sul, incentivando a preservação ferroviária em várias regiões do estado, e especificamente em parceria com a  AMTURVALES iniciam os passeios comemorativos entre os municípios de Muçum-Guaporé tornando realidade o TREM DOS VALES.


Rafael Fontana

Coordenador do Trem dos Vales


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