Artigo, Marcus Vinicius Gravina - Aos frouxos e covardes de hoje

- O autor é advogado no RS


Anotei trechos da Live do jornalista Alexandre Garcia que motivou este artigo. Nada parecido com o da clareza e o bom senso que costuma oferecer aos seus leitores. Em comum, somos da mesma década de 1940, com pouco mais de 80 anos e do mesmo Estado-RS.  Ele de Cachoeira do Sul e eu nascido e Lajeado onde ele morou muitos anos.  Isto serve para nos situar no tempo em que ocorreram importantes fatos políticos que vivenciamos. Talvez, diante de tais lembranças o Alexandre foi preciso e oportuno em seu brado patriótico:


“Não se ganham guerras com retiradas, não dá para a gente se retirar. Eu posso dizer a vocês que estamos num momento de decisões, de encruzilhadas como nunca. Nunca senti o que estou sentindo agora a respeito de arbítrio e de autoritarismo. Com acréscimo de que há outro poder que agora retira a liberdade.  É hora de decisões.”


Alguns governadores de Estados deste país foram  protagonistas  e jamais permitiriam fraudes eleitorais ou dobrariam joelhos a condenados por corrupção no mando da Nação.


Vejam do que foram capazes. De dentro do Palácio da Guanabara o governador Carlos Lacerda: Almirante Aragão! Assassino monstruoso! Incestuoso miserável. Deixe seus soldados e venha decidir comigo esta parada. Almirante Aragão, não se aproxime porque te mato com meu revólver”. Abril de 1964. Desafio do governador Lacerda a um oficial de alta patente das Forças Armadas.


Aqui no Sul, outro governador destemido e sob a ameaça de bombardeio aéreo do Palácio Piratini sublevou-se. Enfrentou as Forças Armadas tendo por aliados iniciais, a fiel Brigada Militar e milhares de voluntários, cidadãos rio-grandenses. O comandante do III Exército, Gal. Machado Lopes aderiu ao movimento liderado por Brizola, que tomou o nome de “A Legalidade”.  Não houve nenhum disparo e as poderosas Forças Armadas, recuaram ao não se confrontarem com as tropas insurgentes do III Exército. Houve negociações pacificadoras, inclusive com proposta de parlamentarismo e novas eleições presidenciais. 


Sintam a tensão daquele 28 de agosto de 1961, no discurso do Brizola em frente ao Piratini, que reuniu 50 mil pessoas e foi transmitido pela cadeia da legalidade de rádios instalada no subsolo do Piratini. Houve, até distribuição de armas de fabricação gaúcha aos voluntários:


“Resistiremos até o fim. Queremos um Brasil forte e independente. Não um Brasil escravo dos monopólios norte-americanos. O Palácio Piratini, meus patrícios, está aqui transformado numa cidadela que há de ser heroica, uma cidadela de liberdade, dos direitos humanos, uma cidadela contra a violência, contra o absolutismo, contra os atos dos senhores, dos prepotentes


Em 1988 ouvimos outro discurso épico, do Deputado Ulisses Guimarães, sobre a Constituição Federal: “Discordar sim, divergir sim, descumprir jamais,  afrontá-la nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria”. 

O que estamos esperando?

Senhores Governadores, convoquem o povo e salvem o Brasil, sob o lema do discurso da promulgação da Constituição de 1988: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.   Restaure-se a Constituição rasgada. 
Seja dado aos traidores o tratamento da lei. Esta bandeira não é antidemocrática,  é patriótica. 

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