Na praia de Atlântida, assisto o maremoto de um espetáculo de massa. Devo confessar que muito provavelmente entre 80 mil pessoas eu deveria ser o decano. Lembro, porém, a reflexão de Vargas Llosa, quando afirmava que “o distanciamento tem uma virtude esclarecedora”.
Em verdade em verdade vos digo que, ao chegar, tive a sensação de que eu, com minha bagagem de informações musicais acumuladas por décadas, era um caminhão chegando num baile infantil. Mas, como sempre na vida, havia muito a aprender. Deparei uma multidão de jovens doirados pelo sol comendo hambúrguer, pizza, levando nas mãos latinhas de cerveja. Lembrei Millôr Fernandes: seria oportuno liberar a bebida etc e proibir as músicas.
O que assisti de fato era uma ostensiva desatenção do público à maioria dos shows. Porém, ao ingresso do DJ Alok – um dos maiores do mundo –, houve a catarse absoluta, herdeiro de grandes hits internacionais, jogados à multidão envoltos em labaredas, estrondos, bombardeios e drones que lançavam sobre as paredes apelos infantis, como “eu sou feliz”.
Nenhuma imagem de substância poética. Esta é uma geração de assombros bem mais que de enternecimento. Estaria eu assistindo ao parto do novo dialeto das novas gerações?
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