Artigo, Facundo Cerúleo - O prêmio "vigarice do ano"

Já que a CBF premia o craque do campeonato, o artilheiro, o jogador revelação e não sei o que mais, poderia instituir a comenda "vigarice do ano". Mas que se restrinja à "vigarice intelectual", claro, que é para não se atrapalhar com a superabundância de patifaria nacional...

E esta coluna apresenta um "case" merecedor de tal distinção: aquela vigarice segundo a qual o Grêmio só não foi campeão porque o juiz não deu a "mão" do jogador do Corinthians (Yuri Alberto) e não marcou o pênalti - que, com toda certeza, seria convertido...

Na coletiva pós-Fluminense, Portaluppi, o Invicto, falou que não lhe sai da cabeça aquele pênalti. E proclamou: "Com aqueles dois pontos o Grêmio era campeão brasileiro." É que o Grêmio ficou só dois pontos atrás do Palmeiras, o grande campeão, e, como pete, repete e trepete o Invicto, o vice-campeão teve mais vitórias do que o campeão (esquecendo que também teve mais derrotas!). E fiquem sabendo que Rui Barbosa não teria um argumento mais brilhante...

E num sinal de que a falta de noção se espalhou no RS, essa verdadeira "vigarice intelectual", que a águia dos Pampas pronunciou para desviar a atenção de seu voo baixo, é aplaudida e repetida por galináceos do microfone, quer dizer, por gente de poucas luzes, que se especializou em avalizar as mancadas e puxar o saco do treinador do Grêmio.

Será isso tudo burrice ou falha da memória? A reclamação de um pênalti não marcado faz lembrar o que o Invicto e seus aduladores esquecem, isto é, a partida (em casa!) com o mesmo Corinthians, que jogou com um homem a menos durante 80 minutos. Mesmo com essa vantagem, o Grêmio perdeu! Deixou de ganhar três pontos que o colocariam à frente do Palmeiras.

É melhor esquecer mesmo. Dos seis pontos disputados com o fraquíssimo Corinthians, o Grêmio somou apenas um. O que sobressai nesse fato: erro de arbitragem ou incompetência de um treinador que não tem uma única jogada ensaiada, que não sabe como se deve cobrar um escanteio, que nunca fixou uma mecânica de jogo em que meio-campo e defesa estivessem articulados? O que seria mais lógico estar remoendo agora: o erro de arbitragem ou o vexame na Arena? O que pesa mais: um pênalti não marcado ou a inexistência de um esquema de jogo para maximizar o aproveitamento de Suárez (melhor jogador em atividade no Brasil)?

Esqueçamos que o Grêmio, todo desarticulado por falta de um treinamento de qualidade, teve várias derrotas e vários empates contra as nabas do campeonato. Para ficar à frente do Palmeiras, bastariam três, só três dos muitos pontos desperdiçados nesses vexames. Quer dizer, se o Invicto houvesse feito só um pouco menos de besteira, o Grêmio seria campeão.

Não cola. A reclamação do pênalti não marcado é desculpa esfarrapada para a mais flagrante incompetência, é transferir a outros a própria responsabilidade, é não ser transparente, é querer dar uma de malandro e ocultar que, na história dos pontos corridos, nunca o título esteve tão ao alcance do Grêmio como neste ano e é, ainda, não ter noção da grandeza de um clube que já alcançou as maiores glórias.

Pois é. Ficar falando naquele pênalti é a vigarice do ano. Só que a comenda, se criada, iria tanto para o Invicto quanto para os bostas da imprensa que o adulam como vira-latas que fazem festinha para seu dono. Ah, e eu já ia esquecendo: iria também para os insignificantes que caem como patos na conversa mole da imprensa...


Um comentário:

  1. Certíssimo!!! Vamos ter que engolir mais um ano com este "fake" de treinador. Tem vários na imprensa gaúcha que adorariam casar com o "fake" e ter um monte de filhotes. PROFUNDAMENTE LAMENTÁVEL!!!

    ResponderExcluir