A gratidão, o silêncio e o tempo, por João Satt

Nem sempre conseguimos expressar aquilo que está na nossa mente. O desafio de quem escreve é fazer com o coração, e para quem lê é estar desarmado. Difícil para os dois, mas vamos lá. O que vocês vão ler é um pouco daquilo que consegui entender, elaborar; enfim, sentir, enquanto os fatos da minha vida foram acontecendo.  

Queremos sempre mais e mais da vida, e quanto mais temos, mais voltamos a querer. Uma cobrança que se manifesta em todos os territórios: do amor dos filhos, do sucesso profissional/empresarial, até mesmo da atenção dos amigos – isso sem falar da eterna busca por um “amor perfeito”. Então experimente cobrar menos dos outros e, especialmente, de você. Agradeça, pratique a gratidão, coloque o agradecer na sua agenda. O mais impressionante é que, na busca por querer sempre mais, desconstituímos a importância daquilo tudo que já conquistamos. Não espere a falta para reconhecer o valor que aquilo tinha para sua vida. 

Aproveite o verão, a praia e ande mais perto do mar, encontre tempo para o seu silêncio. Não falar é um carinho para a alma. Aceite que você merece desacelerar, permita-se fazer tudo com menos pressa. Não fomos ensinados a reconhecer e respeitar o nosso sentir. Pratique escutar mais seu corpo, você terá muitas decepções a menos. Não ter respostas na ponta da língua é sempre muito difícil para o ego. Mas começa por aí a sua verdadeira liberdade, poder simplesmente se permitir fazer o que quer. Simples assim. Seja egoísta em relação ao seu prazer, afinal, como dizem nos voos: “coloque primeiro em si a máscara, depois nos outros”.  

Os mais velhos tornam-se sábios ao aprender que aceitar é sempre mais inteligente do que nutrir expectativas inúteis. Nossa finitude é um dado de realidade, mesmo que a gente não goste da ideia e passe mais de 90% da nossa vida sem sequer pensar na possibilidade: a única certeza é que temos prazo de validade. Os budistas, assim como os estoicos, convivem com a ideia da morte diariamente. Não porque acreditam que tenhamos novas vidas, mas sim por ser uma forma racional de buscar um presente mais leve, mais feliz. 

Uma das coisas mais importantes que aprendi é o quanto se ganha quando se perde. Pense nisso, todo excesso traz também uma escassez. Ao reagir sobre aquilo que nos frustra, via de regra, somos impiedosos, com os outros e mais ainda conosco. Aí chega a hora de perguntar a você: por que tanta ansiedade e expectativa? A frustração é um excesso de ego, uma cobrança inútil. Experimente sentir mais, desacelerar, praticar o silêncio, com certeza essa evolução lhe permitirá reconhecer o quanto você tem a agradecer. Mas faça isso em silêncio, no seu tempo.

Um comentário:

  1. 'isso aí Polibio; quanto mais velho mais sábio e sensato.Eu, como vivi de escassez nunca pratiquei ou vivi excessos!

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