Surpresas altistas com a inflação e a atividade pressionam bancos centrais na grande maioria dos países. Indicadores globais divulgados nesta semana apontam para uma demanda mais aquecida nos últimos meses. Nos EUA, tanto o varejo como a indústria avançaram acima do esperado em janeiro, com altas interanuais de 1,4% e 3,8%, respectivamente. Na Área do Euro, a produção industrial registrou alta interanual de 1,6% em dezembro, contrariando a expectativa de retração. Ressalta-se que, tanto nos EUA como no bloco europeu, os indicadores de inflação permanecem pressionados e muito acima de suas metas. Os dados de inflação ao consumidor do Reino Unido surpreenderam para cima, acelerando para uma alta de 5,5%, o que deve reforçar a postura mais dura do Banco da Inglaterra.
o Ata do Fed reforçou sinalização de que juros serão elevados em breve. Sem trazer muitas informações novas em relação à decisão de política monetária anunciada em janeiro, o foco de discussão do documento se concentrou nos ajustes que estão por vir da taxa de juros, ao passo que a redução do balanço patrimonial pode ocorrer após o início do ciclo de alta de juros. Mantemos expectativa de que o Fed iniciará o movimento de alta de juros em sua próxima reunião, em março.
o Na contramão do ocidente, inflação chinesa desacelerou e mantém porta aberta para estímulos. Houve uma descompressão dos preços tanto no atacado como no varejo em janeiro, sugerindo alguma desinflação de bens em escala global. Assim, ao contrário do que vemos na maioria dos países, o comportamento da inflação chinesa mantém espaço aberto para medidas voltadas à aceleração do crescimento. De fato, a autoridade monetária do país vem reforçando a intenção de aumentar os estímulos à economia, o que deve se traduzir em retomada da atividade nos meses à frente.
o Tensão geopolítica no Leste Europeu manteve ambiente volátil. Após aparente alívio no conflito, com informações de que a Rússia havia reduzido sua presença militar na fronteira com a Ucrânia, as tensões voltaram ao radar quando Otan e autoridades do governo americano informaram que as forças russas na região estão, na verdade, aumentando. Nas últimas semanas, o risco de que o conflito não caminhe para uma solução diplomática tem afetado as bolsas, o dólar, e, principalmente, os preços do petróleo.
o Nesse contexto, também no Brasil os preços ao produtor seguem pressionados por commodities. O IGP-10, divulgado nesta semana pela FGV, avançou 1,98% em fevereiro, uma aceleração em relação à alta de 1,79% verificada no mês anterior. Essa elevação ainda se justifica, em grande medida, pela pressão vinda de commodities e combustíveis, com destaque para as altas substanciais de minério de ferro, soja, milho e óleo diesel. No curto prazo, entendemos que os preços das principais commodities agrícolas e industriais devem seguir elevados, em um contexto global de estoques apertados e demanda sustentada.
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