Nova Corja 31/07/2025

 Atualização 30/7/2025

CAPÍTULO VIII
NOVA CORJA E TOMANDO NA CUIA

A história de como empastelei os blogs sujos surgiram para assassinar minha reputação

O primeiro texto de ataques criminosos pelo blog Nova Corja foi assinado pelo jornalista Rodrigo Álvares no dia 25 de junho de 2009. Ele partiu para a calúnia, a injúria e a difamação sem qualquer pudor e de modo mentiroso, ao afirmar que "Políbio Braga trocou favores com autarquias ligadas ao governo estadual e à prefeitura de Porto Alegre". Segundo a nota, Políbio Braga fazia elogios às administrações estadual e municipal e, em troca, recebia verbas publicitárias de órgãos públicos para publicar anúncios pagos em seu site.

Eis o texto:

"O que leva anunciantes como prefeitura de Porto Alegre, Banrisul, Assembléia Legislativa, BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento], Cremers [Conselho Regional de Medicina] ou Simers [Sindicato Médico] a comprar mídia em sites sem expressão, tais quais os de Políbio Braga…. Certamente não é a repercussão ou os preços camaradas".

O pessoal do Nova Corja, tendo Rodrigo Álvares como linha avançada, usou edições seguidas da publicação para incluir uma lista de jornalistas adversários num esquema que chamou de "Mensalinho Gaúcho", uma corruptela criminosa do processo intitulado "Mensalão" e que resultou na condenação de 38 membros do primeiro Governo Lula e do PT, inclusive o Chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o Presidente do Partido, José Genóino. Foi em 2012. 

Os jornalistas caluniados, injuriados e difamados de modo recorrente pelo blog Nova Corja foram classificados como membros de uma suposta "Máfia da Opinião".

"Um bando de vigaristas", resumiu Rodrigo Álvares.

Não foi nada fácil identificar o endereço de Rodrigo Álvares para levá-lo a Juízo, como não foi nada fácil encontrar o verdadeiro local do domínio do blog Nova Corja e saber em que provedor ele estava alojado para disparar suas mentiras diárias.

Foi uma intensa investigação internacional.

Toda a turma da Nova Corja deslocava de um País para outro o endereço do domínio do blog sujo, tentando com isto impedir a repressão policial e judicial.

Corra Rodrigo Álvares, corra

O CASO RODRIGO.

Acusado de forma vil, ajuizei de imediato duas ações contra Walter Valdevino, um dos responsáveis pelo blog, cuja identidade foi informada pelo servidor do site, já que o ofensor principal, o jornalista Rodrigo Álvares, foi embora de Porto Alegre depois de procurado para responder pelas ofensas.

Com o cancelamento da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, em 30 de abril de 2009, só passou a ser possível processar criminalmente por injúria, calúnia ou difamação o autor de um conteúdo mentiroso ou ofensivo, e não o responsável pelo blog. Assim. por exemplo, foi o que  concluiu o juiz Carlos Francisco Gross, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, ao recusar queixa-crime apresentada pelo jornalista Políbio Adolfo Braga, que se sentiu ofendido com textos publicados no blog sujo gaúcho Nova Corja. Esta ação penal foi arquivada no dia 6 de outubro de 2009. 


O juiz Carlos Francisco Gross recusou a queixa-crime por inépcia


Esta constatação do juiz Carlos Francisco Gross, consagrada mais tarde, 23 de abril de 2014, quando da promulgação do Marco Civil da Internet, artigo 19, foi modificada de maneira ilegal pela maioria formada no STF, que ousou avançar sobre prerrogativas constitucionalmente estabelecidas para o Poder Legislativo.


Valter Waldevino tentou reagir contra mim logo em seguida, movendo queixa-crime junto ao 2o Juizado Especial Criminal do Foro Central de Porto Alegre, mas no dia 25 de abril de 2011, o juiz Amadeo Henrique Butteli absolveu-me, condenando o autor a pagar as custas e os advogados das duas partes.

Além da ação criminal, esta sem sucesso, também uma ação cível, esta com sucesso, foi movida contra o responsável pelo blog Nova Corja, no caso o jornalista Valter Waldevino. Ele resultou condenado em 4 de julho de 2011, conforme sentença do titular da 18a. Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, o juiz Régis de Oliveira Barbosa. Nesta ação, Valter Waldevino tentou reconversão, mas perdeu nesta lide e também na principal. A sentença condenatória foi por censura, indenização e pagamento das custas e dos advogados.

Não foi a primeira condenação de que foi objeto o editor da Nova Corja, Valter Waldevino. No ano de 2008, portanto um ano antes do entrevero com os jornalistas Polibio Braga, Felipe Vieira e Diego Casagrande, ele amargou sentença que o condenou a indenizar três funcionárias da empresa Oi, Maria do Carmo, Eurídice Fioreze e Tatiana da Silva Hensel, esta última esbofeteada por ele. Depois do ataque, Waldevino fugiu da empresa, mas acabou preso pela Brigada Militar logo em seguida e reconduzido para o interior do prédio da tele.

Um ano depois, o editor da Nova Corja confrontou meu advogado na ante-sala da sessão de audiência e acabou apanhando ali mesmo. Ele reclamou ao magistrado do caso, mas não fez BO.

Também o jornalista Felipe Vieira, respeitado profissional da Band, incomodou-se com as seguidas ofensas e foi a juízo para cobrar punições do pessoal da Nova Corja. 

No dia 17 de dezembro de 2008, ele abriu ações cíveis, todas com sucesso, contra estes jornalistas e professores da PUC do RS:

- Rodrigo Oliveira Álvares
- Leandro Demori
- Mário Câmera
- Jones Rossi
- Valter Waldevino

Leandro Demori, o mais conhecido membro do grupo de renegados sociais do Nova Corja, como Álvares, acabou indo embora do Rio Grande do Sul. Junto com Valdevino e Mário Câmera, o trio chegou as tocar outro blog, o Braziu. Mais tarde, em 2019, Demori associou-se ao jornalista americano Glen Greenwald na tarefa suja de usar o site The Intercept Brasil  para ajudar a destruir a Lava Jato. Em setembro de 2023, o Governo do PT contratou-o com polpudo emprego na TV Brasil.

Na mesma época dos ataques do Nova Corja aos jornalistas gaúchos, 2008, o Banrisul, cujo sigilo bancário vinha sendo violado pelos jornalistas do blog gaúcho, impôs judicialmente um leque de censura ao blog de Valdevino, Rodrigo Álvares, Demori, Máario Câmera e Jones Rossi.

Os ofensores não suportaram a saraivada de decisões judiciais, bateram em retirada e fecharam o blog Nova Corja ao final de 2009, sem esperar sequer uma marcha fúnebre de qualquer espécie.

O jornalista Rodrigo Álvares conta outra história, conforme narra seu colega Tiago Dória:

- Ao contrário do que virou história oficial em cursos de jornalismo no Brasil, a Nova Corja não acabou por causa dos processos judiciais (processo por processo, o blog sempre teve) mas simplesmente porque em 2009, Rodrigo Álvares, criador do blog e que tocava em frente, conseguiu um emprego full time. Como consequência, não teri amais tempo de masnter o site com a mesma dinâmica, fato que o motivou a fechar o blog.






 



 

 

 

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JUIZ FEDERAL

 

Lei 13.964/19

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm

 

Art. 28 do CPP

 

O juiz não quis aplicar esta lei, considerando que o |MPF é o titular da ação penal, até porque a lei 13.l964 reforçou o perfil acusatório do processo penal brasileiro.

 

Ressalvfados disposto no art. 18 do CPP.

 

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art.




  LEI Nº 14.197, DE 24 DE MARÇO DE 2025 Inclui art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, vedando a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais em veículos de notícias ou informações que tenham sido condenados por difusão de notícias fraudulentas – fake news ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Faço saber, no uso das atribuições que me obrigam os §§ 3º e 7° do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a Lei nº 14.197, de 24 de março de 2025, como segue: Art. 1º Fica incluído art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, conforme segue: “Art. 2º-A Fica vedada a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais de que trata esta Lei em sites, blogs, portais ou qualquer outra plataforma de veiculação de notícias ou informações, impressa ou digital, que tenha sido condenada, com sentença transitada em julgado, por ação ou omissão decorrente da divulgação de notícias fraudulentas – fake news – ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. Parágrafo único. A vedação de que trata este artigo perdurará pelo prazo de 2 (dois) anos, contados a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, e será aplicada nos casos em que os responsáveis pelas plataformas de veiculação de notícias ou informações tenham sido condenados por: I – praticar crime ou contravenção penal por meio de divulgação de notícias fraudulentas; ou II – praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de: a) raça; b) cor; c) gênero; d) orientação sexual; e) etnia; f) religião; ou g) origem.” Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 24 DE MARÇO DE 2025. Documento assinado eletronicamente por Nadia Rodrigues Silveira Gerhard, Presidente, em 25/03/2025, às 09:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Art. 10, § 2º da Medida Provisória nº 2200-2/2001 e nas Resoluções de Mesa nºs 491/15, 495/15 e 504/15 da Câmara Municipal de Porto Alegre. Documento assinado eletronicamente por Tiago Jose Albrecht, Vereador, em 29/04/2025, às 11:00, conforme

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Projeto de 7 de 6 de 2021

Detalhes do Processo 00558/21 | Câmara Municipal de Porto Alegre


Maio de 2021 saíram BO e o resto do processo por homofobia

Artigo, especial - O Efeito Magnitsky: O Brasil no Banco dos Réus da Legalidade Internacional

 Este artigo é do "Observatório para um Brasil Soberano"

 A aplicação da Lei Magnitsky por parte dos Estados Unidos a uma autoridade brasileira inaugura um capítulo inédito e gravíssimo na história contemporânea do país. Pela primeira vez, um agente público de um Estado considerado democrático é formalmente sancionado com base em violações de direitos humanos, censura política e perseguição a opositores. Trata-se de um constrangimento jurídico e diplomático sem precedentes — e cujos desdobramentos ainda estão longe de serem totalmente compreendidos.

O ato normativo assinado pelo governo americano é explícito: reconhece a existência de repressão institucional no Brasil, com violação de liberdades civis, cerceamento da liberdade de expressão e instrumentalização do poder estatal para fins políticos. O decreto menciona, nominalmente, perseguição contra lideranças opositoras e bloqueios sistemáticos de canais de comunicação. Mais do que uma crítica, é uma constatação com base jurídica. 

A Lei Magnitsky, inicialmente voltada a regimes autocráticos, prevê san ções contra indivíduos responsáveis por atos que contrariem tratados internacionais de direitos humanos. São medidas que incluem congela mento de ativos, restrições de entrada, exclusão de sistemas financeiros internacionais e eventual cooperação com cortes e organismos multilate rais. Ao aplicar esse mecanismo a uma autoridade brasileira, os Estados Unidos transmitem um recado direto: o país não está mais sendo visto como uma democracia funcional e previsível. 

As consequências são múltiplas. Em primeiro lugar, instala-se um risco reputacional sistêmico. Investidores institucionais, organismos multilaterais e entes diplomáticos começam a reavaliar sua exposição ao Brasil como jurisdição confiável. O sistema financeiro, por sua vez, poderá reforçar mecanismos de compliance para evitar vínculos com figuras sancionadas — o que tende a gerar fricções operacionais inclusive para entes públicos. 

Em segundo lugar, abre-se a possibilidade de novos atos jurídicos interna cionais. A tipificação de censura, perseguição política e abuso de autorida de, quando reconhecida por uma potência global, pode ser usada como base para denúncias em cortes regionais e organismos multilaterais. Isso inclui desde a Comissão Interamericana de Direitos Humanos até órgãos vinculados à OCDE, ONU e GAFI. E uma vez instaurado o precedente, o cerco jurídico tende a se ampliar. 

Por fim, há o impacto político. Ao reconhecer formalmente a existência de perseguição institucional contra um ex-chefe de Estado, o decreto norte-americano rompe com a ficção de normalidade propagada por parte da imprensa e da elite burocrática. O que estava restrito à denúncia de parlamentares, juristas e setores da sociedade civil agora se consolida como fato jurídico internacionalmente reconhecido. 

Não se trata de partidarismo. Trata-se de legalidade. De pactos internacionais. De limites objetivos entre a ação estatal e os direitos fundamentais. O Brasil, neste momento, é objeto de sanção — e não por razões econômicas, mas por ferir princípios universais de liberdade e justiça. 

O efeito Magnitsky, nesse contexto, é mais do que uma punição individual. É o retrato de uma crise institucional que transbordou as fronteiras nacionais e chegou ao coração do direito internacional. A partir de agora, não será mais possível sustentar, sem contestação, a tese de que tudo está em conformidade com o Estado de Direito.

Artigo, especial, Marcus Vinicius Gravina - Sabatina Senado vs. Ministros STF

Marcus Vinicius Gravina

OAB-RS 4.949


A sabatina no Senado ao Sr. Alexandre de Moraes, indicado pelo presidente Temer, provocou debates incomuns entre os senadores acostumados a dizerem Amém.  Estiveram presentes 32 deles. 


Eu tive a curiosidade de saber ou que aconteceu. Assisti o vídeo daquela sessão que está disponível na Internet. Foi uma longa reunião, com assistentes em pé ao redor da sala. 


Antes de introduzirem o indicado à sala da Comissão do Senado, três senadores apresentaram questões de ordem.  Pediram ao presidente Edison Lobão o adiamento da apreciação do Relatório do Sen. Eduardo Braga. Ficou indisfarçável a oposição deles e dos seus partidos ao nome do sabatinado. 


Requerimentos dos senadores, Randolfe Rodrigues, Vanezza Grazziotin e Gleisi Hoffmann. A contradita, ou seja, a defesa de A. Moraes foi dos senadores Aloysio Nunes e Aécio Neves. 


As questões de ordem se dirigiram à necessidade  de diligências para apurarem denúncias e protestos de vários segmentos da sociedade civil organizada, que acabaram sendo rejeitadas por maioria de votos.


Mas, ficou algo no ar.  Segundo pronunciamento unânime deveria ser objeto de reavaliação a alteração ou complementação para as próximas sabatinas.


É sobre isto que desejo falar para não cair no esquecimento. Naquele debate prévio chegaram a cogitar o aumento de sessões e com a participação da sociedade civil organizada além dos senadores, para a análise dos requisitos constitucionais do “notável saber jurídico” e da “conduta ilibada” do art. 101 CF, para só depois disto, finalmente, ser submetido à votação. 


Em anteriores artigos publicados no Blog de Políbio Braga já havia comentado outra obrigação dos candidatos a ser cumprida por todo o indicado a ministro do STF: a declaração de bens no momento da posse. Cheguei à conclusão de que as duas condições impostas pela Constituição  não são as únicas para a tomada de posse de ministro do STF.


A Lei Federal 8.730/1993 complementa o requisito essencial da Constituição: “É obrigatória a apresentação de declaração de bens com indicação das fontes de renda no MOMENTO da posse.  “A não apresentação da declaração a que se refere o art.1º, por ocasião da posse, implicará a não realização daquele ato ou sua nulidade, se celebrado sem este requisito essencial”. (art.3º)


Esta declaração não é protegida por sigilo fiscal e deve ser enviada ao TCU onde ficará à disposição do Senado e de qualquer cidadão brasileiro. 


Como a posse acontece depois do Relatório investigador do Senado, o lógico é estabelecer que a diligência sobre este requisito da lei seja cumprido através do expediente da indicação do nome da pessoa a ser submetido à aprovação do Senado.  Assim será sabido quais são os bens declarados pelos futuros ministros para acompanhamento anual da evolução patrimonial dos mesmos.  


Desde o momento em que os ministros do STF decidiram que não há impedimento de suas mulheres advogarem nos tribunais de seus maridos, tal exigência deveria se estender aos cônjuges - sem distinção do regime de casamento - dos ministros dos tribunais superiores de justiça. 


Há mais do que simples rumores públicos de que alguns ministros exercem ou se beneficial de atividades estranhas e incompatíveis fora da atividade da magistratura.  


Saberemos mais sobre seus bens e empresas de que sejam sócios alaranjados, quando for aplicada a Lei Magnitsky contra os ministros 

badalados em circuitos internacionais, Portugal, EUA, Vaticano e outros. 


As próximas sabatinas do Senado estão chegando. Isto poderá acontecer bem antes do esperado. 

Mexam-se, Deputados e Senadores.


Caxias do Sul, 30.07.2025


Nota do governo federal nomeado

 O Brasil é um país soberano e democrático


O Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. Um país que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações, o que tem garantido a força da nossa economia e a autonomia da nossa política externa.


É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira.  


O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses.


Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia.


No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais.


A sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a democracia.


O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras. O Brasil tem acumulado nas últimas décadas um significativo déficit comercial em bens e serviços com os Estados Unidos. A motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países.


O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação. Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais.


Já iniciamos a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Presidente da República


Leite usa serviços do governo para se promover eleitoralmente

 Com tempo livre nas suas férias, Leite encontrou tempo até para defender Morais e atacar os EUA.

O governador Eduardo Leite passou a usar descaradamente os serviços públicos do governo gaúcho para defender seus interesses eleitorais, já que se sabe que é declaradamente candidato a candidato a presidente da República, tendo para isto sair do PSDB e migrar para o PSD, Partido que reúne maiores condições de bancar uma campanha nacional majoritária.

Embora sabidamente de férias no Nordeste, portanto afastado do governo, assina, hoje, panfleto político no qual defende o campo político e ideológico com o qual faz campanha eleitoral, ou seja, o da traiçoeira terceiras via, que nada mais é do que uma linha auxiliar do lulopetismo.

É repugnante, neste sentido, ler o editorial de hoje do site oficial do governo do RS, assinado por Eduardo Leite, intitulado "É hora de despolarizar o Brasil'.

Nos últimos dias, afastado da faina diária de governar o governo, o pupilo de Gilberto Kassab não se cansa de atacar Bolsonaro e o governo dos Estados Unidos.

CLIQUE AQUI para ler o artigo de Eduardo Leite.

Trump falou, agora é a hora do povo brasileiro falar

 O governo de Donald Trump aplicou nesta quarta-feira, a lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. 

Moraes foi incluído numa lista de corruptos e tiranos do Camboja, do Haiti e de Cuba. Foi para humilhar.

Não foi só.

Além disto, numa nova investida contra o atual regime brasileiro, o presidente Donald Trump, pouco mais tarde, de modo inesperado, assinou um decreto formalizando a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entram no país. O presidente alegou uma emergência nacional para editar o decreto. A decisão diz“lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. O texto também cita “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o ex-presidente Bolsonaro, líderes e eleitores da Oposição..

Alguns produtos foram excluídos do tarifaço.Suco de laranja, aeronaves civis e castanhas são exemplos.

O tarifaço ataca todo o regime, mas o Magnitsky Act ataca pessoalmente o homem que mais persegue as oposiões e impõe um regime de terror no Brasil.

O Magnitsky Act, aprovado em 2012, autoriza o governo dos EUA a bloquear recursos financeiros e vetar a entrada de estrangeiros de qualquer nacionalidade. A legislação foi criada para punir autoridades russas, mas foi ampliada para cidadãos de todos os países em 2016, com a aprovação do Global Magnitsky Human Rights Accountability Act...

A legislação foi nomeada em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, que expôs casos de corrupção no governo russo. Ele foi morto em 2009 em uma prisão de Moscou. O objetivo era punir os responsáveis pelo assassinato de Magnitsky...

Moraes foi punido há 10 dias com o cancealmento do seu visto de entrada nos Estados Unidos. Ele e a família.

Agora, com a nov asanção, , na prática, o indivíduo ou entidade punida fica proibida de fazer negócios com empresas norte-americanas ou que atuam no país. Também não pode ter qualquer vínculo comercial com pessoas que morem nos EUA ou que estejam no país. Isso implica o bloqueio de contas bancárias –inclusive em bancos brasileiros– e o cancelamento de cartões de crédito de bandeira norte-americana. A sanção também pode levar à perda de propriedades no país e ao confisco de ativos em dólar mantidos dentro ou fora dos Estados Unidos...

A lei é para punir corruptos e tiranos.

.Esta é a segunda sanção aplicada contra o ministro pelo governo dos EUA.

No primeiro caso, ele, a mulher e os filhos perderam os vistos.

 Na justificativa das ações contra ministros do STF, e especificamente contra Moraes, o governo norte-americano cita sobre o processo na Corte contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O apresentador e âncora do Paulo Figuereido Show, Paulo Figueiredo, que junto com o deputado Eduardo Bolsonaro trabalharam diretamente no Departamento de Estado e na Casa Branca para abalar os alicerces de Moraes e seu entorno do Eixo do Mal, anunciou que o próximo passo, logo depois da aplicação da Lei Magnitsky, é viajar para a Europa.

Paulo e Eduardo já dão por concluídos os esforços feitos para punir Moraes de modo jamais experimentado antes por qualquer autoridade brasileira.

O projeto, agora, é convencer a União Européia no sentido de também expurgar o ministro do STF de qualquer tipo de relação que possa ter fora do Brasil, tornando-o de verdade um pária internacional.

Paulo e Eduardo avisaram que irão ao Tribunal Penal Internacional de Haia, tudo com o objetivo de conseguir a condenação do ministro por causa de suas violações aos direitos humanos, o que se seguirá a ordem de prisão pela Interpol.

....

A aplicação da Lei Magnitsky contra  Alexandre de Moraes pelo governo americano é caso inédito na história das relações entre os Estados Unidos e o Brasil e tem tudo a ver com as sucessivas violações dos direitos humanos que vem praticando o ministro, sempre com o apoio da maioria formada no STF e do sistema ou Eixo do Mal, o que inclui, também, os outros dois Poderes da República, no caso o Executivo e o Legislativo, sempre com o apoio entusiasmado da grande mídia, inclusive organizações como O Globo e o RBS.

Trump - e só ele pode aplicar a Lei Magnitsky - pinçou Moraes, que é a ponta do iceberg, lança flamejante do regime de opressão atual sobre o povo brasileiro, como imaginava este editor, porque quer dar tempo para que recuem os demais atores do Eixo do Mal.

O ato de Trump, que se segue à provocativa entrevista de Lula, hoje, ao NY (leia nota mais abaixo),  inviabiliza momentaneamente qualquer negociação sobre o tarifaço. 

Este caso significa uma vitória evidente da influência de Bolsonaro e vai encorpar de modo geométrico o comparecimento aos atos de protesto previstos para este domingo...



Nova Corja 30/07/2025

Atualização 30/7/2025

CAPÍTULO VIII
NOVA CORJA E TOMANDO NA CUIA

A história de como empastelei os blogs sujos surgiram para assassinar minha reputação

Com o cancelamento da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, em 30 de abril de 2009, só passou a ser possível processar criminalmente por injúria, calúnia ou difamação o autor de um conteúdo mentiroso ou ofensivo, e não o responsável pelo blog. Assim. por exemplo, foi o que  concluiu o juiz Carlos Francisco Gross, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, ao recusar queixa-crime apresentada pelo jornalista Políbio Adolfo Braga, que se sentiu ofendido com textos publicados no blog sujo gaúcho Nova Corja. Esta ação penal foi arquivada no dia 6 de outubro de 2009. 

O juiz Carlos Francisco Gross recusou a queixa-crime por inépcia

Esta constatação do juiz Carlos Francisco Gross, consagrada mais tarde, 23 de abril de 2014, quando da promulgação do Marco Civil da Internet, artigo 19, foi modificada de maneira ilegal pela maioria formada no STF, que ousou avançar sobre prerrogativas constitucionalmente estabelecidas para o Poder Legislativo.

Valter Waldevino tentou reagir contra mim logo em seguida, movendo queixa-crime junto ao 2o Juizado Especial Criminal do Foro Central de Porto Alegre, mas no dia 25 de abril de 2011, o juiz Amadeo Henrique Butteli absolveu-me, condenando o autor a pagar as custas e os advogados das duas partes.

O primeiro texto de ataques recorrentes a partir daí, de modo criminoso pelo blog Nova Corja foi assinado pelo jornalista Rodrigo Álvares no dia 25 de junho de 2009. Ele partiu para a calúnia, a injúria e a difamação sem qualquer pudor e de modo mentiroso, ao afirmar que "Políbio Braga trocou favores com autarquias ligadas ao governo estadual e à prefeitura de Porto Alegre". Segundo a nota, Políbio Braga fazia elogios às administrações estadual e municipal e, em troca, recebia verbas publicitárias de órgãos públicos para publicar anúncios pagos em seu site.

Eis o texto:

"O que leva anunciantes como prefeitura de Porto Alegre, Banrisul, Assembléia Legislativa, BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento], Cremers [Conselho Regional de Medicina] ou Simers [Sindicato Médico] a comprar mídia em sites sem expressão, tais quais os de Políbio Braga…. Certamente não é a repercussão ou os preços camaradas".

O pessoal do Nova Corja, tendo Rodrigo Álvares como linha avançada, usou edições seguidas da publicação para incluir uma lista de jornalistas adversários num esquema que chamou de "Mensalinho Gaúcho", uma corruptela criminosa do processo intitulado "Mensalão" e que resultou na condenação de 38 membros do primeiro Governo Lula e do PT, inclusive o Chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o Presidente do Partido, José Genóino. Foi em 2012. 

Os jornalistas caluniados, injuriados e difamados de modo recorrente pelo blog Nova Corja foram classificados como membros de uma suposta "Máfia da Opinião".

"Um bando de vigaristas", resumiu Rodrigo Álvares.

Não foi nada fácil identificar o endereço de Rodrigo Álvares para levá-lo a Juízo, como não foi nada fácil encontrar o verdadeiro local do domínio do blog Nova Corja e saber em que provedor ele estava alojado para disparar suas mentiras diárias.

Foi uma intensa investigação internacional.

Toda a turma da Nova Corja deslocava de um País para outro o endereço do domínio do blog sujo, tentando com isto impedir a repressão policial e judicial.

Corra Rodrigo Álvares, corra


Acusado de forma vil, ajuizei de imediato duas ações contra Walter Valdevino, um dos responsáveis pelo blog, cuja identidade foi informada pelo servidor do site, já que o ofensor principal, o jornalista Rodrigo Álvares, foi embora de Porto Alegre depois de procurado para responder pelas ofensas.

Além da ação criminal, esta sem sucesso, também uma ação cível, esta com sucesso, foi movida contra o responsável pelo blog Nova Corja, no caso o jornalista Valter Waldevino. Ele resultou condenado em 4 de julho de 2011, conforme sentença do titular da 18a. Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, o juiz Régis de Oliveira Barbosa. Nesta ação, Valter Waldevino tentou reconversão, mas perdeu nesta lide e também na principal. A sentença condenatória foi por censura, indenização e pagamento das custas e dos advogados.

Não foi a primeira condenação de que foi objeto o editor da Nova Corja, Valter Waldevino. No ano de 2008, portanto um ano antes do entrevero com os jornalistas Polibio Braga, Felipe Vieira e Diego Casagrande, ele amargou sentença que o condenou a indenizar três funcionárias da empresa Oi, Maria do Carmo, Eurídice Fioreze e Tatiana da Silva Hensel, esta última esbofeteada por ele. Depois do ataque, Waldevino fugiu da empresa, mas acabou preso pela Brigada Militar logo em seguida e reconduzido para o interior do prédio da tele.

Um ano depois, o editor da Nova Corja confrontou meu advogado na ante-sala da sessão de audiência e acabou apanhando ali mesmo. Ele reclamou ao magistrado do caso, mas não fez BO.

Também o jornalista Felipe Vieira, respeitado profissional da Band, incomodou-se com as seguidas ofensas e foi a juízo para cobrar punições do pessoal da Nova Corja. 

No dia 17 de dezembro de 2008, ele abriu ações cíveis, todas com sucesso, contra estes jornalistas e professores da PUC do RS:

- Rodrigo Oliveira Álvares
- Leandro Demori
- Mário Câmera
- Jones Rossi
- Valter Waldevino

Leandro Demori, o mais conhecido membro do grupo de renegados sociais do Nova Corja, como Álvares, acabou indo embora do Rio Grande do Sul. Junto com Valdevino e Mário Câmera, o trio chegou as tocar outro blog, o Braziu. Mais tarde, em 2019, Demori associou-se ao jornalista americano Glen Greenwald na tarefa suja de usar o site The Intercept Brasil  para ajudar a destruir a Lava Jato. Em setembro de 2023, o Governo do PT contratou-o com polpudo emprego na TV Brasil.

Na mesma época dos ataques do Nova Corja aos jornalistas gaúchos, 2008, o Banrisul, cujo sigilo bancário vinha sendo violado pelos jornalistas do blog gaúcho, impôs judicialmente um leque de censura ao blog de Valdevino, Rodrigo Álvares, Demori, Máario Câmera e Jones Rossi.

Os ofensores não suportaram a saraivada de decisões judiciais, bateram em retirada e fecharam o blog Nova Corja ao final de 2009, sem esperar sequer uma marcha fúnebre de qualquer espécie.

O jornalista Rodrigo Álvares conta outra história, conforme narra seu colega Tiago Dória:

- Ao contrário do que virou história oficial em cursos de jornalismo no Brasil, a Nova Corja não acabou por causa dos processos judiciais (processo por processo, o blog sempre teve) mas simplesmente porque em 2009, Rodrigo Álvares, criador do blog e que tocava em frente, conseguiu um emprego full time. Como consequência, não teri amais tempo de masnter o site com a mesma dinâmica, fato que o motivou a fechar o blog.






 



 

 

 

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JUIZ FEDERAL

 

Lei 13.964/19

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm

 

Art. 28 do CPP

 

O juiz não quis aplicar esta lei, considerando que o |MPF é o titular da ação penal, até porque a lei 13.l964 reforçou o perfil acusatório do processo penal brasileiro.

 

Ressalvfados disposto no art. 18 do CPP.

 

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art.




  LEI Nº 14.197, DE 24 DE MARÇO DE 2025 Inclui art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, vedando a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais em veículos de notícias ou informações que tenham sido condenados por difusão de notícias fraudulentas – fake news ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Faço saber, no uso das atribuições que me obrigam os §§ 3º e 7° do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a Lei nº 14.197, de 24 de março de 2025, como segue: Art. 1º Fica incluído art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, conforme segue: “Art. 2º-A Fica vedada a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais de que trata esta Lei em sites, blogs, portais ou qualquer outra plataforma de veiculação de notícias ou informações, impressa ou digital, que tenha sido condenada, com sentença transitada em julgado, por ação ou omissão decorrente da divulgação de notícias fraudulentas – fake news – ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. Parágrafo único. A vedação de que trata este artigo perdurará pelo prazo de 2 (dois) anos, contados a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, e será aplicada nos casos em que os responsáveis pelas plataformas de veiculação de notícias ou informações tenham sido condenados por: I – praticar crime ou contravenção penal por meio de divulgação de notícias fraudulentas; ou II – praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de: a) raça; b) cor; c) gênero; d) orientação sexual; e) etnia; f) religião; ou g) origem.” Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 24 DE MARÇO DE 2025. Documento assinado eletronicamente por Nadia Rodrigues Silveira Gerhard, Presidente, em 25/03/2025, às 09:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Art. 10, § 2º da Medida Provisória nº 2200-2/2001 e nas Resoluções de Mesa nºs 491/15, 495/15 e 504/15 da Câmara Municipal de Porto Alegre. Documento assinado eletronicamente por Tiago Jose Albrecht, Vereador, em 29/04/2025, às 11:00, conforme

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Projeto de 7 de 6 de 2021

Detalhes do Processo 00558/21 | Câmara Municipal de Porto Alegre


Maio de 2021 saíram BO e o resto do processo por homofobia

 A sanção imposta nesta quarta-feira (24) ao ministro Alexandre de Moraes pelo governo do ex-presidente Donald Trump reacendeu o debate sobre a aplicação da Lei Magnitsky, um instrumento criado pelos Estados Unidos para punir indivíduos acusados de corrupção e violações de direitos humanos em qualquer parte do mundo.


Desde que foi adotada com escopo global em 2016, a lei já foi usada contra mais de 650 pessoas, segundo o relatório mais recente do Departamento do Tesouro dos EUA, referente a 2023. As sanções incluem bloqueio de bens e contas, proibição de entrada nos EUA e restrições comerciais com empresas americanas — medidas que, na prática, têm efeitos extraterritoriais.


A norma foi originalmente sancionada em 2012 pelo então presidente Barack Obama, com foco em punir autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky, em 2009. Mas a partir de 2017, passou a ser aplicada globalmente. A primeira leva de sanções incluiu nomes como o empresário dominicano Ángel Rondón Rijo, ligado à Odebrecht, e o ex-presidente da Gâmbia Yahya Jammeh.


Nos anos seguintes, também foram sancionados o presidente do Conselho Eleitoral da Nicarágua, Roberto José Rivas, o deputado guatemalteco Julio Juárez, e, mais recentemente, os ex-dirigentes paraguaios Horacio Cartes e Hugo Velázquez, acusados de corrupção.



Em 2020, os EUA puniram ainda o departamento de polícia de Xinjiang e quatro autoridades chinesas por abusos contra minorias étnicas, como os uigures.


A inclusão de Alexandre de Moraes, no entanto, é vista como atípica e politicamente sensível. O ministro não responde a acusações formais de corrupção e atua dentro das regras de um regime democrático.


As sanções, no entanto, não exigem condenação judicial. Basta uma decisão administrativa do governo americano, com base em relatórios ou investigações próprias. A lei autoriza o bloqueio de ativos dolarizados mesmo fora dos EUA, impede o us

Opinião do editor - EUA isolam Moraes para que seus apoiadores recuem enquanto é tempo

Este ato de hoje encorpa de maneira formidável a convocatória para os atos de protesto previstos para este domingo em todo o País.

A aplicação da Lei Magnitsky contra  Alexandre de Moraes pelo governo americano é caso inédito na história das relações entre os Estados Unidos e o Brasil e tem tudo a ver com as sucessivas violações dos direitos humanos que vem praticando o ministro, sempre com o apoio da maioria formada no STF e do sistema ou Eixo do Malm, o que inclui, também, os outros dois Poderes da República, no caso o Executivo e o Legislativo, sempre com o apoio entusiasmado da grande mídia, inclusive organizações como O Globo e o RBS.

Trump - e só ele pode aplicar a Lei Magnitsky - pinçou Moraes, que é a ponta do iceberg, lança flamejante do regime de opressão atual sobre o povo brasileiro, como imaginava este editor, porque quer dar tempo para que recuem os demais atores do Eixo do Mal.

Este caso significa uma vitória evidente da influência de Bolsonaro junto ao governo democrático dos EUA e uma derrota de dimensões oceânicas para o governo Lula e seus aliados. Eles terão que recuar do alinhamento automático aos interesses dos inimigos dos americanos, ceder em demandas americanas por interesses estratégicos no âmbito da eoconomia brasileira, mas sobretudo recuar na perseguição aos seus opositores, com ênfase para o caso de Bolsonaro.

Se não entenderam esta represália inédita contra Moraes, que virou pária internacional, todos enfrentarão a tempestade americana de um modo como jamais imaginaram e serão apeados pela força do povo.


Artigo, especial, Alex Pipkin - O Ventríloquo da Omissão e a Farsa da Paz

Alex Pipkin, PhD


Eu não tinha assistido. Um amigo me enviou o link. Era o programa Canal Livre, da Band, transmitido no último domingo à noite. O entrevistado foi o chamado “embaixador da Palestina” no Brasil. Uma figura que, com ar professoral, tentou impor a sua vontade como verdade e reescrever a história ao vivo, diante de jornalistas complacentes, que mal ousaram questionar o teatro retórico a que assistimos.

A encenação é antiga. Atualiza-se apenas com novos intérpretes. O roteiro, invariavelmente, gira em torno da “opressão israelense” e da “resistência heroica palestina”, um eufemismo cínico para o terrorismo praticado pelo Hamas. Nenhuma linha, nenhuma sílaba, nenhuma mísera palavra foi dita por esse embaixador condenando explicitamente o Hamas. Nenhuma defesa do povo palestino que, de fato, sofre. Mas não por Israel. Sofre porque é usado como escudo humano por fanáticos que odeiam mais do que amam a própria gente.

Já se passaram muitos meses desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Cinquenta reféns — mulheres, idosos, civis — ainda estão em poder do Hamas. Não se sabe sequer se estão vivos. Se o objetivo fosse proteger os palestinos, esse grupo teria, no mínimo, libertado essas pessoas. Mas não: a manutenção dos reféns é uma prova cabal de que o Hamas não quer paz. Quer permanência. Quer continuidade. Quer sangue.

E o embaixador — esse ventríloquo da omissão — ainda tem o desplante de tergiversar, ao vivo, quando confrontado com o fato de que a ajuda humanitária enviada por Israel e outros países não chega à população da Faixa de Gaza por conta do próprio Hamas, que intercepta, redireciona e, muitas vezes, vende esses suprimentos. O diplomata, em vez de assumir a tragédia de sua liderança, preferiu empurrar mais uma vez a narrativa de vitimização, como se a responsabilidade pelo sofrimento do povo palestino fosse sempre alheia, nunca interna.

Nada disso é novo. A farsa da “luta por um Estado palestino” tem longa data. Em 2000, nas negociações de Camp David, sob a mediação de Bill Clinton, Israel propôs a criação de um Estado palestino com capital em Jerusalém Oriental. Quem rejeitou? O terrorista Yasser Arafat. E quem pagou o preço? Os próprios palestinos, usados como peões por líderes que jamais aceitaram a simples existência do Estado de Israel.

Israel continua a lutar, sim. Mas não apenas por sua sobrevivência territorial. Luta pela própria existência moral da civilização ocidental. A única democracia daquela região — plural, aberta, científica e tolerante — combate um grupo que defende a morte como método, o martírio como objetivo e a destruição como fim. É disso que se trata.

A omissão do embaixador em condenar o Hamas revela muito mais do que ele pretende esconder. É um silêncio eloquente, uma omissão programada. E torna impossível qualquer conversa séria sobre paz. Não há paz possível com quem não reconhece sequer seu interlocutor como legítimo. Quem não diz, com todas as letras, que o Hamas deve ser extirpado, está, por definição, apoiando sua existência, mesmo que sob o véu da diplomacia ou da pretensa neutralidade.

O Brasil, sob a batuta ideológica de Lula e do seu arauto Celso Amorim, tem sido terreno fértil para essa inversão perversa. O antissemitismo disfarçado de solidariedade aos palestinos já ultrapassou o limite da decência. Não é mais uma questão diplomática, trata-se de moralidade. Ou estamos com a civilização, ou com a barbárie.

Artigo, especial - Confirmou sem Querer: A Crise que o Estadão Tentou Esconder Está na Carta

Este artigo é do "Observatório para um Brasil Soberano".;

Ao tentar desqualificar Donald Trump e desmoralizar a tarifa de 50 por cento imposta aos produtos brasileiros, o Estadão acabou revelando o que o governo ainda tenta fingir que não existe: uma crise de percepção internacional tão grave que já extrapolou a retórica diplomática e atingiu a espinha do comércio exterior. 

A coluna, publicada no dia 29 de julho, não nega o conteúdo da carta enviada pela Casa Branca. Pelo contrário: confirma com todas as letras que os Estados Unidos condicionaram o recuo da tarifa ao encerramento do processo judicial contra Jair Bolsonaro. Não há dúvida. Não há especulação. Está escrito. E foi publicado justamente por quem deveria ajudar a conter o dano — não ampliá-lo. 

A reação do jornal foi emocional. Em vez de enfrentar os fatos, partiu para a desqualificação do emissor. Trump foi chamado de amalucado, mitomaníaco, desequilibrado e chantagista. Nenhuma dessas palavras responde à carta – apenas demonstram que, quando não há como negar a realidade, resta gritar contra ela. E foi exatamente isso que o Estadão fez. 

Mas ao atacar a forma, o jornal reforçou o conteúdo. E ao se escandalizar com a exigência, reforçou a gravidade do cenário. A tentativa de transformar uma resposta diplomática em delírio ideológico apenas confirmou que o país já não consegue mais esconder a instabilidade institucional que projeta para fora. 

A crise não foi fabricada em Washington. Ela foi percebida em Washington. A tarifa não é causa, é consequência. 

O problema não está na carta. Está no fato de que qualquer ator externo que aponte a disfunção do país passa imediatamente a ser tratado como inimigo. Não importa se é governo, imprensa internacional ou agência de risco. Qualquer diagnóstico que ultrapasse a fronteira vira ataque. Qualquer repercussão vira conspiração. E qualquer tentativa de ajuste se transforma em rendição. 

O Estadão não quis admitir a verdade. Mas acabou fazendo exatamente isso. Expôs que não há estratégia de negociação. Expôs que o Brasil não está fazendo exigência alguma. E expôs que a única resposta oficial foi o silêncio — embalado por uma retórica midiática que já não convence nem os seus. 

O editorial revelou mais do que o governo gostaria. Revelou que a imprensa aliada ao sistema não sabe mais como esconder o colapso da autoridade institucional do Brasil diante do mundo. A função da carta foi ser direta. A do Estadão, tentar transformá-la em delírio. Mas ao fazê-lo, entregou o ponto. Confirmaram a inação do governo sem querer. E quando até a imprensa que sempre operou como amortecedor narrativo começa a gritar, é porque nem ela acredita mais ser possível disfarçar a gravidade do que está acontecendo.

Tarifaço de Trump causará perdas de R$ 19 bi no Brasil, apenas este ano, diz CNI. Fiergs prevê perdas de R$ 2 bi no RS.

O tarifaço que anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros está confirmado para o dia 1o de agosto, dentro de dois dias.

O governo americano poderá abrir algumas exceções para produtos que ocupam lugares importantes na mesa dos consumidores, como laranja, cacau e café.

Segundo estudo divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria,. o tarifaço causará perdas econômicas bilionárias em pelo menos seis Estados do país. 

O aumento das tarifas, que começa em 1º de agosto, pode causar perdas acima de R$ 19 bilhões no Brasil, ainda este ano.

No RS, a perda, apenas este ano, a Fiergs estima perdas de R$ 2 bi para a economia.

 Em 11 estados, as vendas aos EUA representam entre 10% e 20% das exportações totais

CLIQUE AQUI para ler todo o estudo.

Nova Corja, 29/07/2025

 CAPÍTULO VIII

NOVA CORJA E TOMANDO NA CUIA
A história de como empastelei os blogs sujos surgiram para assassinar minha reputação

Com o cancelamento da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, em 30 de abril de 2009, só passou a ser possível processar criminalmente por injúria, calúnia ou difamação o autor de um comentário ofensivo, e não o responsável pelo blog. Assim. por exemplo, foi o que  concluiu o juiz Carlos Francisco Gross, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, ao recusar queixa-crime apresentada pelo jornalista Políbio Adolfo Braga, que se sentiu ofendido com textos publicados no blog sujo gaúcho Nova Corja. Esta ação penal foi arquivada no dia 6 de outubro de 2009. 

O juiz Carlos Francisco Gross recusou a queixa-crime por inépcia

Esta constatação do juiz Carlos Francisco Gross, consagrada mais tarde, 23 de abril de 2014, quando da promulgação do Marco Civil da Internet, artigo 19, foi modificada de maneira ilegal pela maioria formada no STF, que ousou avançar sobre prerrogativas constitucionalmente estabelecidas para o Poder Legislativo.

O primeiro texto de ataques recorrentes a partir daí, de modo criminoso pelo blog Nova Corja foi assinado pelo jornalista Rodrigo Álvares. Ele partiu para a calúnia, a injúria e a difamação sem qualquer pudor e de modo mentiroso, ao afirmar que "Políbio Braga trocou favores com autarquias ligadas ao governo estadual e à prefeitura de Porto Alegre". Segundo a nota, Políbio Braga fazia elogios às administrações estadual e municipal e, em troca, recebia verbas publicitárias de órgãos públicos para publicar anúncios pagos em seu site.

"O que leva anunciantes como prefeitura de Porto Alegre, Banrisul, Assembléia Legislativa, BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento], Cremers [Conselho Regional de Medicina] ou Simers [Sindicato Médico] a comprar mídia em sites sem expressão, tais quais os de Políbio Braga…. Certamente não é a repercussão ou os preços camaradas”, diz o texto publicado pelo blog em 25 de junho de 2009.

O pessoal do Nova Corja, tendo Rodrigo Álvares como linha avançada, usou edições seguidas da publicação para incluir uma lista de jornalistas adversários num esquema que chamou de "Mensalinho Gaúcho", uma corruptela criminosa do processo intitulado "Mensalão" e que resultou na condenação de 38 membros do primeiro Governo Lula e do PT, inclusive o Chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o Presidente do Partido, José Genóino. Foi em 2012. 

Os jornalistas acusados pelo blog Nova Corja foram classificados como membros de uma suposta "Máfia da Opinião".

Acusado de forma vil, ajuizei de imediato duas ações contra Walter Valdevino, um dos responsáveis pelo blog, cuja identidade foi informada pelo servidor do site, já que o ofensor principal, o jornalista Rodrigo Álvares, foi embora de Porto Alegre depois de procurado para responder pelas ofensas.

Além da ação criminal, esta sem sucesso, também uma ação cível, esta com sucesso, foi movida contra o responsável pelo blog Nova Corja, no caso o jornalista Valter Valdevino. Ele resultou condenado.

Também o jornalista Felipe Vieira, respeitado profissional da Band, incomodou-se com as seguidas ofensas e foi a juízo para cobrar punições do pessoal da Nova Corja. 

No dia 17 de dezembro de 2008, ele abriu ações cíveis, todas com sucesso, contra estes jornalistas e professores da PUC do RS:

- Rodrigo Oliveira Álvares
- Leandro Demori
- Mário Câmera
- Jones Rossi
- Vlater Waldevino

Leandro Demori, o mais conhecido membro do grupo de renegados sociais do Nova Corja, como Álvares, acabou indo embora do Rio Grande do Sul. Junto com Valdevino e Mário Câmera, o trio chegou as tocar outro blog, o Braziu. Mais tarde, em 2019, Demori associou-se ao jornalista americano Glen Greenwald na tarefa suja de usar o site The Intercept Brasil  para ajudar a destruir a Lava Jato. Em setembro de 2023, o Governo do PT contratou-o com polpudo emprego na TV Brasil.

Na mesma época dos ataques do Nova Corja aos jornalistas gaúchos, 2008, o Banrisul, cujo sigilo bancário vinha sendo violado pelos jornalistas do blog gaúcho, impôs judicialmente um leque de censura ao blog de Valdevino, Rodrigo Álvares, Demori, Máario Câmera e Jones Rossi.

Os ofensores não suportaram a saraivada de decisões judiciais, bateram em retirada e fecharam o blog Nova Corja ao final de 2009, sem esperar sequer uma marcha fúnebre de qualquer espécie.

O jornalista Rodrigo Álvares conta outra história, conforme narra seu colega Tiago Dória:

- Ao contrário do que virou história oficial em cursos de jornalismo no Brasil, a Nova Corja não acabou por causa dos processos judiciais (processo por processo, o blog sempre teve) mas simplesmente porque em 2009, Rodrigo Álvares, criador do blog e que tocava em frente, conseguiu um emprego full time. Como consequência, não teri amais tempo de masnter o site com a mesma dinâmica, fato que o motivou a fechar o blog.





INQUÉRITO POLICIAL 134/2021, decorrente de BO  de Caio Cesar Klein e que gerou este inquérito

Em 2019 STF tornou homofobia, bifobia e transfobia equivalente a racismo, de acordo com resultado da ADO 26, nos termos das lei 7.716/89. 3 páginas.

 

Me indiciou como incurso no art. 20, p. 2o da lei 7.716/89.

 

No inquérito policial, falou Gabriel Galli Arevalo. FOI DISPENSADO DE COMPROMISSO PELO ART. 201 DO CPP.

 

AÇÃO MOVIDA PELO MPE

Incurso no art. 20, parágrafo 2o, lei 7716/89

6 páginaS

 

DEFESA DE POLIBIO BRAGA

Invoca art. 220 da CF e que se vincula ao art. 5o, IV, V, X,XIII E XIV

 

ADPF 1287 sobre livre penamento

 

VERIFICAR MAGISTRADA DIVERSA DA TITULAR QUE ACEITOU A DENÚNCIA

 

A decisão da magistrada violou art. 5o CF e 396 do CPP

 

PEDE REJEIÇÃO DE ACORDO COM ART. 395, INCISO III DO CPP

 

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ALEGAÇÕES FINAIS

 

53 páginas

 

....

 

ALEGAÇÕES FINAIS PB

 

Absolvição pelo asrt. 386, III dlo CPP

 

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SENTENÇA

 

Condena pelo art. 20, parágrafo 2o da lei 7.716/89

 

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ACÓRDÃO

 

Base para enviar para a JF é artigo 109, V, da Constituição Federal

 

 

 

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JUIZ FEDERAL

 

Lei 13.964/19

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm

 

Art. 28 do CPP

 

O juiz não quis aplicar esta lei, considerando que o |MPF é o titular da ação penal, até porque a lei 13.l964 reforçou o perfil acusatório do processo penal brasileiro.

 

Ressalvfados disposto no art. 18 do CPP.

 

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art.




  LEI Nº 14.197, DE 24 DE MARÇO DE 2025 Inclui art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, vedando a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais em veículos de notícias ou informações que tenham sido condenados por difusão de notícias fraudulentas – fake news ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Faço saber, no uso das atribuições que me obrigam os §§ 3º e 7° do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a Lei nº 14.197, de 24 de março de 2025, como segue: Art. 1º Fica incluído art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, conforme segue: “Art. 2º-A Fica vedada a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais de que trata esta Lei em sites, blogs, portais ou qualquer outra plataforma de veiculação de notícias ou informações, impressa ou digital, que tenha sido condenada, com sentença transitada em julgado, por ação ou omissão decorrente da divulgação de notícias fraudulentas – fake news – ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. Parágrafo único. A vedação de que trata este artigo perdurará pelo prazo de 2 (dois) anos, contados a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, e será aplicada nos casos em que os responsáveis pelas plataformas de veiculação de notícias ou informações tenham sido condenados por: I – praticar crime ou contravenção penal por meio de divulgação de notícias fraudulentas; ou II – praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de: a) raça; b) cor; c) gênero; d) orientação sexual; e) etnia; f) religião; ou g) origem.” Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 24 DE MARÇO DE 2025. Documento assinado eletronicamente por Nadia Rodrigues Silveira Gerhard, Presidente, em 25/03/2025, às 09:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Art. 10, § 2º da Medida Provisória nº 2200-2/2001 e nas Resoluções de Mesa nºs 491/15, 495/15 e 504/15 da Câmara Municipal de Porto Alegre. Documento assinado eletronicamente por Tiago Jose Albrecht, Vereador, em 29/04/2025, às 11:00, conforme

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Projeto de 7 de 6 de 2021

Detalhes do Processo 00558/21 | Câmara Municipal de Porto Alegre


Maio de 2021 saíram BO e o resto do processo por homofobia

Livro 29/07/2025

 13/02/2025

Atualizações/
26/09/20245
Anterior: Livro 11/9/24
Anterior: Livro 26/09/2024
 Livro 16/12/2024
Anterior: Livro 27/12/2024
Anterior: 02/01/2025
Anterior, 04/02/2025
Anterior: 25/03/2025
Anterior - 27/0325
Anterior - 28/03/2025
Anterior - 05/04/2025
Anterior - 08/04/2025
Anterior - 17/04/2025
Anterior - 27/04/2025
Anterior - 06/05/2025
Anterior - 30/.5.2025
Anterior - 02/06/2025
Anterior - 03/06/2025
Anterior - 20/06/2025
Amterior - 26/6/2025
Anterior - 02/07/2025
Anterior - 23/7/2025
Anterior - 27/07/2025
Amterior - 29/07/2025




1º Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas

Capítulo I
O Processo

CAPÍTULO II
O pecado original

CAPITULO III
A Delegada Andrea Matos, filha do ex-juiz federal Rocha Matos

CAPÍTULO IV
O interrogatório

CAPÍTULO V
Assassinato de Reputação. O papel jogado pelo MPRS.

CAPÍTULO VI
Luciana Genro mentiu ao investir contra Polibio Braga

PESQUISAR https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=polibio+braga

CAPÍTULO VII
Luciana Genro mentiu no caso da Operação Rodin

CAPÍTULO VIII
NOVA CORJA E TOMANDO NA CUIA
A história de como empastelei os blogs sujos surgiram para assassinar minha reputação

CAPÍTULO IX
Os governos do PT contra a liberdade de imprensa em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil.

CAPÍTULO X


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CAPÍTULO I
O PROCESSO.

Promotor Luciano Vaccaro
Gabriel, o que o senhor sabe sobre esses fatos que estão sendo imputados ao Jornalista Polibio Braga.

Gabriel Galli Arévalo, na época funcionário do gabinete da Deputada Federal do PSOL, Fernanda Melchionna, e representante da ONG Somos, testemunha do Promotor e um dos autores do Boletim de Ocorrência registrado na Polícia.
Olha, eu sei que no dia 18 de maio de 2021, o jornalista Políbio Braga fez uma publicação no blog dele registrando a iluminação que o Palácio, que o Governo do Estado realizou no palácio Piratini, né, em relação à alusão a um dia de combate à LGBTfobia. Essa é uma data bastante importante para o movimento LGBT porque marca a saída da caracterização da homossexualidade como uma doença dos registros da Organização Mundial da Saúde. E, nesse texto opinativo que o senhor Políbio realizou nesse blog, ele utilizou uma serie de termos que, na minha compreensão e da organização a que eu faço parte, ONG Somos, que trabalha há 20 anos na defesa e na luta por direitos humanos, tem uma conotação LGBTfóbica. E essas conotações, elas aparecem de forma, na nossa interpretação, propositalmente camufladas, mas que ficam evidentes o teor homofóbico quando faz uma serie de brincadeiras de certa forma com a própria homossexualidade do governador do Estado de cunho vexatório e também quando relaciona a homossexualidade com outras práticas sexuais ou outras, até questões que vão para um cunho de patologia ou doença mental como a zoofilia, pedofilia, né. Fazendo uma associação que é bem clássica e bem conhecida do movimento LGBT, quando tentam nos caracterizar como pessoas sujas e perversas, né (A conceituação que ele concede ao termo “homossexualismo” é própria, pessoal, e não tem nada a ver com o sentido etimológico e legal do termo – veja https://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade). Então esse texto ele passa dessa forma e, na nossa compreensão, enquanto jornalista o senhor Políbio Braga assume a posição de disseminar conteúdo discriminatório quando ele faz esse texto. Não é a primeira vez que ele se comporta dessa forma né, por isso também que eu me motivei a prestar essa denúncia, porque nós acreditamos que é de interesse público que esse tipo de comportamento seja pausado. Hoje mesmo houve comentários no blog dele a respeito de como mulheres trans tiram o lugar de pessoas, de outras mulheres no esporte, enfim, sei que não é o conteúdo, não é o caso aqui do que está sendo analisado por essa Vara. Mas eu cito aqui que é uma pessoa que é conhecida por disseminar conteúdos que, na nossa compreensão, podem ser entendidos enquanto discriminatórios e nós entendemos que a partir do momento que o STF define que a homofobia é um crime, nós entendemos que isso deveria ser classificado dessa forma então. 

Promotor Luciano Vaccaro
Só, desculpa te interromper, mas desculpa, eu posso ser ignorante, mas eu também uso a expressão homossexualismo. Eu não sabia que isso não é admitido pela associação de vocês. Me desculpa. Então é uma interpretação sua de que ele agiu dessa forma? Como é que o senhor pode dizer que o fato dele ter usado homossexualismo é de cunho discriminatório homofóbico? Porque eu mesmo uso essa expressão e confesso aqui minha total ignorância, eu estou surpreso. Desculpa.

 

                                                 ******************

Na época, 2021, este então servidor (CC ou Cargo em Comissão) do gabinete da Deputada Federal Fernanda Melchionna, PSOL, no caso Gabriel Galli Arévalo, Diretor Operacional da ONG Somos, que é também Jornalista, foi a única testemunha arrolada pela Promotora Ivana Machado Moraes Battaglia ao acolher indiciamento pedido pela Delegada Andrea Matos e denunciar-me perante a 11a. Vara Criminal do Foro de Porto Alegre por crime de homofobia. 

Este denodado diretor da ONG Somos permaneceu como alto funcionário de Cargo em Comissão durante todo o primeiro mandato da Deputada do PSOL, mas no dia 1o de Janeiro de 2025 resolveu migrar dali para o gabinete da Vereadora Natasha Ferreira,mulher travesti, ativista pelos direitos humanos e das pessoas LGBTI+, Líder da bancada do PT na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. 

O cargo para o qual foi nomeado, no caso de Supervisor de Gabinete Parlamentar, rende-lhe polpuydos r$ 15.212,30 mensais.

Estas informações foram obtidas depois de repetidas consultas promovidas com base na Lei de Acesso às Informações. 

Depois de peregrinar pela Polícia e pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, o Jornalista e Mestre em Comunicação, Galli Arévalo foi ouvido em audiência no dia 20 de junho de 2022 pela juíza Quelen Van Caneghan, que não só acolheu as acusações feitas no inquérito policial conduzido em tempo recorde pela Delegada Andrea Mattos, aceitas e amplificadas de modo inquisitorial pela Promtora Ivana Bataglia, em nome do Ministério Público Estadual, como elevou até a última potência os ataques feitos pelas duas mulheres, condenando o editor a 2 anos de cadeia, mais multa exorbitante.

Galli Arévalo e seu companheiro da ONG Somos, Carlos Cesar Klein, registraram BO, Boletim de Ocorrência, no dia 18 de maio de 2021, dois dias depois Mattos instaurou o inquérito, 5 dias mais tarde ouviu Carlos Klein e a mim mesmo, sendo que um mês depois concluiu sua tarefa com meu indiciamento, acolhido em seguida pelo Ministério Público Estadual, que sequer quis me ouvir. 

A partir daí, o Ministério Público Estadual e o aparato oficial e oficioso do PSOL, com ênfase para as Deputadas Luciana Genro e Fernanda Melchionna, abriram um campanha pública de calúnias, injúrias e difamações contra mim, usando todo o arsenal conhecido de assassinatos de reputação que a esquerda costuma empunhar contra seus desafetos, inclusive com investida direta e bem sucedida de intimidação de anunciante do blog www.polibiobraga.com.br, levando a cancelamentos de contratos de publicidade, com ênfase para o cliente Assembleia do RS, causando-me graves prejuízos financeiros.

As duas representantes do PSOL, do mesmo Partido ao qual pertenceu Adélio Bispo antes de tentar assassinar o Presidente Jair Bolsonaro, não conseguiram e nem conseguem arranhar a reputação de ninguém, embora tentem isto de forma recorrente.

Desde a redemocratização, líderes e liderados de Governos e Partidos de corte ideológico comunista, como PT, PCdoB e PSOL, tentam sem sucesso na maioria esmagadora dos casos, mas com sucesso em outras situações, não apenas me meter na cadeia, como, sobretudo, retirar minhas condições de trabalho, meu patrimônio e minha reputação.

Esta é a escalada que as lideranças lulopetistas empreendem há 38 anos (ano base 1988 e ano examinado de 2024))contra mim:

1) Tirar meus empregos, o que conseguiram com sucesso em empresas como RBS, Band e Caldas Júnior.

2) Meter-me na cadeia, o que não conseguiram, apesar das inúmeras ações criminais movidas ao longo dos anos posteriores à redemocratização.

3) Tomar minha renda e meu patrimônio, o que conseguiram em valores muito expressivos.

4) Caluniar-me, injuriar-me e difamar-me publicamente, promovendo inacreditáveis, recorrentes e incríveis assassinatos de reputação, fazendo uso de expedientes sórdidos como neste caso do malfadado e fracassado processo criminal por homofobia, mas principalmente pelo uso massivo de informações totalmente falsas e insultuosas promovidas pelos blogs Tomando na Cuia e Nova Corja. No caso destas duas publicações, fui buscar reparação judicial e consegui empastelá-los, calando e punindo os detratores. É um caso que a seguir vai contado em detalhes, em capítulos especiais.

Tentaram a mordaça social, física ou financeira, além dos casos já citados, por exemplo, entre dezenas de outros reclamantes, os ex-Governadores Olívio Dutra e Tarso Genro, o ex-Prefeito Raul Pont e Deputados como a própria Luciana Genro e Manuela D'Ávila, o ex-Presidente da Eletrobrás, Valter Cardeal, sem contar a arraia miúda ideologicamente comprometida com a vanguarda do atraso. 

Ajudei a contar parte desta história no livro "Vanguarda do Atraso", no qual 11 jornalistas e intelectuais narraram as perseguições políticas que sofreram ou registraram durante os Governos do PT.

Boa parte dos autores deste livro, entre os quais eu mesmo, tiveram que ser desagravados em sessão pública levada a efeito pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos, numa memorável noite realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil.

No caso da ação movida pela Promotora Ivana Battaglia, meus advogados tentaram obter Direito de Respostas às  acusações públicas do Ministério Público Estadual, todas publicadas no site da própria instituição. Foi tudo em vão, porque os pedidos foram recusados administrativa e judicialmente, prevalecendo apenas a denúncia, sem qualquer contraditório. Nos demais casos, não houve busca por direito de resposta, já que as publicações foram consideradas, via de regra, irrelevante. 

Interpelações judiciais, com ênfase para os Deputados Luciana Genro e Gabriel Souza resultaram desertas.

Personagens que atuam nas sombras dos Deputados e que rechearam as redes sociais para repercutirem as falsas acusações, foram emparedados também por interpelações judiciais. Todos cessaram os ataques.

Ao longo dos 38 anos que vão da redemocratização até 2024, o pêndulo judicial não esteve apenas inclinado do lado dos falsos acusadores, porque em pelo menos dois casos memoráveis, foi preciso usá-lo para cobrar judicialmente a responsabilidade por campanhas difamatórias desfechadas contra mim em publicações de internet e que se consideravam fora do alcance dos longos braços da lei. Foram os casos de dois blogs, "Tomando na Cuia" e "Nova Corja", ambos editados por ativistas esquerdopatas. "Nova Corja" foi o capítulo mais complicado, porque mais amplo e tocado por um grupo organizado, coeso, de professores e alunos da PUC do Rio Grande do Sul

Depois de investigações completas, consegui identificar os editores, processei-os, todos foram condenados e ao final e ao cabo, "Nova Corja" e "Tomando na Cuia" resultaram fechados para sempre.

Estes dois casos exemplares serão narrados em detalhes neste livro.

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Depois que fui condenado a 2 anos de cadeia no dia 16 de agosto de 2022, tudo por sentença da Juíza da 11a. Vara Criminal de Porto Alegre, Quelen Van Caneghan, os meus advogados Rafael Nunes Leal, Taís Comasseto e Isabela Muller Rocha recorreram ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, protocolando tudo no dia 3 de abril de 2023. 

No dia 23 de setembro, a 8a. Câmara Criminal  do Tribunal de Justiça concluiu inédito acórdão, anulando todo o processo e remetendo-o para a Justiça Federal, sob o elementar entendimento legal de que o suposto crime de homofobia, conforme o alegado, ocorreu de fato no âmbito da internet, rede mundial de computadores regulada por tratados internacionais dos quais o governo federal brasileiro é signatário. 

A Delegada Andrea Matos, a procuradora Ivana Bataglia e a juiza Quelen Van Caneghan tinham ignorado a letra fria da lei.

Mas não só.

No dia 26 de março de 2024, o Procurador Federal Felipe Souza, acionado pelo Juiz Federal Guilherme Beltrami, que recebeu o caso, ignorou a discussão sobre o foro adequado, considerando fato vencido, e foi diretamente ao ponto, fulminando o conteúdo e os termos do inquérito, da denúncia e da sentença. 

Souza pediu o arquivamento da ação. 

Simples assim.

O Juiz Federal Guilherme Beltrami, no mesmo dia, arquivou o processo, que transitou em julgado.

Todos os atores que participaram da orquestração ilegal pagarão pelo que fizeram, menos a Delegada Andrea Mattos, que morreu antes de responder em juízo e fora dele pelas acusações infundadas.

Ao fim e ao cabo, prevaleceu esta manifestação inequívoca a favor da liberdade de expressão, portanto também de imprensa, traduzida em letra de forma pelo Procurador Federal Felipe Souza, tudo no dia 26 de março de 2024:

- Ouso divergir do Ministério Público Estadual do RS e não vislumbrar no texto indução ao pensamento discriminatório, tampouco incitação ao preconceito e discurso de ódio (....) O trecho não contém nenhum tipo de argumentação encadeada (...) Não me parece adequado, quando da formulação da denúncia, pretender emprestar a quaisquer manifestações públicas a pior interpretação possível, capaz de vislumbrar nelas intento criminoso (...) Pelo contrário, a liberdade de expressão é direito fundamental e deve ser ao máximo prestigiada (...) Sendo compatível com a Gramática e a Lógica, mais consentâneo com a dita liberdade, afigura-se-me tentar ler qualquer postagem pública de forma dar ao texto interpretação que não o leve a ser criminializado (...) Tendo sido feita in bonam partem, afasta o caráter criminoso que lhe irrogou o MP-RS).

Fundamentos legais

A acusação

A longo dos 3 anos de tramitação da ação criminal, a Delegada Andrea Matos, a Promotora Ivana Battaglia e a Juíza Quelen Van Caneghan, todas mulheres e operando na primeira instância da Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, esgrimiram reduzidíssimo arsenal de disposições legais, todo ele fulminado pelo juízo competente, que não era o delas, na fase final, na Justiça Federal:

- ADO 26, nos termos do artigo 20, parágrafo 2o da lei 7.716/89.

Trata-se de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, que tornou efetiva a criminalização específica de todas as formas de homofobia e transfobia, como poderia tornar efetiva a criminalização de qualquer outro objeto, conforme o que bem entendesse a Corte, que, aliás, tem feito isto a partir de abril de abril de 2019, quando censurou a revista eletrônica Crusoé, primeira vítima do escabroso inquérito das fake news. O objeto direto da ação movida no STF foi declarar a inconstitucionalidade na falta de lei que punisse a ação discriminatória contra pessoas LGBTQIA+. A Corte acolheu a ação, desconsiderando o fato de que o constituinte de 1988 não incluiu a questão na Carta Magna porque não quis fazê-lo, por não considerar a existência de crime, o que também não quiseram fazer os legisladores federais a partir dali. O constituinte e o legislador ordinário, entenderam e entendem que ofensas de gênero estão suficientemente tipificadas no Código Penal, quando ele trata dos casos de calúnia, injúria e difamação.

A defesa

Os Advogados de Defesa invocaram proteção constitucional, inclusive jurisprudência e dispositivo do Código de Processo Penal, todos garantidores do livre direito de expressão:

- Artigo 220 da Constituição Federal  e tudo que se vincula ao art. 5o, IV, V, X,XIII E XIV, ADPF 1287 sobre livre pensamento, Artigos 395 e  396 e  do Código de Processo Penal.

Tudo começou a mudar, no entanto, apenas quando os Advogados de Defesa Taís Comasseto e Rafael Nunes Leal apelaram ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que decidiu por unanimidade fulminar todo o processo judicial, mantendo apenas os termos do inquérito policial, já que o caso era evidentemente de competência da Justiça Federal, tudo com base no artigo109, V, da Constituição Federal.

O Juiz Federal Guilherme Beltrami mandou ouvir o Ministério Público Federal, que repeliu as acusações, defendeu a aplicação do Artigo 5o da Constituição Federal, já que foi caracterizada a garantia constitucional do princípio da liberdade de expressão, portanto também de imprensa. Além disto, o Procurador Federal Felipe de Souza não quis sequer levar o caso a julgamento, pedindo o arquivamento de tudo.

Na decisão final que aceitou o pedido de arquivamento, o Juiz Federal considerou que não teria outra alternativa senão basear a sentença final no acolhimento do disposto na Lei 13.964/19e  nos Artigo 18 e  28 do Código de Processo Penal, considerando que o Ministério Público Federal é o titular da ação penal em curso, reforçando assim o princípio legal acusatório definido para o caso do processo penal brasileiro.

Sem saber do resultado do processo criminal movido pelo Ministério Público Estadual contra mim, tudo em cima de denúncias de lideranças ligadas ao PSOL, o Vereador do PCdoB, Giovane Cullau, conseguiu aprovar a Lei número 14.197, 24 de março de 2025, que no conteúdo pretendia me atacar. A lei do líder comunista, tradicional aliado do PSOL e do PT, veda "a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais em veículos de notícias ou informações que tenham sido condenados por difusão de notícias fraudulentas – fake news ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito".

A lei chegou a ser conhecida entre os vereadores como Lei Polibio Braga.

Foi outra investida inútil,. já que não era e não é o meu caso, como é possível constatar em qualquer instância judicial.

CAPÍTULO II
A Origem


A defesa da liberdade de expressão, mais especificamente a liberdade de imprensa, é uma das principais batalhas destes tenebrosos anos do Século XXI, como já foi antes, nos séculos anteriores, desde que Gutenberg, 1439, inventou sua galáxia de tipos móveis e que deu início à revolução da imprensa, fundamental no desenvolvimento da Renascença, da Reforma e da Revolução Científica, tudo que lançou as bases materiais para a moderna civilização, baseada no conhecimento e na disseminação em massa da informação, o que inclui a aprendizagem em larga escala.

No século XXI, como no Século XV, os poderosos de plantão operam de modo sutil ou descaradamente para impor mordaças aos meios, às mensagens e até a eliminação dos mensageiros que os desagradam.

Foi em tudo que isto que pensei ao me dirigir ao interrogatório exigido pela jovem e bela Delegada Andrea de Melo da Rocha Mattos Reschke, a primeira ocupante da então novíssima Delegacia de Combate à Intolerância, inaugurada com grande pompa e circunstância pelo Governador Eduardo Leite no dia 10 de dezembro de 2020, quase ao final do seu primeiro mandato. Na ocasião, a nova Delegacia e Andrea, foram imediatamente paparicados pela mídia tradicional e também por toda a vanguarda do atraso. Uma romaria de políticos comunistas foi prestigiar pessoalmente a Delegada. Dou ênfase para a visita da Deputada do PSOL, Luciana Genro. Ambas, sorridentes, tiraram foto na porta da Delegacia. O deputado estadual do PT, Leonel Radde, entregou-lhe a Medalha do Mérito Farroupilha. 

Aquele início da tarde do dia 25 de março de 2021, pareceu tão sombrio quanto os dias que o antecederam e sucederam, tudo porque Porto Alegre, o Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo todo estavam acossados pela pandemia da Covid-15.

A Delegada Andrea Mattos morreu dois anos depois, de câncer.

Um ano antes, no dia 2 de setembro de 2022, morreu o pai de Andrea Mattos, no caso o ex-Delegado Federal, Ex-Procurador Federal e ex-Juiz Federal João Carlos da Rocha Mattos, que vivia em São Paulo. 

Pouca gente dentro e fora do governo sabia do parentesco.

Rocha Mattos deixou a magistratura depois de ter sido alvo de inquérito que apontou um esquema de venda de sentenças judiciais. Ele já havia sido condenado anteriormente por corrupção e formação de quadrilha. 

Em 2015, o ex-juiz foi condenado a 17 anos, cinco meses e dez dias de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a denúncia, ele recebeu valores sem origem justificada e enviou ilegalmente quantias para uma conta bancária na Suíça com o auxílio da ex-mulher, Norma Regina Emílio Cunha.

Sua primeira condenação ocorreu em 2003, por formação de quadrilha, denunciação caluniosa e abuso de autoridade. Ele cumpriu oito dos 12 anos da sentença até ir para prisão domiciliar em abril de 2011. Voltou a ser preso em outubro de 2016 para cumprir pena pelo crime de peculato, pelo qual foi condenado, em junho de 2006 a quatro anos e seis meses de prisão. Em 2020, Rocha Mattos foi para prisão domiciliar por causa da crise sanitária imposta pela Covid-19 e, posteriormente, foi para o regime aberto. No mesmo ano, dois imóveis que pertenciam a ele foram a leilão.

.......

O Advogado Pedro Lagomarcino foi quem me acompanhou até o acanhado prédio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, instalada em enxutas, espartanas e novíssimas instalações no bairro São Geraldo, a poucos minutos do Centro Histórico de Porto Alegre.

Chegamos no horário, 14h.

A Delegada Andrea Mattos chegou mais tarde. Ela se desculpou pelo atraso. Na época, eu ainda não sabia que a Delegada já lutava contra um câncer que poucos anos depois a mataria.

Não houve troca de gentilezas, porque o escrivão de plantão já anotava os primeiros dados preparatórios ao interrogatório.

Na parede da sala onde eu e o Advogado Pedro Lagomarcino respondíamos ao questionamento da Delegada, percebemos uma placa com esta advertência ilegal e  canalha, colocada como aviso na parede:

- Seu silêncio pode ser interpretado como culpa.

O silêncio nesta fase de interrogatório policial é garantido por qualquer legislação penal de países civilizados, inclusive Brasil, e nem de longe pode ser tomado como confissão de culpa.

Mais tarde, representamos contra a ilegalidade.

Eu me apresentei propositadamente com uma máscara respiratória protetora semi-facial Epi com 2 filtros, não só pelo risco de contrair o vírus, mas também porque sempre considerei tóxicos os ambientes de delegacias policiais, salas de audiências e cárceres em geral, tudo por experiência própria.

Não chovia na Capital, naquele momento, 14h. Segundo o Inmet, os termômetros marcavam 12,4o e a pressão atmosférica batia em 1.015,7, mas nuvens negras ameaçavam a iminência de chuvas sobre Porto Alegre.

Era um dia sombrio.

Antes mesmo do interrogatório conduzido pela Delegada Andrea Matos, o escrivão fez algumas perguntas de praxe, avisando que  eu seria ouvido como suspeito e teria direito a permanecer calado. Em seguida, ele perguntou:

- O senhor já foi preso anteriormente ?

Claro que sim. E não foi apenas uma vez. Eu conto minhas prisões políticas durante o regime militar no livro "Ahú - Diários de Minhas Prisões Políticas"

Ainda sem a presença da Delegada, que parecia não chegar nunca, o Escrivão resolveu ler o histórico da ocorrência, começando pelo resumo do Boletim de Ocorrência, o BO protocolado pelos ativistas de extrema-esquerda Gabriel Galli Arévalo e Carlos Krebs:

“ Houve ofensas a alguém, foram atribuídas ofensas reforçando a vítima no meio social em que ele vive, foram atribuídas qualidades negativas aos defeitos da vítima. Ofensas à vítima constitui na utilização de elementos discriminatórios referente a raça e etnia, a vítima não foi agredida fisicamente. A Delegacia de Polícia de combate à tolerância DPCI, conforme imagem anexada, o jornalista proferiu ofensas a todas as pessoas LGBT relacionando-as à prática de zoofilia. 

Eis a nota:

“ Eduardo Leite manda bordar as cores do arco-íris gay na fachada do Piratini” 

A foto é assunto em todo Brasil e também no exterior. O governador Eduardo Leite decidiu comemorar em alto estilo a legalização do homossexualismo como a opção da vontade sexual das pessoas e não como uma patologia. Pelo menos no ponto de vista da polêmica OMS. Ontem foi o dia internacional do universo LGBTQIA+ que engloba não só o homossexualismo, mas ainda não compreende a zoofilia, fenômeno que ocorre com pouca frequência em barrancos e coxilhas pouco frequentadas. Rio Grande do Sul, a política estadual de atenção e integração de uma população LGBTQIA +  implantada com decisão por Eduardo Leite visa elaborar, estimular, apoiar, participar, e promover eventos, estudos, pesquisas, debates e ações que envolvam discussões de saúde da população LGBTQIA +. O relato mais recente do grupo gay da Bahia, GGB, divulgado no início de 2019 resultou que 2018 ocorreu 420 mortes de LGBTs no Brasil, 320 homicídios e 100 suicídios.

 O imbroglio todo começou com uma curta nota publicada no blog www.polibiobraga.com.br:

O governador Eduardo Leite decidiu comemorar em alto estilo a legalização do homossexualismo como opção da vontade sexual das pessoas e não como uma patologia, pelo menos do ponto de vista da polêmica OMS. Ontem foi o Dia Internacional do Universo LGTBQIA+, que engloba nao apenas o homossexualismo, mas ainda não compreende a zoofilia, fenômeno que ocorre com pouca frequência em barrancos de coxilhas do Rio Grande.No RS, a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População LGBTQIA+, implantada com decisão por Eduardo Leite, visa laborar, estimular, apoiar, participar e promover eventos, estudos, pesquisas, debates e ações que envolvam discussões de saúde da população LGBTQIA+.  O relatório mais recente do Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgado no início de 2019, registrou que em 2018 ocorreram 420 mortes de LGBTs no Brasil - entre 320 homicídios e 100 suicídios.

.....

CAPITULO III
A Delegada Andrea Matos

Naquele início de tarde do dia 25 de maio de 2021, em plena pandemia do vírus chinês, depois conhecido mundialmente como Covid 19, eu e o Advogado Pedro Lagomarcino  aguardávamos a chegada da Delegada Andrea Mattos, mas como ela estava muito atrasada, o Escrivão Abayomi Mandela Silva Felix, que registraria o interrogatório, resolveu iniciar tudo pela parte introdutória desses tipos de caso, ou seja, pela qualificação do depoente. 

Um pouco antes de ingressarmos na sala da inquisição, pedi ao meu Advogado, o Dr. Pedro Lagomarcino, que ativasse o modo "gravador" no seu celular, tudo com o objetivo de registrar até a respiração da Delegada Andrea Mattos. Eu imaginava que ela produziria um resumo canhestro da conversa, o que realmente acabou acontecendo, incapaz de fornecer o verdadeiro ambiente ocorrido ali, mas também imprestável no caso de registrar o exato conteúdo da conversação, porque foi muito mais uma conversação do que uma inquisição o que aconteceu, embora a isto eu tenha sido forçado.

Ainda assim a oitiva foi muito mais civilizada do que o interrogatório a que fui submetido anos antes, em 1969, por um oficial do Exército vinculado à Operação Bandeirante, a temida Oban, deslocado para Porto Alegre, em pleno regime militar. Ao me ver algemado nas instalações do Dops, na Avenida Ipiranga, Porto Alegre, ao lado do Delegado Pedro Seelig o oficial disparou perguntas que não fizeram sentido para mim, confundindo-me. Incontinenti, ele passou a mão na minha língua e denunciou:

- A língua está seca. Ele está mentindo.

Eu não estava mentindo e nem falando a verdade.

Sem acusações e sem ser interrogado, fui depois de duas semanas libertado da cela escura, vazia, que continha apenas um caninho para circulação de ar, colocado ao alto de uma das paredes do Dops, sem sequer um pedido de desculpas.

Era este o tipo de ambiente que eu quis registrar quando pedi ao Dr. Pedro Lagomarcino que gravasse tudo no seu celular, mesmo sem o conhecimento da Delegada Andrea Mattos.

(incluir fac simile do resumo)

A máscara respiratória protetora semi-facial Epi com 2 filtros, meus problemas de audição, a baixa temperatura em Porto Alegre naquele momento, 14 horas, e a tensão do ambiente, dificultaram o início da conversa:

Escrivão: Qual a profissão do Senhor ? 
Políbio: Como? 

Escrivão: Qual a profissão do Senhor ? 
Políbio : Jornalista 

Escrivão: E o seu endereço ?
Políbio : Eça, Eça com “Ç”, Eça de Queiroz. 

Escrivão: Está bem. Então só apresentando algumas informações, que são seus direitos constitucionais. O senhor vai ser ouvido aqui como suspeito nesse caso. Então o senhor tem direito a permanecer em silêncio, só falar em juízo e o senhor também tem direito a presença do advogado. 
Políbio: Sim, sim

Escrivão: O Sr. Já foi preso anteriormente? 
Políbio : Se eu já fui preso? 

Escrivão: É. 
Políbio: já! 

Escrivão: O Sr. Possui algum vicio? 
Políbio: Desculpe?

Escrivão: O Sr. Possui algum vício? 
Políbio : Vício? 

Escrivão:  É
Políbio: Não. 

Escrivão: Morou com os pais até quantos anos? 
Políbio: Não consegui entender o que você falou.

Escrivão: Morou com seus pais? 
Políbio: Se eu morei com meus pais? Morei.

Escrivão: Até quantos anos? 
Políbio: É...17 anos.

Escrivão: Começou a trabalhar com quantos anos? 
Polibio: Com 13 anos 

Antes de ser ouvido pela Delegada Andrea Mattos, eu já tinha sido interrogado, inúmeras vezes por policiais, oficiais militares, delegados federais e estaduais, promotores, procuradores, juizes e desembargadores, e algumas perguntas sempre me surpreenderam pela imbecilidade delas.

Não foi diferente nesta oitiva na Delegacia de Combate à Intolerância.

O que pode interessar para o caso de um inquérito do gênero, saber quantos anos eu morei com meus pais ou se eu tenho algum vício. E que tipo de vício ? Nem mesmo nos mais acesos interrogatórios policiais ou militares, debaixo de pancadaria, qualquer agente estatal me fez tal tipo de pergunta, a não ser este Escrivão e, mais tarde, uma magistrada de Vara Penal que queria saber se eu me drogava. 

Se eu me drogava ?

Fiquei perplexo.

E se eu me drogasse, que efeito teria isto na ação penal movida contra mim ?

E a Delegada Andrea Mattos demorava a chegar.

Foi então que o Escrivão resolveu ir adiante e passou a ler o Boletim de Ocorrência apresentado por ativistas de uma ONG chamada "Somos", Gabriel Galli Arévalo e Carlos César Klein, todos eles ligados à extrema esquerda gaúcha, com ênfase para o PSOL. Sao indivíduos de ligações fortes com as Deputadas Luciana Genro e Fernanda Melchionna. Na época, Galli Arévalo era ocupante de Cargo em Comissão do gabinete de Melchionna.

A Deputada Luciana Genro é minha velha conhecida e costuma fazer a alegria dos meus advogados. Ela, seu pai Tarso Genro e seu primo, o então Capitão Adelmo Genro, ex-Chefe da Defesa Civil d Porto Alegre, moveram processos penais contra mim, alegando crimes de opinião. Eles perderam em todas as instâncias. 

Luciana e seu pai, além do seu ex-marido, o Vereador Roberto Robaiana, são personagens recorrentes do meu livro "Cabo de Guerra", e nenhum deles é retratado com cores favoráveis. 

Ao contrário de Luciana Genro, eu não conheço pessoalmente a  sua companheira de extrema esquerda, a Deputada Fernanda Melchionna.

É mais do que evidente que Luciana Genro e Fernanda Melchionna estavam por trás do BO registrado na Delegacia de Combate à Intolerância.

Eis o que leu para mim o Escrivão Abayomé Mandela Silva Felix:

Escrivão: Tá...enquanto a Delegada não chega, vou ler para o senhor aqui o histórico da ocorrência. Quando ela chegar a gente dá continuidade, tá? 

“ Houve ofensas a alguém. Foram atribuídas ofensas reforçando a vítima no meio social em que ele vive, foram atribuídas qualidades negativas aos defeitos da vítima. Ofensas à vítima constitui na utilização de elementos discriminatórios referente a raça e etnia, a vítima não foi agredida fisicamente. A Delegacia de Polícia de combate à tolerância DPCI, conforme imagem anexada, o jornalista proferiu ofensas a todas as pessoas LGBT relacionando-as à prática de zoofilia. 

Verifique anexo.” 

Escrivão: O autor Sr. Polibio Braga e ele no caso. O texto que se refere é esse aqui, né. 

“ Eduardo Leite manda bordar as cores do arco-íris gay na fachada do Piratini” 

Foto de Felipe Dalla Valle - Fotógrafo contratado pelo Piratini. 

A foto é assunto em todo Brasil e também no exterior. O governador Eduardo Leite decidiu comemorar em alto estilo a legalização do homossexualismo como a opção da vontade sexual das pessoas e não como uma patologia. Pelo menos no ponto de vista da polêmica OMS. 

Ontem foi o dia internacional do universo LGBTQIA+ que engloba não só o homossexualismo, mas ainda não compreende a zoofilia, fenômeno que ocorre com pouca frequência em barrancos e coxilhas pouco frequentadas. 

Rio Grande do Sul, a política estadual de atenção e integração de uma população LGBTQIA +  implantada com decisão por Eduardo Leite visa elaborar, estimular, apoiar, participar, e promover eventos, estudos, pesquisas, debates e ações que envolvam discussões de saúde da população LGBTQIA +. 

O relato mais recente do grupo gay da Bahia, GGB, divulgado no início de 2019 resultou que 2018 ocorreram 420 mortes de LGBTs no Brasil, 320 homicídios e 100 suicídios. 

CAPÍTULO IV
O interrogatório

Concluída a parte cartorial inicial do interrogatório, a qualificação, não foi preciso aguardar mais tempo algum para a chegada da Delegada Andrea Matos. 

Ela foi direto ao ponto:

Delegada: Olá, tudo bem? 
Advogado: Olá, boa tarde. Tudo bem? 

 Delegada: O Senhor é Advogado? 
Advogado: Sim! Sou Advogado do Políbio. Isto. 

Delegada: Primeiramente, obrigada Senhor Advogado, pela sua presença.  A ideia, Jornalista, é conversar com o senhor, entender o que aconteceu...o que que o senhor quis dizer quando escreveu aquilo...enfim, basicamente isso.   
Políbio: A senhora quer que eu explique o que eu quis escrever, é isso? 

Delegada: Ahmm. Justamente. Isso que eu gostaria que o senhor falasse. 
Políbio: Bom, o que eu tenho a declarar sobre isso é que o texto é autoexplicativo. 

Delegada: O senhor quis dizer o que está escrito ali? 
Políbio: É exatamente aquilo ali, é o que está escrito no meu texto, não na denúncia. 

Delegada: Não, claro ! No seu texto, justamente. E o senhor acredita que tenha feito uma declaração de cunho homofóbico? 
Políbio: Em absoluto! Não fiz. Não é esse o sentido. 

Delegada: Não é esse o sentido .... Então, até desculpa algumas perguntas, elas terão um tom até meio retórico, mas eu gostaria de entender exatamente o que o Senhor quis dizer. Tá, não foi a intenção, mas o que o senhor acha que levou a crer que essa seria a intenção.  
Políbio: Na minha atividade como jornalista - eu sou jornalista polêmico - volta e meia as pessoas não fazem uma análise léxica do meu texto e interpretam sempre de uma maneira incorreta. E eu acho que foi o que aconteceu. 

Delegada: E a questão da comparação...da aparente comparação com a zoofilia? 
Políbio: Não existe essa comparação no texto. 

Delegada: Não existe essa comparação ... 
Políbio: Não existe, ela não foi feita pelos extremistas de esquerda que me denunciaram. É só dar uma olhadinha no advérbio atemporal que foi usado, ele não faz essa conexão. 

Delegada: É por que o senhor citou então a zoofilia? 
Políbio: Como eu poderia ter citado qualquer outra coisa ali. 

Delegada: Então não teve nenhuma comparação de ordem moral? 
Políbio: Não, não. O texto não é comparativo. Não é um nexo de comparação de texto, qualquer análise léxica pode demonstrar que não é assim: o advérbio não é utilizado para efeitos de comparação, de modo. Estas pessoas horríveis que entenderam de maneira diferente e fizeram essa comparação, é porque provavelmente não estudaram muito bem o português, entende ? 

Delegada: Mas se a gente pega aqui, ó: vamos pegar os comentários, tá? Isso aqui o senhor não tem controle, né? Isso aqui as pessoas escrevem o que elas querem. 
Políbio: Não, não tenho controle sobre isso aí e nem é responsabilidade legal minha ser responsável pelo que é publicado como opinião de leitor.ç
Delegada: Justamente. 
Políbio: Eu não censuro os meus comentários e mesmo que censurasse, a responsabilidade por eles não é minha, segundo dispõe claramente o Marco Civil da Internet.. 
Delegada: Sim, sim. E também não é um dever do senhor, mas pelo que a gente percebe aqui, grande parte das pessoas, ali, corroboraram com o que foi escrito. O senhor entende que as pessoas corroboraram, quanto as pessoas que criticaram o que foi escrito, que ambos os grupos não entenderam o que o senhor quis dizer. 
Políbio: Olha, sinceramente...deixa eu dizer duas coisas a respeito disso: 
Primeiro, eu não leio todos os comentários e eu não sei nem do que a senhora está falando. 
Delegada: O senhor quer dar uma olhada? 
Políbio: Não quero não. Isto não me interessa.
Delegada: Não quer olhar…
Políbio: Não. Então a primeira é que eu não leio todos os comentários e segundo, os investigados ou denunciados não são eles, mas sou eu, não ?
Delegada: Eu fiz uma pergunta pro senhor e o senhor tem a liberdade de responder ou não. Então o senhor disse que não lê os comentários, que não bloqueia os contatos, eu não estou fazendo nenhuma análise com relação ao que o senhor está falando, estou sendo objetiva. 
Polibio: Cada comentário desses, a pessoa que fez a crítica é responsável por ele, mesmo que seja mínima a opinião. Ora, basta peticionar em juízo e quebrar o protocolo da internet que vai chegar ao autor, entende ?
Delegada: Então bom, o Senhor não lê, não bloqueia e não é responsável pelos comentários. 

Delegado: Vamos ver o que você colocou aí até agora. 

Escrivão 
O declarante afirma que o seu texto é autoafirmativo/autoexplicativo. Garante que não teve a intenção que o seu texto fosse interpretado como sendo homofóbico. 

Perguntado sobre a comparação com a zoofilia, responde que não houve esse tipo de comparação no seu texto. Perguntei sobre ter citado a zoofilia, responde que não há nenhum motivo específico para o uso do termo “ zoofilia”. Garante que não há comparação no uso de advérbios que permitam tal comparação com a zoofilia. 

O declarante afirma que tal observação somente poderia ser realizado por pessoas com dificuldade na língua portuguesa. Perguntado sobre as pessoas comentarem no seu texto e interpretar como sendo termo homofóbico, responde que não lê e que não é responsável pelos comentários. 

Delegada: O senhor tem mais alguma coisa pra falar sobre isso ou alguma observação que o senhor quer que conste aqui no depoimento? 

Políbio: Não. A senhora quer saber mais alguma coisa ? Pode perguntar. 
Delegada: Não, na verdade eu queria saber realmente se havia alguma relação, esse termo me chamou atenção, né...Se pode levar a entender, não estou dizendo pelo entendimento meu, mas de que existe alguma relação com a zoofilia. O senhor disse que não. 
Políbio: Isto lhe chamou atenção? Também? 
Delegada: Acho que não cabe a mim responder esse tipo de pergunta. Na verdade é o que vem na denúncia, não estou falando da minha interpretação, a minha interpretação aqui, neste momento, nem cabe. 
Políbio: Ah, tá. 
Delegada: Eu estou falando do teor da denúncia, enfim.  
Políbio: Foi o que lhe chamou atenção, né ? Tem outras colocações ali, mas o que lhe chamou atenção foi isso, né ? 
Delegada: Não estou falando que me chamou atenção, eu tenho que perguntar o que chamou atenção da pessoa que fez a denúncia. Segundo a alegação, seria com relação ao termo homossexualismo, se isso denotaria algum tipo de patologia. 
Políbio: Aquele negócio da Organização Mundial da Saúde, a OMS, né? Ah, tá. 
Delegada: Na visão do senhor, eu quero saber na visão do senhor, usar esse termo homossexualismo com o final “ ismo”, isso denotaria uma ideia de que a opção sexual seria uma doença? 
Políbio: Eu não quero falar sobre esse assunto. Acho que é irrelevante. Gostaria que registrasse que na minha opinião isso é irrelevante, eu não vou entrar numa discussão científica, tá? 
Delegada: Tudo bem. 

Eu acho que é isto. Mais alguma coisa? 
Advogado: Eu gostaria, apenas, de registrar, se a senhora me permitir, Delegada, que ele destacou no final do texto, foi um grande parágrafo em que ele trouxe todos os dados em relação ao que ocorre na realidade e isso não foi pontuado, pelo menos não nas perguntas da senhora, com o devido respeito, mas ele faz um relato sobre todo histórico que existe de agressão exatamente a essa comunidade. Então, nessa questão, O jornalista deixa claro que o texto é autoexplicativo. Ao meu ver, isso é importantíssimo. 

Delegada: Então, tá. Vou ajustar. 
Advogado: Que a denúncia, na verdade, ela se debruça sobre essas marcações que estão em rosa, né. 
Delegada: Sim, justamente por isto que nós marcamos aqui, não é uma opinião nossa, é o que chegou pra nós. 

Delegada: Acho que é isso. Por mim é isso. Se não tiver mais nada a acrescentar…mais nada a acrescentar? 
Políbio: Não tenho nada a acrescentar. 

Delegada: Qualquer coisa, a gente volta a entrar em contato.

CAPÍTULO V
Assassinato de Reputação

A ONG Somos, ligada de forma umbilical a ativistas e dirigentes gaúchos do Psol, com ênfase para os casos das deputadas Luciana Genro e Fernanda Melchionna, e a Delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância, criada em 2021 pelo primeiro governador assumidamente gay do Rio 
Grande do Sul, não trabalharam sozinhos e, sim, de forma orquestrada com o Ministério Público Estadual, tudo para assassinar a minha reputação.

Em prazo curto, a ONG Somos registrou BO, em prazo mais curto ainda a Delegada Andrea Mattos me indiciou e em velocidade extrema a Promotora Ivana Machado Moraes Battaglin me denunciou criminalmente.

E não foi só isto.

Há 50 anos venho respondendo processos judiciais criminais, cíveis e militares, sempre recheados por acusações no âmbito do meu trabalho jornalístico ou mais amplamente por usar livremente a garantia constitucional da liberdade de expressão, mas em nenhum caso anterior ocorreu uma campanha explícita, midiática, inclusive administrativa, de assassinato de reputação, como se deu nesta sórdida investida contra minha liberdade, minha honra, minha profissão, minha renda e meu patrimônio, portanto os meios de minha sobrevivência como profissional e pessoa humana.

Os principais protagonistas dessa orquestração puderam ser identificados pelos meus Advogados Taís Comasseto, Rafael Leal, João Darzone e Pedro Lagomarcino. Eles moveram ações junto aos agentes do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul, da Assembleia do Estado e da Câmara dos Deputados. 

Mais tarde, depois do caso transitado em julgado, o dr. Alexandre Gotz das Neves foi contratado pro bono para levar a juízo os diretores da ONG Somos, a própria ONG e a Deputado Luciana Genro. O controle da mão mudou.

Os responsáveis por toda a perversa orquestração são agrupados por mim em dois núcleos cujos líderes estiveram articulados entre si, contanto ou não com colaboradores, no caso a Coordenadoria da Diversidade Sexual e a Secretaria da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social do MPRS (Núcleo 1) e a Deputada Estadual Luciana Genro (Núcleo 2).

NÚCLEO 1
Ministério Público aplica fake news contra mim

Foi neste núcleo que uma campanha midiática se estabeleceu, tudo para construir a falsa narrativa construída pela ONG Somos, a Delegada Mattos e o MPRS imputaramndo-me a "prática de indução e incitação à discriminação e ao preconceito de cunho homofóbico", conforme publicação que o Ministério Público Estadual disponibilizou no seu site no dia 29 de julho de 2021, exatamente às 13h26m.

No mesmo dia exigi direito de resposta, mas isto me foi negado. O recurso ao Judiciário foi infrutífero. As decisões contrárias ao pedido ferem as razões de direito. De qualquer modo, publiquei meu direito de resposta no blog www.polibiobraga.com.br:

O ataque do MPRS contra a liberdade de imprensa e de expressão

No dia 29 de julho de 2021, no seu site, o Ministério Público do RS abriu espaço para que a Coordenadoria de Diversidade iniciasse ataque pouco oblíquo, elogiando a decisão da Delegada Andrea Mattos de me denunciar. 

O título da matéria não deixou margem a qualquer dúvida:

- Coordenadoria de Diversidade apoia investigação contra homofobia.

No texto, mesmo sem me ouvir, o MPRS resolveu que eu era culpado pelo crime de homofobia e que precisava ir para a cadeia: "Nesse sentido, a Coordenadoria acompanha a denúncia oferecida pelo Ministério Público, no dia 15/7, contra o jornalista Polibio Braga, por prática de indução e incitação à discriminação e ao preconceito de cunho homofóbico".

Sob uma bandeira do arco íris, símbolo do movimento gay, a coordenadora da diversidade sexual Gabriela Lorenzi, demonstrou de que lado se colocou: "A importância dessas ações, após a decisão do STF que enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo, tem, também, o caráter de coibir falas LGBTfóbicas baseadas na liberdade de expressão". Gabriela Lorenzi chegou a declarar, na entrevista, que a Delegada Mattos e o MPRS "atuaram de brilhantemente após a denúncia da ONG Somos contra o jornalista Políbio Braga por crime de homofobia".

Ops !

A Promotora Gabriela Lorenzi, a Delegada Andréa Mattos, o MPRS, Luciana Genro, Melchionna e a ONG Somos, mas não apenas eles, tiveram, mais tarde, que engolir cada uma das suas falsas acusações.

A seguir, o texto integral da matéria publicada pelo site do Ministério Público Estadual. Depois da publicação feita sem contraditório algum, o MPRS negou-me direito de resposta.

Coordenadoria de Diversidade apoia investigação contra homofobia

Publicação: 29/07/2021 às 13h26min

Bandeira do movimento LGBTQIA+

Por meio da Coordenadoria da Diversidade Sexual, a Secretaria da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social trabalha para que não seja tolerado qualquer tipo de ação discriminatória, pois o respeito à diversidade e à dignidade humana é um aspecto fundamental em nossa sociedade.

Neste sentido, a Coordenadoria acompanha a denúncia oferecida pelo Ministério Público, no dia 15/7, contra o jornalista Políbio Braga, por prática de indução e incitação à discriminação e ao preconceito de cunho homofóbico. A ação foi formulada com base na investigação realizada pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre.

No dia 18 de maio de 2021, o jornalista publicou, em seu blog, um artigo intitulado “Eduardo Leite manda bordar as cores do arco-íris gay na fachada do Piratini”, sobre a iluminação do Palácio Piratini com as cores da bandeira LGBTQIA+, no Dia Internacional contra a LGBTfobia. No texto, constam frases percebidas como de caráter homofóbico, como: “o governador Eduardo Leite decidiu comemorar em alto estilo a legalização do homossexualismo como opção da vontade sexual das pessoas e não como patologia, pelo menos do ponto de vista da polêmica OMS” e “ontem foi o Dia Internacional do Universo LGTBQIA+, que engloba não só o homossexualismo, mas ainda não compreende a zoofilia”.

Para a coordenadora da diversidade sexual Gabriela Lorenzet, este é um movimento muito importante para garantir o respeito à população LGBT. “A importância dessas ações, após a decisão do STF que enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo, tem, também, o caráter de coibir falas LGBTfóbicas baseadas na liberdade de expressão” e reiterou a atuação da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre e do Ministério Público do Estado, “que atuaram brilhantemente após a denúncia da ONG Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade contra o jornalista Políbio Braga por crime de homofobia”.

A Coordenadoria espera que o episódio seja esclarecido o mais rapidamente possível, que as responsabilidades sejam apuradas, pois entende que o amadurecimento da sociedade passa pelo combate a toda forma de intolerância. O objetivo do poder público é evitar que situações semelhantes se repitam.

Apesar do pedido de direito de resposta, o Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul negou abrir espaço, alegando que o site usado para me caluniar, injuriar e difamar, tinha apenas caráter institucional e que portanto não tinha cunho jornalístico, algo que nem mesmo o Marco Civil da Internet distingue. 

Mentira pura.

A busca pela proteção jurisdicional também resultou fracassada.

Diante disto, a alternativa, então, foi usar o próprio blog www.polibiobraga.com.br para responder às pérfidas acusações e provocações feitas pelos agentes públicos do Ministério Público Estadual, que em momento algum permitiram o contraditório, ignorando até mesmo o princípio básico do jornalismo, que é o de ouvir a outra parte. 

Direito de resposta

Direito de resposta

Este texto corresponde ao direito de resposta exigido pelo editor do blog www.polibiobraga.com.br, citado e acusado nominalmente através do site do Ministério Público Estadual, sem que tenha sido ouvido e baseado unicamente nos termos de inquérito policial aberto em cima de uma denúncia de organização não governamental, ONG, que se sentiu desrespeitada em seus direitos civis.

No Brasil atual, existe uma perseguição clara contra jornalistas que usam a liberdade de expressão, portanto também de imprensa, para que se calem diante do discurso único que tenta impor suas opiniões, tentando suprimir o direito constitucional e legal à informação e ao contraditório, apanágio de qualquer sociedade civilizada. Na nota, a representante do MPE não é sequer capaz de tipificar legalmente o caso de homofobia, já que o constituinte de 88 jamais fez isto e jamais o legislador tipificou-o. O que existe é uma jurisprudência polêmica, extremamente subjetiva, estabelecida pelo STF, comparando homofobia a crimes de racismo.

O MPE no seu site do dia 15, informou que ofereceu denúncia contra o jornalista Políbio Braga por prática de indução e incitação à discriminação e preconceito de cunho homofóbico. A notícia informa que a ação foi formulada com base no inquérito policial oriundo da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância em Porto Alegre, mas não revela quais foram os termos do inquérito.

A bem da verdade dos fatos, o editor do blog www.polibiobraga.com.br publica no link a seguir os exatos termos do inquérito, de acordo com transcrição fiel de tudo que aconteceu durante a oitiva realizada pela delegada do caso. CLIQUE AQUI para ler o texto integral do interrogatório e perceber que no texto publicado pelo jornalista e nas respostas que deu na delegacia, nada há que cheire a homofobia.

Não há, no texto do blog, “nenhuma prática de indução e incitação à discriminação e preconceito de cunho homofóbico”, ao contrário do que conta a promotora de Justiça Ivana Machado Moraes Battaglin na nota publicada neste site.

Diz a nota do site do MPE: “Ivana destaca que a conduta do denunciado configura a prática de homofobia, pois menospreza a dignidade humana das pessoas integrantes da população LGBTQIA+, atingindo-os de modo genérico por sugerir a patologização e a imoralidade das identidades de orientação sexual e de gênero nela inseridas”. Não é verdade. O jornalista tem 60 anos de profissão como jornalista profissional, escritor, advogado inscrito na OAB sob número 8771 e esta é a primeira vez na sua vida que enfrenta acusações tão desarrazoadas e pelas quais já busca em juízo e fora dele a devida reparação civil e criminal.


NÚCLEO 2
LUCIANA PEDE BOICOTE DA ASSEMBLEIA
Aliança de Ferro une Luciana Genro, Psol, e Gabriel Souza, MDB.

https://lucianagenro.com.br/2021/05/apos-pedido-de-luciana-genro-blog-lgbtfobico-perde-patrocinio-da-assembleia
21.5.21

Tão logo a Delegada Andrea Mattos pediu meu indiciamento e o Ministério Público Estadual decidiu aceitar o pedido e me denunciou judicialmente, no dia 21 de maio de 2021, a Deputada Luciana Genro, PSOL, a quem são ligados dirigentes da ONG Somos, dirigiu-se ao então Presidente da Assembleia e mais tarde Vice-Governador do Governo tucano de Eduardo Leite, Gabriel Souza, para exigir o cancelamento do contrato de publicidade existente entre meu blog www.polibiobraga.com.br e o Poder Legislativo.

A Deputada vem do PT, cujos governos de Olívio Dutra e do próprio pai de Luciana Genro, Tarso Genro, durante seus mandatos na Prefeitura de Porto Alegre e no Governo do Estado, executaram multiplicados meios para garrotear meus serviços jornalísticos, como narrado nos meus livros "Vanguarda do Atraso", "Herança Maldita - Os 16 anos do PT em Porto Alegre" e "Cabo de Guerra".

Ela revelou-se boa aprendiz.

A expedição exitosa da Deputada do extremista PSOl, Luciana Genro, foi contada por ela mesma nesta publicação a seguir, datada de 15 de julho de 2021:

Após a ONG Somos denunciar uma postagem preconceituosa de Políbio Braga em seu blog, a deputada Luciana Genro (PSOL) solicitou ao presidente da Assembleia Legislativa que retirasse um anúncio publicitário que o Parlamento mantinha em seu site. O presidente Gabriel Souza atendeu ao pedido e removeu o patrocínio.

“Uma vitória da luta de toda a comunidade LGBT, afinal de contas não podemos financiar discurso de ódio, ainda mais com recursos públicos”, disse a deputada. O movimento Sleeping Giants RS também está lutando para alertar empresas e órgãos públicos a respeito de seus anúncios veiculados no blog de Políbio.

O post denunciado pela ONG Somos associa a população LGBT à prática de zoofilia ao comentar a iluminação do Palácio Piratini com as cores do orgulho LGBT na segunda-feira, dia 17, data em que se celebrou o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Os ativistas da ONG Somos realizaram um boletim de ocorrência contra Políbio por crime de homofobia em virtude de sua postagem

PEDEM MINHA MORTE NO FACE DA LUCIANA

No próprio Facebook da Deputada do PSOL, Partido nanico de extrema esquerda, nascido de uma dissidência do PT. seguidores de Luciana Genro me insultaram, inuriaram, difamaram e caluniaram, inclusive com ameaças de morte, como esta:

Carlos Jose Dos Santos
Esse cara tem mais é q morrer.

Esta outra seguidora de Luciana Genro usou idosofobia para me atacar:

Marilia Verissimo Veronese
te aposenta, velha múmia obsoleta!

Moa Porto preferiu baixar ainda mais o nível, sem censura da responsável pela rede social extremista de Luciana Genro:








Os comentários ofensivos cessaram por completo depois que acionei meus Advogados para interpelar e processar civil e criminalmente pelo menos dois dos autores, escolhidos aleatoriamente para que servissem de exemplo.

Todos se acovardaram e recolheram os flaps.

O texto completo da deduração feita por Luciana Genro e os comentários insultuosos dos seus seguidores foram salvos por mim neste endereço:
https://www.facebook.com/LucianaGenroPSOL/posts/361020412045059/

No mesmo dia 15 de julho de 2021, reverberaram entre os aliados do PSOL, todo o texto comemorativo da denúncia feita contra mim pelo Ministério Público Estadual a partir de registro de BO por parte da ONG Somos e do indiciamento patrocinado pela Delegada Andrea Matos, e comemorando a asfixia financeira exigida por Luciana Genro junto ao Deputado Gabriel Souza.

Basta procurar no Google, porque lá continuam registros de 15 de julho de 2021:

1) Como o do site Extra Classe, controlado pelo Sindicato dos Professores do RS, o Sinpro (https://www.extraclasse.org.br/justica/2021/07/ministerio-publico-denuncia-polibio-braga-por-homofobia/

2) Como o do X da Deputada Federal Fernanda Melchionna, aliada de Luciana Genro (https://x.com/fernandapsol/status/1415843807665565708).

Poucos dias depois, no dia 27 de junho de 2021, os Advogados João Darzone Júnior e Pedro Lagomarcino interpelaram a Deputada Luciana Genro junto ao Tribunal de Justiça, visando obter mais informações, confirmação e retratação em relação a suas ações contra minha renda, meu patrimônio e minha honra junto ao Presidente da Assembleia do Estado, no caso o Deputado Gabriel Souza. A deputada tinha foro privilegiado. O relator do caso negou o pedido, os Advogados insistiram e ele acabou cedendo. A deputada nada respondeu.

A interpelação foi medida cautelar preparatória para ação penal.

O inteiro teor da ação foi salvo por mim e está neste link, inclusive a bateria de perguntas a respeito de pontos obscuros das denúncias e do pedido de corte da programação publicitária autorizada pela Agência Moove em nome do seu cliente Assembleia do Estado do RS. 
http://www.polibiobraga.com.br/inicial.pdf

Sem resposta à interpelação judicial, decidi usar a Lei de Acesso à Informação, protocolando uma bateria de perguntas objetivas a respeito das circunstâncias das exigências feitas ao Presidente da Assembleia por parte da Deputada Luciana Genro. A Assembleia respondeu algumas das questões colocadas, mas não todas elas, alegando que os elementos solicitados encontravam-se sob resguardo legal.

Inconformados, eu e meus Advogados decidimos ajuizar Mandado de Segurança contra o Deputado Gabriel Souza, que se obrigou a responder em juízo todas as questões recusadas. Foi no dia 14 de dezembro de 2021.

O inteiro teor das explicações fornecidas ao Relator Marco Aurélio Heinz está no link a seguir e é tudo exemplar:
http://www.polibiobraga.com.br/preliminares.pdf


CAPÍTULO VI
Uma velha birra com a Família Genro

Ao replicar de imediato a decisão do Ministério Público Estadual de acolher a denúncia da delegada Andrea Mattos contra mim, baseada em BO da ONG Somos, a deputada estadual Luciana Genro, líder do nanico extremista PSOL, deixou claro que todos os agentes públicos e os denunciantes firmaram uma aliança de ferro para me meter na cadeia.

Mas não só.

Luciana Genro teve bons mestres no quesito da censura à imprensa através do corte de publicidade nos veículos de comunicação considerados "desagradáveis". Um desses mestres foi seu próprio pai, conforme revela o livro "Vanguarda do Atraso", que publica minhas denúncias da época em que Tarso Genro foi Prefeito de Porto Alegre e depois Governador do Rio Grande do Sul.

A deputada do PSOL também agiu para me atacar financeiramente, tudo ao exigir que a Assembleia do RS tratasse de cancelar o contrato de publicidade que mantinha com meu blog www.polibiobraga.com.br, o que de fato aconteceu.

Ao viralizar nas redes sociais a notícia do cancelamento, aos quatro ventos, a deputada provocou tensão e temor contra mim no mercado publicitário, resultando numa debandada em massa de de anunciantes, com visíveis e permanentes prejuízos financeiros ao editor do blog.

Tão logo o processo criminal por homofobia transitou em julgado, resolvi ir a juízo para responsabilizar civil e penalmente a ONG Somos e a Deputada Luciana Genro.

Foi por isto que decidi contratar o advogado Alexandre Gotz das Neves no dia ... de ........ de 2025 para buscar reparações por parte da ONG Somos e dos seus dirigentes, como também da Deputada Luciana Genro.

Há algumas décadas tenho me encontrado em juízo com a Família Genro, inclusive com a Deputada Luciana Genro.

E sempre levei vantagem.

A família Genro tenta me botar na cadeia de qualquer maneira. Além de Luciana Genro, também seu pai, o ex-governador Tarso Genro, que promoveu uma desastrada administração na pPrefeitura e no Governo do Rio Grande do Sul, moveu ação criminal contra mim, fulminada no dia 10 de janeiro de 2020 pelo TJRS, que lhe negou recurso extraordinário ao STJ, já que não logrou êxito em todas as fases anteriores do processo, inclusive recursos, embargos e apelações. Antes de Tarso e filha, também um primo de Tarso, o então capitão bombeiro André Genro, processou o editor, tudo por não tolerar críticas por atos que praticou na Defesa Pública de Porto Alegre durante a gestão do PT, 2002 a 2004. Como Tarso, ele perdeu o caso em todas as instâncias e teve que pagar custas completas.

Da mesma forma que o pai, Luciana Genro, moveu ação penal contra mim no dia 2 de junho de 2015, visando meter-me na cadeia, tudo porque não gostou de quatro notas que publiquei e que considerou crimes contra sua honra.  Ela fez isto quando ainda era chefe de gabinete da bancada de um deputado só, uma excrecência dos parlamentos brasileiros, usando esta condição para fazer o Ministério Público Estadual trabalhar em seu lugar e de graça.

Defenderam-me os advogados Nilton Carvalho, Nathália de Borba Carvalho e Rodrigo Alves, todos do escritório gaúcho Carvalho Vernet Advogados.

A representação de Luciana Genro pedindo abertura de processo penal contra mim foi entregue ao MP
RS no dia 28 de abril de 2018. Na representação, ela pediu que o MPRS me enquadrasse nos crimes de calúnia, injúria e difamação, mas o promotor Carlos Odone Costa dos Santos preferiu ficar apenas com a questão menor da injúria. Na verdade, ele se limitou a anexar a representação da deputada e promoveu a acusação em escassas oito linhas.

Ao acionar o MPE, a líder gaúcha do Psol, ex-candidata fracassada à presidência, livrou-se das custas do processo, inclusive ao pagamento dos meus Advogados.

Luciana Genro e seu aliado MPRS perderam o caso.

CAPÍTULO VII
Luciana

Luciana Krebs Genro, como o pai, é de Santa Maria, a mesma terra de lideranças comunistas conhecidas nacionalmente, como é o caso de Paulo Pimenta, que foi ministro da Secom por alguns meses e acabou defenestrado sem dó e nem piedade por Lula no seu 3o governo. Nos seus primeiros anos, Luciana foi criada pela mãe, Sandra Krebs Genro, médica, e pelos avós, porque Tarso Genro tinha fugido e se exilado no Uruguai, temendo ser preso pelo regime militar. Acabou voltando sem problemas. O coronel Brilhante Ustra, acusado como torturador pela esquerda brasileira, contou, mais tarde, que foi ele quem garantiu o retorno de Tarso, mas o pai de Luciana nega tudo, embora prefira não falar no caso.

O pai de Tarso e avô de Luciana, Adelmo Simas, foi dirigente do PSB e por isto também foi perseguido pelo regime militar.

 Em 2025, no dia 17 de janeiro,  a líder psolica fez 55 anos, exercendo pela terceira vez o mandato de Deputada Estadual pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), dissidência do PT e que ela ajudou a fundar em 2003, expulsa que foi do PT por discordar da proposta lulopetista da previdência dos servidores federais. Trata-se de um Partido que coloca no seu programa a destruição do capitalismo e do imperialismo, portanto de corte ideológico comunista.

Um monstrengo partidário deste feitio no tem como dar certo, como a história já demonstrou em casos emblemáticos como os da URSS, Coreia do Norte e Cuba, mas não só.

A filha rebelde de Tarso Genro, que nunca saiu do PT, foi duas vezes Deputada Federal e três vezes Deputada Estadual, perdeu duas eleições para Prefeito de Porto Alegre e uma vez para Presidente da República (2014), entrando sempre em 4o lugar e nunca emplacando mais de dois dígitos de votos. Ao contrário do pai, Tarso Genro, que foi Prefeito de Porto Alegre e Governador do Rio Grande do Sul, Luciana Genro nunca exerceu cargo executivo algum, a não ser CCs (Cargo de Confiança na bancada estadual do PSOL) quando ficou sem mandato e sem renda e precisou do benefício. Políticos profissionais sem mandato, tanto de esquerda quanto de direita, fazem isto sem pudor algum.

A deputada é casada com o jornalista Sérgio Bueno, mas antes dele morou três anos com Roberto Robaina, Vereador do PSOL de Porto Alegre. Luciana conheceu Roberto na militância estudantil do Colégio Júlio de Castilhos. Ela ingressou ali em  1985, com 14 anos. Deste relacionamento, nasceu Fernando Marcel Genro Robaiana, que em 2025 completou 37 anos. Luciana e Roberto fazem dupla política até hoje. Em 1997, ambos envolveram-se em atos violentos de ocupação da Assembleia do RS. Robaiana era CC de Luciana. Ele foi condenado no caso. Em 1999, no governo Olívio Dutra, ela divergiu do PT e acabou punida. Mais tarde, 2002, eleita Deputada Federal, divergiu várias vezes do Governo Lula e acabou expulsa do Partido.

Mas ela também enfrentou problemas graves.

Em um episódio que ficou conhecido como "A Farra das Passagens", em 2009, no qual deputados federais utilizavam verba parlamentar para compra de passagens aéreas para parentes, Luciana Genro foi denunciada pelo MPF pelo crime de peculato, juntamente com outros 71 ex-parlamentares, pela compra, segundo o MPF, de 233 passagens aéreas, totalizando R$ 197.166,26. Em sua defesa, alega que a compra das passagens "foi totalmente dentro da lei e da moralidade" e que vai "colaborar com todas as investigações". O processo foi extinto, devido à expectativa de prescrição que, segundo o juiz que julgou o caso, ocorreria quando o processo chegasse ao final. O MPF recorreu da decisão.

Luciana iniciou sua trajetória política em 1985, aos 14 anos,[19] no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, quando entrou no movimento estudantil. Foi a partir deste momento que passou a ter contato com as mais diversas correntes internas do Partido dos Trabalhadores, organização a qual seu pai era filiado[17]. Ainda que a convivência com a política tenha começado dentro de casa, Luciana sempre teve importantes divergências políticas com Tarso inclusive depois de também ingressar nas fileiras do PT.

A deputada do PSOL tem se notabilizado por denúncias e acusações pesadas contra adversários, sempre em tom extremamente áspero e grosseiro, mas o conteúdo mais claro da sua atuação é a suposta defesa dos descamisados, para os quais prevê a solução de regimes políticos de corte ideológico comunista e de sistemas econômicos também comunistas, embora rotule uns e outros como "socialista" e "anti-capitalista".

No final de 2004, iniciou-se o processo de coleta de assinaturas para a criação do PSOL, e em setembro de 2005 foi concedido o registro legal ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

O PSOL chegou a manter autonomia em relação ao PT, com ênfase na fase do julgamento do Mensalão, 2005, quando Luciana foi um dos políticos e ativistas que chegou a lavar o piso do Congresso Nacional.

Este período foi um doce sonho de verão, porque o PSOl virou nanico e acabou linha auxiliar do PT.

CAPITULO VII

Luciana Genro e a Operação Rodin

PSOL e Luciana Genro reuniram a imprensa para mentir

      Apenas 48 horas depois que encontrou o cadáver que buscava para emparedar o Governo Yeda Crusius, a ponta de lança que o Eixo do Mal usava para empreender missões politicas suicidas já estava a postos de novo para tirar o máximo proveito da morte do ex-representante do Piratini em Brasília, Marcelo Cavalcante

     O PSOL e seus líderes, tendo à frente a filha do então Ministro da Justiça e Chefão da Polícia Federal, depois Governador do Rio Grande do Sul, Luciana Genro, tendo ao seu lado o ex-marido, o Presidente do Partido, Roberto Robaina, e mais os Vereadores Pedro Ruas e Fernanda Machiori, reuniram a imprensa na tarde do dia 19 de fevereiro de 2009, para disparar uma saraivada de acusações e denúncias, sem apresentar qualquer prova.

As missões politicamente suicidas de Luciana Genro e do PSOL serviram como uma luva aos interesses eleitorais do Ministro Tarso Genro e do PT. Foram por eles estimuladas e amparadas.

Antes mesmo da coletiva de imprensa, os comunistas psólicos Luciana Genro e Pedro Ruas. tiveram um último contato com seus mais improváveis novos aliados o Vice-Governador Paulo Feijó, do DEM, e o lobista Lair Ferst, ambos anticomunistas fervorosos, mas inimigos jurados de Yeda Crusius, por terem seus interesses contrariados. O ódio aos tucanos foi o que uniu gente tão antípoda. Lair Ferst e Paulo Feijó, irmãos na mesma dor da rejeição, do ciúme, da inveja e da vingança, supriram os dois líderes esquerdistas com farta munição falsa.

Ao abrir a entrevista, a líder gaúcha do PSOL foi direto ao ponto, expressando-se através de frases curtas, usando falsetes para sublinhar as palavras finais de cada fala, engolindo escancaradamente a saliva para pontuar os dramaticamente os pontos mais expressivos:

           - Estamos fazendo estas denúncias porque um já foi assassinado e outros também poderão ser mortos. Queremos que ajudem a sociedade a se livrar dessa quadrilha que mente descaradamente para evitar que a opinião pública conheça quem é que está comandando o Estado neste momento.

As acusações e denúncias não envolveram apenas a morte de Marcelo Cavalcante, ex-chefe do Escritório de Representações do Governo do Rio Grande do Sul em brasília, embora ela tenha sido o ponto de convergência do dramalhete midiático e tenha puxado a entrevista. No total, saíram nove grosseiras denúncias, inclusive sobre vídeos que teriam sido gravados pelo lobista Lair Ferst, contendo supostas cenas de corrupção explícita, todas ocorridas durante a campanha eleitoral tucana de 2006.

 Estas foram as s nove denúncias e acusações apresentadas durante a coletiva do PSOL:

1- Recursos da Mac Engenharia para caixa 2 de campanha – R$ 500 mil repassados a Lair Ferst, Delson Martini e Carlos Crusi; 2 - RS 200 mil entregues duas vezes a Aod Cunha e Lair por empresas fumageiras do RS; 3 -Testemunha afirma que Yeda e "outras pessoas” estariam, em uma conversa, negociando R$ 100 mil da fraude do Detran; 4 – O Deputado José Otávio Germano recebeu RS 400 mil de caixa 2 para o segundo turno da campanha; 5- Lair conversando (em áudio e vídeo) com corretor sobre a compra da Mansão Assombrada. Além dos R$ 750 mil que Yeda diz ter pago, Lair teria pago outros R$ 400 mil informalmente": 6- Mensalinho distribuido Pela Secretária Walna Vilarins e pelo Delson Martini, em 2007. As empresas que estariam recebendo "não são conhecidas"; 7 - Pagamentos de contas pessoais de Yeda feitos por agência de publicidade, inclusive "compras de Supermercado”; 9- R$ 100 mil de caixa 2 entregues para campanha por Humberto Busnello, do"; 8- Lair em áudio e vídeo negociando uma reforma feita na casa de Yeda; 9 – R$ 100 mil de caixa 2 entregues para a campanha por Humberto Busnello, empreiteiro.

São antológicas duas frases produzidas durante a coletiva por Genro e seu ex-marido, Roberto Robaina, Presidente do Luciana PSOL:

Luciana Genro - Os vídeos são claros como filme de cinema.

Roberto Robaina – São imagens registradas por estes olhosque a terra há de comer.

Era tudo mentira.

Menos de três anos depois, no dia 4 de julho de 2011, a Turma Recursal Criminal do Tribunal de Justiça acatou ação movida pelo Professor Carlos Crusius e condenou a três meses de cadeia o Vereador Pedro Ruas por ter mentido naquele dia. Na mesma data, o mesmo Pedro Ruas, mais Luciana Genro, Roberto Robaina e o próprio PSOL, foram desmentidos sistematicamente diante da Juíza Zaffari Lacerda, em processo ajuizado pelo empresário Humberto Busnello, incomodado com a citação do seu nome entre os personagens que teriam sido filmados pelo lobista Lair Ferst e disponibilizadas por Paulo Feijó para Luciana e Pedro Ruas, em supostas sucessivas reuniões que realizaram no chamado Palacinho, escritório de despachos do Vice-Governador, e no seu escritório pessoal do Edifício Iguatemi Corporate.

Não foram os únicos casos em que Luciana, Pedro Ruas, Robaina e o PSOL sentaram no banco dos réus em função das mentiras que produziram no dia 19 de fevereiro de 2009. Luciana Genro, Deputada Federal, e Pedro Ruas, Vereador, tentaram em todos os casos escapar da afiada espada da lei e da justiça, invocando imunidade parlamentar num caso em que não existe “nexo de causalidade entre o exercício da atividade parlamentar e as afirmações realizadas”, conforme ensinou no dia 4 de julho de 2011 a Dra. Cristina Pereira Gonzales no arrazoado de 12 laudas proferido no âmbito do Acórdão da ação 71003108065 (Carlos Crusius contra Pedro Ruas).

As repetidas tentativas de fuga empreendidas pelos líderes do PSOL contrastaram de maneira escandalosa com as bravatas que todos eles faziam em todos os jornais, rádios e TVs que procuravam para falar. Desafiador e arrogante, o vereador Pedro Ruas sempre pareceu mais bravateiro.

-Eu quero que me processem. Eles não têm coragem de fazer isto, porque sabem que pedirei exceção da verdade provarei em juízo.

Ele fugiu do processo e do contraditório nas ações cível e criminal movidas pelo Professor Carlos Crusius. Ao final e ao cabo do primeiro processo transitado em julgado no dia 4 de julho de 2011, uma ação cível, humilhado, cabisbaixo, não pediu exceção da verdade, não provou nada, perdeu até os prazos para recursos e foi condenado.

Era tudo mentira.

Em Porto Alegre, na sede do PSOL, bem antes disso, no entanto, Luciana Genro, Roberto Robaina e Pedro Ruas não usaram meias palavras para acusar Yeda Crusius pela morte de Marcelo Cavalcante, mesmo sem apresentar prova alguma. O trio tentou oferecer credibilidade às acusações, ao repetir até a exaustão que provas de tudo que estavam dizendo encontravam-se em poder do Ministério Público, Polícia Federal. Justiça Federal de Santa Maria e Procuradoria Geral da República. Bastava que os jornalistas fossem procurá-las. Quase em coro, a troika do PSOL passou a sentença final:

- Yeda está por trás de tudo. Foi queima de arquivo.

Naquela tarde do dia 19 de fevereiro de 2009, nenhum jornalista ousou questionar ali mesmo, na sede do PSOL, a total falta de provas materiais e de testemunhas, O clima na sede do partido era de já ganhou", um "oba-oba" de vamos pra frente", porque o Cenário estava montado desde a Operação Rodin e nele só havia lugar para bandidos e mocinhos, um novo embate entre o bem e o mal, sem meios termos, bem ao gosto das históricas disputas que a ferro e fogo moldaram as fronteiras, o estabelecimento, a vida e o caráter de todos os gaúchos dentro do território incandescente do Rio Grande do Sul.

Os jornalistas atraídos pelo PSOL para a entrevista coletiva acomodaram-se no pequeno auditório de 20 cadeiras, desarranjadas em três fileiras, defronte à mesa principal, onde só cabem seis pessoas, ainda assim acotovelando-se para abrir espaço sob o teto sem forro, pintado de amarelo-claro. Todos chegaram até ali através de um pequeno hall de entrada, protegido pelos olhares congelados de fotos que retratam Carlos Marighella e Che Guevara, os dois heróis do Partido Socialismo e Liberdade. O pardieiro antigo, de dois andares, na Rua da República 108, mal se sustenta em meio ao reboco solto, à fadiga dos materiais e à sujeira generalizada. A escada de madeira que dá acesso ao andar superior, nem sequer range quando alguém se aventura a buscar material no depósito.

Antes de reunir os jornalistas para a coletiva, os líderes do PSOL entregaram o que supunham ter para a RBS.

Foi um jogo de cartas marcadas.

O Eixo do Mal articulou-se para passar credibilidade à farsa.

O cadáver de Marcelo Cavalcante, as "gravações produzidas  do arrepio da lei pelo lobista Lair Ferst e pelo Vice-Governador Taulo Feijó, balizaram dali para a frente toda a farsa política manipulada de modo permanente e cruel pelos agentes do Eixo do Mal.

Os eventos sucessivos reproduziram variações sobre o mesmo tema.

Em Brasília, enquanto corria a entrevista coletiva na sede do PSOL, os pais, o irmão e a filha de Marcelo Cavalcante preparavam-se para revelar na Polícia Civil e no Ministério Público Federal suas suspeitas de que inimigos de Yeda Crusius estavam por trás da morte do ex-representante do Governo do Rio Grande do Sul. Marcos Cavalcante, o irmão, registrou formalmente as suspeitas da família no dia 5 de março de 2009, ao depor no inquérito policial:

- Não foi suicídio. Foi queima de arquivo. Os inimigos de Yeda Crusius mataram meu irmão porque ele iria denunciá-los por terem tentado usá-lo contra o Governo do PSDB.

A Polícia Civil de Brasília jamais registrou qualquer denúncia ou acusação contra Yeda Crusius ou seus aliados e por isso não buscou esta linha de investigação para apurar a morte de Marcelo, mas foi atrás das denúncias dos familiares de Marcelo e ouviram o lobista Lair Ferst e sua amiga Magda Koenigan.

O caso foi encerrado como suicídio, a pedido do Ministério Público Federal, já que os promotores e a polícia não se convenceram de que tinha ocorrido assassinato ou induzimento ao suicídio.

Mas naquela tarde do dia 19 de fevereiro de 2009, uma quinta-feira muito quente, abafada pelo tempo gris e chuvoso, apenas 48 horas depois de encontrado o cadáver do ex-auxiliar de Yeda Crusius no Lago Paranoá, enquanto os familiares de Marcos Cavalcante ainda choravam sobre a sepultura do morto, Luciana Genro, Pedro Ruas e Roberto Robaina, aproveitaram a desgraça da família Cavalcante para reacender a crise politica no Grande do Sul, desencadeada quase dois anos antes, no dia 6 de novembro de 2007, com a eclosão da Operacão Rodin por parte da Polícia Federal, então sob o comando efetivo do Ministro da Justiça, o mesmo Tarso Genro que mais tarde seria eleito Governador.

O caso mais escabroso e que mexeu com a honra pessoal de dezenas de pessoas denunciadas e acusadas sem provas e sem testemunhas pelos líderes do PSOL nem foi o que resultou na condenação transitada em julgado do Vereador Pedro Ruas, embora este tenha sido emblemático, já que teve começo, meio e fim.

É que o discurso e a prática criminosos do PSOL do Rio Grande do Sul ficam muito mais escrachados na revelação dos termos das audiências a que compareceram Luciana Genro, Pedro Ruas e Roberto Robaina, no andamento da ação cível por danos morais movida na 2a Vara Cível de Porto Alegre pelo empresário Humberto Busnello, sob o número 001/1.09.0085539-1. Na petição inicial, o empresário prometeu doar o dinheiro da indenização para a entidade Pão dos Pobres.

O que contrariou o empresário Humberto Busnello foi esta denúncia de Luciana Genro aos jornalistas que foram ouvi-la na sede do PSOL:

O sr. Humberto Busnello entregou R$ 100 mil para o Aod Cunha (ex-Secretário da Fazenda) na presença de Lair Ferst, em plena campanha eleitoral de Yeda. Isso foi o que ouvi na fita com cenas nítidas como um filme de cinema.

Humberto Busnello era, na época, um dos mais poderosos, influentes e sérios empresários do Rio Grande do Sul. Ele já tinha sido Presidente do Sicepot, o sindicato das empreiteiras gaúchas, e foi Vice-Presidente da Fiergs. Era membro proeminente da famíli Toniolo, Busnello, empreiteira que realizava obras em todo o Brasil. Aod Cunha, na época da suposta reunião, era o Coordenador do Programa de Governo de Yeda, mas não era o Tesoureiro da campanha. Até pouco tempo antes, tinha ocupado a Presidência da Fundação de Economia e Estatística. 

Busnello e Aod nem se conheciam pessoalmente.

Era tudo armação do PSOL.

Ao sentar no banco dos réus para depor como acusada, Luciana Genro mostrou a cabeça erguida e o ar desafiador de quem não teme nada, mas ao final do corrosivo interrogatório conduzido pela própria Juíza Zaffari Lacerda, a líder do PSOL começou a vacilar e baixou a cabeça.

Quem fez a filmagem?

Supostamente o próprio Lair, com o intuito de obter premiada. Ele conseguiu excluir do processo a esposa familiares.

E a situação do Lair na época?

Ele ofereceu aquele vídeo para que o Feijó comprasse. Para autorizar que viesse a público o vídeo, Feijó tinha que comprar, mas o Feijó não quis.

Não deu explicações por não comprar?

Ele disse que era uma coisa ilegal.

Estava autorizado a fazer a negociação?

O Lair ofereceu ao Feijó. No vídeo está escrito o nome dos personagens. Por isso que nós tivemos a certeza de que era o Busnello e eram R$ 100 mil, porque o Feijó também nos disse isso e nos mostrou o termo da delação premiada em que estava escrito isso.

No vídeo, aparecia o Dr. Humberto Busnello, que está aqui na audiência?

Ele estava meio de costas e o dinheiro estava num envelope.

Deu para contar o dinheiro?

As cenas estavam legendadas e diziam: “Busnello entrega RS 100 mil para Aod". O Paulo Feijó confirmou isso.

Foi um espetáculo escabroso e degradante. 

Os Advogados Ricardo Giuliano e Laércio Leivas, em memorial entregue à Juiza Zaffari Lacerda, expuseram as veias abertas de Luciana Genro:

-A política deve ser praticada tendo em vista o interesse público e nunca para a satisfação das disputas políticas de ocasião, menores e sem qualquer sentido republicano.

O pior para a situação complicada dos réus Luciana Genro, Pedro Ruas e Roberto Robaina ainda estava por vir. Acontece que não tỉnham prestado depoimento duas das quatro testemunhas chamadas pelos réus, no caso o Chefe de Gabinete do Vice-Governador, André Zielmanovicz, e o próprio Paulo Feijó. As outras duas testemunhas, o Deputado Onyx Lorenzoni, do DEM, e o lobista Lair Ferst, negaram-se a depor.

André e Paulo Feijó desmentiram tudo. 

Novamente foi a Juíza Zaffari Lacerda quem insistiu em buscara verdade. Este interrogatório de Paulo Feijó equivale a uma sentença de morte:

O Dr. Humberto Busnello, que está presente, é o homem que aparece no vídeo referido no processo?

Humberto Busnello é homem de bem, respeitađo, e jamais vi qualquer CD ou imagem dele junto ao ex-Secretário Aod Cunha.

Este CD existe?

Não existe, mas existe uma gravação no HD do notebook do lobista Lair Ferst, editado por ele, sem legenda, mas ali não aparece o Dr. Busnello.

 

CAPÍTULO VIII
NOVA CORJA E TOMANDO NA CUIA
A história de como empastelei os blogs sujos surgiram para assassinar minha reputação

Com o cancelamento da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, em 30 de abril de 2009, só é possível processar criminalmente por injúria, calúnia ou difamação o autor de um comentário ofensivo, e não o responsável pelo blog. Assim concluiu o juiz Carlos Francisco Gross, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, ao recusar queixa-crime apresentada pelo jornalista Políbio Adolfo Braga, que se sentiu ofendido com textos publicados no blog Nova Corja. Esta ação penal foi arquivada no dia 6 de outubro de 2009. O juiz Carlos Francisco Gross recusou a queixa-crime por inépcia

Esta constatação do juiz Carlos Francisco Gross, consagrada mais tarde, 23 de abril de 2014, quando da promulgação do Marco Civil da Internet, artigo 19, foi modificada de maneira ilegal pela maioria formada no STF, que ousou avançar sobre prerrogativas constitucionalmente estabelecidas ao Legislativo.

O primeiro texto apresentado criminosamente pelo blog Nova Corja foi assinado pelo jornalista Rodrigo Álvares. Ele partiu para a calúnia, a injúria e a difamação sem qualquer pudor, ao afirmar de modo peremptório que "Políbio Braga trocou favores com autarquias ligadas ao governo estadual e à prefeitura de Porto Alegre". E teria que pagar pela fake news. Segundo a nota, Políbio Braga fazia elogios às administrações estadual e municipal e, em troca, recebia verba publicitária de órgãos públicos para publicar anúncios em seu site.

"O que leva anunciantes como prefeitura de Porto Alegre, Banrisul, Assembléia Legislativa, BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento], Cremers [Conselho Regional de Medicina] ou Simers [Sindicato Médico] a comprar mídia em sites sem expressão, tais quais os de Políbio Braga…. Certamente não é a repercussão ou os preços camaradas”, diz o texto publicado pelo blog em 25 de junho de 2009.

O pessoal do Nova Corja, tendo Rodrigo Álvares como linha avançada, usou edições seguidas da publicação para incluir uma lista de jornalistas adversários num esquema que chamaram de "Mensalinho Gaúcho", uma corruptela criminosa do processo intitulado "Mensalão" e que resultou na condenação dos principais líderes do PT. Os jornalistas da lista do blog foram identificados como membros de uma suposta "Máfia da Opinião".

O jornalista acusado de forma vil ingressou com duas ações contra Walter Valdevino, um dos responsáveis pelo blog, cuja identidade foi informada pelo servidor do site, já que o ofensor principal, o jornalista Rodrigo Álvares, foi embora de Porto Alegre depois de procurado para responder pelas ofensas.

Além da ação criminal, também uma ação cível foi movida contra o responsável pelo blog Nova Corja, no caso o jornalista Valter Valdevino. Ele resultou condenado.

Também o jornalista Felipe Vieira, respeitado profissional da Band, incomodou-se com as seguidas ofensas e foi a juízo para cobrar punições do pessoal da Nova Corja. No dia 17 de dezembro de 2008, ele abriu ações cíveis contra estes jornalistas e professores da PUC do RS:

- Rodrigo Oliveira Álvares
- Leandro Demori
- Mário Câmera
- Jones Rossi

Leandro Demori, o mais conhecido membro do grupo de renegados sociais do Nova Corja, como Álvares, foi embora do Rio Grande do Sul. Mais tarde, em 2019, associou-se ao jornalista americano Glen Greenwald na tarefa suja de usar o site The Intercept Brasil  para ajudar a destruir a Lava Jato. Em setembro de 2023, o Governo do PT premiou-o com polpudo emprego na TV Brasil.

Na mesma época, o Banrisul, cujo sigilo bancário foi violado pelos jornalistas do blog gaúcho, impôs judicialmente um leque de censura a publicações criminosas. 

Os ofensores não suportaram a saraivada de decisões judiciais, bateram em retirada e fecharam o blog Nova Corja ao final de 2009, sem direito sequer a marcha fúnebre de qualquer espécie.




CAPÍTULO IX    
Os governos do PT contra a liberdade de imprensa em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil.

Entre os anos de 1967, pleno regime militar, e 27 de fevereiro de 2009, 11 anos depois da promulgação da Constituição de 1988, os chamados crimes de imprensa sempre foram objeto de ações judiciais baseadas numa draconiana Lei de Imprensa. Antes de 1967, casos controversos deste gênero, levados ao Judiciário, baseavam-se na Constituição e na legislação infraconstitucional, notadamente os Códigos Penal e Civil, mais seus respectivos Códigos de Processos.

Acontece que com a redemocratização, a Lei de Imprensa, continuou em vigor, mesmo contrariando a nova Constituição Federal, a de 1988. Ela só deixou de existir a partir de 27 de fevereiro de 2009, quando o STF acatou a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 130-7-DF). Através desta decisão daCorte, resultaram candelados os artigos 3, 4, 5, 6, 20, 21, 22, 23, 51 e 52 da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67), inviabilizando-a na prática.

Somente em 2014 surgiu nova legislação para atacar os chamados "crimes de imprensa", no caso o Marco Civil da Internet,. que foi criado em 23 de abril de 2014, através da Lei nº 12.965. Ele estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, além de definir diretrizes para a atuação do governo em relação à rede. O projeto de lei, que tramitou por anos, foi sancionado pela então presidente Dilma Roussef.

Em 17 de agosto de 2018, um novo ordenamento legal somou-se à farta legislação já existente para regular os conteúdos disponibilizados dentro e fora do mundo virtual, no caso a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Lei nº 13.709/2018, que é a legislação brasileira que estabelece regras para a coleta, tratamento, armazenamento e compartilhamento de dados pessoais, tanto no ambiente online quanto offline. Seu objetivo principal é proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade, além de garantir a livre formação da personalidade de cada indivíduo. 

Antes mesmo da Lei de Imprensa promulgada pelos militares em 1967, mas mesmo depois dela e sobretudo a partir do advento da Constituição de 1988, enfrentei e enfrento toda a sorte de embates judiciais, o que me torna seguramente o jornalista que maior número de  processos enfrentou e enfrenta, pelo menos até metade do ano de 2025.

Tudo isto a tal ponto que NO DIA 10 DE DEZEMBRO de 2000, às 20h, um pequeno e nervoso público que se aglomerava no auditório da OAB do Rio Grande do Sul participou do início de uma sessão de desagravo a mim e a mais onze jornalistas que vinham sendo perseguidos por governos do PT na prefeitura de Porto Alegre e depois pelo governo estadual de Olívio Dutra. 

Foi uma sessão inédita e histórica.

A tensão que manteve o ambiente em suspense até o início da reunião foi provocado pelo então presidente da OAB, Nelson Batista, que se recusou a integrar a mesa organizada para a cerimônia. 

Apesar disto, com vinte minutos de atraso, o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Jair Krischke, deu por abertos os trabalhos, sem a presença do dono da casa, que decidiu ele também agravar os jornalistas.

Uma pomba transparente de acrílico, gestada pela cabeça e pelas mãos do artista plástico uruguaio Mario Cladera, foi entregue a cada um dos doze jornalistas presentes. Entre os doze profissionais desagravados, estavam este autor e os jornalistas Érico Valduga, Hélio Gama, Diego Casagrande, Gilberto Simões Pires, José Barrionuevo.

Muitos outros também foram perseguidos e são perseguidos pelos Governos do PT em Porto Alegre (1989-2004), no Rio Grande do Sul (1998-2002) e no Brasil (2003-2016/2023-2026). De algum deles, nem se conhecem os nomes. São profissionais do interior gaúcho e de Porto Alegre, que não ganham espaço na mídia e nem nos foros políticos, mas pagam caro por considerarem que podem denunciar os malfeitos e criticar os governos do PT da mesma forma que fizeram com governos anteriores.
As administrações populares de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul foram os laboratórios da grande experiência que o PT tentaria repetir no Brasil. Isso não só ocorreu porque as instituições e os líderes republicanos brasileiros, sob o comando forte da mídia e das lideranças políticas empresariais paulistas, não permitiram. No Rio Grande do Sul, a mídia e as lideranças políticas e empresariais gaúchas não se opuseram aos desmandos do PT contra a liberdade de imprensa, tarefa que coube isoladamente a poucos jornalistas, que resolveram fazer o enfrentamento por sua conta e risco.

No decorrer das quatro administrações do PT em Porto Alegre, nas duas do governo estadual (Olívio e Tarso) e nas duas do governo federal (Lula e Dilma), passaram pela área de comunicação social jornalistas como jornalistas Félix Valente, Vera Spolidoro, Ilza do Canto e Ayrton Kanitz e Guaracy Cunha, todos para o caso do RS.

Foram czares absoluto da área de comunicação, interferindo não apenas sobre o conteúdo das informações e o patrulhamento dos jornalistas, mas também sobre as decisões de mídia paga.

A seguir, em três blocos, será possível examinar, em detalhes, as monstruosidades causadas pela censura petista à imprensa do Rio Grande do Sul. O primeiro bloco tratará dos casos de Porto Alegre, numa entrevista conduzida pelo jornalista Diego Casagrande*, enquanto que o segundo e terceiro blocos examinarão, com profusão de detalhes, o atrevimento do Palácio Piratini na tentativa de censura a um órgão da imprensa brasileira, a IstoÉ, e, por último, o estrangulamento imposto a um jornal diário do interior, o Jornal de Caxias, de Caxias do Sul.

A ver:

Diego Casagrande entrevista Polibio Braga
O CERCO À IMPRENSA MOVIDO PELO PT EM PORTO ALEGRE E NO RIO GRANDE DO SUL
1o de janeiro de 2006

Pergunta-Como foi a tua relação com o Governo Estadual do PT?
Políbio Braga - Eu já vinha numa relação muito desgastada com o PT desde 1989. Comecei brigando com eles desde o primeiro dia e não parei mais de brigar. Então, quando o ex-prefeito Olivio Dutra chegou ao Governo do Estado, eu já tinha uma relação absolutamente desgastada com eles. Primeiro, fui incluído em um Index da Secretaria da Comunicação do Governo, e a minha inclusão como jornalista significava o seguinte: a partir daquele momento, eu não receberia mais releases de área nenhuma do Governo. Não tive mais acesso a nenhuma autoridade do Governo do Estado. Não adiantava pedir uma entrevista com um secretário, com o governador, com qualquer pessoa, que eu não tinha acesso. Além disso, fui cortado da lista de todos os atos oficiais ou não-oficiais do Governo. A partir daquele momento, solenidades, cafés da manhã, almoços, coletivas, enfim, qualquer ato público, eu não estava incluído. Era considerado persona non grata. Tanto que, durante quatro anos, não entrei no Palácio do Piratini e em nenhuma repartição pública estadual, a não ser em uma Delegacia de Policia, porque fui chamado para responder a um inquérito policial. A Policia Civil tentava conseguir o nome de uma fonte que eu utilizei numa nota que escrevi sobre perseguições políticas no Banrisul. Esse foi meu único comparecimento em uma repartição estadual durante todo o Governo Olívio. Na qualidade de investigado. Aliás, nunca pisei na Prefeitura de Porto Alegre enquanto o PT foi Governo. Fiquei fora dali durante 16 anos.

Pressão similar relatou-me o jornalistas Helio Gama, que foi chamado por um promotor de Justiça. Isso te constrangeu como jornalista?
Políbio Braga - Claro que me constrangeu. No caso do Helio Gama, um promotor não é subordinado ao Governo do Estado. Hoje em dia, o Ministério Público, tanto o Estadual, quanto o Federal, constituem praticamente um novo Poder. Um Quarto Poder. Dizem que somos o Quarto Poder. Ora, o Quarto Poder é o Ministério Público. Mas, no meu caso, o constrangimento foi evidente, porque eu tive que comparecer numa Delegacia de Polícia e fui peitado pelo delegado. Aliás o delegado foi muito elegante. Ele disse: "Olha, eu estou constrangido de perguntar isso a você, mas recebi o pedido do Ministério Público Estadual". A pedido dos diretores do Banrisul, que queriam saber o nome de uma fonte que eu estava usando. Claro que isso me constrangeu, porque tu sabes que comparecer diante de uma autoridade policial sempre constrange. E, principalmente, quando você é intimado a fazer uma coisa que não quer fazer. E que, aliás, é inconstitucional. Tanto que eu disse para o delegado na ocasião, que nem poderia me fazer tal pergunta, porque a Constituição me garante o sigilo da fonte. Ele disse: "Mas é minha obrigação perguntar". É claro que eu não abri o sigilo da fonte, eu não abro o sigilo de fonte em hipótese alguma. Aliás, nesse mesmo período também a Polícia Federal me chamou para abrir o sigilo de fonte num caso sobre os Correios. E durante os quatro anos do Governo Olívio Dutra, além do constrangimento de comparecer a uma Delegacia de Polícia, de todos esses incidentes que ocorreram na Secretaria da Comunicação, de ser vetado para tudo e não receber release, e não poder comparecer a repartições públicas, além disso, eu tomei alguns processos judiciais. Tanto cíveis quanto criminais, por parte de autoridades do Governo do Estado, ou dirigentes do PT. E, ainda, fui demitido da Bandeirantes e da Gazeta Mercantil, por pressão direta do Governo Olívio Dutra, que cortou a publicidade nesses dois veículos, com a exigência de que só voltaria a anunciar se me botassem na rua. Chantagem direta. Foi corte de publicidade. E também, durante esse período, eu trabalhei em um jornal de Caxias do Sul, o Novo Jornal, que foi gravemente pressionado pelo Governo Olívio, que cortou todas publicidades. E o jornal inclusive, foi obrigado a fechar. E perdi também a possibilidade de trabalhar. O Governo Olívio fez comigo, em síntese, praticamente tudo que podia fazer: cortou-me todas as fontes de suprimento de informações, me tirou o emprego, tentou me botar na cadeia, tomar meu patrimônio, me intimou policialmente, além de me procesar civil e criminalmente. A única coisa que faltou ali foi me matar, porque o resto ele fez. Foi uma perseguição implacável: tirar o emprego, processar para botar na cadeia, para tirar o patrimônio através de ações de indenização. E não foi só em relação a mim. Isso ocorreu com vários jornalistas. Duas dezenas de jornalistas. Tanto que no final do Governo Olívio, eu estava pronto para pedir ajuda a Associação Protetora dos Animais. Só não fiz isso porque o Movimento de Justiça e Direitos Humanos me acudiu antes. A mim e a outros jornalistas, dando suporte para que eu pudesse me manter, ainda, com alguma dignidade no que eu estava fazendo.

Quando começou, na tua visão, essa escalada do PT contra a liberdade de imprensa e expressão?
Políbio Braga - No dia 1º de janeiro de 1989, quando o PT assumiu a Prefeitura de Porto Alegre. E tanto eu como vários jornalistas têm colocado exatamente essa questão, de que a instalação do Governo do PT na Prefeitura de Porto Alegre significou também um plano diabólico de amordaçamento da imprensa aqui no RS e no Brasil. Não deu outra coisa. E eles fizeram isso durante os dezesseis anos de Prefeitura e no período em que estiveram no Governo do Estado. Essas coisas que o Governo Lula tentou emplacar, como o Conselho Nacional de Jornalistas, isso tudo que em Porto Alegre já tinha acontecido. Foi o preâmbulo do que se vislumbrava para o País.

Tu foste um homem de esquerda...
Políbio Braga - Eu fui. Praticamente na minha juventude, eu acho que até os quarenta anos.
Mas a esquerda sempre teve esse viés autoritário?
Políbio Braga - A esquerda do Brasil?
É...ou isso foi uma surpresa?
Políbio Braga - Para mim foi uma surpresa. Durante a ditadura militar, combati ao lado de toda a esquerda que não se alçou em armas, mas minha luta foi pelo restabelecimento do estado democrático de direito, o que significa, por exemplo, liberdade de imprensa. Nos anos de chumbo, trabalhei em jornais como Opinião e Correio da Manhã, que faziam franca oposição ao regime militar, o que me levou inúmeras vezes à prisão.  Durante o Governo de esquerda, do Getúlio, de 1950 a 1954, eu era muito jovem. No Governo do Jango, eu já não era tão jovem, já tinha uns vinte anos. Conheci e trabalhei com o presidente. Nunca houve perseguição de jornalistas, uma coisa orquestrada como foi aqui. Então, o que é isso? O que o Jango e o Getúlio não fizeram? Por exemplo: não fizeram corte da publicidade nos veículos de comunicação que eram contra seus Governos, para amordaçar jornalistas e veículos de comunicação. Eles não fizeram isso. O PT fez e faz. Na Prefeitura e no Governo do Estado. Quer dizer: intimar para falar na Polícia.  Pressionar os veículos de comunicação, cortando publicidade, visando à demissão de jornalistas. Quer dizer, não é o fato de você ir lá e tentar conversar, porque isso até a agência de publicidade faz, vai ao dono do veículo de comunicação, vai lá na RBS, por exemplo, uma agência forte de publicidade e diz: "Olha eu não estou gostando do que o Diego está fazendo. Vamos botar esse cara pra fora". Hoje, fazem menos, mas dezenas de agências de propaganda e empresas fizeram o que o Governo Olívio fez. Foram nos jornais onde eu trabalhava e pediram para me botar na rua. Chantageando. Às vezes, não era tão explícito assim. Eram afirmações como: "Olha, eu vou cortar a publicidade". Mas estava implícito que, ou me botavam na rua, ou então iam cortar a verba. Nesses Governos do Jango e do Getúlio não há exemplo disso. Como também não há exemplo de processar criminal e civilmente jornalista, botar na cadeia, ou tirar o patrimônio dele. Qualquer jornalista de esquerda ou de direita, nos dois Governos, tinha acesso a um ministro de Estado, ao próprio presidente. Aqui, foi diferente, porque o PT do RS e os Governos que ele teve em Porto Alegre, tinham um viés fascista-comunista.

Isso é uma coisa clara para ti?
Polibio Braga- É muito claro. Porque quem estudou o comunismo como eu, quem lê a biografia de Stalin, entende perfeitamente que na União Soviética ocorreram fatos exatamente semelhantes. E em Cuba ou na China, que eu visitei várias vezes, também. E tanto num lugar como no outro, eu percebi isso claramente. Quer dizer: eu nem precisava perceber, porque lá não tem imprensa livre. Os jornalistas são todos empregados do Estado e do Partido. A imprensa é totalmente amordaçada. Só existe jornal do governo. Então, eu tenho que rir, aqui, quando alguém da esquerda resolve fazer humor negro e reclama da imprensa. O cara, aqui,  pode reclamar. O que quer a esquerda? Ela quer a imprensa tutelada totalmente pelo Estado.
E conseguem? 
Políbio Braga - Não conseguem.
Mas, de certa forma, essa pressão que a esquerda exerce nos veículos e sobre os próprios jornalistas, e que foi muito latente no período de Olívio, não é uma forma de tutela?
Políbio Braga - É uma tutela, claro. Eu não tenho dúvida disso. Mas aqui existe liberdade para empreender e dá para fazer muita coisa mesmo fora dos grandes jornais, das emissoras de rádio e TV de maior peso. Eu faço isso com sucesso. Se o sujeito for corajoso, empreendedor, trabalhador, consegue fazer.
Teve algum momento daquele período em que tu te sentiste realmente isolado? Que pensaste assim: o que vai ser da minha vida com esse cerco todo?
Políbio Braga - Eu nunca penso assim. Eu sou uma pessoa pró-ativa. Sempre penso em ir adiante. Pode me acontecer a pior coisa do mundo que eu não vou pensar que estou isolado ou liquidado. Eu sempre caminho para frente. Mas senti momentos de grande angústia. Quando fui demitido simultaneamente e sucessivamente, no segundo ano do Governo Olívio, da Gazeta Mercantil e, depois, da Bandeirantes, eu senti que tentavam me isolar. Porque eu já tinha sido posto para a rua da RBS por questões políticas e da mesma forma tinha saído da Caldas Júnior porque não quis apoiar o PT, desobedecendo a ordens do dono da empresa, o sr. Renato Ribeiro. Não concordei com isso e me demiti. Eu até prefiro quando o dono do jornal faz isso, porque está sendo claro. O pior de tudo é quando você trabalha em um veículo de comunicação e ele tem uma posição, mas tudo é obliquo. Isso me aconteceu na Zero Hora várias vezes: eu escrevia a principal página da ZH, que era o Informe Especial, e o meu diretor-editor era o Lauro Schirmer. No outro dia, várias notas que eu tinha escrito não saíam. E saíam outras que eu não tinha escrito, com posições às vezes conflitantes com o que eu pensava. E eu me queixava para a direção e eles diziam: "Não, mas é isso mesmo. Porque, inclusive, você não assina. E a posição do jornal. De modo que tu és um dos redatores". Eu digo: "Como sou um dos redatores? Eu sou editor da página!" "Pois é, mas isso é assim mesmo." E eu fui tolerando aquilo enquanto deu. Mas era tudo muito obscuro, eles não diziam claramente para mim: "Olha, Políbio, nós estamos alinhados com essa coisa aqui. Sobre essa empresa você não escreve porque ela não anuncia no jornal". Eu sabia que era isso, mas eles não diziam: "Ah, esse político aqui você não ataca porque é querido da direção da empresa". O jornalismo, no caso dos veículos da RBS, tem que adivinhar essas coisas. Ele tem que ser inteligente o suficiente para perceber para onde está indo a empresa dele e de postar de acordo. Não gosto disso. Eu prefiro essa grossura do Renato Ribeiro.
Por que o apoio era ao Olívio?
Políbio Braga - Por que ele teve duas grandes questões com o Governo do Britto: uma estava relacionada ao Porto de Rio Grande, que foi privatizado e Renato teve alguns interesses contrariados lá. Alguns interesses legítimos dele, como exportador de soja. E, depois, ele teve os interesses novamente contrariados na privatização da CRT, que ele queria disputar também. Então, ficou claro que ele estava procurando uma aliança com o adversário principal de Britto. Tanto que ele ganhou e teve uma parceria muito positiva com o Governo do Olivio. E o Renato teve as vantagens decorrentes disso, o que eu acho natural. Porque sempre a principal aliada dos Governos foi a RBS. No caso do Governo Olívio, não foi. Quer dizer: o Renato foi para o Governo do Olívio o que a RBS sempre foi para todos os outros governadores. Ele ficava de fora e a RBS levava. No Governo do Olívio, ele levou e a RBS ficou de fora, quer dizer, em termos.
E neste momento, de sucessivas demissões, é que tu te sentiste mais isolado?
Polibio Braga - Sim, isso foi no segundo ano do Governo do Olívio. Qual foi meu raciocínio? Para onde eu posso ir, em Porto Alegre? O jornal O Sul a ainda não tinha chegado. Eu só podia ir para o Jornal do Comércio. Como sou advogado, pensei naquele momento: "Eu advogar". Em outros momentos eu já tinha advogado, inclusive como consultor jurídico do Banerj, nomeado pelo Brizola. Mas daí estava surgindo uma nova mídia, que era a internet, e alguém me falou: “Olha, quem sabe você tenta". E comecei a fazer um trabalho de jornalismo na internet. Um ano depois, o jornal O Sul apareceu e eu recebi dois convites simultâneos, um do Jornal do Comércio e um outro, do jornal O Sul. Os dois juntos. Daí fui para O Sul.
E teu site também nesse momento de conflito...
Polibio Braga -0 site surgiu um pouco antes, na época em que eu trabalhava na Band. Numa certa manhã, o Bira Valdez (ex-diretor-geral da Band RS, falecido em 2005) sugeriu para mim: "0lha, quem sabe você escreve alguma coisa, faz um site, edita um site". Eu digo: "Mas como? Eu não tenho esse site". Daí eu produzi um para a Band, para poder ter uma coluna. Tanto que o site está aí até hoje. Fui eu que idealizei e produzi. E nesse site da Band eu tinha uma coluna. Por que consegui tocar o projeto? Porque quando foi criado o primeiro provedor de internet no RS há dez anos, o Via-RS, o primeiro jornalista que colocou a primeira coluna na internet fui eu. Se um dia escreverem a história do jornalismo na internet e alguém buscar quem foi o primeiro jornalista a escrever uma coluna diária, vão me encontrar.
E para ti foi bom ter descoberto a internet?
Políbio Braga - Sim, porque estávamos falando de coisas muito recentes. Eu trabalhava no Correio do Povo ainda. Isso há dez anos. Cinco anos depois, eu criei esse site para a Band e fiz uma coluna lá dentro. Então, passei a fazer diariamente. Aí começou a dar um retorno interessante para mim, e um dia um leitor, pelo telefone, ligou para a Band e disse: "Por que você não cria um sistema de assinatura da tua coluna?". E eu n nem sabia que diabo era isso de assinatura. Eu perguntei para todo mundo: "Como assinatura? Isso não é jornal!". Aí, alguém me disse: "Olha, tu podes mandar a coluna por e-mail para as pessoas", Procurei me informar melhore verifiquei realmente que eu podia mandar por e-mail. E o resultado foi muito acima da minha expectativa.  Em seguida, briguei com a Band e saí da empresa. Portanto, não pude mais continuar escrevendo. O que eu fiz/ Criei um site pra mim: mim: www.polibiobraga.com.br.  E passei a enviar, não mais na minha coluna, mas uma newsletter.
E lá passaste a denunciar esses desmandos, essa agressividade, contra a liberdade de opinião do Governo Olívio?

Políbio Braga – Sim. A partir dali, a quantidade e a qualidade das minhas denúncias tiveram em crescimento geométrico. Poque eu antes era limitado pelos donos dos jornais, rádios e televisão onde eu trabalhava.  Agora, o dono do meu negócio era eu mesmo. Então, passeio a escrever absolutamente tudo que eu sabia. 
E tinha muita coisa para escrever...
Políbio Braga - Mas bah, tchê! 0 que aconteceu durante o Governo do Olívio era coisa para escrever um livro por dia. Foi alguma de dantesco, o que ocorreu no RS durante esse Governo. 
Queria que tu falasses um pouco dos teus processos judiciais no período petista de Olívio Dutra.
Políbio Braga -O primeiro processo judicial do PT contra mim foi em 1989. No primeiro ano do Governo Olívio Dutra na Prefeitura, eu já fui processado diretamente pelo prefeito. Eu fiz algumas críticas fortes à administração municipal, quando eles intervieram nas empresas de ônibus, e o prefeito na ocasião não gostou e me processou. Civilmente, utilizando a lei de imprensa. Isso em 1989. O meu advogado na ocasião foi o Marco Túlio de Rose, e por um erro processual o Olivio perdeu. Não houve nem julgamento.
Pergunta – Tu estavas na Zero Hora?
Políbio Braga - No Correio do Povo. Antes de me processar, Olívio até tentou um contato comigo. Fomos almoçar no Treviso, no Mercado Público. Meio que brincando e meio que falando sério, eu respondi desta forma, pelo telefone, ao convite que ele me fez: "Só se tu te comprometeres a não me envenenar durante o almoço". Foi uma conversa agradável. Olívio Dutra é um sujeito agradável quando conversa coisas que não interessam. Depois, eu tive um incidente com o então secretário do Meio Ambiente, Caio Lustosa. Ele também me processou na lei de imprensa, também cometeu um erro processual e não foi adiante. Aí, eu voltei a criticá-lo e ele me processou de novo. Aí, nessa segunda vez, eu fui absolvido. E então, quando eu ia atacar de novo, o pessoal do Correio do Povo não deixou, porque achou demais. Durante alguns meses, a direção do DEMAE me interpelou judicialmente, mas o caso não foi adiante. Depois disso, deu uma parada. Quando o PT assumiu o Governo do Estado, de processos, que eu me lembro, tive um cível e um criminal movido contra mim pelo deputado Frei Sergio Göergen (PT). Eu trabalhava em um jornal de Caxias e fui condenado em primeira instância, tanto cível, quanto criminalmente. Até, na época, busquei um acordo com Frei Sergio, porque me baseei em informações que não eram procedentes. A minha fonte não era crível.  O Único caso em que eu me lembro que “pisei na bola”. Perdi em primeira e segunda instância. Fui condenado a uma indenização, e também fui condenado à prisão. Não fui preso porque era primário.
De qualquer maneira, te defendestes até o último grau?
Políbio Braga – Ah, eu vou até onde é possível. No governo Olívio, foi isso aí. O do deputado Frei Sergio Göergen, que foram as ações criminal e cível, e desses quatro diretores do Banrisul, que foram também criminal e cível. Nesses casos, eu perdi para os dois. Depois disso, todos os outros processos foram movidos numa tacada só, no ano passado. Foi o Fórum Social Mundial, em que fui absolvido no processo crime e condenado no cível. Nos casos da agência e publicidade Intelig e o CPERS, fui absolvido em primeira e segunda instâncias. Era tudo gente ligada ao PT. Ainda respondo a vários processos, movidos pelo Sinttel, pelo ex-coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre e pelo presidente da Eletrobrás. Nem lembro de todos. E eu não tenho dúvida de que esses casos são quase todos orquestrados. Em 2005 e 2006, foi uma sucessão de seis processos contra mim. A cada dois meses, era movido um. Eu não posso acreditar que isso não tenha sido orquestrado porque, em muitos casos, o advogado era o mesmo. E eram todas pessoas ou entidades ligadas ao PT. Recentemente, foi o Sinttel (Sindicato dos Telefônicos), em que eu também fui absolvido, e também ligado ao PT. Também, cinco diretores dos Correios do RS e assessores moveram processo contra mim. Quer dizer: nós estávamos s falando de uns oito ou dez caras do PT que, de dois anos pra cá, me processaram, lideranças do PT do RS ou entidades ligadas ao PT. Eles ficam malucos quando vão para o Governo. Fora dele, são mansinhos, mas quando vão para o Governo, aí ficam valentes de novo. Eu recebi, também, muitas exigências de direitos de resposta e ameaças. Uma ameaça do Eliezer Pacheco, que é marido da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Ele mandou um e-mail desaforado porque eu tinha criticado a administração dele na Secretaria da Administração. E ele, agora, é homem lá do Palácio do Planalto, e de lá me mandou um e-mail dizendo que queria me processar. E também do ex-procurador-geral do município, o doutor Rogerio Favretto, que também, hoje é homem da copa e da cozinha do Palácio do Planalto e do Lula, que também me mandou um email com ameaças. A partir dali, também uma coisa que mudou na minha vida foi o seguinte: eu passei a me defender. Porque até ali, eu pedia para me defenderem. E os advogados que estavam me defendendo estavam perdendo. Eu pensei comigo: se é para perder mesmo vou me defender. Pelo menos, não fico gastando dinheiro e perdendo tempo. E eu passei a ganhar a maioria das causas.







A questão do anonimato, que tem contrariado inúmeros leitores que se identificam, não assombra o editor por uma razão muito simples:

- O editor identifica qualquer anônimo, no momento que bem entender, através do IP utilizado. A Internet possui inúmeras ferramentas que permitem isto.

Não é comum, mas o editor lembra que em pelo menos dois casos bem conhecidos, os dos canalhas blogs Tomando na Cuia e Nova Corja, identificou os IPs e através deles chegou aos provedores localizados fora do País, encontrou os responsáveis, puniu-os judicialmente e promoveu o cancelamento dos registros que tinham na Web, poupando os leitores dos atos criminosos que se utilizavam do anonimato existente na rede.













Atua nas áreas do Direito Previdenciário e Direito Penal no escritório Genro & Genro Advocacia dos Direitos Constitucionais, em Porto Alegre.[70]


INTERROGATÓRIO

De acordo com arts. 187, paragrafo 2o, 188, 189 e 190 do CPP


 

INQUÉRITO POLICIAL 134/2021, decorrente de BO  de Caio Cesar Klein e que gerou este inquérito

Em 2019 STF tornou homofobia, bifobia e transfobia equivalente a racismo, de acordo com resultado da ADO 26, nos termos das lei 7.716/89. 3 páginas.

 

Me indiciou como incurso no art. 20, p. 2o da lei 7.716/89.

 

No inquérito policial, falou Gabriel Galli Arevalo. FOI DISPENSADO DE COMPROMISSO PELO ART. 201 DO CPP.

 

AÇÃO MOVIDA PELO MPE

Incurso no art. 20, parágrafo 2o, lei 7716/89

6 páginaS

 

DEFESA DE POLIBIO BRAGA

Invoca art. 220 da CF e que se vincula ao art. 5o, IV, V, X,XIII E XIV

 

ADPF 1287 sobre livre penamento

 

VERIFICAR MAGISTRADA DIVERSA DA TITULAR QUE ACEITOU A DENÚNCIA

 

A decisão da magistrada violou art. 5o CF e 396 do CPP

 

PEDE REJEIÇÃO DE ACORDO COM ART. 395, INCISO III DO CPP

 

....

 

ALEGAÇÕES FINAIS

 

53 páginas

 

....

 

ALEGAÇÕES FINAIS PB

 

Absolvição pelo asrt. 386, III dlo CPP

 

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SENTENÇA

 

Condena pelo art. 20, parágrafo 2o da lei 7.716/89

 

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ACÓRDÃO

 

Base para enviar para a JF é artigo 109, V, da Constituição Federal

 

 

 

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JUIZ FEDERAL

 

Lei 13.964/19

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm

 

Art. 28 do CPP

 

O juiz não quis aplicar esta lei, considerando que o |MPF é o titular da ação penal, até porque a lei 13.l964 reforçou o perfil acusatório do processo penal brasileiro.

 

Ressalvfados disposto no art. 18 do CPP.

 

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art.




  LEI Nº 14.197, DE 24 DE MARÇO DE 2025 Inclui art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, vedando a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais em veículos de notícias ou informações que tenham sido condenados por difusão de notícias fraudulentas – fake news ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE Faço saber, no uso das atribuições que me obrigam os §§ 3º e 7° do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a Lei nº 14.197, de 24 de março de 2025, como segue: Art. 1º Fica incluído art. 2º-A na Lei nº 12.302, de 19 de setembro de 2017, conforme segue: “Art. 2º-A Fica vedada a divulgação das campanhas de peças ou anúncios publicitários institucionais de que trata esta Lei em sites, blogs, portais ou qualquer outra plataforma de veiculação de notícias ou informações, impressa ou digital, que tenha sido condenada, com sentença transitada em julgado, por ação ou omissão decorrente da divulgação de notícias fraudulentas – fake news – ou por crimes resultantes de prática de discriminação ou de preconceito. Parágrafo único. A vedação de que trata este artigo perdurará pelo prazo de 2 (dois) anos, contados a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, e será aplicada nos casos em que os responsáveis pelas plataformas de veiculação de notícias ou informações tenham sido condenados por: I – praticar crime ou contravenção penal por meio de divulgação de notícias fraudulentas; ou II – praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de: a) raça; b) cor; c) gênero; d) orientação sexual; e) etnia; f) religião; ou g) origem.” Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 24 DE MARÇO DE 2025. Documento assinado eletronicamente por Nadia Rodrigues Silveira Gerhard, Presidente, em 25/03/2025, às 09:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Art. 10, § 2º da Medida Provisória nº 2200-2/2001 e nas Resoluções de Mesa nºs 491/15, 495/15 e 504/15 da Câmara Municipal de Porto Alegre. Documento assinado eletronicamente por Tiago Jose Albrecht, Vereador, em 29/04/2025, às 11:00, conforme

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Projeto de 7 de 6 de 2021

Detalhes do Processo 00558/21 | Câmara Municipal de Porto Alegre


Maio de 2021 saíram BO e o resto do processo por homofobia

CAPÍTULO IX
A censura à imprensa nos governos do PT

NO DIA 10 DE DEZEMBRO de 2000, às 20h, um pequeno e nervoso público que se aglomerava no auditório da OAB do Rio Grande do Sul aguardava, impaciente, o início de uma sessão de desagravo a doze jornalistas perseguidos pelo Governo Olívio Dutra, do PT. A tensão que manteve o ambiente em suspense até o início da sessão foi provocado pelo presidente da OAB, Nelson Batista, que se recusou a integrar a mesa organizada para a cerimônia. 
Finalmente, com vinte minutos de atraso, o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Jair Krischke, deu por abertos os trabalhos, sem a presença do dono da casa, que decidiu ele também agravar os jornalistas.
Uma pomba transparente de acrílico, gestada pela cabeça e pelas mãos do artista plástico uruguaio Mario Cladera, foi entregue a cada um dos doze jornalistas presentes. Entre os doze profissionais desagravados, estavam este autor e os jornalistas Érico Valduga, Hélio Gama, Diego Casagrande, Gilberto Simões Pires, José Barrionuevo.
Muitos outros também foram perseguidos e são perseguidos pelos Governos do PT em Porto Alegre (1989-2004), no Rio Grande do Sul (1998-2002) e no Brasil (2003-2016). De algum deles, nem se conhecem os nomes. São profissionais do interior gaúcho e de Porto Alegre, que não ganharam espaço na mídia e nem nos foros políticos, mas pagaram caro por considerarem que poderiam criticar os governos do PT da mesma forma que fizeram com governos anteriores.
As administrações populares de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul foram os laboratórios da grande experiência que o PT tentaria repetir no Brasil. Isso não só ocorreu porque as instituições e os líderes republicanos brasileiros, sob o comando forte da mídia e das lideranças políticas empresariais paulistas, não permitiram. No Rio Grande do Sul, a mídia e as lideranças políticas e empresariais gaúchas não se opuseram aos desmandos do PT contra a liberdade de imprensa, tarefa que coube isoladamente a poucos jornalistas, que resolveram fazer o enfrentamento por sua conta e risco.
No decorrer das quatro administrações do PT em Porto Alegre, passaram pela área de comunicação social da Prefeitura os jornalistas Félix Valente, Vera Spolidoro, Ilza do Canto e Ayrton Kanitz.
O jornalista Guaracy Cunha voltou a ajudar Olívio Dutra no Piratini. Ali, foi o czar absoluto da área de comunicação, interferindo não apenas sobre o conteúdo das informações e o patrulhamento dos jornalistas do Rio Grande do Sul, mas também sobre as decisões de mídia paga, que invariavelmente se insubordinavam aos interesses do Governo do PT.
As administrações do PT em Porto Alegre trabalhavam sob o sistema de Coordenação de Comunicação Social, dividida em quatro setores: Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas e Políticas públicas, na verdade o relacionamento com a mídia segmentada.
No último ano do Governo João Verle, as verbas de publicidade da Prefeitura somaram R$6,4 milhões, valor que, ajustado para 2008, soma R$ 8 milhões. Essa verba foi administrada no Governo Verle por duas agências principais, a IM8 e a Competence. Os servidores do quadro, mais cargos em comissão e estagiários, formavam um contingente de 110 profissionais na Coordenação de Comunicação Social. Seu trabalho mais vistoso foi, com certeza, o programete semanal de rádio e TV, o "Cidade Viva", que consumia um quarto de toda a verba publicitária, algo como R$ 2,1 milhões por ano. Antes da Competence, produziram "Cidade Viva" as agências Cooperativa de Vídeo, Eixo Z e Radioativa.
A seguir, em três blocos, será possível examinar, em detalhes, as monstruosidades causadas pela censura petista à imprensa do Rio Grande do Sul. O primeiro bloco tratará dos casos de Porto Alegre, numa entrevista conduzida pelo jornalista Diego Casagrande*, enquanto que o segundo e terceiro blocos examinarão, com profusão de detalhes, o atrevimento do Palácio Piratini na tentativa de censura a um órgão da imprensa brasileira, a IstoÉ, e, por último, o estrangulamento imposto a um jornal diário do interior, o Jornal de Caxias, de Caxias do Sul.


Diego Casagrande entrevista Polibio Braga
O CERCO À IMPRENSA MOVIDO PELO PT

Pergunta-Como foi a tua relação com o Governo Estadual do PT?
Políbio Braga - Eu já vinha numa relação muito desgastada com o PT desde 1989. Comecei brigando com eles desde o primeiro dia e não parei mais de brigar. Então, quando o ex-prefeito Olivio Dutra chegou ao Governo do Estado, eu já tinha uma relação absolutamente desgastada com eles. Primeiro, fui incluído em um Index da Secretaria da Comunicação do Governo, e a minha inclusão como jornalista significava o seguinte: a partir daquele momento, eu não receberia mais releases de área nenhuma do Governo. Não tive mais acesso a nenhuma autoridade do Governo do Estado. Não adiantava pedir uma entrevista com um secretário, com o governador, com qualquer pessoa, que eu não tinha acesso. Além disso, fui cortado da lista de todos os atos oficiais ou não-oficiais do Governo. A partir daquele momento, solenidades, cafés da manhã, almoços, coletivas, enfim, qualquer ato público, eu não estava incluído. Era considerado persona non grata. Tanto que, durante quatro anos, não entrei no Palácio do Piratini e em nenhuma repartição pública estadual, a não ser em uma Delegacia de Policia, porque fui chamado para responder a um inquérito policial. A Policia Civil tentava conseguir o nome de uma fonte que eu utilizei numa nota que escrevi sobre perseguições políticas no Banrisul. Esse foi meu único comparecimento em uma repartição estadual durante todo o Governo Olívio. Na qualidade de investigado. Aliás, nunca pisei na Prefeitura de Porto Alegre enquanto o PT foi Governo. Fiquei fora dali durante 16 anos.

Pressão similar relatou-me o Helio Gama, que foi chamado por um promotor de Justiça. Isso te constrangeu como jornalista?
Políbio Braga - Claro que me constrangeu. No caso do Helio Gama, um promotor não é subordinado ao Governo do Estado. Hoje em dia, o Ministério Público, tanto o Estadual, quanto o Federal, constituem praticamente um novo Poder. Um Quarto Poder. Dizem que somos o Quarto Poder. Ora, o Quarto Poder é o Ministério Público. Mas, no meu caso, o constrangimento foi evidente, porque eu tive que comparecer numa Delegacia de Polícia e fui peitado pelo delegado. Aliás o delegado foi muito elegante. Ele disse: "Olha, eu estou constrangido de perguntar isso a você, mas recebi o pedido do Ministério Público Estadual". A pedido dos diretores do Banrisul, que queriam saber o nome de uma fonte que eu estava usando. Claro que isso me constrangeu, porque tu sabes que comparecer diante de uma autoridade policial sempre constrange. E, principalmente, quando você é intimado a fazer uma coisa que não quer fazer. E que, aliás, é inconstitucional. Tanto que eu disse para o delegado na ocasião, que nem poderia me fazer tal pergunta, porque a Constituição me garante o sigilo da fonte. Ele disse: "Mas é minha obrigação perguntar". É claro que eu não abri o sigilo da fonte, eu não abro o sigilo de fonte em hipótese alguma. Aliás, nesse mesmo período também a Polícia Federal me chamou para abrir o sigilo de fonte num caso sobre os Correios. E durante os quatro anos do Governo Olívio Dutra, além do constrangimento de comparecer a uma Delegacia de Polícia, de todos esses incidentes que ocorreram na Secretaria da Comunicação, de ser vetado para tudo e não receber release, e não poder comparecer a repartições públicas, além disso, eu tomei alguns processos judiciais. Tanto cíveis quanto criminais, por parte de autoridades do Governo do Estado, ou dirigentes do PT. E, ainda, fui demitido da Bandeirantes e da Gazeta Mercantil, por pressão direta do Governo Olívio Dutra, que cortou a publicidade nesses dois veículos, com a exigência de que só voltaria a anunciar se me botassem na rua. Chantagem direta. Foi corte de publicidade. E também, durante esse período, eu trabalhei em um jornal de Caxias do Sul, o Novo Jornal, que foi gravemente pressionado pelo Governo Olívio, que cortou todas publicidades. E o jornal inclusive, foi obrigado a fechar. E perdi também a possibilidade de trabalhar. O Governo Olívio fez comigo, em síntese, praticamente tudo que podia fazer: cortou-me todas as fontes de suprimento de informações, me tirou o emprego, tentou me botar na cadeia, tomar meu patrimônio e me intimou policialmente. A única coisa que faltou ali foi me colocar na cadeia ou me matar, porque o resto ele fez. Foi uma perseguição implacável: tirar o emprego, processar para botar na cadeia, para tirar o patrimônio através de ações de indenização. E não foi só em relação a mim. Isso ocorreu com vários jornalistas. Duas dezenas de jornalistas. Tanto que no final do Governo Olívio, eu estava pronto para pedir ajuda a Associação Protetora dos Animais. Só não fiz isso porque o Movimento de Justiça e Direitos Humanos me acudiu antes. A mim e a outros jornalistas, dando suporte para que eu pudesse me manter, ainda, com alguma dignidade no que eu estava fazendo.

Quando começou, na tua visão, essa escalada do PT contra a liberdade de imprensa e expressão?
Políbio Braga - No dia 1º de janeiro de 1989, quando o PT assumiu a Prefeitura de Porto Alegre. E tanto eu como vários jornalistas têm colocado exatamente essa questão, de que a instalação do Governo do PT na Prefeitura de Porto Alegre significou também um plano diabólico de amordaçamento da imprensa aqui no RS e no Brasil. Não deu outra coisa. E eles fizeram isso durante os dezesseis anos de Prefeitura e no período em que estiveram no Governo do Estado. Essas coisas que o Governo Lula tentou emplacar, como o Conselho Nacional de Jornalistas, isso tudo que em Porto Alegre já tinha acontecido. Foi o preâmbulo do que se vislumbrava para o País.

Tu foste um homem de esquerda...
Políbio Braga - Eu fui. Praticamente na minha juventude, eu acho que até os quarenta anos.
Mas a esquerda sempre teve esse viés autoritário?
Políbio Braga - A esquerda do Brasil?
É...ou isso foi uma surpresa?
Políbio Braga - Para mim foi uma surpresa. Durante a ditadura militar, combati ao lado de toda a esquerda que não se alçou em armas, mas minha luta foi pelo restabelecimento do estado democrático de direito, o que significa, por exemplo, liberdade de imprensa. Nos anos de chumbo, trabalhei em jornais como Opinião e Correio da Manhã, que faziam franca oposição ao regime militar, o que me levou inúmeras vezes à prisão.  Durante o Governo de esquerda, do Getúlio, de 1950 a 1954, eu era muito jovem. No Governo do Jango, eu já não era tão jovem, já tinha uns vinte anos. Conheci e trabalhei com o presidente. Nunca houve perseguição de jornalistas, uma coisa orquestrada como foi aqui. Então, o que é isso? O que o Jango e o Getúlio não fizeram? Por exemplo: não fizeram corte da publicidade nos veículos de comunicação que eram contra seus Governos, para amordaçar jornalistas e veículos de comunicação. Eles não fizeram isso. O PT fez e faz. Na Prefeitura e no Governo do Estado. Quer dizer: intimar para falar na Polícia.  Pressionar os veículos de comunicação, cortando publicidade, visando à demissão de jornalistas. Quer dizer, não é o fato de você ir lá e tentar conversar, porque isso até a agência de publicidade faz, vai ao dono do veículo de comunicação, vai lá na RBS, por exemplo, uma agência forte de publicidade e diz: "Olha eu não estou gostando do que o Diego está fazendo. Vamos botar esse cara pra fora". Hoje, fazem menos, mas dezenas de agências de propaganda e empresas fizeram o que o Governo Olívio fez. Foram nos jornais onde eu trabalhava e pediram para me botar na rua. Chantageando. Às vezes, não era tão explícito assim. Eram afirmações como: "Olha, eu vou cortar a publicidade". Mas estava implícito que, ou me botavam na rua, ou então iam cortar a verba. Nesses Governos do Jango e do Getúlio não há exemplo disso. Como também não há exemplo de processar criminal e civilmente jornalista, botar na cadeia, ou tirar o patrimônio dele. Qualquer jornalista de esquerda ou de direita, nos dois Governos, tinha acesso a um ministro de Estado, ao próprio presidente. Aqui, foi diferente, porque o PT do RS e os Governos que ele teve em Porto Alegre, tinham um viés fascista-comunista.

Isso é uma coisa clara para ti?
Polibio Braga- É muito claro. Porque quem estudou o comunismo como eu, quem lê a biografia de Stalin, entende perfeitamente que na União Soviética ocorreram fatos exatamente semelhantes. E em Cuba ou na China, que eu visitei várias vezes, também. E tanto num lugar como no outro, eu percebi isso claramente. Quer dizer: eu nem precisava perceber, porque lá não tem imprensa livre. Os jornalistas são todos empregados do Estado e do Partido. A imprensa é totalmente amordaçada. Só existe jornal do governo. Então, eu tenho que rir, aqui, quando alguém da esquerda resolve fazer humor negro e reclama da imprensa. O cara, aqui,  pode reclamar. O que quer a esquerda? Ela quer a imprensa tutelada totalmente pelo Estado.
E conseguem? 
Políbio Braga - Não conseguem.
Mas, de certa forma, essa pressão que a esquerda exerce nos veículos e sobre os próprios jornalistas, e que foi muito latente no período de Olívio, não é uma forma de tutela?
Políbio Braga - É uma tutela, claro. Eu não tenho dúvida disso. Mas aqui existe liberdade para empreender e dá para fazer muita coisa mesmo fora dos grandes jornais, das emissoras de rádio e TV de maior peso. Eu faço isso com sucesso. Se o sujeito for corajoso, empreendedor, trabalhador, consegue fazer.
Teve algum momento daquele período em que tu te sentiste realmente isolado? Que pensaste assim: o que vai ser da minha vida com esse cerco todo?
Políbio Braga - Eu nunca penso assim. Eu sou uma pessoa ativa. Sempre penso em ir adiante. Pode me acontecer a pior coisa do mundo que eu não vou pensar que estou isolado ou liquidado. Eu sempre caminho para frente. Mas senti momentos de grande isolamento. Quando fui demitido simultaneamente e sucessivamente, no segundo ano do Governo Olívio, da Gazeta Mercantil e, depois, da Bandeirantes, eu senti que estava assim... isolado. Porque eu já tinha sido posto para a rua da RBS por questões políticas e da mesma forma tinha saído da Caldas Júnior porque não quis apoiar o PT, desobedecendo a ordens do dono da empresa, o sr. Renato Ribeiro. Não concordei com isso e me demiti. Eu até prefiro quando o dono do jornal faz isso, porque está sendo claro. O pior de tudo é quando você trabalha em um veículo de comunicação e ele tem uma posição, mas tudo é obliquo. Isso me aconteceu na Zero Hora várias vezes: eu escrevia a principal página da ZH, que era o Informe Especial, e o meu diretor-editor era o Lauro Schirmer. No outro dia, várias notas que eu tinha escrito não saíam. E saíam outras que eu não tinha escrito, com posições às vezes conflitantes com o que eu pensava. E eu me queixava para a direção e eles diziam: "Não, mas é isso mesmo. Porque, inclusive, você não assina. E a posição do jornal. De modo que tu és um dos redatores". Eu digo: "Como sou um dos redatores? Eu sou editor da página!" "Pois é, mas isso é assim mesmo." E eu fui tolerando aquilo enquanto deu. Mas era tudo muito obscuro, eles não diziam claramente para mim: "Olha, Políbio, nós estamos alinhados com essa coisa aqui. Sobre essa empresa você não escreve porque ela não anuncia no jornal". Eu sabia que era isso, mas eles não diziam: "Ah, esse político aqui você não ataca porque é querido da direção da empresa". O jornalismo, no caso dos veículos da RBS, tem que adivinhar essas coisas. Ele tem que ser inteligente o suficiente para perceber para onde está indo a empresa dele e de postar de acordo. Não gosto disso. Eu prefiro essa grossura do Renato Ribeiro.
Por que o apoio era ao Olívio?
Políbio Braga - Por que ele teve duas grandes questões com o Governo do Britto: uma estava relacionada ao Porto de Rio Grande, que foi privatizado e Renato teve alguns interesses contrariados lá. Alguns interesses legítimos dele, como exportador de soja. E, depois, ele teve os interesses novamente contrariados na privatização da CRT, que ele queria disputar também. Então, ficou claro que ele estava procurando uma aliança com o adversário principal de Britto. Tanto que ele ganhou e teve uma parceria muito positiva com o Governo do Olivio. E o Renato teve as vantagens decorrentes disso, o que eu acho natural. Porque sempre a principal aliada dos Governos foi a RBS. No caso do Governo Olívio, não foi. Quer dizer: o Renato foi para o Governo do Olívio o que a RBS sempre foi para todos os outros governadores. Ele ficava de fora e a RBS levava. No Governo do Olívio, ele levou e a RBS ficou de fora, quer dizer, em termos.
E neste momento, de sucessivas demissões, é que tu te sentiste mais isolado?
Polibio Braga - Sim, isso foi no segundo ano do Governo do Olívio. Qual foi meu raciocínio? Para onde eu posso ir, em Porto Alegre? O jornal O Sul a ainda não tinha chegado. Eu só podia ir para o Jornal do Comércio. Como sou advogado, pensei naquele momento: "Eu advogar". Em outros momentos eu já tinha advogado, inclusive como consultor jurídico do Banerj, nomeado pelo Brizola. Mas daí estava surgindo uma nova mídia, que era a internet, e alguém me falou: “Olha, quem sabe você tenta". E comecei a fazer um trabalho de jornalismo na internet. Um ano depois, o jornal O Sul apareceu e eu recebi dois convites simultâneos, um do Jornal do Comércio e um outro, do jornal O Sul. Os dois juntos. Daí fui para O Sul.
E teu site também nesse momento de conflito...
Polibio Braga -0 site surgiu um pouco antes, na época em que eu trabalhava na Band. Numa certa manhã, o Bira Valdez (ex-diretor-geral da Band RS, falecido em 2005) sugeriu para mim: "0lha, quem sabe você escreve alguma coisa, faz um site, edita um site". Eu digo: "Mas como? Eu não tenho esse site". Daí eu produzi um para a Band, para poder ter uma coluna. Tanto que o site está aí até hoje. Fui eu que idealizei e produzi. E nesse site da Band eu tinha uma coluna. Por que consegui tocar o projeto? Porque quando foi criado o primeiro provedor de internet no RS há dez anos, o Via-RS, o primeiro jornalista que colocou a primeira coluna na internet fui eu. Se um dia escreverem a história do jornalismo na internet e alguém buscar quem foi o primeiro jornalista a escrever uma coluna diária, vão me encontrar.
E para ti foi bom ter descoberto a internet?
Políbio Braga - Sim, porque estávamos falando de coisas muito recentes. Eu trabalhava no Correio do Povo ainda. Isso há dez anos. Cinco anos depois, eu criei esse site para a Band e fiz uma coluna lá dentro. Então, passei a fazer diariamente. Aí começou a dar um retorno interessante para mim, e um dia um leitor, pelo telefone, ligou para a Band e disse: "Por que você não cria um sistema de assinatura da tua coluna?". E eu n nem sabia que diabo era isso de assinatura. Eu perguntei para todo mundo: "Como assinatura? Isso não é jornal!". Aí, alguém me disse: "Olha, tu podes mandar a coluna por e-mail para as pessoas", Procurei me informar melhore verifiquei realmente que eu podia mandar por e-mail. E o resultado foi muito acima da minha expectativa.  Em seguida, briguei com a Band e saí da empresa. Portanto, não pude mais continuar escrevendo. O que eu fiz/ Criei um site pra mim: mim: www.polibiobraga.com.br.  E passei a enviar, não mais na minha coluna, mas uma newsletter.
E lá passaste a denunciar esses desmandos, essa agressividade, contra a liberdade de opinião do Governo Olívio?

Políbio Braga – Sim. A partir dali, a quantidade e a qualidade das minhas denúncias tiveram em crescimento geométrico. Poque eu antes era limitado pelos donos dos jornais, rádios e televisão onde eu trabalhava.  Agora, o dono do meu negócio era eu mesmo. Então, passeio a escrever absolutamente tudo que eu sabia. 
E tinha muita coisa para escrever...
Políbio Braga - Mas bah, tchê! 0 que aconteceu durante o Governo do Olívio era coisa para escrever um livro por dia. Foi alguma de dantesco, o que ocorreu no RS durante esse Governo. 
Queria que tu falasses um pouco dos teus processos judiciais no período petista de Olívio Dutra.
Políbio Braga -O primeiro processo judicial do PT contra mim foi em 1989. No primeiro ano do Governo Olívio Dutra na Prefeitura, eu já fui processado diretamente pelo prefeito. Eu fiz algumas críticas fortes à administração municipal, quando eles intervieram nas empresas de ônibus, e o prefeito na ocasião não gostou e me processou. Civilmente, utilizando a lei de imprensa. Isso em 1989. O meu advogado na ocasião foi o Marco Túlio de Rose, e por um erro processual o Olivio perdeu. Não houve nem julgamento.
Pergunta – Tu estavas na Zero Hora?
Políbio Braga - No Correio do Povo. Antes de me processar, Olívio até tentou um contato comigo. Fomos almoçar no Treviso, no Mercado Público. Meio que brincando e meio que falando sério, eu respondi desta forma, pelo telefone, ao convite que ele me fez: "Só se tu te comprometeres a não me envenenar durante o almoço". Foi uma conversa agradável. Olívio Dutra é um sujeito agradável quando conversa coisas que não interessam. Depois, eu tive um incidente com o então secretário do Meio Ambiente, Caio Lustosa. Ele também me processou na lei de imprensa, também cometeu um erro processual e não foi adiante. Aí, eu voltei a criticá-lo e ele me processou de novo. Aí, nessa segunda vez, eu fui absolvido. E então, quando eu ia atacar de novo, o pessoal do Correio do Povo não deixou, porque achou demais. Durante alguns meses, a direção do DEMAE me interpelou judicialmente, mas o caso não foi adiante. Depois disso, deu uma parada. Quando o PT assumiu o Governo do Estado, de processos, que eu me lembro, tive um cível e um criminal movido contra mim pelo deputado Frei Sergio Göergen (PT). Eu trabalhava em um jornal de Caxias e fui condenado em primeira instância, tanto cível, quanto criminalmente. Até, na época, busquei um acordo com Frei Sergio, porque me baseei em informações que não eram procedentes. A minha fonte não era crível.  O Único caso em que eu me lembro que “pisei na bola”. Perdi em primeira e segunda instância. Fui condenado a uma indenização, e também fui condenado à prisão. Não fui preso porque era primário.
De qualquer maneira, te defendestes até o último grau?
Políbio Braga – Ah, eu vou até onde é possível. No governo Olívio, foi isso aí. O do deputado Frei Sergio Göergen, que foram as ações criminal e cível, e desses quatro diretores do Banrisul, que foram também criminal e cível. Nesses casos, eu perdi para os dois. Depois disso, todos os outros processos foram movidos numa tacada só, no ano passado. Foi o Fórum Social Mundial, em que fui absolvido no processo crime e condenado no cível. Nos casos da agência e publicidade Intelig e o CPERS, fui absolvido em primeira e segunda instâncias. Era tudo gente ligada ao PT. Ainda respondo a vários processos, movidos pelo Sinttel, pelo ex-coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre e pelo presidente da Eletrobrás. Nem lembro de todos. E eu não tenho dúvida de que esses casos são quase todos orquestrados. Em 2005 e 2006, foi uma sucessão de seis processos contra mim. A cada dois meses, era movido um. Eu não posso acreditar que isso não tenha sido orquestrado porque, em muitos casos, o advogado era o mesmo. E eram todas pessoas ou entidades ligadas ao PT. Recentemente, foi o Sinttel (Sindicato dos Telefônicos), em que eu também fui absolvido, e também ligado ao PT. Também, cinco diretores dos Correios do RS e assessores moveram processo contra mim. Quer dizer: nós estávamos s falando de uns oito ou dez caras do PT que, de dois anos pra cá, me processaram, lideranças do PT do RS ou entidades ligadas ao PT. Eles ficam malucos quando vão para o Governo. Fora dele, são mansinhos, mas quando vão para o Governo, aí ficam valentes de novo. Eu recebi, também, muitas exigências de direitos de resposta e ameaças. Uma ameaça do Eliezer Pacheco, que é marido da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Ele mandou um e-mail desaforado porque eu tinha criticado a administração dele na Secretaria da Administração. E ele, agora, é homem lá do Palácio do Planalto, e de lá me mandou um e-mail dizendo que queria me processar. E também do ex-procurador-geral do município, o doutor Rogerio Favretto, que também, hoje é homem da copa e da cozinha do Palácio do Planalto e do Lula, que também me mandou um email com ameaças. A partir dali, também uma coisa que mudou na minha vida foi o seguinte: eu passei a me defender. Porque até ali, eu pedia para me defenderem. E os advogados que estavam me defendendo estavam perdendo. Eu pensei comigo: se é para perder mesmo vou me defender. Pelo menos, não fico gastando dinheiro e perdendo tempo. E eu passei a ganhar a maioria das causas.

NOVO CAPÍTULO

Luis Milman condena o secretário de Imprensa do PT

 

AS CAVERNOSAS RELAÇÕES DO GOVERNO DO PT COM O JOGO DO BICHO E COM A JOGATINA NO RIO GRANDE DO SUL

 

Desde o começo do Governo Olívio Dutra, as evidências de um amplo acordo entre o Governo Estadual, o PT e os barões da jogatina foram ganhando corpo, e não foi surpresa nenhuma que essa relação permissiva acabasse por engrossar o caldo da CPI da Segurança Pública, instaurada em abril de 2001.

O exemplo mais completo dos bons resultados da convivência entre as partes foi a compra da sede do PT, na avenida Farrapos, em Porto Alegre, com dinheiro da jogatina clandestina, amealhado pelo sr. Diógenes Oliveira, através de uma sociedade, o Clube da Cidadania, que montou para fazer a lavagem das colaborações. O exemplo é emblemático, mas não é único. O dinheiro do Clube da Cidadania também foi engordado com doações e negócios mais do que nebulosos, fechados com empreiteiras públicas, clientes do Governo, concessionários de serviços públicos e entidades que dependem dos favores do Palácio Piratini ou da Prefeitura de Porto Alegre, ambos sob o controle do PT.

O Clube da Cidadania foi apenas um dos braços da lavanderia montada pelo sr. Diógenes Oliveira. O outro braço era uma agência de viagens, a Pangea. Ambos foram colocados a serviço da causa, do PT e do Governo Olívio Dutra.

Somente o clamor público fez o PT abrir mão da sua nova e espaçosa sede, no início de 2002, colocada desde então sob o controle da direção estadual do MST, o que coincidiu com o retorno de um dos seus mais importantes líderes, Mário Lil, do cerco a que se submeteu no apoio ao sitiado líder palestino Yasser Arafat. O sr. Diógenes Oliveira nunca explicou direito o que costumava fazer nas suas viagens ao exterior, mas quando suas agendas foram confiscadas pela CPI da Segurança Pública, dólares e roteiros de viagens ao Oriente Médio, dele e de líderes do MST, como José Pedro Stédile, relatos só não foram apreendidos porque o objeto da busca e apreensão na sua casa estaria comprometido irremediavelmente. Cópias foram feitas do material.

E não foi dinheiro apenas do jogo do bicho, mas também do seu negócio mais rentável e aparentemente legalizado no Governo Olívio Dutra, os jogos eletrônicos, além das empresas e entidades dependentes dos favores governamentais que engordaram os cofres do PT.

"Eu cansei de avisar o Governo e o PT, mas não fui ouvido", lembra o ex-delegado de Polícia e ex-deputado Wilson Muller. "Nós também", repetem até hoje, em coro, personalidades e eleitores insuspeitos de Olívio, como o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, e o ex-juiz Luiz Barbosa. O PDT, que fez parte do Governo na sua primeira metade, também insistiu com o PT para que parasse com os repasses.

A evidência de que o Governo Olívio Dutra estava comprometido com o jogo do bicho foi a primeira a surgir e logo no primeiro mês de mandato, janeiro de 1999. Existiam relações permissivas muito anteriores, como chegou a confessar na CPI da Segurança Pública o sr. Diógenes Oliveira. Quase ao final de janeiro de 1999, o próprio chefe de Polícia escolhido por Olívio, o delegado Luís Fernando Tubino, não escondeu o que estava acontecendo. Ao final da primeira reunião do Conselho de Administração Superior de Polícia, ele comentou de modo informal:

- Os bicheiros estão disponibilizando verbas para o Governo e elas serão aplicadas em assistência social.

O comentário foi anotado pelos delegados Farney Araújo Goulart, Lauro Antônio Costa dos Santos e Roberto Leite Pimentel.

Alguns dias depois, o delegado Nelson Oliveira procurou o delegado Tubino e teve com ele este diálogo:

- Oliveira: Escuta, Tubino, como é o negócio agora? Quer dizer que o dinheiro do jogo do bicho vai para o chefe?

Tubino: - Sim, vai para o chefe, mas o chefe não sou eu, é o Olívio, é o PT.

 Oliveira:- -Mas que PT? Mas que conversa é esta?

Tubino: - Ah, não sei. Mas agora não tem mais esse negócio de envolver a polícia com bicheiro, com isso e com aquilo. As obras sociais do Governo, serão exclusivamente as beneficiadas.

Apenas uma semana antes desses comentários, o delegado Luiz Fernando Tubino da Silva recebeu em seu gabinete as visitas de Dirceu Lopes, depois secretário da Administração de Olívio e depois chefe de gabinete do Ministério das Cidades, na gestão do próprio Olívio, e de Diógenes Oliveira, coordenadores da campanha vitoriosa, que foram pedir dinheiro (30%) dos ocupantes de cargos de chefia e em comissão da Polícia para o PT. Foi apenas um dos temas da conversa. O ex-chefe de Polícia lembra bem da reunião. Dirceu Lopes era, na ocasião, o tesoureiro do PT, e tinha um sido um dos coordenadores da Campanha de Olivio, como Diógenes.

O delegado Tubino lembra que Dirceu não largava envelopões pardos que carregava com ele. Passados quinze dias das inconfidências feitas pelo chefe de Policia do Rio Grande do Sul, as notícias sobre o caso já circulavam de boca em boca em todo o Estado. O Movimento de Justiça e Direitos Humanos, dirigido por dez conselheiros que tinham votado em peso em Olívio, reuniu-se imediatamente e encarregou seu presidente, Jair Krischke, para ir ao Governo exigir explicações e providências. O mínimo que se queria era um inquérito administrativo.

O Movimento de Justiça e Direitos Humanos enfrentou os anos negros da ditadura com ações desassombradas dentro e fora do Brasil. Sempre esteve ligado aos grupos brasileiros de esquerda, sobretudo do PT e do PCdoB.

O governador Olívio Dutra recusou-se a receber Jair Krischke, que acabou conversando duas vezes com o vice-governador Miguel Rossetto, ao longo dos meses de fevereiro e março de 1999, portanto ainda no primeiro trimestre do novo Governo. Krischke falou curto e

-A Polícia está fazendo vista grossa ao jogo do bicho e tomando dinheiro das bancas para financiar as obras sociais do Governo. Tem que acabar com essa relação. Isso vai acabar com vocês, se vocês não tomarem providencias. Nada foi feito.

Sem respostas de Rossetto e Olívio, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos voltou à carga quatro meses depois do último encontro com Rossetto, que foi em abril.  Em agosto, aproveitando a solenidade de posse do novo ouvidor da Secretaria da Segurança Pública, o advogado Luiz Goulart Filho, que era membro do próprio MJDH, foram visitá-lo o próprio Jair, mais o advogado Barbosa e o jornalista Luis Milman.

- Goulart - foi logo dizendo Jair Krischke, a ao mesmo tempo em que estendia um dossiê em sua direção -, está havendo corrupção na Polícia. Eu fui ao Governo fazer a denúncia e até agora ninguém fez nada. O MJDH considera isso tudo inaceitável.

O advogado Luiz Goulart Filho começou a sua militância na esquerda dentro da Faculdade de Direito da UFRGS e nunca mais abriu mão das suas posições. Ele ficou escandalizado com o que ouviu. Jair Krischke advertiu:

- Tu és ouvidor. Procura ser independente. Nós não podemos coonestar coisas contra as quais sempre fomos contra.

Nada foi feito.

O aviso estava dado. O primeiro ano do Governo terminou como começara, e o segundo estava chegando ao final sem novidades.

Ao contrário do que repetiu inúmeras vezes o sr. Olívio Dutra, o seu Governo sabia muito bem o que estava acontecendo e era conivente com a contravenção, mandando a Polícia fazer vista grossa à prática do jogo do bicho e, inclusive, editando leis, decretos e regulamentos para garantir a instalação e operação de jogos eletrônicos de todo gênero, como cassinos virtuais, bingos e até loterias on line, mesmo sabendo que a atividade somente pode ser  regulamentada por legislação federal, e não estadual. Seu próprio partido tinha conhecimento de tudo e se beneficiava dos resultados.

O Ministério Público Federal advertiu Olívio a respeito da ilegalidade do que estava fazendo e chegou a atacar diretamente o titular da área no Governo, o presidente da Lotergs, a Loteria Estadual do Rio Grande do Sul, que, a partir do segundo semestre de 2000, segundo  ano da administração do sr. Olívio Dutra, passou para o comando de José Vicente Brizola, filho do ex-governador Leonel Brizola, e com quem estava rompido.

O Ministério Público Federal sabia muito bem do estava falando. Apenas um ano depois de assumir, o sr. Olívio Dutra promulgou o Decreto 40.593, no dia 16 de janeiro de 2001, e estatuiu, no seu Artigo 3°, esta pérola inconstitucional:

 Art. 3° - A loteria do Estado do Rio Grande do Sul poderá explorar, diretamente, ou indiretamente, mediante credenciamento e autorização ou concessão, sem prejuízo de outras espécies, de Loterias que venham a ser criadas, além das referidas no artigo anterior, a Loteria Convencional, a Loteria Instantânea e a Loteria On Line/Real Time”.

Para não deixar qualquer dúvida a respeito do que estava legislando, o Governador do Estado editou o Decreto 40.365, no dia 13 de janeiro, introduzindo, inclusive, duas novas formas de Loterias. Dessa vez, o governador Olívio Dutra tratou de criar também o Bingo Tradicional Gaúcho, comercialização de cartelas para sorteios de dezenas realizados em datas e horários predefinidos, com distribuição de prêmios em dinheiro, bens ou serviços.

No dia 18 de maio, o governador voltou à carga com o Decreto 40.765, para revogar o inciso II do artigo 2° do Decreto 40.592. Com isso, suprimiu a modalidade de videoloteria. Um reconhecimento de que andava na contramão, ao legislar sobre um assunto de competência federal exclusiva. Os outros jogos foram todos mantidos, inclusive a Loteria On Line/Real Time, sistema de apostas de última geração, só operado por poderosos grupos internacionais. Trata-se de um cassino virtual. Ele viabiliza qualquer tipo de jogo através de terminais de computador, que podem ser instalados até no bar da esquina.

Numa reportagem que assinaram na revista Isto É (edição número 1.657, de julho de 2001), os jornalistas Cláudio Camargo e Luis Milman revelaram que, em troca de 9% para o Estado, o cassino virtual poderia movimentar até R$ 300 milhões por mês no Rio Grande do Sul. Uma parte substantiva, 31% ficaria com os empreendedores, cabendo 60% para os sorteios.

Em nenhum momento os srs. Olivio Dutra, Miguel Rossetto, Flávio Koutzii, Arno Augustin e João Vicente Brizola, respectivamente governador, vice-governador, chefe da Casa Civil, secretário da Fazenda e diretor da Loteria Estadual, foram movidos apenas pelo interesse público. Eles foram acionados o tempo todo pelos grupos interessados diretamente nas mudanças. Um dia antes da edição do decreto que acabou com as videoloterias, o advogado Juarez Rosa da Silva documentou em carta que sabia com antecedência não apenas da mudança, mas conhecia também instruções internas da Loteria Estadual que sairiam nos dias seguintes para regulamentar o funcionamento dos caça-níqueis, que é como é conhecida a videoloteria no Brasil. O advogado Juarez Rosa da Silva é cunhado de João Carlos Francisco Cunha, dono do Bingo Roma, na época a maior casa de jogos do QG da polícia. Ele também era sócio de Thales Carvalho, dono da maior banca de jogo do bicho do Estado.

Na undécima hora do mesmo ano, segundo ano do governo, o governador Olívio Dutra, antes disso, em dezembro de 2000, assinou a Lei 11.561, que a pretexto de alterar as Taxas de Serviços Diversos, listadas na Lei 8.109, de dezembro de 1985, tenta dar por legais atividades de bingo, loterias instantâneas, loterias de chances múltiplas e loteria on line/real time.

No dia 22 de fevereiro de 2001, os procuradores da República, Vitor Hugo Gomes da Cunha e Waldir Alves, entregaram um inédito oficio de três laudas ao próprio José Vicente Goulart Brizola, recomendando à Loteria do Estado do Rio Grande do Sul que se abstenha de usar qualquer legislação estadual para credenciar, permitir, conceder ou autorizar toda e qualquer espécie de sorteio”. O Ministério Público Federal também mandou que o Governo do Estado revogasse e anulasse eventuais credenciamentos, permissões, concessões ou autorizações já efetivadas, já que a atividade administrativa da área é competência exclusiva da Caixa Econômica Federal. Nem o governo e tampouco José Vicente prestaram atenção ao que advertia o Ministério Público Federal. As agendas do Governo continuaram povoadas de entrevistas marcadas por advogados especializados em advocacia administrativa.

As notícias sobre o que estava acontecendo dentro do Governo Olivio Dutra começaram a pipocar nas redações dos jornais de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília. No Rio Grande do Sul os jornalistas sabiam de tudo, mas ninguém noticiava nada. O chefe da Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini, o jornalista Guaracy Cunha, mantinha as rédeas curtas com o uso simultâneo de patrulhamento e fartas de publicidade.

Na redação da revista Isto É, começava a se armar uma tempestade sobre o Governo do Rio Grande do Sul. A troca de telefonemas entre jornalistas da revista e colegas jornalista gaúchos passou a ser frenética. O Governo do Estado soube o que estava acontecendo e pôs-se de sobreaviso. Logo a articulação palaciana alcançaria as redações de São Paulo. Os gaúchos não gostam de ver noticias suas na imprensa de São Paulo e Rio. É que isso só acontece quando é coisa ruim.

Jornalista paulistas como Jaime Brenner e Claudio Camargo, ambos da IstoÉ, de São Paulo, não eram exceções. Eles passaram a receber sinais do que estava acontecendo no Rio Grande do Sul através seu colegas e amigos gaúchos e começaram a montar uma conexão com Porto Alegre para esclarecer tudo.

Logo o noticiário iria para as primeiras páginas dos jornais.

Em São Paulo, a revista Isto É preparava-se para assestar um duro golpe no Governo do Rio Grande do Sul, mas antes disso passaria por conflitos internos que demonstrariam até que ponto o jornalista Guaracy Cunha e o PT possuíam ligações capazes de interferir até mesmo na publicação de noticias decididas pelo editor da revista.

Desta vez, o jornalista Guaracy Cunha pagaria caro pelo atrevimento. Por causa do incidente, ele foi premiado com a condição de primeiro jornalista do Rio Grande do Sul punido pela Comissão Ética do seu próprio Sindicato, o Sindicato dos Jornalistas de Porto Alegre.

Atento ao que estava acontecendo, o Ministério Publico Federal do RS advertiu o Governo que era inconstitucional a legalização de qualquer tipo de jogo de azar em âmbito estadual.

O cerco começava a fechar em torno do Governo Olivio Dutra.

Os dados foram lançados.

Em Porto Alegre, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos achava que não poderia mais ficar calado. Seria conivência da pior espécie.

As pressões sobre o Governo não vinham apenas de Jair Krischke e seus companheiros do MJDH. Também entre os aliados do Governo Olivio Dutra, no PDT, as notícias sobre as inconfidências do delegado Luis Fernando Tubino causavam grande desconforto. O secretário-geral do PDT, o ex-deputado Wilson Muller, da mesma forma que Tubino, também ele um delegado de polícia, e além disso, irmão de outros dois delegados, tentava convencer o Governo a fazer alguma coisa.

A insistência de Wilson Muller durou todo o período dos primeiros dois anos do Governo, até que o PDT acabou rompendo com Olivio, logo no inicio de 2000, o segundo ano do novo governo. Isso provocou uma nova dissidência no partido de Brizola no RS. Algumas lideranças do PDT resolveram ficar no Governo e filiar-se ao PT. Muller, que fazia parte da dissidência, tinha duvidas porque não confiava mais em Olivio.

No dia 23 de março de 2000, ao meio dia, no Restaurante Copacabana, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, o ex-delegado Wilson Muller reuniu-se num almoço com lideranças da Democracia Socialista, a DS, para comunicar que não iria filiar-se ao Partido dos Trabalhadores. Muller estava ali com outros companheiros seus do PDT, que tinham decidido abandonar o Partido para ingressar no PT, diante da posição de Brizola de se afastar do Governo do sr. Olivio Dutra. Estavam ali com ele os srs. Sereno Chaise, ex-presidente do PDT, Milton Zuanazzi, secretário do Tursimo de olivio na quota do PDT, e Marcos Klassmann, ex-vereador do PDT, mais os principais líderes da DS, entre os quais o vice-governador Miguel Rosssetto, o secretário da Fazenda, Arno Augustin, e o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont.

Wilson Muller quis aproveitar o almoço para denunciar formalmente ao Partido, ao PT, e não mais ao Governo apenas, a existência de um acordo entre o Governo do sr. Olívio Dutra e os barões gaúchos do jogo do bicho. Se o Partido fizesse alguma coisa, ele talvez revisasse sua posição de ficar independente. Raul Pont, ex-prefeito de Porto alegre, e Arno Augustin, então secretário da Fazenda, saíram perplexos do almoço. Os outros convidados já conheciam o caso. As denúncias de Muller eram recorrentes, porque ele já vinha pedindo providências há mais de um ano, desde o início da nova administração, como único membro do PDT no Conselho Político do Governo. Fez isso numa reunião de março de 1999, primeiro ano do Governo, ao próprio secretário da Segurança Pública, José Paulo Bisol. Muller e Bisol tinham sido colegas na CPI que resultou no impeachment de Collor, ele pelo PDT e Bisol pelo PPB. Embora do PSB na época, Bisol obteve a vaga numa cortesia do senador Esperidião Amin, do PPB, que estava brigando com seu Partido.

O secretário José Paulo Bisol não se surpreendeu com nada do que lhe disse seu ex-colega de Congresso. Ele já sabia de tudo e avisou que estava investigando o caso. Bisol não gostava do seu chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino, escolhido antes dele por Olívio. O secretário achava Tubino incompetente e faria tudo para derrubar seu chefe de Polícia, o que conseguiu um ano depois, antes da instalação da CPI da Segurança Pública. Iria pagar caro por isso.

 No dia seguinte, dia 24 de março de 2001, ele voltou à carga, mas desta vez numa reunião fechada com a totalidade da Executiva do PT. Ali contou todos os detalhes. O que disse e o que ouviu está registrado numa ata que, a seu pedido, redigiu o ex-vereador de Porto Alegre, Marcos Klassmann,

As investigações que o Governo do Estado negava-se a fazer e o PT fazia questão de ignorar explodiriam com toda a sua selvagem verdade poucos meses depois, na CPI da Segurança Pública, deixando a opinião pública brasileira perplexa e horrorizada. Seus efeitos devastadores aniquilariam todas as pretensões político-eleitorais de Olívio Dutra, como já tinha ocorrido apenas três anos antes com seu antecessor, Alceu Collares, também por força de outra CPI, a CPI da Propina. Naquele caso o algoz do PDT tinha sido o PT, mas neste caso o PT viria a ser o PDT.

Poucos dias depois, no dia 18 de abril, foi instalada a CPI da Segurança Pública. Os quarenta deputados que subscreveram o pedido de CPI listaram doze fatos que geraram o requerimento e nenhum deles tinha nada a ver com as relações permissivas entre o jogo do bicho, os jogos eletrônicos e a extorsão de clientes do Governo do Estado. Isso só apareceu mais tarde.

Da mesma forma que ocorreu com o aparecimento do motorista Eriberto França (o caso da camioneta Elba) na CPI de Collor, também a CPI da Segurança Pública mudou surpreendentemente de rumo quando o ex-delegado Wilson Muller, investido na sua condição de advogado, entregou aos deputados uma fita que lhe alcançara poucos dias antes o ex-chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino.

Muller e Tubino nunca foram o que se pode chamar de amigos. A maior parte da vida profissional de ambos foi marcada por desavenças graves. Não foi por outra razão que o ex-chefe de Polícia procurou-o para entregar-lhe um pacote de fitas que abiscoitou cuidadosamente durante o primeiro ano do Governo do sr. Olívio Dutra. Ele sabia que o secretário José Paulo Bisol conspirava abertamente contra a sua permanência no cargo e que não apenas seria derrubado, mas que, além disso, seria perseguido administrativamente por ter vazado notícias sobre o triângulo jogatina-clientela pública-governo. Seus arapongas recolheram farto e comprometedor material de escuta.

A gravação do diálogo entre o delegado Tubino e o sr. Diógenes Oliveira foi uma ação muito simples. Não é o caso mais sórdido que guarda o ex-chefe de Polícia. Quem ouviu as outras fitas, acha que o sr. Olívio Dutra estava com toda a razão ao denunciar "ameaças de chantagem" contra o seu Governo. O sr. Dutra nunca citou Tubino, Muller, Vieira da Cunha, Barbosa ou Jair Krischke, mas todos eles ouviram as conversas gravadas, mas nunca quiseram utilizá-las, nem mesmo na CPI da Segurança Pública, porque reproduzem cenas altamente comprometedoras da vida pessoal de autoridades estaduais de alto grau.

As fitas existem e as cópias estão não apenas em poder de ex-chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino. O Governo do Estado tentou impedir o conhecimento das duas fitas finalmente apresentadas aos deputados por Wilson Muller. No primeiro caso, a gravação de uma tentativa de intimidação com a conversa entre Tubino e Diógenes acabou liberada pelos desembargadores, mas no o segundo caso, a gravação de uma tentativa de intimidação praticada pelo secretário José Paulo Bisol sobre duas mulheres de brigadianos, não pode ser mostrada na CPI da Segurança Pública.

Esta é a transcrição completa da conversa que o chefe de Polícia do Governo Olívio Dutra, Luiz Fernando Tubino, manteve com o sr. Diógenes Oliveira, eminência parda do PT e do Governo, depois que Tubino procurou seu chefe no Palácio Piratini e obteve dele a recomendação de que fosse ao encontro solicitado pelo presidente do Clube da Cidadania:

Diógenes: E aí, Tubino, e aí, meu caro, como vai? (inaudível) agora dei para fumar cachimbo.

Tubino: (inaudível) que cachorro tu tens ai?

Diógenes: Tem meu cachorro vira-lata.

Tubino: Ah, é vira-lata? O teu guri taí?

Diógenes: Não. Botei na casa de uns amigos meus para brincar. Senta aí!

Tubino: E aí, tchê? Tudo tranquilo?

Diógenes: Tenho dois guris, uma mulher europeia (inaudível) Lisboa e o outro foi numa casa ali da vizinha para brincar, senão tu não aguenta.

Tubino: Que idade têm eles?

Diógenes: Eu tenho um guri de treze e outro de oito.

Tubino: Eu tenho um de dez e um de dezesseis. Muito esperto

Diógenes. Que idade tu tens?

Tubino: 47,48 eu fiz em janeiro agora.

Diógenes: (inaudível)

Tubino: Tu foste brigadiano?

Diógenes: Não. Até acho que falei demais na Brigada. Mas quero te contar a minha história só pra tu entender, depois vou entrar num assunto sério. Como é que tu tá de tempo?

Tubino: Eu tô com um pessoal me esperando no carro, ali. Eu tenho uma pessoa, tem duas pessoas me esperando, mas tenho tempo, não há problema.

Diógenes. Vamos conversar uns vinte minutos, uma meia hora.

Tubino e Diógenes: (Prosseguem mais alguns segundos) (inaudível)

Diógenes: Vamos tomar uma cervejinha?

Tubino: Não, não quero.

Diógenes: No ano retrasado (inaudível)... Brigadianos. O Ludwig (inaudível) fomos para Cuba.

Tubino: É, eles fizeram um curso, ciclo completo de polícia, o coronel Castro, o Ludwig, o Martin.

Diógenes: Martin não tava. Quem foi para Cuba conosco foi Ludwig, o Mafalda (inaudível). Esta gente aí. Eram trinta e tal brigadianos. Por isso que eu me tornei conhecido desta gente. Mas agora eu constatei - eu me dou bem com o Ludwig - constatei que os malandros pegaram e botaram o Ludwig lá no QG e os outros se encastelaram todos ali na Casa Militar, por causa da tal da FG.

Tubino: Claro, tu sabes como é que tá na Casa Militar? Vinte brigadianos no gabinete do vice-governador!

Diógenes: O Rossetto?

Tubino: É. E na Casa Militar tinha cem, 107 ou cento e... não 97. Hoje, tem setenta. Então, 97 CCs, aquelas vantagens deles lá, ficou noventa na Casa Militar, vinte no gabinete do vice-governador e as outras foram para a Secretaria da Segurança Pública.

Diógenes: Eu quero te explicar o seguinte: Não tenho nada que ver com a Brigada

Tubino: Não, eu sei disso.

Diógenes: Na campanha do Olívio eu coordenei as relações empresariais.

Tubino: Fizeste o controle do caixa deles.

Diógenes: Não, o tesoureiro era Davis Stival. Eu ajudei na campanha, vamos aqui falar entre nós (inaudível).

Tubino: Campanha se gasta muito dinheiro.

Diógenes: A nossa deve ter custado aí cinco, seis milhões de reais. E eu sou o presidente do Clube de Seguros, comprei aquela sede do Partido e coordenei esta parte, assim, do atacado, entende, da campanha. E agora o Olívio pediu para aproximar as relações deles na área (inaudível). Eu queria conversar contigo duas coisas. Primeiro, vamos entrar direto no assunto.

Tubino: Eu até estranho, que eu não sei, o Diógenes teve lá com o Dirceu para falar da arrecadação, depois ele disse que ia falar comigo, eu digo, até hoje não tive nenhum assunto com ele que não fosse no Palácio da Polícia. Em todo caso...

Diógenes: Em todo caso, eu falei com o Olívio e disse que ia falar contigo. Perguntei pro Olívio: tu não achas que seria melhor tu telefonar pro Tu bino e dizer que eu vou falar com ele, ou posso falar direto? Não, fala direto isso foi... eu almocei com ele domingo, depois segunda-feira de manhã ele me ligou. Porque eu tô articulando uma maneira de (inaudível) sair desta enrascada e preciso de um retorno. Ah não/Isto é uma coisa muito séria.

Tubino: A situação é crítica, né, tchê?

Diógenes: Ah é, olha, é bom tu falar com o Tubino, ele é um amigo meu, uma pessoa muito boa, mas não é muito afeito a essas coisas do PT. Que que eu quero, duas coisas que quero falar contigo: uma, vou direto, e a outra é uma análise mais geral das questões da segurança pública e dos agentes, intervenientes neste processo. Tenho conversado muito com ele desta e outras tantas questões. E esta coisa do PT- seja franco comigo, hein! -, nós temos que jogar aberto, depois quero dar um toque pro Olívio. Sabe que ao longo desta campanha do Olívio e da outra do Tarso e das outras, nós sempre tivemos uma relação muito boa, muito estreita, com esse pessoal do carnaval e do jogo do bicho.

Tubino: Sim.

Diógenes: É uma coisa histórica. É um assunto delicado, tu conheces melhor do que eu, eu não quero perder tempo nisso. Eu queria ter a tua opinião, porque nós achamos (inaudível) na campanha do Olivio, que tu separando o que é o crime organizado e a questão do JB, o que é que tu achas, dá a tua visão disso aí.

Tubino: Tchê, eu vejo o seguinte, a minha visão.

Diógenes: Mas bem franco!

Tubino: Não, bem franco, bem franco. Desde que eu entrei na Polícia sempre se comenta relações do jogo do bicho com a polícia. Comigo nunca tive relações. Quando ninguém, eu tenho, eles fazem o jogo do bicho, mas a primeira relação que eu tive, a primeira pessoa que me visitou um dia, na delegacia de Polícia, foi o, eu entrei delegado de Polícia, no primeiro dia, na primeira visita, eu não era policial antes, foi o de um bicheiro. Ele era vereador do PMDB em Serafina Corrêa e ele veio lá e disse: Olha, delegado, eu vim aqui saber qual é o esquema. Eu disse: não tem esquema. Tu faz o teu jogo e eu faço a minha polícia. Se houver comprometimento de uma com a outra eu tô te ferrando; e assim eu levei.

Diógenes: Veja, olha aqui, o, eu não quero entrar no mérito de toda esta questão do Vale do Sinos e aquele cara lá do (inaudível) bicheiro. A nossa relação com esse pessoal é aqui em Porto Alegre. Por quê? Porque na Prefeitura, na Secretaria Municipal de Cultura, no carnaval, na campanha, sempre tinha uma relação bastante boa. O Olívio conhece os caras eu conheço, o Pilla Vares conhece, todo mundo conhece. Bom, eu não vou dizer nomes, não é o caso. Então eu queria te falar especialmente sobre este aspecto, porque, senão, aquilo que eu to brigando com o Augustin, qualquer dia eu vou detonar: o Arno Augustin da Fazenda. O Olívio entra num bar pra tomar um trago ou pra comer um pedaço de peixe frito ou vai num restaurante pra almoçar e o cara pega, olha aqui, governador, tô com um problema aqui de ICMS. Eu disse pro Arno: Arno, tu tem que aparar essas coisas. Tu não pode deixar o governador importunado, porque um cara lá quer reparcelar o ICMS e tal. E mais uma vez ele ficou de marcar - e eu até - e eu vou dar retorno te agradeço por ter vindo aqui falar comigo - disso pro Olívio imediatamente. Eu vou agora na presença do Arno. O Luiz Fernando Tubino veio prontamente, atendeu um convite meu para a gente conversar. E aí vão dizer, não, mas este pessoal... mas na primeira oportunidade que eles encontram o Olívio encontraram domingo ali na Casa de Cultura... o Governador, como é que é, sei lá, não se o que e tal e a nossa situação? Eu acho que o governador Olívio não tem que ser importunado com isso. Existem problemas muito mais graves para resolver. São problemas da própria governabilidade do Estado e da estabilidade.

Tubino: Antes tu falaste no Arno Augustin, eu me lembrei. Não sei, até podia ver isso aí, tem um empresário conhecido meu, ele quer compensar, ele tem um crédito de três milhões de ICMS e quer dar este crédito em pagamento de uma outra empresa.

Diógenes: Não, é uma coisa banal. O Arno tá me devendo. E se ele amanhã não falar comigo, eu vou detonar este cara. Qual o teu papel? Eu quero que tu entendas isso: eu sou amigo do Olívio, conheço ele há muitos anos, ajudei a fazer a campanha e tô assessorando o Olívio, eu digo, na área das relações empresariais, mas eu amplio um pouco mais isso, na área de sociedade. Eu assessorando o Olívio, eu digo, na área das relações empresariais, mas eu amplio um pouco mais isso, na área de sociedade. Eu não vou nunca te perguntar o que tu tá fazendo na Polícia, porque é a tua área de competência. Não sou de me atravessar nas coisas nem de fazer (inaudível). Mas algumas coisas a gente tem que aparar para que o governador não fique empastelado no meio de pequenos problemas. Qual é a tua visão aqui, especificamente, sobre a situação do jogo do bicho, aqui em Porto Alegre?

Tubino: Por que é que não é liberado isso? Porque não há uma liberação formal, porque que não há..., eu não tenho nada, eu pra mim não me constrange nada. O problema, eu não vejo cartelização, é..., eu não vejo outro envolvimento desse pessoal com outros crimes, a não ser sonegação fiscal, a não ser conformação e organização de quadrilha, de bando, a não ser com a corrupção e a não ser com a improbidade, improbidade não, os crimes contra a ordem econômica e tributária, onde foram buscar, na prova, e a prova passa a ser produzida. Eu fiz recentemente umas máquinas eletrônicas, cuja matéria jornalística dá que é um cartel, que é uma máfia no Brasil, isso é lavagem de dinheiro. Que eles teriam dois milhões de dólares pra botar na mão de policiais e não sei o que mais, está na matéria. Mas, na realidade, se botaram na mão do Pelé, há uma legalização do jogo, há uma legalização dessas máquinas eletrônicas, nos bingos. Tem um expediente que eu fiz, montamos, eu desenvolvi com uns delegados, uns grupos aí, mandamos pro Ministério Público. Aqui, no Ministério Público, entendeu que não há legalidade, então é assim, ó: fica as relações humanas, elas são complicadas, estas questões. Desde que eu entrei na Polícia, eu mantenho esta relação, eu sou policial, eles são bicheiros. Eu cago e ando pro que eles fazem. Agora, eu não tenho repressão contra eles, eu convivi com todos, cidades como Veranópolis como Caxias do Sul, é só perguntar minha história e ver o que é que eu tenho nesta história toda. Então, o que, chegar à Chefia de Polícia e ter conversas por ai, isto certamente tem, agora, eu não tenho nada que ver com isso.

Diógenes: (inaudível)

Tubino: O que eu estranho é que eu conversei com o Olívio e perguntei assim: primeiro, porque quando se colocou esta situação que ele me convidava para assumir a Chefia de Polícia, que quero saber o que e tu queres com a Polícia, qual é a finalidade, qual é o objetivo. Conversei com o Bisol. Eles que estabelecem a política de segurança e eu executo. Eu não sei qual é o interesse dele, qual é a, vamos dizer assim, o objetivo. É pra reprimir, não é pra reprimir? Eu conheço a história, meu pai foi político, lá no tempo do Meneghetti, o Dutra, meu pai hoje tem 86 anos, um homem velho, se aposentou como procurador de Estado, consultor jurídico da Assembleia Legislativa, na qual passou 38 ou 39 anos ali e ele tinha uma boa relação também com o Brizola, tinha uma boa relação com várias pessoas que passaram por aquela oportunidade pelo Governo do Estado, e um dos governadores é, uma vez, determinado momento, usou de recursos do jogo do bicho pra campanha e quando ele sentou no Governo, a política é do Governo. Agora, eu não, eu pra mim, isso... eu convivo com eles sem problema algum. Agora, se tiver que fazer caixa, se tiver que fazer alguma coisa, ai o senhor, que é o intermediário dos empresários, pode ir atrás deles e fazer: Agora, eu não posso fazer isso.

Diógenes: Não, não. Eu não to te dizendo isso, absolutamente não. Eu só quero te deixar uma coisa bem clara. Não quero me imiscuir na tua esfera de competência. Das relações da Policia, das atividades precípuas da Polícia. Aquilo que ela tem que fazer são orientações do secretário de Segurança, do Governador e do chefe de Polícia e do comandante geral da Brigada Militar. Sou muito amigo do Ludwig, sou muito amigo do Olívio, mas eu jamais vou me meter numa coisa dessas. O que eu estou te dizendo, conversando contigo por determinação do Olívio, falei com ele, ele disse que não só era bom como era necessário que eu falasse contigo, e te dizer para tu saber dessas relações que nós temos com esse pessoal, desde que eles não interfiram no crime organizado.

Tubino: Lógico.

Diógenes. E aí tu é que tem que dizer onde é que interfere ou não.

Tubino: Não, eu acho que tem um comprometimento deste segmento a outros segmentos criminosos. Acho que tem. Eu já nem faço referência à questão de tóxico, que eu acho que eles não misturam essas coisas do tóxico, como no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro há um comprometimento maior na questão da, do tóxico, talvez com o jogo do bicho. Aqui, na realidade, se pegarem isso aí, e disso se valem várias instituições para se locupletar disso aí. Se pegarem isso aí e foram fazer realmente umas verificações, há outros crimes envolvidos. Isto não pode passar despercebido. Agora, eu só vou reprimir, eu só vou fazer uma repressão, até porque a Polícia hoje carece de efetivos para a repressão, numa ação organizada entre Ministério Público e Polícia Civil, para que se possa fazer e atacar isso aí com eficiência. Se não houver uma eficiente, um combate eficiente, só serve para complicar as coisas. Aí reprime uma banca, não sei o que, ai diz, não...eles tão forçando pra morder. Ai, se disser não, se não reprime mais, já acertaram o caixa. Então tu sempre, o discurso de que ou tu tá pressionado para ganhar dinheiro ou tu já afrouxou porque já ganhou dinheiro.

 

Diógenes: Então assim, ó: O que que eu queria ver contigo. Tem uma boataria sobre esta questão do bingo, aquele bingo ali da Rua da Praia que burla, eu nem entro no mérito desta questão. Se eu vejo um bingo funcionando e aquelas máquinas ali e tal, com porta aberta, olha, alguém permitiu aquilo. Alguém legalizou, alguém... não sei.

Tubino: O bingo tem importação ilegal das máquinas. O bingo tem o estelionato no chip das máquinas, né. Tu altera o chip, tu modifica tudo. O bingo tem, fundamentalmente, a sonegação fiscal contra a Fazenda Estadual, porque eles operam, antes o imposto era da Fazenda Estadual e isso agora passou para a União, pela lei Pelé. A lei Pelé modificou e o Pelé, se alguém se locupletou disso tudo foi o Pelé, que ganhou dinheiro da Máfia, porque permitiu que nas salas de jogos de bingo tivessem máquinas eletrônicas para divertimentos eletrônicos. Então isso tem um cartel, tem tudo que está por trás disso aí e que isso aí se o Governo mandar reprimir, nós vamos reprimir. Se não mandar, deixa assim. Se negociar o Governo com eles, o problema não é meu.

Diógenes: Mas eu acho que é assim, ó: o Governo do Estado, de repente se isso é uma lei federal, tem que ter uma postura sobre estes bingos. O problema é que são dez ou vinte bingos, abertos pelo Estado.

Tubino: Centenas de bingos.

Diógenes: Centenas, tu tá dizendo! Não sei como é que funciona, que amparo legal tem, se alguém fiscaliza ou se não fiscaliza ou se o Arno um dia vai lá e vê como os bingos estão.

Tubino: Tem que fiscalizar; quem fiscalizava esse assunto era a Fazenda Estadual, fiscalização dos bingos. Mas parece que passou tudo à competência da União. E quando a Fazenda fiscalizava, tributava, pagavam, eles tinham uma receita em torno de 500 mil reais para a fazenda Estadual por mês, com uma sonegação de 90 por cento e uma legalização muito pequena deste jogo. Então, imagina regulamentado! E depois parece que passou tudo para a esfera da União, perdendo então a Fazenda esta arrecadação e o controle dos bingos. Eles tinham um setor ali de controle dos bingos. A lei Pelé levou para a União estes recursos. Então isso também é uma questão política, é uma questão de Governo, de verificar esta legislação, de verificar o interesse público, porque isso é uma máquina de renda fantástica, é uma loucura que estes caras têm na mão. E hoje certamente, pela miserabilidade deste povo, nem o jogo do bicho tem expressão alguma. Eu acho que hoje só esta máquina eletrônica, passa a ter este faturamento, um faturamento elevado, e estes caras todos, eles mudam o foco, eles vão para um faturamento eletrônico, para o sistema eletrônico. Isso aí tem...

Diógenes: Eu não quero entrar nesta questão de bingos, se eles tão misturados ou não, eu não entendo isso. O que eu me refiro é esse pessoal da Associação essa, que tem aqui na avenida Ipiranga, do carnaval, do pessoal, eu vou ali num bar. Eu tenho uma agência de viagem ali na Cristóvão Colombo, em frente à Brahma. Um bodegueiro ali, que eu tomo um martelinho, um rabo de galo, ele faz jogo do bicho. Às vezes eu vou ali e faço o jogo do bicho. E isso é uma praxe, uma cultura tão disseminada (inaudível). E deste assunto que eu queria te falar, porque este pessoal...

Tubino: Eu me criei, fazendo com a minha avó, fazia com todas as extrações do jogo do bicho ela fazia. Eu era guri, ia pela mão com ela e fazia o jogo do bicho.

Diógenes: Então, falar deste assunto, eu deixo à tua ponderação, ver qual é a tua posição política. Nós achamos que não tem que reprimir esta gente! É contravenção! Se for na letra fria, põe estes caras na cadeia!

Tubino: Na realidade, a contravenção existente no jogo, ela é hoje descriminalizada. Tu pega eles pela sonegação fiscal, tu pega pelos crimes contra a ordem, contra a ordem econômica e tributaria, que vai dar na  sonegação.  Tu pega eles em qualquer outra organização.

Diógenes: Mas como eles não podem pagar imposto, é que nem táxi lotação. aqui em Porto Alegre, eu fui secretário de Transportes quatro anos do Olívio. Se tu pegar o táxi lotação, tem quatrocentos táxis lotação rodando na cidade. Nenhum tem roleta. Nenhum paga imposto. Ou seja, nenhum paga imposto. Tudo caixa dois. E a vida. Tu não tem como pegar esses caras. Se tu for botar roleta, como é que tu vai botar roleta em táxi lotação? Não bota. Como sabe quantos passageiros ele transporta? Não sabe. Como é que tu vai cobrar imposto? Então não cobra nada. E uma caixaria desgraçada. O bicho é isso, esta coisa antiga. Eu fui muito amigo do falecido Glênio Perez (inaudível). Eu tive no exílio, o Glênio lutou pela anistia. Eu hoje tô no Brasil. Eu reconheço, um dos que lutou para que eu tivesse aqui foi o Glênio Perez.

Tubino: Eu me lembro do Glênio.

Diógenes: Era um bicheiro. O irmão dele tocava o jogo do bicho.

Tubino. Ah, isso eu não sei.

Diógenes. Ah, mas eu sei.

Tubino: Eu sabia que o Glênio era daquele (inaudível).

Diógenes: (inaudível) bêbado. Mas era uma grande figura.

Tubino: Ele era o macho daquele, do cara que era do Touring.  O Goidanich.

Diógenes: Humm! Dito isto, meu companheiro Tubino, eu queria passar para um outro assunto contigo. Eu acho que eu conversei, eu não quero conversas, essas coisas (inaudível). Eu acho que ele não merece. O Olívio é um grande político. Ele é um cara que tá projetado para ser uma figura nacional, com um rescaldo destas coisas todas, e nós estamos montando uma saída, pra ele não se embretar e ter governabilidade. O Itamar amanhã resolve (inaudível) botar o Estado num brete e decretar uma moratória (inaudível). O Olívio não vai fazer isso. Nós estamos construindo uma alternativa para que ele saia bem e se projete como uma liderança nacional. A outra questão que eu conversei com o Olívio é a questão da governabilidade (inaudível).  É interesse dele se fortalecer na política. E não ficar nestas crises tira e bota.  Tu viu o que aconteceu hoje com o presidente do Banco Central?

Tubino: Se fortalecer na política?

Diógenes: Não na política! O chefe de Polícia é permanente no Governo do Olívio. Sem crise, sem tumulto, sem burburinho. Ele tem muita noção (inaudível). A Secretaria de Segurança, não vou te falar o que que é. É um bando de gente que não entende nada do riscado.

Tubino: Vão fazer um laboratório naquilo lá e vai ser uma pena. O Olívio vai pagar caro por esse...

Diógenes: Mas, Tubino, eu quero que tu tenhas consciência do seguinte: se tu tiveres uma noção exata deste experimentalismo, deste amadorismo daquela gente ali, da Isabel, do Lauro Magnano, Bisol, daquele outro cara lá, que botaram na Susepe. Aquilo ali é tudo um bando de aprendiz de feiticeiro.

Nem são aprendizes de feiticeiro. São amadores. Tinham que ter chamado homens experientes da Policia pra dar uma conversada. Ah, vocês não podem continuar esta guerra com a Brigada.

Tubino: Mas quem está estimulando a guerra, ô Diógenes, é o próprio Bisol e a própria Brigada. O Bisol tá repetindo o mesmo erro do Eichenberg.

Diógenes: Mas nós não podemos continuar nisso, senão nós vamos botar o Olívio, que tu conhece, que é um homem público que quer governar, num brete, que tem que estar decidindo entre a sarjeta e a cloaca.

Tubino: Agora, isso eu disse pro Olívio, há seis anos atrás, numa reunião lá, que ou ele fazia tudo com a Brigada no primeiro dia ou ele tava morto. E ele já está morto pela Brigada. A Brigada é a instituição que vai solapando, vai corroendo.

Diógenes: Não, não, não.

Tubino: Não vai atrás disso.

Diógenes: Eu conheço o Olívio, conheço o PT, cara. Eu sou mais velho que tu, me permite esta liberdade. Eu não tô te tratando aqui como chefe de Polícia. O Olívio não é homem de se deixar enganar por este ou aquele setor, ou por ser levado no bico. Não vai acontecer: Tudo o que tá aí neste burburinho, ele está perfeitamente ciente disso. Ele tá deixando, dando corda na linha, mas vai chegar o momento, ele vai botar isso nos eixos.

E fácil imaginar a repercussão do incidente.

Chamados à CPI, os srs. Diógenes Oliveira e Tubino confirmaram a conversa, mas Diógenes, submetido a pressões invencíveis, alegou que dera apenas um carteiraço no chefe de Polícia.

Isso aconteceu momentos antes de encenar a ocorrência de graves distúrbios emocionais que o levaram a interromper o depoimento e ser levado às pressas para o Instituto de Cardiologia, de onde jamais retornaria à Assembleia. Depois disso, ele foi desautorizado pelo governador Olívio Dutra, seu velho amigo e companheiro, acabou saindo do PT para não ser expulso e passou a vagar como um sonâmbulo entre os antigos amigos e companheiros que não queriam mais ser vistos em sua companhia.

Foi um fim melancólico para quem passou a vida a serviço da causa.

A mídia brasileira não podia mais ignorar o que estava ocorrendo no Rio Grande do Sul.

Em São Paulo, a revista IstoÉ resolveu repercutir as denúncias que estavam ocorrendo na CPI da Segurança Pública e na imprensa gaúcha. O jornalista Cláudio Camargo, da Editoria Internacional, lembrou-se de que tinha um amigo gaúcho, o jornalista Luis Milman, com quem já tinha trabalhando junto no Correio Brasiliense, em 1997. Ganharam até prémios juntos. Ele manteve o primeiro contato com Milman. O passo seguinte foi costurar uma reportagem a quatro mãos entre o jornalista Claudio Camargo e Milman, no Rio Grande do Sul.

A revista IstoÉ passou todo o Governo Fernando Henrique Cardoso criando-lhe problemas, ao mesmo tempo em que fazia concessões de todo o tipo ao PT. Ela apostou suas fichas na eleição de Lula.

Não seria nada fácil publicar uma reportagem denunciando o Governo do PT no Rio Grande do Sul. Milman sabia disso e Cláudio Camargo também. As resistências seriam enormes - internas e externas. Milman confiava no taco de Camargo, porque, sendo editor da revista, a reportagem dificilmente iria dormir nas gavetas.

No início de junho de 2001, o jornalista Cláudio Camargo voou para Porto Alegre e ficou uma semana na cidade. O que ele e Milman desvendaram? O mesmo que concluiu bem mais tarde CPI da Segurança Pública: o Governo do sr. Olívio Dutra e o PT, através do Clube da Cidadania, mantinham uma relação intima e promíscua com o pessoal do jogo.

No Rio Grande do Sul, por obra e graça do Governo Estadual e do PT, o jogo do bicho foi franqueado e os seus bardes estavam migrando para a exploração de jogos eletrônicos que começavam a ter amparo em leis e decretos ilegais gerados dentro do próprio Palácio Piratini. O mais visível desses jogos são os bingos e as máquinas caça-níqueis. São todos operados por bicheiros gaúchos ou de outros Estados, como também por aventureiros internacionais, argentinos e espanhóis.

Uma mídia paga inédita inundou jornais, rádios e televisões do Rio Grande do Sul.

O jornalista Cláudio Camargo voltou no final da primeira semana de junho de 2001 para São Paulo e na semana seguinte editaria a noite, 7 de junho, reportagem na revista IstoÉ. Na quinta-feira Camargo fechou a reportagem, que baixaria no dia seguinte, sexta-feira, na revista IstoÉ. Ela já estaria rodando na internet na própria noite da edição.

Em Porto Alegre, estavam todos avisados e ansiosos.

Nos porões do Palácio Piratini, o jornalista Guaracy Cunha e seus assessores também sabiam o que estava acontecendo. Olívio Dutra foi avisado muito antes, até porque Milman e Camargo tentaram entrevistar-se com ele e com outros membros do Governo e saíram das antessalas palacianas de mãos abanando. Ninguém quis falar nada.

A reportagem de Cláudio Camargo e Luis Milman não foi publicada.

- Você está acordado?

Era Cláudio Camargo, de São Paulo, sábado de manhã, quem estava do outro lado da linha. Luis Milman ouvia perplexo o que o amigo estava contando.

- É que entrou outro material mais importante e tive que disputar espaço, mas perdi a parada.

"O pessoal do Palácio Piratini não perdeu tempo", pensou Milman, que continuou ouvindo o amigo pelo telefone. Muita gente da redação da IstoÉ tinha compromissos ideológicos e partidários com o PT, prevalecendo os apelos dos companheiros de Porto Alegre.

Isso acontece em qualquer publicação. Na queda de braço, Camargo e Milman tinham sido momentaneamente derrotados.

-Mas vamos dar tudo na semana que vem.

Veio a outra semana e no dia 16 a revista circulou novamente sem a reportagem.

A reportagem não saiu mais.

As pressões feitas pelo Governo do Estado não foram nem um pouco discretas para cima dos editores da IstoÉ. A jornalista Denise Mantovani (mulher do chefe de Gabinete do Governador Olívio Dutra, Laerte Meliga, também ele jornalista), e adjunta do chefe da Assessoria de Imprensa, Guaracy Cunha, despachou uma correspondência oficial para a revista, censurando a publicação da reportagem que ainda estava sendo elaborada em São Paulo.

Cláudio Camargo confessa que nunca viu nada semelhante. Ele foi bombardeado com telefonemas ameaçadores e e-mails inquietantes expedidos de dentro do Palácio Piratini.

A carta da jornalista Denise Mantovani pressionando a IstoÉ a fazer censura prévia à reportagem valeu-lhe uma censura pública da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Porto Alegre, que se seguiu a outra punição igual tomada contra seu chefe, o jornalista Guaracy Cunha. São casos únicos na história do jornalismo do Rio Grande do Sul. Um fato insólito, ainda mais porque o Sindicato dos Jornalistas é tradicionalmente reduto do PT.

Em Porto Alegre a CPI da Segurança Pública ganhara dimensões de escândalo político depois do episódio das fitas apresentadas pelo ex-delegado e advogado Wilson Muller. A opinião pública estava estarrecida com o que viu na TV, ouviu nas rádios e leu nos jornais. O sr. Diógenes Oliveira escondera-se no hospital.

Foi quando outra fita devastadora para o Governo Olívio Dutra e o PT surgiu  na Assembleia Legislativa. Desta vez, um tesoureiro do Diretório Regional do próprio PT, o sr. Jairo Carneiro, numa entrevista dois jornalistas de Zero Hora, o principal jornal diário gaúcho, denunciava a trama diabólica montada por Diógenes Oliveira, mas com uma riqueza de nomes, datas e locais estarrecedores.

Em São Paulo, o âncora do jornal do SBT, Boris Casoy, narrou o novo incidente, encerrando sua intervenção com o bordão que costuma horrorizar quem tem culpa em cartório:

- Isto é uma vergonha!

Era 4 de julho de 2001, um mês depois que Camargo e Milman tinham começado a garimpar a notícia em Porto Alegre. Dessa vez, os editores da revista IstoÉ acharam que era demais. Eles estavam sonegando do conhecimento da opinião pública brasileira episódios escandalosos, e a publicação poderia ser cobrada por escondê-los dos seus leitores. Ninguém mais conseguiu impedir a publicação da reportagem elaborada a quatro mãos por Cláudio Camargo e Luis Milman. Ela foi capada em duas páginas, mas, ainda assim, as quatro páginas que saíram foram devastadoras para o Governo do Estado e para o PT.

A publicação da reportagem desnorteou o Governo e o PT, porque pegou-os desprevenidos. Eles imaginavam que o episódio fora desmontado para sempre no início de junho e de se desmobilizaram. Foi um erro fatal.

A demora da IstoÉ também extraiu da reportagem do dia 4 de julho todo o impacto e toda a novidade que ela teria causado um mês antes, porque o próprio Milman, com autorização da revista, tratou de aproveitar os termos do material recolhido para produzir um documento oficial em nome do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, o denunciando Governo do Estado de envolvimento com a jogatina.

No mesmo dia 4 de julho, às 9h51 da manhã, o chefe da Assessoria de imprensa do Palácio Piratini sentou-se diante da sua velha escrivaninha de madeira, virou-se em seguida para o seu surrado microcomputador Unysis e disparou uma irada mensagem de sete páginas para Hélio Campos e Carlos Drummond, ambos da Direção de IstoÉ, em São Paulo. Ele estava indignado com o que acabara de ler a partir da página 36. "A reportagem violenta todos os códigos de ética conhecidos da imprensa brasileira", escreveu logo de cara Guaracy Cunha, que atribuiu esta sua constatação a um inacreditável vício de origem:

- Um dos autores da reportagem, o jornalista Luis Milman, é militante do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, portanto coautor de um relatório intitulado "Denúncia ao Poder Legislativo", no qual o Governo do Estado é denunciado por supostas vinculações com o que chamam de jogatina clandestina.

Depois de rebater as denúncias da revista, coisa que não quis fazer antes para o jornalista Cláudio Camargo, a carta lembra que o Palácio Piratini quis impedir a publicação da reportagem, cujo teor não conhecia e não quis comentar previamente: "Por fim, cabe observar que, no decorrer da semana que antecedeu a publicação desta reportagem, IstoÉ foi  devidamente alertada - na pessoa do jornalista e editor Cláudio Camargo, através de contato telefônico e correspondência eletrônica - sobre o erro que cometeria com a veiculação de matéria comprometida pela dupla personalidade de um dos seus autores".

O diretor de redação da IstoÉ, Hélio Campos, não conseguiu acreditar no que estava lendo. Jamais passou pelas suas mãos um documento tão atrevido de autoridade pública do escalão em que se colocava Guaracy Cunha. "O que é que este caipira está pensando?", vociferava Hélio Campos pela redação, indignado com o tom provinciano da reclamação, que no entanto era o mesmo que costumava ser aceito sem reclamações pelos editores dos jornais, rádios e TVs do Rio Grande do Sul. Apesar disso, ele resolveu editar a carta, expurgar dela as ofensas pessoais a Milman e Camargo, e reforçar a denúncia em matéria editorial de resposta. Foi o que acabou acontecendo.

Nem dez dias depois, no dia 17 de julho, o secretário especial do Interior, Dirceu Lopes, que acabara de desembarcar novamente em Porto Alegre, vindo da cidade onde morara, a interiorana Rio Grande, endereçou uma Representação Criminal ao procurador-geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, contra Luis Milman e Cláudio Camargo. Ele se sentiu pessoalmente atingido pela reportagem, porque a matéria fez uma breve referência à visita de Lopes e Diógenes Oliveira, logo no início do mandato de Olívio, em janeiro de 1999, para cobrar dele as comissões de 30% que o PT costuma exigir dos ocupantes de cargos em comissão e funções gratificadas. O Ministério Público Estadual acolheu a absurda denúncia e iniciou os procedimentos para processar os dois jornalistas.

O Governo do sr. Olívio Dutra usou e abusou da prerrogativa legal de denunciar jornalistas ao Ministério Público, a Polícia Civil ou à Procuradoria Geral do Estado, para conseguir advocacia gratuita. Foi a maneira que encontrou para manter sob cerco cerrado os críticos do Governo, ameaçados de ir para a cadeia, ter seu patrimônio dilapidado por indenizações ou perder a primariedade.

Uma diabólica censura oblíqua.

Dessa vez, Guaracy Cunha, Denise Mantovani e Dirceu Lopes não ficariam sem resposta. As punições ao atrevimento que demonstravam já estavam vindo a cavalo. É que, no dia 28 de junho de 2001, antes mesmo da publicação da matéria censurada de IstoÉ, o jornalista Luis Milman protocolou no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul um curto requerimento de 25 linhas à Comissão de Ética, pedindo censura pública contra a jornalista Denise Mantovani, adjunta de Guaracy Cunha na Assessoria de Comunicação Social do Piratini.

No dia 27 de junho, a jornalista Denise Mantovani endereçou e-mail ao jornalista Cláudio Camargo, editor internacional da revista IstoÉ, correspondência na qual investe contra a liberdade profissional do requerente, ferindo, assim, o nosso Código de Ética (artigos 5° e 99). t

Não era preciso mais do que 25 linhas. A prova: a carta de Mantovani.

O jornalista Luis Milman também é professor de filosofia e doutor em Filosofia, portanto não é um rapazote inexperiente que não sabe o que faz. Ele é um especialista em reportagem investigativa e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Um mês depois, no dia 7 de agosto de 2001, uma nova representação foi protocolada no mesmo Sindicato dos Jornalistas, mas desta vez contra o próprio Guaracy Cunha. A prova anexada foi a cópia da carta enviada a Cláudio Camargo, onde Cunha reforçou as críticas de Mantovani e acrescentou outras contra o próprio Camargo e contra Milman.

A Comissão de Ética nunca foi um aparelho do PT, como era o caso da Diretoria do Sindicato dos Jornalistas, porque o PT jamais viu sair dela qualquer decisão. Acontece que as coisas estavam mudando. O presidente da Comissão de Ética, um jornalista e professor, mas também um parlamentar do PSDB, atual vice-governador do Rio Grande do Sul, Antônio Hohlfeldt, não pôs panos quentes na denúncia e puniu Guaracy Cunha e Denise Mantovani com advertência reservada "por falta de ética profissional".

No Rio Grande do Sul, somente dois jornalistas foram punidos em toda a sua história por falta de ética profissional. A lista inclui apenas os jornalistas Guaracy Cunha e Denise Mantovani.

A partir daí, uma sequência de requerimentos e representações de funcionários do Governo e militantes do PT entulharam a caixa de correspondência da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas. A ideia era que a Comissão de Ética voltasse atrás no caso Guaracy Cunha e Denise Mantovani e passasse a um imediato processo de punição do jornalista Luis Milman. Apesar dos nomes envolvidos, a Comissão de Ética ignorou a disputa e manteve sua decisão. O mesmo grupo voltou a insistir inúmeras vezes, pedindo a reabertura do caso ao próprio Sindicato dos Jornalistas. A lista dos signatários incluiu nomes conhecidos como Antônio Oliveira, André Pereira, Ayrton Kanitz, João Aveline e Divino Fonseca. Os dois últimos foram os mais insistentes.

Nos bastidores, as ligações políticas e ideológicas dos dirigentes sindicais dos jornalistas de Porto Alegre, São Paulo, Rio e Brasília, operavam resultados mais eficazes do que as atrapalhadas reclamações desses jornalistas.

Passando por cima da Comissão de Ética e do próprio Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, os jornalistas Guaracy Cunha e Denise Mantovani encaminharam recurso diretamente à Comissão Nacional de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas. Já tinham acertado tudo com seus companheiros de Partido do PT. O secretário geral da FENAJ era nada mais e nada menos de que o ex-presidente do sindicato gaúcho, Celso Schroeder.

O recurso não está previsto em lugar algum. Foi uma decisão e Guaracy e Mantovani buscaram a alternativa porque sabiam que a identidade ideológica de ambos com a direção da FENAJ era garantia da absolvição. O Código de Ética dos Jornalistas é explícito ao aos inconformados com decisões das Comissões de Ética Regionais, recurso às Assembleias Gerais do Sindicatos, num prazo máximo de dez dias (Art. 24, parágrafo único). Isso não foi feito. Aliás, também sobre a fase de instrução do requerimento de Milman, Guaracy Cunha e Denise Mantovani negaram-se a se defender, apesar de notificados.

O recurso à FENAJ foi apresentado no dia 25 de outubro de 2001, portanto dois meses depois da punição imposta pela Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul. Em momento algum eles tinham aproveitado os prazos do Código de Ética para oferecer defesa, nem mesmo quando a primeira denúncia de Milman fora encaminhada a Antônio Hohlfeldt.

A decisão da Comissão Nacional de Ética da FENAJ foi pela absolvição de Guaracy Cunha e Denise Mantovani, sem que o jornalista Luis Milman tivesse sido notificado a qualquer tempo da existência do recurso e, portanto, sem obediência ao necessário contraditório. Além disso, os jornalistas que assinaram a carta enviada a Milman no dia 24 de 2002, comunicando a decisão, todos eles profissionais experientes, como Agostinho José Muniz Filho, José Hipólito Araújo, Francisco José Castilhos Karam e Pedro Luiz da Silveira Osório, sabiam muito bem que não tinham poderes para fazer o que fizeram. Eles não se deram sequer ao trabalho de requisitar os autos do processo original da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas.

No Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Jornalistas expediu nota oficial respaldando a grotesca armação da qual seus principais dirigentes tinham participado.

O insólito episódio terminou com uma ineficaz e nula revogação da pena imposta pela Comissão de Ética gaúcha e com uma tentativa de censura ao comportamento de Luis Milman. Ele não foi condenado e nem poderia, porque não estava sendo acusado de nada. A Comissão Nacional de Ética interveio ilegalmente na Comissão de Ética do Sindicato, episódio fascista sem precedentes e que recebeu respaldo da diretoria do Sindicato. Por isso, o MJDH, juntamente com a ARFOC e a OAB, afastou o Sindicato da organização do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, em carta aberta publicada nos principais sites de imprensa nacional.*

 

 

*A elaboração deste capítulo contou com a colaboração do jornalista Luis Milman, ouviu pessoalmente os depoimentos de Wilson Muller, Jair Krischke e Luiz Carlos que se dispôs a relembrar o episódio em seguidas gravações. Este autor também Barbosa. Todos os documentos citados foram xerocados por este autor e se encontram em seu poder.

 

 

José Barrionuevo, o mais importante jornalista de do Rio Grande do Sul, conta como enfrentou as política perseguições do PT, até ser derrotado pelo Governo Lula.

 

A imprensa do Rio Grande do Sul está sob censura?

O problema é a interpretação da Lei da Imprensa. Ora, esta lei da ditadura, apesar dos seus aspectos flagrantemente autoritários, exclui de punibilidade os abusos de opinião, quando inspirada no interesse público. Quando você atua voltado para o interesse público, você pode até errar, mas você não pode ser condenado. A legislação americana, neste caso, é claríssima. Uma crítica política mais dura, mordaz e violenta, inspirada no interesse público, não tipifica abuso de opinião e violação da lei.

 

O problema é que uma boa parte dos juízes gaúchos não entende a questão desta forma?

Sim. O Coronel Gerson, Comandante Militar na época do Governo Olívio Dutra, do PT, notoriamente partidarizou a Brigada Militar. Posso descrever várias situações que comprovam o que estou dizendo. No caso da ocupação da hidrelétrica de Machadinho, por exemplo, ele colocou o quepe dos invasores do MST para demonstrar de que lado estava. Ali mesmo, tolerou uma espinafrada dada pelo Deputado Dionilson Marcon para cima do tenente-coronel que comandava a tropa. Todo mundo viu e registrou. Estou contando isto porque o Coronel Gerson abriu um processo contra mim. Ele não gostou das lhe fiz. Eu fui condenado. Não foi a primeira vez. Esses processos e todas essas condenações me fizeram abandonar o jornalismo. Se for para fazer jornalismo domesticado, não contem comigo. Hoje eu não quero mais saber de imprensa, de trabalhar. Eu não consigo mais voltar. Não consigo. Isto me dá urticaria, entende? Joguei fora trinta anos de jornalismo.

 

Por que o coronel ficou tão brabo?

Foi por causa de um comentário duríssimo que fiz contra o Coronel Gerson, fugindo de uma ordem de prisão, refugiou-se na Assembleia Legislativa, protegendo-se no gabinete do Deputado Raul Pont de PT. Quando eu vi aquilo, é evidente que fiz um comentário, duro fortíssimo. Mas eu fiz um comentário para defender a Brigada Militar. Por que defender a Brigada Militar? Porque é a polícia militar mais eficiente do Brasil. Fiquei horrorizado com a transferência do QG. Foi uma perseguição implacável e uma humilhação deliberada que o Governo do PT quis impor à Brigada Militar. Inaceitável. Rigotto, tão logo assumiu, mandou devolver o QG.

Tuas broncas foram sempre com o Governo do PT ou os outros Governos também conheceram o peso das tuas críticas?

Eu tive um incidente com políticos de vários matizes, inclusive com o Guazzelli. O problema do PT é que ele acha que o mundo, o Brasil, o Rio Grande do Sul e Porto Alegre, tudo começou com o PT. Até as centenárias árvores da Redenção foram plantadas pelo Partido. Quiseram passar uma borracha por cima de tudo e apagar o passado. Tanto que o Governador Olívio Dutra, tão logo foi confirmado pelo TRE, nas escadarias, pronunciou frases terríveis.

"Essa desgraceira do passado", disse Olívio Dutra. Foi isso que ele disse. Não é apenas o que ele falou, mas o modo como falou e as circunstâncias do discurso. Uma coisa rançosa, ressentida, vinda do fundo da alma de todos os que se julgaram injustiçados porque não tiveram qualidade e força de vontade para vencer na vida. Você se lembra que, na Secretaria da Agricultura, o então secretário José Hermeto Hoffmann mandou arrancar as fotos dos seus antecessores, tal como fizeram os Presidentes da Carris em Porto Alegre. A ordem era a seguinte: antes de nós, o Big Bang, e depois de nós, o dilúvio. Aquele alemão da Corsan (Dieter Wartchau) mandou tirar até o crucifixo da parede. Uma coisa dantesca.

 

Sempre tiveste problemas com o PT?

Até que não. Eu tive uma relação muito boa com o PT, porque a minha relação era pela esquerda. Minha formação foi de esquerda. Atuei na JUC (Juventude Universitária Católica).

Durante teu curso na universidade.

Sim, fazendo a faculdade. Eu fiz Faculdade de Comunicação na PUC. O Busatto (César Busatto, ex-chefe da Casa Civil e ex-Secretário da Fazenda) era do grupo. Só que, depois, ele foi para os Estados Unidos e ingressou no MRS. Muitos dos meus colegas caíram na clandestinidade. Eu não fui. Minha formação seminarista me impediu. Não fui padre por pouco. Desisti no segundo ano.

Era vocação ou uma maneira de estudar de graça? Meu pai mandava toda a família para o seminário estudar. Nós éramos dez irmãos e seis frequentaram o seminário.

 

Tua família era de agricultores.

Sim. Somos imigrantes espanhóis, gente da colônia, da colônia do século XIX. Minha mãe morreu com mais de cem anos. Minha gente foi para Pinto Bandeira, mas a terra era tão ruim por lá que ninguém ficou na região.

 

Eles foram para Erechim?

Não. De Pinto Bandeira, foram para Guaporé, de carroção.

 

Sabe-se pouco sobre os imigrantes espanhóis no RS.

Nem se fala. Desse núcleo de Pinto Bandeira, da beira do Rio da Antas, saíram todos. Os gringos tinham pegado as melhores terras espanhóis chegaram. A minha mãe, quando os porquinhos quando os rolavam ribanceira abaixo, ela nem ia buscar.

 

E então veio Guaporé?

Sim, Guaporé e depois Gaurama. Eu nasci em Gaurama. Quando completei um ano de idade, em sete de março de 1948, fomos para Erechim. Meu pai viajou para que os filhos fossem estudar.

 

Nesse momento surgiu o seminário?

Eu fiquei no seminário por nove anos seguidos. Era uma escola de excelência. Estudo integral.

 

Quando abandonaste o seminário?

Em Erechim completei o segundo grau. Em seguida fui para a Famecos, em Porto Alegre. Durante quase toda a Faculdade, simultaneamente, frequentei o CPOR. Fiquei ali por três anos.

 

E teu primeiro emprego?

Foi na Folha da Tarde. Em 1974.

 

Sem PT para te perseguir.

Ainda não tinha PT.

 

Bom, menos mal.

O surgimento do PT foi interessante. O Hohfeldt (Antônio Hohfeldt, primeiro Vereador do PT em Porto Alegre) trabalhava no Caderno de Cultura do Correio do Povo. Ele foi convidado por um pessoal que se reunia ali. "É de uma turma de um tal de PT", disse-me ele várias vezes. O Hohfeldt me avisou: "Olha, Barrio, estão me convidando para assinar ficha". Eu era editor de Política. Isto era 1981. Entrei no lugar do Carlos Salzano. Eu insisti para o Hohfeldt assinar a ficha e o incentivei a ser candidato a vereador. A gravata da posse dele, quem deu fui eu. Tirei do pescoço e dei para ele. Com o Tarso Genro eu também tinha boa relação. Essa boa relação durou até minha primeira crítica a ele. Ele me mandou um telegrama desaforado. Eu peguei o telegrama e enfiei na cara dele quando ele veio visitar o jornal. No começo eu achava que o PT estava preparado para a democracia.

 

Quando trabalhaste no Correio do Povo, levaste processo?

Raul Pont me processou porque chamei ele de xiita. Fui o primeiro a usar a palavra contra o PT. Ele era deputado estadual. Tentou me botar na cadeia.

 

Por que xiita?

Uma comparação do PT com esse movimento revolucionário dos xiitas do Aiatolá Khomeini, do Irã.

 

Como te defendeste?

O Dr. Marco Tulio de Rose me defendeu. Ele sempre me defendeu. Ganhamos do Raul Pont.

 

O PT já andava perseguindo jornalistas naquela época?

Fui o primeiro a ser processado pelo PT.

 

Quer dizer que o Deputado Raul Pont foi o primeiro petista a processar um jornalista no RS?

Raul Pont.

 

Dizem que saíste da Assembleia Legislativa, onde eras funcionário, por pressões do Raul Pont?

Ele diz isto, mas eu saí da Assembleia porque fui convidado a ser diretor do jornal Correio do Povo. Eu tenho a cópia da carta que entreguei ao Presidente da Assembleia, Glênio Scherer, avisando que saia porque o duplo emprego era insustentável.

 

Com o Governador Alceu Collares também tiveste problemas.

Foi mais com a Neusa Canabarro, a segunda mulher dele. Ela moveu um processo contra mim, porque escrevi que ela não era primeira dama, mas dama de segunda, um jogo de palavras que a deixou muito contrariada.

 

De onde é que tiraste a ideia?

De um best seller americano que eu tinha lido. Era o caso de uma mulher que se fez passar pela primeira dama dos Estados Unidos.

 

No Governo Collares foi o único processo?

Tive outro do Jornalista Bibo Nunes, que era Presidente da TVE, mas o governador Collares mandou-o retirar a ação.

 

E a Neusa, o Collares não mandou ela retirar a denúncia?

Eu ganhei o processo.

 

Falaste em problemas com o Governador Amaral de Souza.

Eu praticamente coordenei a CPI do Banrisul contra ele. A CPI examinou as compras das gargantilhas, do uso indevido dos cartões de créditos, dos motéis usados. Quem levantou todas estas coisas fui eu. Sugeri ao presidente da Assembleia, o deputado Carlos Giacomazzi, que instaurasse a CPI para apurar tudo.

 

E o Jair (Jair Soares, primeiro Governador eleito diretamente depois da redemocratização)?

No dia da prévia interna do Partido, quando ele foi escolhido o candidato, eu tive um conflito sério com ele. O que ocorre é que o pessoal técnico da Rádio Guaíba, naquele dia, trocou as linhas e em vez de colocar o Presidente Sarney na linha, para falar com o Jair, enfiou o Pedro Simon, adversário do Jair. Claro que ele reagiu irado: jogou os fones no chão e me encheu de desaforos: "Isto é uma armadilha, uma sacanagem, filho da puta!". Fiquei perplexo. Chamei o Deputado Romeu Ramos de lado e perguntei: "Romeu: este vai ser o Governador?". E fui embora. Mais tarde procurei o Breno (Breno Caldas, dono do Correio do Povo). Ele entendeu tudo e me deu razão.

 

Mas o Breno não fez nada?

Já conto. Um dia, ainda ministro, Jair Soares avisou que queria visitar o Correio do Povo. O Breno me avisou e disse: "Vou receber a visita do Jair Soares e gostaria que tu estivesses ao meu lado".

 

Era um recado?

Claro. Ao receber o Ministro, Breno foi logo dizendo: "Fiz questão de chamar o Barrionuevo para a conversa, porque ele é homem da minha mais inteira confiança. O que ele costuma fazer e dizer, é tudo com minha autoridade". Jair Soares ficou quieto.

 

Tuas relações com o Jair Soares ainda são de conflito?

Que nada. Somos ótimos amigos.

 

Ele te perseguiu durante o Governo?

Não, ficou o incidente por ali.

 

A coisa não foi tão pacífica com o Pedro Simon, não é, o governador eleito depois do Jair Soares?

O Simon já andava brabo comigo ao tempo em que era deputado estadual. O que aconteceu? O Renato [Renato Ribeiro, o empresário que comprou o Correio do Povo] andava brabo com o Simon, porque tinha interesse no porto de Rio Grande e o Governo não queria atende-lo. O resultado é que me mandou meter o pau no Governo. Foram dois anos de bronca com o Simon. Ele andava meio depressivo.

 

E te processou?

Me processou. O Jair não me processou e o Amaral também não, mas o Simon me processou.

 

Mas o Governador Collares te processou?

Foi mais em função do segundo casamento dele. Eu batia forte na mulher dele, a Neusa Canabarro. Nem foi o Collares que me processou, mas a Neusa. Acho até que foi um direito dela.

 

Por que te meteste com a Canabarro?

Acho que me envenenaram. Tu foste um que me envenenou contra ela. Acho que a Tânia Carvalho também. Tudo começou porque dei uma notícia de que o Collares e ela iam casar no Cord, uma boate da moda. Entre o primeiro e o segundo turno, uma nota dessas a respeito de um líder popular ia ser um desastre. Collares não gostou. Neusa Canabarro saiu me atacando, chamando-me de canalha. Eu fiquei com raiva, porque gostava do Collares e até torcia por ele. Ele sempre teve uma conduta correta comigo. A bronca foi com a Neusa. Foi um incidente.

 

E aí vem o Antônio Britto.

Não houve nada. Zero. Eu apoiei firmemente a reforma do Estado. O Britto é um democrata, um homem civilizado.

 

Não foi assim com o governador Olívio Dutra, que derrotou Britto na sua tentativa de reeleição.

A bronca foi desde o primeiro dia. Nessa fase, eu já trabalhava na RBS, ocupando espaços no jornal Zero Hora, na RBS TV e na Rádio Gaúcha, os líderes nos três segmentos. Com certeza, sem cabotinismo, era disparado o jornalista mais encorpado da mídia do Rio Grande do Sul. Minha posição era muito crítica em relação ao PT. É claro que o Governo trombou comigo desde o primeiro dia e tentou me deslocar de cena.

 

Quando é que saíste do Correio do Povo para ir para a RBS?

No final do Governo Collares, comentarista.

 

No Correio do Povo tu eras Diretor?

Sim, diretor de redação.

 

E assinava uma coluna diária.

Assinava e era diretor de redação. Minha editora de política era Rosane de Oliveira, que mais tarde veio a me substituir na RBS.

 

Quando foste para a RBS, a Rosane de Oliveira já tinha para lá.

Ela saiu antes de mim. Quando eu cheguei na Zero Hora, ela já era editora de política. Eu não entrei no lugar dela. Fui contratado para ser editor de política de toda a RBS, visando a dar unidade ao tema nos jornais, rádios e Tvs.

 

Como é que surgiu essa tua ida para a RBS: foste convidado ou a coisa foi costurada?

Eu fui sondado um ano antes. Cheguei a receber uma carta do Augusto Nunes na época. Só que no interregno, trocamos farpas entre Correio do Povo e Zero Hora. Quando o Augusto Nunes escreveu aquela reportagem, "A Primeira Dama", sobre a Neusa Canabarro, comparando-a a Evita, com foto de capa, sete ou oito páginas internas, eu não aguentei e, no dia seguinte, enfiei na minha coluna: "Perdão, Evita!". O tempo passou e nada. Eu já estava até pensando em me afastar do jornalismo político, mas surgiu nova sondagem da RBS. Foi num momento em que eu estava fragilizado dentro do Correio do Povo por causa de uma discussão tola sobre um carro que precisava para trabalhar. Aceitei. Conversei com o Marcos Dvoskin ao meio-dia, na Casa de Portugal, e na mesma hora fechamos o contrato.

 

O Marcos Dvoskin era o que na RBS?

Era diretor do jornal Zero Hora, de todas as áreas do jornal. Aliás, era o Diretor de todos os jornais da RBS.

 

Numa só reunião resolveu tudo

?

Uma única reunião.

 

E o Correio do Povo não tentou nada?

Eu não quis barganhar. Não gosto disto.

 

Foste bem recebido na RBS?

Fui recebido diretamente pelo Nelson Sirotsky. Ele e o Marcos Dvoskin chamaram o Augusto Nunes e comunicaram que eu estava chegando.

 

Na época, recebeste alguma orientação de como trabalhar as informações e os comentários?

Nada. O Marcos me pediu, logo de cara, que fosse a Caxias do Sul formatar a área de edição política do diário, comprado há pouco pela RBS.

 

Tipo uma enquadrada geral?

Não, não e não. Olha, eu estava numa tremenda de uma rusga com o Governo Collares. Teve aquele processo da mulher do governador contra mim e em seguida veio a CPI da Propina. O Nelson Sirotsky nunca me pediu nada. Normalmente, nem se pega jornalista que está em confronto com o Governo do Estado.

 

A RBS teria te chamado se o Governo fosse do Olívio Dutra?

Não sei, porque o Governo do PT foi diferente. O negócio deles era derrubar os jornalistas mais críticos como eu. Na RBS, concentraram todo o foco em cima de mim. Queriam porque queriam me derrubar.

 

Teu relacionamento com o Augusto Nunes foi tranquilo?

Foi sempre muito profissional.

 

Mas ele tem personalidade forte.

Eu também. Como se sabe, dois bicudos não se beijam.

 

Voltemos ao Governo Britto.

Não tive incidentes. Acho que apoiei demais as reformas do Estado. Eu deveria ter sido um pouco mais crítico. O único problema tive foi quando Britto negou-se a passar o cargo para Olívio Dutra. O Britto deveria ter saído tipo Mário Covas, de cabeça erguida. Se o PT atirasse ovos, ele que enfrentasse. Eles atirariam ovos. O PT e o Olívio Dutra assumiram com ódio no coração, com raiva e deu no que deu.

 

Na RBS pegaste dois anos com o Collares e quatro com Britto?

Assumi em 1993.

 

Na Caldas Júnior fizeste jornal, rádio e TV?

A minha briga com o Collares começou na TV Guaíba, no Câmera 2. Eu sustentava um debate com o Collares e a Neusa Canabarro estava na plateia. Fui duro com ele. Quando vejo, o que ocorre? A Neusa saiu da plateia e invadiu a área do estúdio. Os câmeras não tremeram. Estava tudo no ar, ao vivo.  A partir dali tive um atrito que durou todo o Governo do PDT. Anos depois, quando já tinha deixado o Governo, restabelecemos o relacionamento. Fui até jantar na casa dele. Conversamos sobre os incidentes e nos acertamos. Não sou de guardar rancor de ninguém.

 

Sempre tiveste um estilo muito forte, muito pessoal, muito crítico.

Eu era comentarista de política em jornal, rádio e TV. Tinha página no Correio do Povo. Era algo muito forte, mas eu permitia o contraditório. Nunca fugi do cara que critiquei na véspera.

 

Eu noto que não tens horário e nem pressa para buscar e analisar uma informação. Como é que é isto? Os jornalistas não querem mais fazer jornalismo as 24 horas do dia.

Durante trinta anos, trabalhei em tempo integral. Sempre militei em três tipos diferentes de mídia: jornal, rádio e TV. Nunca sai antes das onze horas da noite. Sempre comecei a trabalhar às sete horas da manhã. Na RBS, eu tinha comentário na Rádio Gaúcha, às 9h20m, depois na Chamada Geral, às onze, mais tarde no Jornal do Almoço da RBS TV e às vezes no RBS Notícias das 19h, mais o jornal.

 

Teus problemas foram por causa do meio jornal ou dos meios de rádio e TV?

Com a mídia escrita.

 

Os políticos só dão valor à mídia escrita.

Eu só tive um processo por causa de comentários feitos na mídia rádio. Foi uma crítica à má postura do Governo Olívio no caso da depredação do relógio instalado no Parque Marinha do Brasil pela RBS. Fui condenado em primeira instância. Aliás, Marcelo Rech, o Diretor de Redação de Zero Hora, também foi processado, porque fez crítica semelhante em editorial. Eu via o Políbio Braga dando pau, o Lasier dando pau, o Santana dando pau, e resolvi entrar na briga também. Nem foi duro o meu comentário. Eles não processaram ninguém, mas abriram processo contra mim.

 

O PT ou o Olívio?

E qual é a diferença? No caso, foi o próprio governador. Fiquei impressionado quando a juíza foi ao Palácio ouvir o governador. Fui também. Ela tremia. Pensei comigo: "Bah, estou ferrado". Felizmente o processo resultou arquivado.

 

Foram muitos processos?

Era um processo atrás do outro. Ao PT interessava e interessa censurar o jornalista, demiti-lo, metê-lo na cadeia, tomar-lhe o patrimônio. A ideia era demonstrar para a RBS que eu era a razão dos tormentos dela, com o objetivo claro de me tirar de circulação e enquadrar todo mundo.

 

Era crime ou cível?

Interpelação, crime, cível. Tudo.

 

Podes dizer quem moveu?

Nem me lembro. Só sei que uma vez por semana parava duas ou horas na frente de juízes.

Durante as campanhas eleitorais, como conseguiste transitar pela mídia?

Nem foi com o PT, mas com o Britto, na tentativa de reeleição. Percebi que o eleitorado estava mudando na reta final. Registrei a migração para Rigotto. Fiz matérias contundentes na Zero Hora. Tocou o desespero na campanha do Britto. O Nelson Proença me ligou. O que eu ia fazer: distorcer os fatos? Tudo estava na cara. Minha obrigação era antecipar o que iria acontecer. Me antecipei. Foi o que aconteceu. A coisa começou a virar com a chegada do horário eleitoral na TV. As pessoas começaram a prestar atenção.

 

E o Britto?

Não conversou mais comigo. Ele foi o melhor gestor que passou pelo Piratini desde o Brizola, mas não tinha habilidade política.

 

Brizola também perdeu a sucessão.

Mas era um político habilidoso, tinha charme. O Britto não fazia questão de afagar ninguém.

 

E na eleição anterior, Britto x Olívio?

Abri espaço igual para ambos, mas todo mundo sabia que eu era colorado. O leitor já sabe, lendo, que o jornalista tem essa posição. Olívio representava o atraso, portador de um discurso jurássico, ressentido, intolerante, primitivo.

 

Mas na campanha anterior, Britto tinha batido Olívio.

E estava todo mundo dizendo que o Olívio já tinha vencido. Era o momento de maior plenitude, de maior charme do PT. No auge da campanha, Porto Alegre estava coberta de bandeiras vermelhas. Todo mundo se influenciou com isso e até as pesquisas mostram empate. Eu ousei dizer, no meu último comentário de TV antes da eleição: "A eleição está equilibrada". Foi um Deus nos acuda. Quando desci do Morro Santa Tereza, sede da RBS TV, um militante petista bateu com a bandeira em cima do meu carro, tentando me atingir. Não apanhei por detalhes. "Filho da puta", me xingavam, com ódio nos olhos.

 

A violência contra os críticos ou céticos não ocorreu apenas contigo naquelas eleições.

Eles estavam em todas as esquinas. Em cada esquina em que eu parava, era uma agressão. Aí, deu cinco pontos de vantagem para o Britto. Quer dizer: foi além da margem de erro. Eu nem tinha ousado dizer que Britto era o favorito. A patrulha me impediu. Minha obrigação era dizer: "O Olívio vai ganhar". Eu não estava autorizado a dizer outra coisa. Não foi ordem da direção da RBS, mas do meio.

 

Na eleição seguinte, Britto perdeu.

Ele era o favorito novamente, mas demonstrou pouca habilidade política. Foi confronto em cima de confronto.

 

Britto perdeu no segundo turno apenas.

Ele tinha condições de vencer também no segundo turno, porque fez um governo excepcionalmente bom. Mas cometeu erros dentro da própria base aliada, como não prestigiar lideranças, não cumprimentar aliados. Ele perdeu para ele mesmo.

 

Teve também o caso com os conservadores agropecuaristas gaúchos.

 

 

 

Pag 215

Toda a fronteira votou contra o Britto. Incrível: proprietários rurais conservadores, reacionários, votando em massa no PT.

 

Não foi um resultado muito bom para ti.

Minhas divergências com o PT sempre foram bastante claras, explícitas, todas decorrentes do ataque do Partido ao estado democrático de direito, as liberdades públicas, que eles invariavelmente queria me querem suprimir.

 

Você acha que o PT sente a tua falta?

Acho que sim.

 

Então assumiu o Olívio. Como foram as tuas relações com o Olívio?

Na Prefeitura eu sempre conversei numa boa com o Olívio e o Tarso. Com o Tarso, eu almoçava uma vez por dia no restaurante do Citi. Até que fiz a primeira crítica.

 

A primeira crítica é como o primeiro sutiã.

Não se esquece. Ele me mandou um telegrama desaforado. Devolvi pessoalmente no dia em que ele visitou o jornal.

 

Como é que começou o Governo Olívio?

De cara, houve um index.

 

Um index?

Os jornalistas que estavam no index não recebiam convites, telefonemas e sequer releases.

 

Nem os releases que saíam dos porões do Palácio?

Nada. Eu ficava sabendo das coisas através dos repórteres do jornal, da rádio e da TV.

 

E o teu acesso pessoal ao governador?

Não tinha acesso nenhum.

 

Algum repórter teu tinha acesso?

No começo, o Osíris Marins e o Tulio Milman.

 

Eles conseguiam alguma coisa?

Conseguiam.

 

E te municiavam?

Eu também furungava, porque sempre fui um repórter de bom faro. Trabalho muito. Jornalista tem que transpirar. Não era só inspiração. A tal ponto que o Governo Olívio reclamava: "Assim não dá. Nós ficamos sabendo das coisas pela coluna do Barrionuevo". Todo petista ia direto à Página 10.

 

Mas tu tentou alguma aproximação?

Não tentei.

 

Por que razão?

Eu ligava, mas eles não respondiam. Nem mesmo aquele sujeito da imprensa... o Guarani, não é?

 

Guaracy Cunha, secretário de Comunicação do Olivio.

Esse aí. Aquela ONG dele, a Camp, trabalhou para a Assembleia. Eu bati na Camp.

 

Era questão de fundo?

Um problemão ideológico, contaminando em cadeia por todo o corpo do Governo do Rio Grande do Sul. Até o 190 entrou na dança. As telefonistas atendiam o telefone e diziam: "Este é um Governo democrático e popular". O Diário Oficial foi transformado em jornal do PT. Um absurdo. A oposição foi derrubando uma a uma essas tentativas de aparelhamento do Estado.

 

No começo o Governo do PT mandava carta, interpelava, processava, iam direto ao patrão?

Se queixavam para a direção da RBS, mas ela sempre teve uma postura digna em relação às pressões.

 

Nunca tentaram invadir o jornal Zero Hora para pegar vocês?

Teve um incidente do gênero. Aparelhos do PT, como CUT e Cpers, cercaram o jornal e ameaçaram invadir a Zero Hora. A direção resolveu receber uma comitiva.

 

O que eles queriam?

"Queremos a cabeça do Rogério Mendelski", bradaram os manifestantes, em plena sala de reuniões da RBS. Na rua, os manifestantes entoavam outras consignas, como "Morte ao Barrionuevo!".

 

O jornal não foi muito benigno no caso?

Eu reagiria de outra forma.

 

Quando foi isso?

Não lembro, mas acho que foi no primeiro ano da minha ida para a RBS, em 1993. Invadir uma redação é como invadir um parlamento. Então, duzentas pessoas invadirem um jornal, subirem pelas paredes, colocarem adesivos até o segundo andar! Tentaram vender veículos da RBS.

 

Foi nesse momento que a direção da RBS resolveu receber um grupo menor?

Isso mesmo. O Nelson teve uma posição muito firme. Soube que sua resposta diante do pedido da cabeça do Rogério foi o seguinte: "OK, eu dou a cabeça do Rogério, mas terei que contrabalançar e fazer rolar também a cabeça do Lauro Quadros". Eles não aceitaram.

 

Foi grave o incidente.

Imaginem à uma horda dessas invadindo a Folha de S. Paulo!

 

 

Muita gente do Governo do PT tentou te meter na cadeia e tomar o teu patrimônio, através de ações criminais e cíveis?

Depois do Governador Olívio Dutra vieram o Torelli, o Hermeto, mais uma vez o Torelli, depois o Hermeto de novo, o Sereno. Todo mundo que queria se fortalecer dentro do PT, mostrar serviço, tocava processo.

 

O Sereno Chaise, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-homem faz-tudo do Brizola, também te processou.

Durante a ditadura, fui entrevistá-lo no Barcaça, o restaurante que ele botou ali na Cristóvão Colombo. Quase perdi o emprego por causa disso. Fui defendê-lo. Como prêmio, anos mais tarde, ele ajuizou um processo contra mim.

 

Quem é que te defendia e por conta de quem?

A própria empresa.

 

E a empresa não ficava chateada, cobrando de ti mais calma?

Eu dizia que garantia o emprego dos advogados. No dia em que eu saísse, três ou quatro advogados sairiam junto. A empresa ficar preocupada é normal. Empresa de jornalismo tem que ter advogado de plantão. O Washington Post leva processo toda hora. Seria o Washington Post o que é hoje, caso não tivesse apoiado Bernstein e Woodward do jeito que apoiou? Duvido. Jornal é processado por crimes de opinião.

 

Pelo menos não se pode dizer que este tipo de jornal não tem opinião.

Que opinião pode ter o jornal? O colunista é pago para dar opinião em cima dos fatos, às vezes em cima de fatos que soam meio confusos. Tu não tens que ter o compromisso com a opinião correta, porque podes ir ajustando o que escreves à medida que os fatos vão ficando mais transparentes. Colunista não é piloto de avião que não pode errar.

 

 

O colunista gera polêmica, debate, abrindo o espaço para o contraditório.

Foste condenado em última instância alguma vez?

Aqui no Rio Grande do Sul, em primeira e segunda instância, fui condenado muitas vezes. O Ministério Público e o Judiciário estavam encantados com o canto de sereia do PT. Não esqueça que no Estado floresceu o chamado Direito Alternativo, como se fosse possível existir vários tipos de Direito. Setores importantes do Ministério Público e do Judiciário apaixonaram-se pelo PT. Jornalistas como eu, pagavam o pato.

 

E Brasília?

Nas cortes supremas a história sempre foi diferente.

 

Esse abuso enorme de processos por parte do PT foi por julgarem que teriam enorme chance de êxito, portanto era tudo orquestrado?

Eu não tenho dúvida disso.

 

E quanto às verbas de publicidade, que é outra forma pressão. Nunca soubeste de cortes de verbas oficiais na Caldas Júnior e na RBS, como forma de censurar e punir os de jornalistas?

Eu soube que tentaram, mas sem êxito. O PT pode ser tudo, mas não é burro. Como ficar fora da mídia da Zero Hora, da RBS? Não existiriam.

 

As pressões eram diferentes, além das intimidações em juízo?

Todo mundo sabia das pressões. O importante é que lá em cima eles sabiam, mas sempre tiveram uma postura digna e corajosa. Ninguém me constrangeu.

 

 

O curioso é que saíste da RBS durante o Governo Rigotto e não durante o Governo Olívio.

Eu diria que saí no Governo Lula.

 

Fui lento no raciocínio.

Foi.

 

Como é que foi elaborada a tua saída? Dizem que foste demitido quando estavas de férias na Europa.

Quando entrei em férias, comuniquei formalmente que queria programar minha saída do jornalismo.

 

Em que mês foi isto?

Agosto de 2005.

 

Por que decidiste dessa forma?

Sempre tive um faro muito bom. Percebi que meu ciclo no jornalismo tinha chegado ao fim. Achei que era hora de sair como centroavante vitorioso do time principal.

 

E a cerimônia do adeus?

Tudo que combinei com o Nelson Sirotsky foi cumprido. A despedida da RBS foi feita com a presença da minha família, dos meus filhos. E estavam lá todos os diretores. Saí pela porta da frente. Isso tudo foi construído de maneira consistente. Quando voltei da Espanha, acertei minha saída para o mês seguinte ao do retorno, fui até a minha mesa e fiz o gesto simbólico do adeus, avisando com clareza que iria embora para Pasárgada. Eu disse para o Nelson: "Olha, terminei meu ciclo no jornalismo. Estou desconfortável na minha posição. Acho que o estilo que desenvolvo não terá mais espaço diante do clima nacional. Não é necessário haver ruptura. Eu me antecipo". O Nelson, o Pedro Parente e o Marcelo Rech foram muito dignos comigo. Não tenho do que me queixar. Os cães ladraram quando saí, mas não souberam o que levava a caravana.